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Do Pasto À Mesa
Do Pasto À Mesa
SALMO 23
especial
NA VIRAÇÃO DO DIA
Este material foi transcrito do projeto “Na viração do dia", um encontro
online que acontece diariamente, nas redes sociais, às 18h com Paulo
Borges Jr.
Sal Editora
Transcrição:
Maria Eunice Gennari
Texto final:
Ana Carolina Cardoso
Organização:
Sal Editora (saleditora.com)
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Tanto que Ele começa pelo suprimento da necessidade, mas, logo em seguida,
Ele nos força a um caminho de aperfeiçoamento: "Ele me faz caminhar".
Entenda que o Salmo 23 é um processo de desenvolvimento da pessoa e não
uma garantia daquilo que queremos. Enquanto pensamos que Deus é apenas
aquele que satisfaz, que supre necessidades, protege, cuida e não aquele que,
fazendo isso, nos orienta num processo, não viveremos a Sua plenitude.
Muitos vivem uma vida fracassada, apesar de serem cristãos, porque
experimentam de Deus, mas não vivem a Sua plenitude de vida. Se limitam a se
relacionarem com Deus na satisfação da necessidade e não como quem é
orientado por Deus no desenvolvimento de um processo, para alcançar, de fato,
plenitude, independente das situações.
"O Senhor é meu pastor e nada me faltará". Ponto! Isso é absoluto! Ele é o
pastor, o guia, o orientador que me faz ser uma pessoa completa. Completa em
todos os sentidos! Seja no sentido do meu suprimento, da minha necessidade.
Seja no sentido do desenvolvi mento da minha cognição, da minha percepção,
seja também no sentido da minha espiritualidade.
Jesus, como filho de Deus, crescia em estatura, sabedoria e graça. Ou seja,
as suas necessidades, aquilo que era necessário para sua provisão, era
satisfeito. Os seus aspectos cognitivos, intelectuais, sua criatividade, sua
percepção eram desenvolvidos dentro de um sentido de propósito. Ele
conseguia discernir sua relação com as pessoas. Tudo isso era garantido pelo
seu pastor, pelo seu Senhor. Ele também se desenvolvia em sabedoria,
conhecimento de Deus. Ele crescia diante de Deus e dos homens. Tudo o que
era necessário para seu desenvolvimento, em todos os aspectos, fazia parte
desse processo de crescimento. Deus garantiu o seu suprimento físico, o
desenvolvimento da sua cognição, da sua inteligência e, também, da sua
espiritualidade.
Assim como Jesus, todo homem e mulher de Deus são completos em todos os
aspectos. Tudo aquilo que é necessário à vida e à prática da piedade, em Cristo,
através da Sua graça, estão provisionados em Deus. Nesse processo, nos
ocupamos em confiar e sermos orientados por Deus, ao invés de ficarmos
ansiosos quanto aos cuida dos dessa vida que é o que pode interromper os
processos de Deus em nós.
Jesus disse que uma semente foi plantada à beira da estrada, outra caiu na
pedra, outra caiu no meio dos espinhos, do mato, das ervas daninhas. A semente
boa que caiu no meio de um matagal que representa os cuidados dessa vida -
desenvolveu um processo, mas quando estava para completar esse processo,
foi sufocada.
Os cuidados com essa vida são a forma ansiosa como pensamos na
subsistência, no desenvolvimento intelectual e na espiritualidade,
desconsiderando a condução do Pastor. Passamos a pedir ajuda de Deus na
nossa ansiedade e não a Sua orientação.
Se o salmista diz "O Senhor é meu pastor, nada me faltará", então, se eu me
submeto a orientação d'Ele, eu serei completo em todas as coisas. A minha vida
material e física será orientada. A minha vida intelectual será desenvolvida e a
minha vida espiritual, também, igualmente, será plena. Entenda: o Senhor é meu
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conduzido ao lado das águas serenas. Que Ele restaura a alma, guia no caminho
da justiça, por amor do Seu nome. Que ainda que eu ande pelo vale da sombra
da morte, não há o que temer, porque Ele está comigo, a tua vara e o teu cajado
me consolam. Que há uma mesa preparada na presença dos meus inimigos,
que Ele unge a minha cabeça com óleo o meu cálice trans borda. Que,
certamente, a bondade e a misericórdia Dele me seguirão todos os dias da minha
vida e que eu habitarei na casa Dele para todo o sempre.
