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SALMO 23
especial
NA VIRAÇÃO DO DIA
Este material foi transcrito do projeto “Na viração do dia", um encontro
online que acontece diariamente, nas redes sociais, às 18h com Paulo
Borges Jr.

O Senhor é o meu pastor; de nada terei


falta. Em verdes pastos me faz repousar e
me conduz às águas tranquilas; Ele me
restaura o vigor. Guia-me pelas veredas da
justiça por amor de seu nome. Mesmo
quando eu andar por um vale de trevas e
morte, não temerei mal algum, pois tu
estás comigo; a tua vara e o teu cajado me
protegem, me consolam. Preparas uma
mesa para mim na presença dos meus
inimigos. O Senhor unge a minha cabeça
com óleo e o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a
misericórdia me acompanharão todos os
dias da minha vida, e habitarei na casa do
Senhor por todo o sempre.
Salmo 23

Siga Paulo Borges Jr no Instagram e acompanhe:


@paulo.borges.jr

Sal Editora
Transcrição:
Maria Eunice Gennari
Texto final:
Ana Carolina Cardoso
Organização:
Sal Editora (saleditora.com)
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PARTE 01 - O PASTOR, A CAMINHADA


PARTE 02 - O SENHOR
PARTE 03 - O VALE
PARTE 04 - O PASTO E A MESA
PARTE 05 - ÓLEO, BONDADE E MISERICÓRDIA

PARTE 01 - O PASTOR, A CAMINHADA


O Salmo 23 é algo que fez e faz muita diferença na minha vida. Um Salmo
bastante conhecido e que talvez, por isso, não nos aprofundamos na riqueza que
ele traz. Quero resgatar, aqui, algumas das riquezas desse Salmo, exatamente
porque vivemos tempos de escuridão, de desafio, de vale. Vivemos o contexto
de iluminar o nosso entendi mento para tempos de obscuridade.
A afirmação "O Senhor é meu pastor e nada me faltará" não pode ser
interpretada de maneira estática. A primeira coisa a compartilhar é que esse
Salmo fala de uma caminhada, de um processo. O Salmo 23 é um salmo de uma
caminhada à plenitude e não o salmo da satisfação de uma carência.
Há uma tendência de pensarmos a vida a partir das nossas carências e
necessidades e não a partir daquilo que são os processos de Deus, até nos levar
à Sua plenitude. Quando a palavra de Deus fala que Ele é o Senhor, que é o
nosso Pastor, ela diz que Ele nos conduzirá pelo caminho. O principal papel do
pastor é cuidar das ovelhas para que elas alcancem a plenitude de suas vidas,
alcancem os seus propósitos.
A figura do pastor também é vista de maneira passiva: como protetor/cuidador e
não como guia, orientador, aquele que garante que o processo seja completo.
Ora, o Senhor é pastor, porque Ele é o condutor, o guia, o orientador da vida.
Geralmente, olha-se para a afirmação o "Senhor é meu pastor” e se pensa:
“Bom, se o Senhor for meu pastor, então, nada vai me faltar”, no sentido de ter
as carências satisfeitas e, não, no sentido de ser guiado até ser completo. Veja
que "nada me faltará" fala de nos tornarmos completos e não de uma pessoa a
quem não falta coisa alguma. Fala que o propósito de Deus na nossa vida se
completará.
Ele é o Senhor, o nosso pastor, que cuida da vida em sua inteireza e não da
necessidade imediata. Assim, quando Deus atende uma necessidade é para que
o processo vital se complete.
O compromisso de Deus, como Pastor, não é o de satisfazer necessidades para
que os processos que o homem estabelece se cumpram, mas é o de que
tenhamos toda a Sua suficiência para que os processos d'Ele sejam completos
em nós. Sendo nosso Pastor, todo processo Dele se completará.
É uma imaturidade, uma infantilidade pensar que a única coisa que Deus faz é
cuidar de suprimento das necessidades. Como pastor, Ele não está cuidando de
me satisfazer. Ele está garantindo que o processo na minha vida se complete.
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Tanto que Ele começa pelo suprimento da necessidade, mas, logo em seguida,
Ele nos força a um caminho de aperfeiçoamento: "Ele me faz caminhar".
Entenda que o Salmo 23 é um processo de desenvolvimento da pessoa e não
uma garantia daquilo que queremos. Enquanto pensamos que Deus é apenas
aquele que satisfaz, que supre necessidades, protege, cuida e não aquele que,
fazendo isso, nos orienta num processo, não viveremos a Sua plenitude.
Muitos vivem uma vida fracassada, apesar de serem cristãos, porque
experimentam de Deus, mas não vivem a Sua plenitude de vida. Se limitam a se
relacionarem com Deus na satisfação da necessidade e não como quem é
orientado por Deus no desenvolvimento de um processo, para alcançar, de fato,
plenitude, independente das situações.
"O Senhor é meu pastor e nada me faltará". Ponto! Isso é absoluto! Ele é o
pastor, o guia, o orientador que me faz ser uma pessoa completa. Completa em
todos os sentidos! Seja no sentido do meu suprimento, da minha necessidade.
Seja no sentido do desenvolvi mento da minha cognição, da minha percepção,
seja também no sentido da minha espiritualidade.
Jesus, como filho de Deus, crescia em estatura, sabedoria e graça. Ou seja,
as suas necessidades, aquilo que era necessário para sua provisão, era
satisfeito. Os seus aspectos cognitivos, intelectuais, sua criatividade, sua
percepção eram desenvolvidos dentro de um sentido de propósito. Ele
conseguia discernir sua relação com as pessoas. Tudo isso era garantido pelo
seu pastor, pelo seu Senhor. Ele também se desenvolvia em sabedoria,
conhecimento de Deus. Ele crescia diante de Deus e dos homens. Tudo o que
era necessário para seu desenvolvimento, em todos os aspectos, fazia parte
desse processo de crescimento. Deus garantiu o seu suprimento físico, o
desenvolvimento da sua cognição, da sua inteligência e, também, da sua
espiritualidade.
Assim como Jesus, todo homem e mulher de Deus são completos em todos os
aspectos. Tudo aquilo que é necessário à vida e à prática da piedade, em Cristo,
através da Sua graça, estão provisionados em Deus. Nesse processo, nos
ocupamos em confiar e sermos orientados por Deus, ao invés de ficarmos
ansiosos quanto aos cuida dos dessa vida que é o que pode interromper os
processos de Deus em nós.
Jesus disse que uma semente foi plantada à beira da estrada, outra caiu na
pedra, outra caiu no meio dos espinhos, do mato, das ervas daninhas. A semente
boa que caiu no meio de um matagal que representa os cuidados dessa vida -
desenvolveu um processo, mas quando estava para completar esse processo,
foi sufocada.
Os cuidados com essa vida são a forma ansiosa como pensamos na
subsistência, no desenvolvimento intelectual e na espiritualidade,
desconsiderando a condução do Pastor. Passamos a pedir ajuda de Deus na
nossa ansiedade e não a Sua orientação.
Se o salmista diz "O Senhor é meu pastor, nada me faltará", então, se eu me
submeto a orientação d'Ele, eu serei completo em todas as coisas. A minha vida
material e física será orientada. A minha vida intelectual será desenvolvida e a
minha vida espiritual, também, igualmente, será plena. Entenda: o Senhor é meu
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pastor eu me tornarei uma pessoa completa. Isso envolve todas as áreas de