O Salmo 23 é uma declaração de caráter absoluto, definido em "o Senhor é meu
pastor, de nada terei falta". Ele tem começo, meio e fim. O princípio de tudo é “o
Senhor". O senhorio de Cristo pastoreia, de modo que nos tornamos uma pessoa
completa. Esse é o Salmo.
Às vezes, temos a tendência de olhar para a figura do pastor e não entender o
aspecto do senhorio do seu pastorado. Vemos uma figura meio bucólica,
romântica e até fantasiosa. Mas o Salmo afirma que esse pastor é, antes, o
Senhor. O Salmo afirma "O Senhor é meu pastor" e não "O pastor é meu senhor".
Não se trata de uma figura construída de senhor idealizada na nossa figura de
pastorado. Não é porque ele é o pastor que eu quero que ele seja, que ele é meu
senhor. Ele é o Senhor (artigo singular definido). O Senhor, o soberano. A
vontade soberana de Deus me pastoreia. É isso que precisamos entender.
Se eu quero ter uma vida plena e alcançar o seu propósito pleno, o se senhorio
de Deus, o senhorio de Cristo precisa pastorear minha vida. Isso não pode ser
entendido na ordem inversa.
Quando os anjos declaram nascimento de Jesus, foi dito: "é nascido o Salvador,
que é Cristo, o Senhor!". Veja que a salvação está no senhorio de Cristo. Ele não
é Salvador para, depois, se tornar o senhor. É porque Ele é "O senhor" que
podemos experimentar a salvação! A salvação está no senhorio de Deus e de
Cristo na nossa vida.
Alguns querem da salvação, mas, não o senhorio. Querem o pastor, mas não o
senhor. Porém, não há alternativa. É o senhorio de Deus que salva e que
pastoreia.
Não há como celebrar o pastor, sem antes celebrar o Senhor. O senhor rio é que
pastoreia a vida de modo que ela seja plena. Ele não é o pastor naquilo que
interessa a ovelha. Ele é o Senhor!
O Salmo 23 não é o salmo de celebração de um benefício, é o testemunho de
uma caminhada, de um processo. Ele testemunha o processo de nos tornamos
plenos, um processo de aperfeiçoamento, o processo de uma transformação de
consciência em que o senhorio de Deus vai nos pastorear até que cheguemos a
um estado de plenitude.
Paulo fala sobre isso - tudo que Deus operou e os dons que nos conhece deu,
foi para que todos, pelo exercício do ministério, cheguemos à estatura de varão
perfeito. Essa condição de plenitude é possível porque há um Senhor. E porque
o Senhor é o nosso pastor, temos a garantia de que seremos conduzidos à
plenitude.
O princípio dessa caminhada, a relação mais basal que temos com Deus, no
sentido mais elementar - não no se tido de mínima, mas no sentido de profunda
- o conhecimento mais profundo, mais principal, inicial, é saber que o senhor não
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O Salmo segue dizendo assim: refrigera minha alma e me faz andar, me guia
pelo caminho da justiça por amor do seu nome.
Veja que o Salmo 23 é uma trajetória, porque é assim que ele faz descansar, é
assim que ele acalma o nosso entendimento pela revelação da sua fidelidade,
do seu amor e de sua misericórdia. Agora, ele vai nos forçar a andar! É preciso
entender que Ele acalma, ele faz sossegar e ele nos põe para andar.
Aprendi uma coisa muito interessante em relação ao Pentecostes. Jesus
orientou seus discípulos que, antes de sair para fazer qualquer coisa, primeiro,
que ficassem sem fazer nada até o Espírito Santo revelar o que deveriam fazer.
Muitas pessoas não estão sendo aperfeiçoadas por Deus porque começam a
fazer as coisas primeiro para, depois, pedirem ajuda do Espírito Santo; para,
depois, sossegar a alma.