minha vida.
O Salmo 23 continua: "Ele me faz repousar em pastos verdejantes e águas
tranquilas". Veja que há uma garantia do suprimento material em um ambiente
de paz. Isso mostra que o suprimento na nossa vida é algo tão básico, que o
salmista diz que ele deve se dar em uma relação de descanso e tranquilidade.
Deixa o Espírito de Deus ministrar o seu coração!
Quantas pessoas não se tornam completas, plenas, porque estão
desequilibradas na forma ansiosa do seu pensamento! Elas ocupam tempo,
energia e força na tentativa de garantir suprimentos, sendo que isto já está
garantido na relação com Deus. Se Ele é o nosso pastor, então, nada nos faltará.
E a primeira coisa que Ele está garantindo, para você e para mim é esse
suprimento.
Em sua vida, o seu suprimento e provisionamento são expressão de
descanso e tranquilidade ou são expressão de ansiedade e perturbação?
Se o Senhor é pastor, seremos completos em todas as coisas, porque Ele, que
conduz, é quem nos faz deitar em pastos verdejantes, por águas tranquilas. Ele
alimenta, supre, provisiona. Isso é elementar! Ele é o provedor!
A coisa mais perturbadora na vida das pessoas é a sobrevivência, é a provisão
- vivem como se não tivessem pai. Como se fossem filhos da circunstância, do
acaso e não filho da eternidade dos propósitos Eternos. O salmista diz que "como
uma criança que acabou de mamar é assim que eu descanso no seio do meu
pai.".
Estes, que não se percebem filhos, na sua ansiedade, acabam se alimentando
de comida tóxica. Deixa Deus ministrar o nosso coração. Muitas vezes aquilo
que está nos alimentando é tóxico porque não ilumina, não esclarece, não
produz fé. As pessoas estão tão desesperadas que, quando, finalmente,
possuem aquilo que elas chamam de provisão, a relação com aquilo é tão
doentia, é tão tóxica que não produz paz, não produz descanso. Parece que
produz mais ansiedade, medo de não ter de novo o amanhã.
Lembremo-nos de que antes que houvesse vida, tudo aquilo que era ne
necessário à vida e à prática das virtudes, Ele já havia providenciado. Então, a
nossa vida com Deus, tem que ser, desde o início, desde na sua forma mais
básica, mais essencial, mais elementar, vivida na condução do Pastor, tem que
traduzir descanso e tranquilidade. E não ansiedade e perturbação.
Disfrutar disso me torna uma pessoa acomodada? Não! Isso me desenvolve
de maneira saudável, para que as minhas relações não sejam mais marcadas
por impulsos instintivos, animais.
Lembro-me de uma situação que enfrentamos no início do nosso ministério. Eu
estava bem no comecinho da vida de recém-casado e assumimos a
responsabilidade sobre um orfanato com cerca de 100 crianças e jovens, entre
5 e 16 anos incompletos que se dividiam em dois quartos (naquela época os
orfanatos eram ativos). Dos 100, 20, talvez 30 estavam acima dos 15 anos. A
grande maioria entre 5 e 15 anos de idade. A instituição responsável por esse
orfanato estava enfrentando um problema de manutenção, continuidade, recurso
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e muita coisa esquisita acontecia lá dentro, como violência e desvio de alimento.


Alguns dos responsáveis usavam a situação dos mais velhos para oferecer
prostituição. Imagine um cenário ruim!
Quando, finalmente, a instituição passou a responsabilidade desse orfanato para
nós, uma das coisas para o qual nos empenhamos, para eliminar a ansiedade,
foi garantir boa alimentação. Algumas empresas da cidade fizeram parceria
conosco com alimento da melhor qualidade e, passamos a ter fartura de comida.
Percebemos, na primeira se mana, que, mesmo com o empenho e compromisso
em oferecer alimentação de qualidade, começou haver muita intoxicação
alimentar. As crianças passavam muito mal. Pensamos que poderia ser por elas
estarem comendo demais ou que tivesse algum processo de contaminação na
cozinha antiga. Fizemos toda higienização, o departamento de saneamento da
cidade fez uma inspeção sanitária, mas as intoxicações não diminuíram.
Em cada quarto tinha escaninho, aqueles armários de aço com espaço pequeno
para cada interno. Descobrimos que, com medo de não comer no dia seguinte,
de não ter mais a comida boa, eles pegam a comida do dia e escondiam no
armário, no meio das roupas e sapatos, sem quaisquer cuidados de refrigeração.
Em vez de comer a comida colocada na mesa, eles a guardavam e comiam da
comida vencida. Por mais que tentássemos ensinar sobre o pastor provedor,
eles não acreditavam, até que tivemos que tirar os armários de lá para que
acreditassem que haveria comida todo dia.
Às vezes você está se intoxicando com a comida de ontem, com medo de não
ter alimento amanhã, duvidando da relação com Deus como um processo, em
que Deus vai prover, a cada dia, exatamente o necessário para o seu
amadurecimento. Exatamente para que o que é básico da vida seja um fator de
descanso, de tranquilidade e não de ansiedade.
Por isso é que o maná era diário e quem guardava o maná para o dia seguinte,
comia comida podre. O que era para expressar tranquilidade, descanso,
cuidado, passou a representar, na vida de alguns, ansiedade e medo.
Assim fazemos, também, nos dias de hoje! Comemos comida intoxicada,
impregnada de elementos artificiais para que dure mais, porque ainda não
entendemos que, no processo de caminhada com Deus, Ele mesmo irá garantir
o processo que nos tornará pessoas maduras. É um compromisso d'Ele com a
nossa vida. É impossível amadurecermos em Deus se, de forma muito primária,
muito basal, não confiamos no pastor que provê. Essa provisão, do elementar
da nossa existência, traz tranquilidade e descanso e não ansiedade e
perturbação.
Ele é o pastor que nos orienta no processo de amadurecimento de vida. Somos,
Nele, completos.
PARTE 02 - O SENHOR
O Salmo 23 deixa claro a convicção de que é possível fazer uma travessia
segura, nos tempos de obscuridade. É o salmo que nos ensina a atravessar um
vale, tendo o nosso coração e o nosso entendimento constantemente,
transformados.
Observe que o texto diz que o "Senhor" é meu pastor e de nada tenho falta. Que
Ele me faz deitar em pastos verdejantes, repousar em pastos verdes e ser
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conduzido ao lado das águas serenas. Que Ele restaura a alma, guia no caminho
da justiça, por amor do Seu nome. Que ainda que eu ande pelo vale da sombra
da morte, não há o que temer, porque Ele está comigo, a tua vara e o teu cajado
me consolam. Que há uma mesa preparada na presença dos meus inimigos,
que Ele unge a minha cabeça com óleo o meu cálice trans borda. Que,
certamente, a bondade e a misericórdia Dele me seguirão todos os dias da minha
vida e que eu habitarei na casa Dele para todo o sempre.
O Salmo 23 é uma declaração de caráter absoluto, definido em "o Senhor é meu
pastor, de nada terei falta". Ele tem começo, meio e fim. O princípio de tudo é “o
Senhor". O senhorio de Cristo pastoreia, de modo que nos tornamos uma pessoa
completa. Esse é o Salmo.
Às vezes, temos a tendência de olhar para a figura do pastor e não entender o
aspecto do senhorio do seu pastorado. Vemos uma figura meio bucólica,
romântica e até fantasiosa. Mas o Salmo afirma que esse pastor é, antes, o
Senhor. O Salmo afirma "O Senhor é meu pastor" e não "O pastor é meu senhor".
Não se trata de uma figura construída de senhor idealizada na nossa figura de
pastorado. Não é porque ele é o pastor que eu quero que ele seja, que ele é meu
senhor. Ele é o Senhor (artigo singular definido). O Senhor, o soberano. A
vontade soberana de Deus me pastoreia. É isso que precisamos entender.
Se eu quero ter uma vida plena e alcançar o seu propósito pleno, o se senhorio
de Deus, o senhorio de Cristo precisa pastorear minha vida. Isso não pode ser
entendido na ordem inversa.
Quando os anjos declaram nascimento de Jesus, foi dito: "é nascido o Salvador,
que é Cristo, o Senhor!". Veja que a salvação está no senhorio de Cristo. Ele não
é Salvador para, depois, se tornar o senhor. É porque Ele é "O senhor" que
podemos experimentar a salvação! A salvação está no senhorio de Deus e de
Cristo na nossa vida.
Alguns querem da salvação, mas, não o senhorio. Querem o pastor, mas não o
senhor. Porém, não há alternativa. É o senhorio de Deus que salva e que
pastoreia.
Não há como celebrar o pastor, sem antes celebrar o Senhor. O senhor rio é que
pastoreia a vida de modo que ela seja plena. Ele não é o pastor naquilo que
interessa a ovelha. Ele é o Senhor!
O Salmo 23 não é o salmo de celebração de um benefício, é o testemunho de
uma caminhada, de um processo. Ele testemunha o processo de nos tornamos
plenos, um processo de aperfeiçoamento, o processo de uma transformação de
consciência em que o senhorio de Deus vai nos pastorear até que cheguemos a
um estado de plenitude.
Paulo fala sobre isso - tudo que Deus operou e os dons que nos conhece deu,
foi para que todos, pelo exercício do ministério, cheguemos à estatura de varão
perfeito. Essa condição de plenitude é possível porque há um Senhor. E porque
o Senhor é o nosso pastor, temos a garantia de que seremos conduzidos à
plenitude.
O princípio dessa caminhada, a relação mais basal que temos com Deus, no
sentido mais elementar - não no se tido de mínima, mas no sentido de profunda
- o conhecimento mais profundo, mais principal, inicial, é saber que o senhor não
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é um senhor, Ele é o senhor de tudo e de todos. Ele é o Senhor dos processos,