Deixa Deus ministrar ao seu coração. Tem gente trabalhando demais para
ficar sossegado no fim da vida. Eu aprendi a sossegar, em Deus, para
trabalhar até o fim da minha vida. Eu não quero sossego no fim da minha vida,
eu quero trabalho. Eu não trabalhei para depois ficar à toa, eu sosseguei a minha
alma, aprendi com Deus como é trabalhar, para poder trabalhar a vida toda até
que, quando eu fosse velho, pudesse produzir fruto. Tem gente que está
correndo demais para ter sossego depois, ao invés de ter sossego antes, para
depois poder trabalhar bastante.
Essa é a situação invertida de Maria e Marta. Quando Jesus chegou na casa
de Marta e Maria, a ordem estava invertida na vida de Marta. Ela trabalhava
muito, para aprender depois. Marta aprendeu a sossegar primeiro, para poder
trabalhar bastante. Foi assim que aconteceu quando o Pentecostes veio, os
discípulos não estavam agitados, em um culto animado. Não! Eles estavam
todos assentados.
Desenvolvemos uma maneira esquisita de culto. Qualquer coisa que começa no
culto, mandamos o povo ficar em pé. É até engraçado! Pode ser que eu esteja
errado, mas lá no Pentecostes, entendo que o povo começou sentado, para
depois ficar em pé, andar e cumprir o propósito.
A palavra de Jesus com Marta era que ela estava agitada, preocupada,
intoxicada. A relação dela com a vida, no seu modo mais básico, estava
intoxicada. Ela precisava sentar, para depois andar. Jesus falou para Marta:
Você está ocupada demais. Maria está aqui sentada, ela escolheu a melhor parte
e isso não vai ser tirado dela.
Às vezes, a sua relação com a vida, na sua forma mais elementar, está
intoxicada, seu trabalho está comprometido.
Aprenda a ter com Deus uma relação que te acalma, que te tranquiliza, que te
faz sossegar, calar a alma. Não se relacione com Deus como quem está sempre
atrasado, como quem começou o serviço primeiro, para depois ter descanso.
Comece no Descanso!
Nesse lugar de descanso, o Senhor, que é pastor, vai nos forçar a andar segundo
a vontade Dele! Veja que a bênção não está no fim. Deus nos abençoou para
poder andar e não mandou andar para ser abençoado. Ele nos abençoa, nos
supre, nos fortalece e, agora, nos força a andar. E ele força a andar no caminho
da justiça.
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Uma vida agitada, escravizada pelo o que se quer conquistar no fim, nos leva a
um caminho de juízo. É esforço para, no fim, possuir o que achamos merecer. É
quando temos calma, serenidade e o descanso de ser abençoado, entendemos
que o Senhor nos abençoou para um propósito. Vou explicar melhor: Deus nos
abençoou para um propósito, mas não nos deu um propósito para sermos
abençoado. Ser abençoado não é um propósito. Toda benção tem um propósito,
mas não existe propósito em ser abençoado. Existe propósito de abençoar com
a mesma benção de que foi abençoado. Deus nos abençoou para cumprirmos o
propósito de abençoar. O propósito nos torna uma benção. Foi isso que Deus
fez - Ele abençoou Abraão e disse: agora você será abençoador de todas as
famílias da terra.
Não existe propósito em ser abençoado, existe propósito de ser abençoador. E
porque existe um propósito de ser abençoador, Deus já nos abençoou. Quando
Ele nos abençoa, Ele, então, nos força a andar por um caminho que vai nos
tornar em pessoas justas. O caminho de Justiça é um caminho de ajuste, para
que, no fim da nossa vida, possamos ter entregue tudo o que tínhamos para
entregar.
A pessoa completa é esta que, no final da vida, não terá que brigar com suas
carências, porque se tornou completa. E se tornar completa não é ter tudo o
que achamos que falta, é a certeza de que entregamos tudo o que tínhamos
para entregar.
O caminho relatado no Salmo 23 é o caminho que nos ajusta. Esse movimento
não é gerado pelas nossas necessidades. O Senhor é quem vai nos forçar a
andar o caminho que nos ajusta. Lembre-se que a fé é para nos transformarmos
em um justo - o justo viverá da fé. A fé é para ajustar, para que, nessa caminhada
com Deus, nos tornemos pessoa tão bem resolvidas, que não temos mais
dificuldades alguma de entregarmos tudo o que temos. E, assim, não nos
sentirmos mais possuidores, controladores, dominadores de qual quer coisa.