é o Senhor dos acertos, dos erros, é o Senhor dos anjos e dos demônios. É o
Senhor de todas as coisas.
Na história de Jó vemos Deus o levando ao entendimento de senhorio. Deus via
em Jó uma pessoa feliz, mas incompleta. Tanto que o próprio Jó declarou: Eu te
conhecia de ouvi falar, mas, agora, meus olhos te veem. Deus pastoreou Jó para
que ele se tornasse uma pessoa completa.
Nesta trajetória, Jó, mesmo com a saúde debilitada, os filhos mortos, a
"empresa" quebrada entende que de nada tem falta porque, ele mesmo, se
tornou uma pessoa completa.
Uma pessoa completa é aquela para quem não falta coisa alguma. O suprimento,
na sua vida, é revelação de descanso e não de perturbação e estresse. Ela não
é mais como uma criança que acha que tem que dizer a mãe o que a mãe precisa
fazer de melhor. Ela entende que o Senhor é o seu pastor. Portanto, tudo aquilo
referente a vida, pode ser pensado em descanso.
Certa vez, um amigo muito querido nos chamou para passar uns dias em seu
rancho. Ele estava fazendo de tudo para nos agradar. Fomos numa camionete,
eu, o meu filho Paulo Neto, este amigo e mais algumas pessoas. De repente,
comecei a divagar sobre a comida que, possivelmente, estaria à nossa espera.
Desenhava a cena de uma mesa posta com muitos pratos convidativos.
Quando chegamos na fazenda, já um pouco tarde, fomos tomar banho e nos
preparar para a janta. Ao chegar na cozinha, o meu amigo me chamou para ser
o primeiro a servir. A comida estava sobre o fogão do jeitinho que eu havia
idealizado. Meu filho ficou olhando aquela cena, mas não comentou nada na
hora. No dia seguinte, pescando na beira do rio, chegando a hora do almoço, eu
novamente desenhei uma cena do que, possivelmente, nós iríamos comer. O
meu amigo, então, calado, foi embora e quando chegamos para almoçar, lá
estava a cena, do jeitinho que tinha desenhado. Quando foi à tarde, o Paulo Neto
pergunta o que nós íamos jantar, respondi que não sabia. Ele, então, pronta
mente disse: “É que você acertou todas até agora!”
Isso marcou minha vida. Essa alegria, esse descanso de saber que o Senhor de
todas as coisas é quem está nos pastoreando. O Senhor é o nosso pastor e é
nessa verdade que começa a nossa caminhada.
Naquele rancho, eu estava sendo cuidado por alguém que ama. Então, eu podia
usar a minha imaginação e alguém, que nos ama profundamente, materializar
aquilo, não como fruto da minha ansiedade, da minha intoxicação.
Como você lida com as coisas mais básicas da vida? Porque se você não está
lidando com descanso e refrigério, você está escravizando a sua imaginação.
O Senhor me conduz, Ele me leva ao processo de plenitude, que começa pelo
fato de que eu lido com as coisas mais básicas da minha vida com descanso,
com repouso e de forma serena.
Aprenda a ser conduzido pelos processos de Deus que começam com repouso,
com paz, com serenidade. O reino de Deus é Paz, justiça e alegria. O reino
de Deus tem que começar com paz no nosso coração e não com
perturbação. Faça aquietar a sua alma dentro de você!
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O Salmo segue dizendo assim: refrigera minha alma e me faz andar, me guia
pelo caminho da justiça por amor do seu nome.
Veja que o Salmo 23 é uma trajetória, porque é assim que ele faz descansar, é
assim que ele acalma o nosso entendimento pela revelação da sua fidelidade,
do seu amor e de sua misericórdia. Agora, ele vai nos forçar a andar! É preciso
entender que Ele acalma, ele faz sossegar e ele nos põe para andar.
Aprendi uma coisa muito interessante em relação ao Pentecostes. Jesus
orientou seus discípulos que, antes de sair para fazer qualquer coisa, primeiro,
que ficassem sem fazer nada até o Espírito Santo revelar o que deveriam fazer.
Muitas pessoas não estão sendo aperfeiçoadas por Deus porque começam a
fazer as coisas primeiro para, depois, pedirem ajuda do Espírito Santo; para,
depois, sossegar a alma.
Deixa Deus ministrar ao seu coração. Tem gente trabalhando demais para
ficar sossegado no fim da vida. Eu aprendi a sossegar, em Deus, para
trabalhar até o fim da minha vida. Eu não quero sossego no fim da minha vida,
eu quero trabalho. Eu não trabalhei para depois ficar à toa, eu sosseguei a minha
alma, aprendi com Deus como é trabalhar, para poder trabalhar a vida toda até
que, quando eu fosse velho, pudesse produzir fruto. Tem gente que está
correndo demais para ter sossego depois, ao invés de ter sossego antes, para
depois poder trabalhar bastante.
Essa é a situação invertida de Maria e Marta. Quando Jesus chegou na casa
de Marta e Maria, a ordem estava invertida na vida de Marta. Ela trabalhava
muito, para aprender depois. Marta aprendeu a sossegar primeiro, para poder
trabalhar bastante. Foi assim que aconteceu quando o Pentecostes veio, os
discípulos não estavam agitados, em um culto animado. Não! Eles estavam
todos assentados.
Desenvolvemos uma maneira esquisita de culto. Qualquer coisa que começa no
culto, mandamos o povo ficar em pé. É até engraçado! Pode ser que eu esteja
errado, mas lá no Pentecostes, entendo que o povo começou sentado, para
depois ficar em pé, andar e cumprir o propósito.
A palavra de Jesus com Marta era que ela estava agitada, preocupada,
intoxicada. A relação dela com a vida, no seu modo mais básico, estava
intoxicada. Ela precisava sentar, para depois andar. Jesus falou para Marta:
Você está ocupada demais. Maria está aqui sentada, ela escolheu a melhor parte
e isso não vai ser tirado dela.
Às vezes, a sua relação com a vida, na sua forma mais elementar, está
intoxicada, seu trabalho está comprometido.
Aprenda a ter com Deus uma relação que te acalma, que te tranquiliza, que te
faz sossegar, calar a alma. Não se relacione com Deus como quem está sempre
atrasado, como quem começou o serviço primeiro, para depois ter descanso.
Comece no Descanso!
Nesse lugar de descanso, o Senhor, que é pastor, vai nos forçar a andar segundo
a vontade Dele! Veja que a bênção não está no fim. Deus nos abençoou para
poder andar e não mandou andar para ser abençoado. Ele nos abençoa, nos
supre, nos fortalece e, agora, nos força a andar. E ele força a andar no caminho
da justiça.
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Uma vida agitada, escravizada pelo o que se quer conquistar no fim, nos leva a
um caminho de juízo. É esforço para, no fim, possuir o que achamos merecer. É
quando temos calma, serenidade e o descanso de ser abençoado, entendemos
que o Senhor nos abençoou para um propósito. Vou explicar melhor: Deus nos
abençoou para um propósito, mas não nos deu um propósito para sermos
abençoado. Ser abençoado não é um propósito. Toda benção tem um propósito,
mas não existe propósito em ser abençoado. Existe propósito de abençoar com
a mesma benção de que foi abençoado. Deus nos abençoou para cumprirmos o
propósito de abençoar. O propósito nos torna uma benção. Foi isso que Deus
fez - Ele abençoou Abraão e disse: agora você será abençoador de todas as
famílias da terra.
Não existe propósito em ser abençoado, existe propósito de ser abençoador. E
porque existe um propósito de ser abençoador, Deus já nos abençoou. Quando
Ele nos abençoa, Ele, então, nos força a andar por um caminho que vai nos
tornar em pessoas justas. O caminho de Justiça é um caminho de ajuste, para
que, no fim da nossa vida, possamos ter entregue tudo o que tínhamos para
entregar.
A pessoa completa é esta que, no final da vida, não terá que brigar com suas
carências, porque se tornou completa. E se tornar completa não é ter tudo o
que achamos que falta, é a certeza de que entregamos tudo o que tínhamos
para entregar.
O caminho relatado no Salmo 23 é o caminho que nos ajusta. Esse movimento
não é gerado pelas nossas necessidades. O Senhor é quem vai nos forçar a
andar o caminho que nos ajusta. Lembre-se que a fé é para nos transformarmos
em um justo - o justo viverá da fé. A fé é para ajustar, para que, nessa caminhada
com Deus, nos tornemos pessoa tão bem resolvidas, que não temos mais
dificuldades alguma de entregarmos tudo o que temos. E, assim, não nos
sentirmos mais possuidores, controladores, dominadores de qual quer coisa.
Esse movimento é gerado na convicção de que, uma vez abençoados com
pastos verdejantes e águas tranquilas, seremos forçados a transmitir, a
comunicar, a entregar, a tornar a expressão madura e completa de um
abençoador. Não como uma força que vem de fora, mas a de um Pai, de um
pastor, de um amigo, levando-nos ao nosso destino.
O Senhor é o pastor que nos toma pela mão. Nele somos livres da versão infeliz
e mal-acabada do religioso que faz tudo para ser abençoado, mas que está
sempre incompleto.
PARTE 03 - O VALE
Vimos até aqui que a obra do ministério é para que todos cheguemos à estatura
de pessoa plena/completa no entendimento de que "O Senhor é meu pastor e
nada me faltará".
A afirmação não é "o meu pastor é o Senhor", a afirmação diz "O Senhor é o
meu pastor”. Não é "O Senhor vai me pastorear, de modo a me dar o que quero".
É: “Ele vai fazer tudo aquilo que, de fato, necessita para me tornar uma pessoa
plena". Não é sobre acrescentar às nossas carências, é sobre desenvolver à
plenitude as virtudes d'Ele em nós. Deus trabalha para que as virtudes d'Ele, em
nós, alcancem a Sua plenitude.
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Todo trabalho de Deus na nossa vida é para que sejamos plenos. O senhorio de
Deus, sobre tudo e todos, é o que pastoreia a nossa vida. Uma vontade soberana
e não relativa.
O Senhor está nos pastoreando e isto quer dizer que Ele tem autoridade para
nos guiar, para nos levar exatamente onde temos que chegar.
Neste caminho, que relata tranquilidade e conforto, somos conduzidos, por
Deus, a um tempo nem tão, aparentemente, tranquilo e nem, aparentemente, tão
confortável e seguro. Em um determinado momento, o caminho sofre de um
intervalo de obscuridade, de coisas não muito claras. Como enfrentar isso com
a mesma paz, a mesma segurança?
Vimos como Marta achou que levaria Jesus ao lugar de desespero dela, quando
Deus trouxe a Marta ao lugar de descanso d'Ele.
Quando o homem pecou, Deus não se afastou dele. O homem é que se afastou
de Deus. Deus sempre esteve aonde o homem O deixou. O homem não gritou
e Deus foi ao seu encontro. Foi Deus que chamou: "Homem, por que você não
está aqui no seu lugar de descanso? Você está achando que eu vou aí no seu
lugar de desespero?"
Muitas vezes queremos trazer Deus para o lugar de desespero enquanto Ele,
enquanto Senhor que é pastor, quer nos levar ao lugar de descanso. Achamos
que, na vida, criamos um problema e depois chamamos Deus para resolver, para
acalmar. Isso é coisa do capeta, do satanás! Não foi essa a proposta dele para
Jesus: "pula daqui e depois você conversa para Deus te proteger"? Cuidado!
Deus faz repousar para depois andar. Ele faz beber de águas tranquilas. Ele é
quem provê o lugar da intimidade, da interioridade, da meditação na palavra que
nutre e produz repouso e paz. O reino de Deus é Paz.
Deixa Deus ministrar o nosso coração.
Jesus foi anunciado: Glória a Deus nas Alturas, paz e boa vontade. Se você não
tiver essa paz de ver as coisas originadas em Deus, a sua vontade nunca vai ser
boa. A sua vontade vai estar perturbada, contaminada, porque você estará
fazendo as coisas por interesse, por necessidade, por cobiça, ganância,
desespero.
Estamos falando do Salmo 23 e como é que ele começa? Paz.
O Senhor é quem está me pastoreando? Paz.
O reino de Deus começa em paz e não na perturbação!
Paulo diz que o reino de Deus é paz, justiça e alegria do Espírito Santo. Uma
vez que há essa paz, uma vez que há esse repouso, essa tranquilidade em Deus,
então, eu consigo operar a justiça. Sem isso, nada do que eu fizer vai prestar,
pois eu vou fazer qualquer coisa como juízo de mérito. Vou fazer para merecer
e não para manifestar. E esse lugar de repouso, tranquilidade e paz, não é um
lugar de conforto. É paz. "Comi, bebi, estou em paz, então agora, ando!"
Não queira andar sem antes ter paz e não pense em ter paz, para ter sossego.
A paz não é para ter sossego. A paz nos leva, aos vales.
Muita gente me pergunta: Está tudo tranquilo? E eu respondo: Não, tudo em paz.
Porque tranquilo, nesse mundo, não vai estar nunca. Por isso, que Jesus falou
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assim: Nesse mundo tereis tribulações, mas tende bom ânimo. Eu venci o
mundo. Eu te deixo a minha paz.
Esse repouso, essa tranquilidade de alma, essa paz não é para ter conforto. É
para ter a segurança, é para cumprir o propósito, é para conseguir enfrentar o
caminho que ajusta.
Deus vai te colocar em movimento. Deus não chegará ao nosso lugar de
perturbação para nos dar conforto. Nós é que chegaremos ao Seu lugar de
Descanso para enfrentar uma vida que não é confortável. Uma vez que Ele
alimentou, tratou, Ele vai nos pôr para andar em um caminho justo.
Deixa Deus ministrar o seu coração!
Você está perdendo o seu tempo achando que vai trabalhar para ter conforto.
Não! Você terá paz para poder trabalhar. Paz em cumprir um propósito. A pessoa
é bem-sucedida, não quando ela trabalha para ficar à-toa, mas quando ela
trabalha a vida toda para atingir o seu propósito. É por isso que Paulo diz:
Combati o bom combate, completei o meu propósito. Guardei minha fé.
O que vai dar senso de plenitude não é o alcançar uma vida confortável. Mas é,
finalmente, viver uma vida com propósito. Isso faz com que eu atravesse o vale
da sombra da morte em paz. Nesse momento, não haverá medo de coisa
alguma, porque o Senhor está comigo. O Senhor é comigo. O Salmo nos ensina
que, na caminhada com Deus, obrigatoriamente, temos que romper, que
cruzar o limite dos nossos medos.
Jó precisou cruzar esse limite. Ele tinha tudo, aparentemente, funcionando bem.
O livro de Jó mostra que Deus chama Satanás para uma conversa: o que que
você anda fazendo? Ele respondeu: Rodeando o mundo. Já indo embora, Deus
insiste: Não, espera aí, vamos conversar mais. O que você viu aí nesse passeio
que você fez? Ele responde: Muita coisa. Deus pergunta: Você viu meu servo
Jó?
Pense comigo: estou precisando que Deus lembre ao diabo algo a respeito de
mim? Eu quero é que o diabo me esqueça!? Eu quero que Deus pergunte ao
diabo se ele me viu? Eu quero que Deus faça de tudo para o diabo não me ver!
- Vê como precisamos desconstruir as noções de divindade da nossa cabeça?
Deus pergunta a Satanás: Você viu Jó? Deus chama a atenção: O que você
achou dele? E satanás responde: Do jeito que o Senhor o trata! Quem liberou a
ação de Satanás em Jó, foi Deus, com um propósito. Deus queria conforto na
vida de Jó? Não. Deus queria paz, repouso e tranquilidade. E tranquilidade não
quer dizer ausência de conflito, quer dizer plenitude, segurança.
Depois que tudo o que Jó estava passando, ele fala uma coisa muito séria. Ele
diz assim: tudo o que eu tinha medo, me aconteceu.
Percebe que Deus conhecia os medos de Jó? Ao invés de Deus poupar Jó dos
seus medos, Deus fez com que Jó atravessasse por meio de todos eles, ainda
que tivesse que usar o diabo para isso.
Deus vai atravessar conosco, através dos nossos medos. Ele não vai dar a volta
porque, enquanto houver medo, o amor não poderá ser aperfeiçoado.
Deus não vai poupar você de seus medos. Ele vai segurar você pela mão e,
junto com você, vai atravessar o vale dos seus medos, para você entender
13