Esse movimento é gerado na convicção de que, uma vez abençoados com
pastos verdejantes e águas tranquilas, seremos forçados a transmitir, a
comunicar, a entregar, a tornar a expressão madura e completa de um
abençoador. Não como uma força que vem de fora, mas a de um Pai, de um
pastor, de um amigo, levando-nos ao nosso destino.
O Senhor é o pastor que nos toma pela mão. Nele somos livres da versão infeliz
e mal-acabada do religioso que faz tudo para ser abençoado, mas que está
sempre incompleto.
PARTE 03 - O VALE
Vimos até aqui que a obra do ministério é para que todos cheguemos à estatura
de pessoa plena/completa no entendimento de que "O Senhor é meu pastor e
nada me faltará".
A afirmação não é "o meu pastor é o Senhor", a afirmação diz "O Senhor é o
meu pastor”. Não é "O Senhor vai me pastorear, de modo a me dar o que quero".
É: “Ele vai fazer tudo aquilo que, de fato, necessita para me tornar uma pessoa
plena". Não é sobre acrescentar às nossas carências, é sobre desenvolver à
plenitude as virtudes d'Ele em nós. Deus trabalha para que as virtudes d'Ele, em
nós, alcancem a Sua plenitude.
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Todo trabalho de Deus na nossa vida é para que sejamos plenos. O senhorio de
Deus, sobre tudo e todos, é o que pastoreia a nossa vida. Uma vontade soberana
e não relativa.
O Senhor está nos pastoreando e isto quer dizer que Ele tem autoridade para
nos guiar, para nos levar exatamente onde temos que chegar.
Neste caminho, que relata tranquilidade e conforto, somos conduzidos, por
Deus, a um tempo nem tão, aparentemente, tranquilo e nem, aparentemente, tão
confortável e seguro. Em um determinado momento, o caminho sofre de um
intervalo de obscuridade, de coisas não muito claras. Como enfrentar isso com
a mesma paz, a mesma segurança?
Vimos como Marta achou que levaria Jesus ao lugar de desespero dela, quando
Deus trouxe a Marta ao lugar de descanso d'Ele.
Quando o homem pecou, Deus não se afastou dele. O homem é que se afastou
de Deus. Deus sempre esteve aonde o homem O deixou. O homem não gritou
e Deus foi ao seu encontro. Foi Deus que chamou: "Homem, por que você não
está aqui no seu lugar de descanso? Você está achando que eu vou aí no seu
lugar de desespero?"
Muitas vezes queremos trazer Deus para o lugar de desespero enquanto Ele,
enquanto Senhor que é pastor, quer nos levar ao lugar de descanso. Achamos
que, na vida, criamos um problema e depois chamamos Deus para resolver, para
acalmar. Isso é coisa do capeta, do satanás! Não foi essa a proposta dele para
Jesus: "pula daqui e depois você conversa para Deus te proteger"? Cuidado!
Deus faz repousar para depois andar. Ele faz beber de águas tranquilas. Ele é
quem provê o lugar da intimidade, da interioridade, da meditação na palavra que
nutre e produz repouso e paz. O reino de Deus é Paz.
Deixa Deus ministrar o nosso coração.
Jesus foi anunciado: Glória a Deus nas Alturas, paz e boa vontade. Se você não
tiver essa paz de ver as coisas originadas em Deus, a sua vontade nunca vai ser
boa. A sua vontade vai estar perturbada, contaminada, porque você estará
fazendo as coisas por interesse, por necessidade, por cobiça, ganância,
desespero.
Estamos falando do Salmo 23 e como é que ele começa? Paz.
O Senhor é quem está me pastoreando? Paz.
O reino de Deus começa em paz e não na perturbação!
Paulo diz que o reino de Deus é paz, justiça e alegria do Espírito Santo. Uma
vez que há essa paz, uma vez que há esse repouso, essa tranquilidade em Deus,
então, eu consigo operar a justiça. Sem isso, nada do que eu fizer vai prestar,
pois eu vou fazer qualquer coisa como juízo de mérito. Vou fazer para merecer
e não para manifestar. E esse lugar de repouso, tranquilidade e paz, não é um
lugar de conforto. É paz. "Comi, bebi, estou em paz, então agora, ando!"
Não queira andar sem antes ter paz e não pense em ter paz, para ter sossego.