que eles não são reais. Medos são como sombras e sombras são projeções
criadas a partir de uma luz que não incide de forma direta sobre você. Por isso
é que a palavra de Deus diz que a vida do justo é como luz da aurora que vai
brilhando até se tornar dia perfeito.
No dia perfeito a luz está de tal maneira sobre a sua vida, que não há
sombra. Não há projeção. Às vezes, você não está lidando com a revelação
plena de Deus a respeito de quem você é. Você está lidando com as projeções
de si próprio que você consegue perceber, porque a luz ainda não incide de
forma direta e plena sobre a sua vida. É preciso meditar na palavra até que a
mente seja tão transformada, até que a luz seja tão plena, que você não consiga
mais fazer separação entre dia e noite - não haverá mais sombras, não haverá
projeção indireta. Todas as revelações serão absolutas!
Você vencerá o medo e terá atravessado o vale!
Deus não nos poupará. Por isso, que a palavra de Deus diz que aqueles que
venceram, venceram pelo sangue do cordeiro e pela palavra do seu testemunho.
Porque enfrentaram o medo de ante da própria morte. Eles venceram, diante do
medo!
Quero contar uma história da minha vida. Sou o filho mais velho, o filho
primogênito, e também o neto mais velho. Eu vivia o estigma de ser responsável,
ser exemplo para os ir mãos. Meus pais trabalhavam muito e eu ajudava a cuidar
dos irmãos. Lá em casa tinha um quintalzão. Na casa da vizinha tinha uma
mangueira grande. A luz da rua passava pelo meio da mangueira e projetar
sombra no quintal da minha casa. Minha mãe tinha uma mania de que todo pano
da casa, tinha que ser branco. E essa roupa, quando lavada, e estendida no
varal. Quando chegava sete horas da noite a minha mãe me pedia para recolher
a roupa. Eu tinha que passar no meio dos lençóis e a luz refletia sombras. Eu via
de tudo, ali. Via satanás em pessoa, o demônio. Ficava no meio daquelas
roupas, parado, até conseguir ver que essas sombras eram sombras e não o
que eu estava pensando que eram. Quando as sombras voltavam a ser sombras,
eu recolhia a roupa e entrava para dentro de casa.
Sabe por que temos medo da escuridão? Porque o bicho que habita o escuro é
do tamanho que a gente pensa que ele é e nunca do tamanho que ele realmente
é. Quando preferimos a ignorância, ou a teimosia, as coisas são do tamanho que
pensamos que elas são ou que queremos que elas sejam, e nunca, na verdade,
exatamente, do tamanho que elas são.
Deus não nos poupa dos nossos medos, mas Ele vai nos tomar pela mão e
conosco vai atravessar pelo meio deles.
A única coisa que vai nos livrar dos medos é saber que Ele está conosco, que
não precisamos enfrentá-los, sozinhos. Ele é conosco. Ele atravessará conosco.
Ele caminhará conosco por esse vale.
Jesus não nos mandou enfrentar a morte. Ele enfrentou a morte comigo. Ele não
enfrentou uma morte diferente da nossa. Deus não preparou um vale para Jesus
diferente do nosso. Jesus não enfrentou uma vida mais fácil do que a nossa.
Jesus não teve amigos melhores do que os nossos. Jesus não teve condições
de vida melhores do que as nossas. Jesus não teve uma liderança que o
apoiasse como a gente gostaria de ter. Jesus passou nos lugares mais rasos e
profundos da existência humana.
14