A paz não é para ter sossego. A paz nos leva, aos vales.
Muita gente me pergunta: Está tudo tranquilo? E eu respondo: Não, tudo em paz.
Porque tranquilo, nesse mundo, não vai estar nunca. Por isso, que Jesus falou
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assim: Nesse mundo tereis tribulações, mas tende bom ânimo. Eu venci o
mundo. Eu te deixo a minha paz.
Esse repouso, essa tranquilidade de alma, essa paz não é para ter conforto. É
para ter a segurança, é para cumprir o propósito, é para conseguir enfrentar o
caminho que ajusta.
Deus vai te colocar em movimento. Deus não chegará ao nosso lugar de
perturbação para nos dar conforto. Nós é que chegaremos ao Seu lugar de
Descanso para enfrentar uma vida que não é confortável. Uma vez que Ele
alimentou, tratou, Ele vai nos pôr para andar em um caminho justo.
Deixa Deus ministrar o seu coração!
Você está perdendo o seu tempo achando que vai trabalhar para ter conforto.
Não! Você terá paz para poder trabalhar. Paz em cumprir um propósito. A pessoa
é bem-sucedida, não quando ela trabalha para ficar à-toa, mas quando ela
trabalha a vida toda para atingir o seu propósito. É por isso que Paulo diz:
Combati o bom combate, completei o meu propósito. Guardei minha fé.
O que vai dar senso de plenitude não é o alcançar uma vida confortável. Mas é,
finalmente, viver uma vida com propósito. Isso faz com que eu atravesse o vale
da sombra da morte em paz. Nesse momento, não haverá medo de coisa
alguma, porque o Senhor está comigo. O Senhor é comigo. O Salmo nos ensina
que, na caminhada com Deus, obrigatoriamente, temos que romper, que
cruzar o limite dos nossos medos.
Jó precisou cruzar esse limite. Ele tinha tudo, aparentemente, funcionando bem.
O livro de Jó mostra que Deus chama Satanás para uma conversa: o que que
você anda fazendo? Ele respondeu: Rodeando o mundo. Já indo embora, Deus
insiste: Não, espera aí, vamos conversar mais. O que você viu aí nesse passeio
que você fez? Ele responde: Muita coisa. Deus pergunta: Você viu meu servo
Jó?
Pense comigo: estou precisando que Deus lembre ao diabo algo a respeito de
mim? Eu quero é que o diabo me esqueça!? Eu quero que Deus pergunte ao
diabo se ele me viu? Eu quero que Deus faça de tudo para o diabo não me ver!
- Vê como precisamos desconstruir as noções de divindade da nossa cabeça?
Deus pergunta a Satanás: Você viu Jó? Deus chama a atenção: O que você
achou dele? E satanás responde: Do jeito que o Senhor o trata! Quem liberou a
ação de Satanás em Jó, foi Deus, com um propósito. Deus queria conforto na
vida de Jó? Não. Deus queria paz, repouso e tranquilidade. E tranquilidade não
quer dizer ausência de conflito, quer dizer plenitude, segurança.
Depois que tudo o que Jó estava passando, ele fala uma coisa muito séria. Ele
diz assim: tudo o que eu tinha medo, me aconteceu.
Percebe que Deus conhecia os medos de Jó? Ao invés de Deus poupar Jó dos
seus medos, Deus fez com que Jó atravessasse por meio de todos eles, ainda
que tivesse que usar o diabo para isso.
Deus vai atravessar conosco, através dos nossos medos. Ele não vai dar a volta
porque, enquanto houver medo, o amor não poderá ser aperfeiçoado.
Deus não vai poupar você de seus medos. Ele vai segurar você pela mão e,
junto com você, vai atravessar o vale dos seus medos, para você entender
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que eles não são reais. Medos são como sombras e sombras são projeções
criadas a partir de uma luz que não incide de forma direta sobre você. Por isso
é que a palavra de Deus diz que a vida do justo é como luz da aurora que vai
brilhando até se tornar dia perfeito.
No dia perfeito a luz está de tal maneira sobre a sua vida, que não há
sombra. Não há projeção. Às vezes, você não está lidando com a revelação
plena de Deus a respeito de quem você é. Você está lidando com as projeções
de si próprio que você consegue perceber, porque a luz ainda não incide de
forma direta e plena sobre a sua vida. É preciso meditar na palavra até que a
mente seja tão transformada, até que a luz seja tão plena, que você não consiga
mais fazer separação entre dia e noite - não haverá mais sombras, não haverá
projeção indireta. Todas as revelações serão absolutas!
Você vencerá o medo e terá atravessado o vale!
Deus não nos poupará. Por isso, que a palavra de Deus diz que aqueles que
venceram, venceram pelo sangue do cordeiro e pela palavra do seu testemunho.
Porque enfrentaram o medo de ante da própria morte. Eles venceram, diante do
medo!
Quero contar uma história da minha vida. Sou o filho mais velho, o filho
primogênito, e também o neto mais velho. Eu vivia o estigma de ser responsável,
ser exemplo para os ir mãos. Meus pais trabalhavam muito e eu ajudava a cuidar
dos irmãos. Lá em casa tinha um quintalzão. Na casa da vizinha tinha uma
mangueira grande. A luz da rua passava pelo meio da mangueira e projetar
sombra no quintal da minha casa. Minha mãe tinha uma mania de que todo pano
da casa, tinha que ser branco. E essa roupa, quando lavada, e estendida no
varal. Quando chegava sete horas da noite a minha mãe me pedia para recolher
a roupa. Eu tinha que passar no meio dos lençóis e a luz refletia sombras. Eu via
de tudo, ali. Via satanás em pessoa, o demônio. Ficava no meio daquelas
roupas, parado, até conseguir ver que essas sombras eram sombras e não o
que eu estava pensando que eram. Quando as sombras voltavam a ser sombras,
eu recolhia a roupa e entrava para dentro de casa.
Sabe por que temos medo da escuridão? Porque o bicho que habita o escuro é
do tamanho que a gente pensa que ele é e nunca do tamanho que ele realmente
é. Quando preferimos a ignorância, ou a teimosia, as coisas são do tamanho que
pensamos que elas são ou que queremos que elas sejam, e nunca, na verdade,
exatamente, do tamanho que elas são.
Deus não nos poupa dos nossos medos, mas Ele vai nos tomar pela mão e
conosco vai atravessar pelo meio deles.
A única coisa que vai nos livrar dos medos é saber que Ele está conosco, que
não precisamos enfrentá-los, sozinhos. Ele é conosco. Ele atravessará conosco.
Ele caminhará conosco por esse vale.
Jesus não nos mandou enfrentar a morte. Ele enfrentou a morte comigo. Ele não
enfrentou uma morte diferente da nossa. Deus não preparou um vale para Jesus
diferente do nosso. Jesus não enfrentou uma vida mais fácil do que a nossa.
Jesus não teve amigos melhores do que os nossos. Jesus não teve condições
de vida melhores do que as nossas. Jesus não teve uma liderança que o
apoiasse como a gente gostaria de ter. Jesus passou nos lugares mais rasos e
profundos da existência humana.
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A palavra de Deus diz que Ele só é aquele que subiu, porque antes Ele é aquele
que desceu às partes mais baixas da Terra. Ele fez isso para atravessar conosco
esse vale. Então, o senhorio de Deus não vai nos poupar. Não queira que o seu
pastor, seu Senhor, te poupe, mas saiba que o seu Senhor, sendo pastor, te fará
atravessar. Isso só será possível porque Ele é Senhor antes mesmo de ser
Pastor. E como Ele é Senhor de todas as coisas, inclusive da morte; Senhor de
tudo, até do que nos amedronta, Ele quer que atravessemos por tudo isso, para
não sermos subjugados, susceptíveis de coisa alguma; para que não tenhamos
nada que decida sobre o nosso coração, senão o nosso compromisso com Ele -
o de cumprir o nosso propósito.
Ele não vai te tirar do meio dos seus lençóis, mas Ele estará com você lá no meio
dos seus lençóis brancos, cheios de criaturas hediondas e terríveis, até que elas
voltem a ser sombras.
Que o Senhor nos fortaleça. Que o Senhor nos inspire.
O Senhor está conosco, a tua vara e o teu cajado nos consolam.