A palavra de Deus diz que Ele só é aquele que subiu, porque antes Ele é aquele
que desceu às partes mais baixas da Terra. Ele fez isso para atravessar conosco
esse vale. Então, o senhorio de Deus não vai nos poupar. Não queira que o seu
pastor, seu Senhor, te poupe, mas saiba que o seu Senhor, sendo pastor, te fará
atravessar. Isso só será possível porque Ele é Senhor antes mesmo de ser
Pastor. E como Ele é Senhor de todas as coisas, inclusive da morte; Senhor de
tudo, até do que nos amedronta, Ele quer que atravessemos por tudo isso, para
não sermos subjugados, susceptíveis de coisa alguma; para que não tenhamos
nada que decida sobre o nosso coração, senão o nosso compromisso com Ele -
o de cumprir o nosso propósito.
Ele não vai te tirar do meio dos seus lençóis, mas Ele estará com você lá no meio
dos seus lençóis brancos, cheios de criaturas hediondas e terríveis, até que elas
voltem a ser sombras.
Que o Senhor nos fortaleça. Que o Senhor nos inspire.
O Senhor está conosco, a tua vara e o teu cajado nos consolam.
Essa caminhada com o Senhor é uma caminhada desconfortável, mas ela
começa em paz, em tranquilidade, segurança e, apesar de todos os transtornos
que vão ajustando os desafios, ela também é uma caminhada em que o Senhor
nos consola o tempo todo. Tua Presença nos consola e a tua direção nos
consola, tua autoridade sobre todas as coisas nos consola. O Senhor nos
ilumina.
PARTE 04 – O PASTO E A MESA
Com o Salmo 23, aprendemos a percorrer o caminho. A palavra de Jesus diz:
Eu sou o caminho, a verdade e a vida. O caminho que não leva a um endereço,
mas ao propósito de Deus para as nossas vidas.
Infelizmente algumas pessoas pensam na relação com Deus como um endereço
de tempo e espaço. Elas não vivem o processo que poderiam viver de maneira
plena com Deus, que é o processo da transformação. Para elas, a questão da
salvação se resume "eu vou chegar ao céu?", "eu vou para o céu ou para o
inferno?”, como se isso fosse apenas uma questão espaço-tempo, ou seja, de
acertar o endereço. E não é isso!
Esse caminho é o caminho do conhecimento da verdade, que nos leva à uma
vida plena, para que essa vida seja plena aqui; para que todos cheguemos à
estatura do varão perfeito, aqui! Para que a perspectiva de glória eterna seja na
perspectiva de uma pessoa formada na sua condição plena!
Que sejamos, então, formados na nossa natureza e transformados no nosso
entendimento, a fim de alcançarmos a estatura de pessoas completas. Essa é a
trajetória! Esse caminho é o caminho do conhecimento, da aplicação do
aterramento da verdade, para vivermos a vida em justiça! Por isso, que a palavra
de Deus diz que a graça nos conduz à verdade e à justiça. Ela conduz ao
conhecimento da verdade, nos educa a viver.
O Salmo 23 nos ajuda a entender essa caminhada e a vida como um processo
de transformação. Ele fala da ovelha que, ao ser pastoreada pelo Senhor, ao ser
criada pelo senhorio de Deus, conduzida a conhecer e fazer Sua vontade, ela
vai se tornando plena naquele que é o verdadeiro propósito da sua vida.
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O Salmo começa de uma relação de absoluta dependência, de absoluto