Essa caminhada com o Senhor é uma caminhada desconfortável, mas ela
começa em paz, em tranquilidade, segurança e, apesar de todos os transtornos
que vão ajustando os desafios, ela também é uma caminhada em que o Senhor
nos consola o tempo todo. Tua Presença nos consola e a tua direção nos
consola, tua autoridade sobre todas as coisas nos consola. O Senhor nos
ilumina.
PARTE 04 – O PASTO E A MESA
Com o Salmo 23, aprendemos a percorrer o caminho. A palavra de Jesus diz:
Eu sou o caminho, a verdade e a vida. O caminho que não leva a um endereço,
mas ao propósito de Deus para as nossas vidas.
Infelizmente algumas pessoas pensam na relação com Deus como um endereço
de tempo e espaço. Elas não vivem o processo que poderiam viver de maneira
plena com Deus, que é o processo da transformação. Para elas, a questão da
salvação se resume "eu vou chegar ao céu?", "eu vou para o céu ou para o
inferno?”, como se isso fosse apenas uma questão espaço-tempo, ou seja, de
acertar o endereço. E não é isso!
Esse caminho é o caminho do conhecimento da verdade, que nos leva à uma
vida plena, para que essa vida seja plena aqui; para que todos cheguemos à
estatura do varão perfeito, aqui! Para que a perspectiva de glória eterna seja na
perspectiva de uma pessoa formada na sua condição plena!
Que sejamos, então, formados na nossa natureza e transformados no nosso
entendimento, a fim de alcançarmos a estatura de pessoas completas. Essa é a
trajetória! Esse caminho é o caminho do conhecimento, da aplicação do
aterramento da verdade, para vivermos a vida em justiça! Por isso, que a palavra
de Deus diz que a graça nos conduz à verdade e à justiça. Ela conduz ao
conhecimento da verdade, nos educa a viver.
O Salmo 23 nos ajuda a entender essa caminhada e a vida como um processo
de transformação. Ele fala da ovelha que, ao ser pastoreada pelo Senhor, ao ser
criada pelo senhorio de Deus, conduzida a conhecer e fazer Sua vontade, ela
vai se tornando plena naquele que é o verdadeiro propósito da sua vida.
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A mesa é para entregarmos a vida até que as pessoas comam de nós. Quem só
faz comida "para" é filantropo, quem só come "com" se torna um litúrgico, quem
se "alimenta de", "come de" experimenta a verdadeira espiritualidade.
Que sejamos menos filantrópicos, menos litúrgicos e mais espirituais. É Cristo
em nós, a esperança da glória.
PARTE 05 - ÓLEO, BONDADE E MISERICÓRDIA
"O Senhor é meu pastor, eu passarei a ter uma vida completa". Se, nessa
meditação, não entendermos mais nada além disso, entenderemos o que é o
fundamental.
Esse pastoreio é, essencialmente, para transformar o nosso entendimento rumo
a uma pessoa completa, que não mais pensa na vida a partir daquilo que falta.
Boa parte dos nossos problemas, se não todos eles, vem da carência, da
necessidade que temos de ser compensados, reconhecidos, atendidos naquilo
que são as projeções e as expectativas que geramos. Por isso, que os que
esperam no Senhor renovam suas forças, mas maldito é o homem que coloca
sua expectativa no homem.
Quem ainda não alcançou plenitude pensa que maldito é o homem que confia
em outro homem. Não é isso! Maldito é o homem que faz do seu próprio braço,
a sua força. Só nos decepcionamos com alguém, quando avaliamos mal, quando
projetamos uma expectativa. Nunca haverá desapontamento que não tenha sido
precedido de uma expectativa. A confiança foi colocada na autocapacidade de
avaliação, seja do problema, seja da solução.
Quando eu projeto para alguém, até para o próprio Deus, uma expectativa, confio
na minha capacidade de observação e conclusão. No lugar de aprender com
Deus, eu quero concluir a respeito d'Ele. Ou seja, firmo a relação com Deus
naquilo que conheço de mim e não naquilo que conheço N'Ele a meu respeito.
Deixa o Espírito de Deus ministrar o nosso coração.
Só teremos uma consciência sadia de nós mesmos, se essa consciência for
desenvolvida a partir do conhecimento que temos de Deus a nosso respeito.