conhecimento do Senhor que provisiona e alimenta. A relação com Deus se
fundamenta nessa confiança absoluta, no provisionamento de Deus que é o
cuidador.
Veja que Deus não chama para, depois, premiar os esforços. Ele não dá comida
para quem fez o malabarismo como se estivéssemos em um espetáculo de
adestramento, como se fôssemos um cachorro que ganha o biscoito por
recompensa. Ou como se fossemos feras a seres domadas.
Deus não nos chama como se fôssemos macaco do circo, um cachorro de
espetáculo. Ele é pai! A maior alegria de um pai é prover uma mesa. A bem
aventurança do pai é ter os seus filhos reunidos e saber que tem o suficiente
para todos. Nossa provisão e sustento representa, então, segurança, repouso,
serenidade e não angústia e desesperos.
Uma vez repousados nessa verdade, temos paz no nosso coração para seguir,
com Ele, em uma caminhada, de modo que ela não seja uma corrida
desesperada para conquistar as coisas que estão faltando, mas a caminhada de
quem está indo cumprir um propósito, alcançar um destino. Não é a corrida para
alcançar uma meta, é uma caminhada para se tornar uma pessoa adulta. E
como uma casa em que você trabalha para os filhos, para que eles tenham
segurança, paz e a certeza de que podem se dedicar em favor daquilo que o
propósito de Deus na vida deles.
Vimos que nesse caminho, Ele nos força à maturidade.
O Salmo 23 começa no pasto, onde as nossas questões mais elementares são
tratadas em Deus. Ele trabalha nossas necessidades mais básicas e acalma,
pacifica, tranquiliza o desespero. Temos ali uma ovelha, infantil, uma criança. No
caminho, Ele força esta ovelha a andar por um caminho de justiça que atravessa
um vale de medo, de sombras, trabalhando a sua cognição, pensamento, alma,
intuições; para que ela deixe de ser intuitiva, que decide e conclui as coisas pela
observação, para concluir a partir daquilo que Deus é.
Essa trajetória vai nos levar, de uma relação de quem observa para uma
relação de quem conhece. A trajetória, o caminho, o pastoreio de Deus é para
nos trazer de uma relação de quem percebe, para uma relação ainda mais intima
de quem conhece a mesa. E aí, quando a gente chega na mesa, Ele diz assim:
Tu preparas uma mesa para mim na presença dos meus inimigos, unges a minha
cabeça com óleo e o meu cálice transborda. De novo, quando chegamos dentro
da casa e, finalmente, diante dessa mesa, vai acontecer outra grande
transformação.
Quando eu lia o Salmo 23 de forma mais periférica, pensava o seguinte: "Deus
vai preparar uma mesa, colocar todos meus inimigos em volta, eu vou sentar,
Ele vai me servir, vou poder olhar para os meus inimigos e, quase como uma
vingança - meus inimigos estarão vendo o meu Senhor me servir -, eu serei
recompensado”.
Essa é a intuição da ovelha que, muitas vezes, foi dormir escutando o barulho
do Lobo. Foi dormir com receio de ser devorada, não fosse o pastor para guardá-
la. Agora, dentro da casa do pastor, os inimigos não mais a alcançarão.
16

Fui entendendo que, quando evoluímos dessa condição mais instintiva. - De


quem pensa proteção, para o sentido da instrução, do amadurecimento -
deixamos de pensar a relação com "as pessoas para" e começamos a pensar a
relação com "as pessoas com”. De repente, a mesa passou a ter um outro
significado para mim. Não me via mais à mesa sentado e os inimigos em pé, me
assistindo ser servido por Deus. Ao amadurecer, me via ali convidando os
inimigos para sentar com eles, comer com eles. Entendi que mesa é mais do que
o testemunho de Deus a meu favor, em relação aos meus inimigos. Ela também
é a mesa onde eu posso me reconciliar com eles. Onde os pecados podem ser
perdoados, as relações podem ser refeitas, a inimizade pode ser retirada. Vi que
não se tratava somente de uma mesa de testemunho de vitória, mas, também,
de uma mesa de testemunho de misericórdia, de bondade. Não era a mesa que
estava mudando, era eu que estava sendo transformado, porque deixei de ter
uma relação com Deus infantil, pueril para uma relação mais madura, mais
conciliatória.
Quando atravessamos o vale dos medos e, finalmente, completamos o caminho;
quando finalmente o corpo encontra com a alma, com o espírito, somos mais
completos do que antes. Entendemo-nos como pessoas completas e, como
pessoas completas, a mesa ganha outra conotação. Ela deixa de ser só a mesa
do testemunho da minha vitória sobre os inimigos, para ser a mesa onde Deus
promove a reconciliação com aqueles com quem eu tinha relações quebradas.
E mais! Nessa mesa, eu era o jantar. Deus preparou uma mesa maravilhosa,
bendita. Deus organizou uma festa, um encontro e nos serviu... como jantar.
Nosso corpo, nossa vida!
Não foi isso o que Cristo fez? Cristo foi honrado porque Ele mostrou que tinha
poder sobre seus adversários? Sim!
Cristo foi honrado porque Ele usou de compaixão e misericórdia contra quem O
agrediu e nos ensinou a dar a outra face? Sim, também!
Ele foi honrado nessas coisas. Somos honrados quando Deus fala a respeito de
nós, diante daqueles que querem o nosso mal. Também somos honrados
quando Deus permite, na nossa vida, oportunidades de restaurar relações que
foram quebradas.
Agora, Cristo foi glorificado, plenamente quando Ele revelou o coração do Pai se
tornando o alimento para os seus irmãos.
Mais do que um testemunho "para", um testemunho "com", temos aqui, e
sobretudo, um testemunho "em". Jesus não queria só falar "para". Jesus não
queria comer "com". Jesus quer viver "em". E só tem um jeito de vi vermos "em":
quando a ovelha vira cordeiro.
Não tem outro sentido, outro propósito na vida da ovelha, ao sair do pasto e
atravessar o vale dos seus medos, se não for para ela ser trans formada em um
jantar para os seus irmãos, para oferecer a sua própria vida por eles.
Entendi que se somos o jantar, a vontade dos nossos adversários não
prevaleceu. Deus nos honrou! Se somos o jantar, também, as culpas, os
pecados foram todos perdoados e eles não contam mais como contavam antes.
Vi que não foi a mesa que mudou. A mesa sempre foi essa! Na medida em que
eu ia completando o caminho, me via em um lugar diferente na mesa.
17