Alguns, tentando se conhecer, diante de um problema, projeta para Deus a sua
solução - não vai funcionar. Não é autoconhecimento que soluciona problemas,
é de alto conhecimento, de conhecimento do alto o de que precisamos. Ao
mergulhar no autoconhecimento, encontramos nossas carências e experiências;
fazemos os diagnósticos a partir da nossa própria percepção. As conclusões
serão mal fundamentadas.
Isso não quer dizer que serão conclusões negativas. As conclusões positivas de
nossa auto avaliação, são, inclusive, as que nos levam a diagnosticar um
problema e, consequente mente, a diagnosticar uma solução para este
problema. Só que o médico é ruim. O examinador é ruim. É preciso ser
examinado pela parte de Deus. Muito da nossa vitimização, nosso desespero,
nossa ansiedade vêm do autoconhecimento.
No alto conhecimento eu conheço a Deus e o conhecimento de Deus revela um
conhecimento sobre mim, que eu não tinha. Um desses é que Ele nunca me
colocará diante de um problema sem antes ter preparado o recurso para que
esse problema seja enfrentado.
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"Preciso ser um bom pai para os meus filhos?". Não! Sou um bom pai! Então,
posso ser um bom pai mesmo não tendo filhos da carne, porque descobri
em um autoconhecimento, uma referência de paternidade. Não é "para". Não é
circunstancial. É uma natureza - Deus é Pai, eu sou filho de Deus e Ele quer que
todos os seus filhos sejam a semelhança d'Ele. Então, sou transformado numa
figura de pai como Ele é.
Veja que, ao chegar no final do Salmo, ele diz "unges a minha cabeça com óleo".
O óleo testifica quem nós somos.
Muitos encontram alguma satisfação, alguma vantagem, algum benefício na
relação com Jesus, mas não encontram plenitude, porque falta esse terceiro
elemento. E a Bíblia é carregada desse terceiro elemento: o óleo, o azeite.
Jesus é comparado com a videira verdadeira, o vinho, Ele é comparado com a
figueira: o alimento e é comparado, também, com a oliveira, que representa o
testemunho, a consciência, a manifestação.
O vinho alegra o coração do homem; o pão, fortalece o coração e é o óleo que
faz brilhar a face. A palavra alimenta o entendimento. Aqueles que venceram,
venceram pelo o sangue do cordeiro, pela alegria de seus pecados perdoados;
receberam reconciliação, vida, mesa preparada...
Não recebemos só provisionamento. Não recebemos só socorro, ajuda de
Jesus. Jesus transfere a nós, o Seu Espírito, de modo que nosso rosto reluz, de
modo que recebemos essa unção, que diz que somos filhos de Deus. “Unge a
minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda". Há um trans bordar de alegria.
Só alcançamos essa plenitude, quando recebemos esse testemunho de
identidade. O espírito testifica com nosso espírito de que somos filhos de Deus.
Alcançamos o lugar, a plenitude da nossa vida quando chegamos no lugar da
mesa e nossa vida é entregue espontaneamente.
Nesse lugar, você não é mais perseguidor de bondade e misericórdia. Você se
torna uma testemunha, de modo a não correr atrás de benção, mas as bênçãos,
agora, chegam com você. Elas são sua retaguarda e não mais a sua expectativa.
A relação com Deus não é para que Ele mande mais misericórdia. Agora, através
de você, Ele revela bondade e misericórdia. É porque você vive na intimidade
d'Ele, todos os dias da nossa vida, que a bondade e misericórdia certamente, te
seguirão.
Afinal, quem eram os inimigos que Ele fala no Salmo?
Éramos nós.
Quando o salmista escreveu isso, se tratava de um salmo messiânico. Esse
salmo fala da vida de Cristo. Os inimigos éramos nós. E foi porque Ele entregou
a Sua vida em favor de nós, porque comemos d'Ele, porque Ele passou a ser em
nós que, de inimigos, nos tornamos seus irmãos, filhos do mesmo Pai. Esse óleo
derramado testificou, com nosso espírito, que somos filhos de Deus.
Que o mesmo Senhor que pastoreou a vida de Jesus e fez com que Ele fosse
pleno e habitasse na casa do Senhor, para todo sempre, seja também em nós.
Ele foi o primeiro a revelar isso, foi o primeiro a voltar para casa do Pai. Ele está
nos esperando, para sentarmos na mesa.
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