É essa a caminhada! No primeiro momento que você senta à mesa, você


gostaria de ser servido. Você olha para quem está à volta e percebe que Deus
cuida de você. Então, você vai amadurecendo um pouco mais, você quer servir
e até ficar de pé para que outros comam. Na plenitude do amadurecimento, você
permanece na mesa como quem será o alimento, que é a maneira plena, mais
sublime de servir. Mais do que ser honrado em ter sido servido, ser honrado em
poder servir nos glorifica com a mesma glória do Pai, que ofereceu a si próprio
para salvação dos filhos.
Pensei, também, que, no fundo, o pai não quer ser reconhecido pelos filhos
servindo, ele não quer se sentir bem porque serviu. No fundo, os pais querem
fazer parte da vida dos filhos para sempre. E só tem um jeito de eles fazerem
parte, sem ser quem controla, quem domina, quem possui. É se eles forem o
alimento do coração deles, de modo que eles possam comer da sua própria
carne.
Por isso que Jesus fala uma coisa tremenda que, às vezes, é difícil entendermos:
- aquele que não comer da minha carne e beber do meu sangue não tem parte
comigo. Jesus não estava falando de uma relação canibal, Ele estava falando de
uma relação tão intima que, agora, as nossas relações não são "para", não são
"com”, mas as nossas relações são "em". E aí, quando as nossas relações são
"em", é impossível os vínculos serem quebrados, porque somos parte um do
outro. Quando Ele faz parte do outro, não tem como isso ser quebrado. Não tem
como essa relação ser desfeita. Se conseguissem desagregar você a uma última
célula, mesmo lá, na última expressão da sua vida, estaria a vida dos seus
irmãos e daqueles que um dia libertaram você. E se alguém repartir a última
partícula da vida de seu irmão, você estará lá, porque um dia ele também se
alimentou de você.
Para vivermos isso é preciso ter paz e não ficar ansiosos com o que de comer e
vestir. Para vermos isso, teremos que andar submetendo-nos aos processos de
Deus. O processo que vai nos levar a enfrentar todos os nossos medos, porque
enquanto houver a mínima raiz de medo em nosso coração, o amor não será
aperfeiçoado.
Que tenhamos o entendimento de que os tempos sombrios que vão se repetir
na nossa vida, são para nos transformar, nos amadurecer até chegarmos na
expressão mais viva e compartilhada da natureza de Deus, de modo que
possamos, mais do que simplesmente dar palavras de encorajamento uns para
os outros, ser a expressão de vida e comunhão da vida dos outros.
A mesa se transforma diante dos nossos olhos à medida que somos
transformados. Cada vez em que nos alimentamos Dele, nossa vida é
transformada. Nosso coração vai ficando, cada dia mais parecido com o Dele.
Entendemos lugares diferentes à mesa.
O propósito do plano de Deus não é “para", e nem "com", apesar Dele per correr
por esses caminhos. Ele vai nos alimentando como ovelhinhas. Ele está "para",
mas não é para. Quem fica só no Deus "para", parou. Ele nos move do Deus
"para", para o Deus "com". A vara e o cajado estão conosco, nos consolam. Ao
chegar à mesa, chegamos na plenitude, ao Deus "em".
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A mesa é para entregarmos a vida até que as pessoas comam de nós. Quem só
faz comida "para" é filantropo, quem só come "com" se torna um litúrgico, quem
se "alimenta de", "come de" experimenta a verdadeira espiritualidade.
Que sejamos menos filantrópicos, menos litúrgicos e mais espirituais. É Cristo
em nós, a esperança da glória.
PARTE 05 - ÓLEO, BONDADE E MISERICÓRDIA
"O Senhor é meu pastor, eu passarei a ter uma vida completa". Se, nessa
meditação, não entendermos mais nada além disso, entenderemos o que é o
fundamental.
Esse pastoreio é, essencialmente, para transformar o nosso entendimento rumo
a uma pessoa completa, que não mais pensa na vida a partir daquilo que falta.
Boa parte dos nossos problemas, se não todos eles, vem da carência, da
necessidade que temos de ser compensados, reconhecidos, atendidos naquilo
que são as projeções e as expectativas que geramos. Por isso, que os que
esperam no Senhor renovam suas forças, mas maldito é o homem que coloca
sua expectativa no homem.
Quem ainda não alcançou plenitude pensa que maldito é o homem que confia
em outro homem. Não é isso! Maldito é o homem que faz do seu próprio braço,
a sua força. Só nos decepcionamos com alguém, quando avaliamos mal, quando
projetamos uma expectativa. Nunca haverá desapontamento que não tenha sido
precedido de uma expectativa. A confiança foi colocada na autocapacidade de
avaliação, seja do problema, seja da solução.
Quando eu projeto para alguém, até para o próprio Deus, uma expectativa, confio
na minha capacidade de observação e conclusão. No lugar de aprender com
Deus, eu quero concluir a respeito d'Ele. Ou seja, firmo a relação com Deus
naquilo que conheço de mim e não naquilo que conheço N'Ele a meu respeito.
Deixa o Espírito de Deus ministrar o nosso coração.
Só teremos uma consciência sadia de nós mesmos, se essa consciência for
desenvolvida a partir do conhecimento que temos de Deus a nosso respeito.
Alguns, tentando se conhecer, diante de um problema, projeta para Deus a sua
solução - não vai funcionar. Não é autoconhecimento que soluciona problemas,
é de alto conhecimento, de conhecimento do alto o de que precisamos. Ao
mergulhar no autoconhecimento, encontramos nossas carências e experiências;
fazemos os diagnósticos a partir da nossa própria percepção. As conclusões
serão mal fundamentadas.
Isso não quer dizer que serão conclusões negativas. As conclusões positivas de
nossa auto avaliação, são, inclusive, as que nos levam a diagnosticar um
problema e, consequente mente, a diagnosticar uma solução para este
problema. Só que o médico é ruim. O examinador é ruim. É preciso ser
examinado pela parte de Deus. Muito da nossa vitimização, nosso desespero,
nossa ansiedade vêm do autoconhecimento.
No alto conhecimento eu conheço a Deus e o conhecimento de Deus revela um
conhecimento sobre mim, que eu não tinha. Um desses é que Ele nunca me
colocará diante de um problema sem antes ter preparado o recurso para que
esse problema seja enfrentado.
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O senhorio de Deus vai me pastorear. Eu vou ter plenitude, não de realização,


mas de conhecimento, de entendimento. E, até naquelas situações em que meus
ideais ou possíveis expectativas não são atendidas, aquilo não me afeta, não me
destrói, porque o Senhor é meu pastor e de nada terei falta. Ele me alimenta do
modo devido.
O autoconhecimento nos faz relacionarmos com a Bíblia para tirarmos dela o
que achamos que Deus teria que fazer por nós. Alimentamos nosso homem
carnal com a letra, e a letra mata. Para muita gente, a Bíblia está sendo uma
intoxicação, porque é a carne, a cobiça, a vaidade, é o senso de direito dessa
gente, a lupa para usar a bíblia em benefício próprio.
Vimos como Deus nos alimenta, supre, traz paz, faz sossegar, repousar. Um
repouso que enraíza. Nossas divisas penetrarem na natureza de Deus e o
homem interior nasce da semente incorruptível. Ele, então, passo a passo, nos
leva diante de situações que vão nos aperfeiçoar - é um caminho.
Deus não vai colocar você diante de uma situação em que você não esteja
preparado para enfrentá-la ou uma prova que você não tem condição de fazê-la.
Deus não é um professor mal resolvido. Ele sabe o que está comunicando. E
quando Ele coloca os alunos d'Ele para fazer uma prova, é para que o aluno
saiba o quanto já sabe e não para Ele ficar sabendo se você sabe ou não. A
prova de Deus não é um teste para saber se você vai passar ou não. Não é um
teste de capacidade. É um exercício de conhecimento. Quando Deus permite
uma prova é para que eu possa, na prova, exercitar o conhecimento de Deus. A
prova de Deus é para eu ser aprovado, não para ser avaliado. Deus não dá prova
para avaliar ninguém. Ele permite a prova para que eu tenha um exercício de
conhecimento. Esse é o caminho para me ajustar, o caminho de enfrentamentos
dos meus medos, inclusive do medo da prova.
Por que temos medo da prova?
Porque pensamos na prova como um teste de avaliação, para saber quem
passou, ou não. E não é nada disso!
A prova é a oportunidade de conhecimento. Se não damos conta da prova, não
nos sentimos reprovados. Percebemos a ignorância, a falta de conhecimento e
estudamos mais. Não foi uma avaliação e uma reprovação. Foi um confronto
com a realidade de que precisamos aprender mais sobre Deus em nós.
Esse é o caminho que nos faz atravessar o vale, para passar por ele. O vale não
é para matar. Não é para acabar conosco. É para que saiamos de lá, sabendo
que somos mais que vencedores. É para o atravessarmos, o rompermos e
chegarmos no propósito, sem medo. No propósito da plenitude.
Esse caminho é um processo de conhecimento. Esse processo de conhecimento
é para que entendamos, no caminho, os processos: pastos verdejantes, caminho
da justiça, vale de sombras, mesa, casa do Senhor... Vê como é uma trajetória
de maturidade que nos tira da região periférica para viver dentro? "Eu habitarei
na casa do Senhor para sempre".
Nesse processo, entendo que só sou maduro na relação. Entendo que as
relações não são só uma forma de satisfazer carências. Elas não são apenas
"para". Elas não são apenas "com". Entendo a maturidade de quem está em
Deus.
20

"Preciso ser um bom pai para os meus filhos?". Não! Sou um bom pai! Então,
posso ser um bom pai mesmo não tendo filhos da carne, porque descobri
em um autoconhecimento, uma referência de paternidade. Não é "para". Não é
circunstancial. É uma natureza - Deus é Pai, eu sou filho de Deus e Ele quer que
todos os seus filhos sejam a semelhança d'Ele. Então, sou transformado numa
figura de pai como Ele é.
Veja que, ao chegar no final do Salmo, ele diz "unges a minha cabeça com óleo".
O óleo testifica quem nós somos.
Muitos encontram alguma satisfação, alguma vantagem, algum benefício na
relação com Jesus, mas não encontram plenitude, porque falta esse terceiro
elemento. E a Bíblia é carregada desse terceiro elemento: o óleo, o azeite.
Jesus é comparado com a videira verdadeira, o vinho, Ele é comparado com a
figueira: o alimento e é comparado, também, com a oliveira, que representa o
testemunho, a consciência, a manifestação.
O vinho alegra o coração do homem; o pão, fortalece o coração e é o óleo que
faz brilhar a face. A palavra alimenta o entendimento. Aqueles que venceram,
venceram pelo o sangue do cordeiro, pela alegria de seus pecados perdoados;
receberam reconciliação, vida, mesa preparada...
Não recebemos só provisionamento. Não recebemos só socorro, ajuda de
Jesus. Jesus transfere a nós, o Seu Espírito, de modo que nosso rosto reluz, de
modo que recebemos essa unção, que diz que somos filhos de Deus. “Unge a
minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda". Há um trans bordar de alegria.
Só alcançamos essa plenitude, quando recebemos esse testemunho de
identidade. O espírito testifica com nosso espírito de que somos filhos de Deus.
Alcançamos o lugar, a plenitude da nossa vida quando chegamos no lugar da
mesa e nossa vida é entregue espontaneamente.
Nesse lugar, você não é mais perseguidor de bondade e misericórdia. Você se
torna uma testemunha, de modo a não correr atrás de benção, mas as bênçãos,
agora, chegam com você. Elas são sua retaguarda e não mais a sua expectativa.
A relação com Deus não é para que Ele mande mais misericórdia. Agora, através
de você, Ele revela bondade e misericórdia. É porque você vive na intimidade
d'Ele, todos os dias da nossa vida, que a bondade e misericórdia certamente, te
seguirão.
Afinal, quem eram os inimigos que Ele fala no Salmo?
Éramos nós.
Quando o salmista escreveu isso, se tratava de um salmo messiânico. Esse
salmo fala da vida de Cristo. Os inimigos éramos nós. E foi porque Ele entregou
a Sua vida em favor de nós, porque comemos d'Ele, porque Ele passou a ser em
nós que, de inimigos, nos tornamos seus irmãos, filhos do mesmo Pai. Esse óleo
derramado testificou, com nosso espírito, que somos filhos de Deus.
Que o mesmo Senhor que pastoreou a vida de Jesus e fez com que Ele fosse
pleno e habitasse na casa do Senhor, para todo sempre, seja também em nós.
Ele foi o primeiro a revelar isso, foi o primeiro a voltar para casa do Pai. Ele está
nos esperando, para sentarmos na mesa.
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Enquanto não sentamos na mesa lá, continuamos sentando na mesma mesa


que Ele deixou aqui, transformando inimigos em filhos de Deus, na medida em
que a gente é o testemunho do óleo derramado na vida deles. Deus "em", muito
além de Deus "para" e Deus "com".
Que nós não tenhamos medo de oferecer nossa vida. Nós somos os que
testemunhamos da bondade e da misericórdia. Nós não somos mais
perseguidores, caçadores.
Deixe de ser um caçador de bênçãos, pare de ficar procurando um culto
abençoado e seja um filho abençoador!
Pare de correr atrás de onde está a misericórdia. Que você entenda que essas
coisas correm com você, quando você realmente alcança a plenitude de ser
pastoreado, guiado por Deus.
Que onde você chegar, chegue com você a bondade e a misericórdia, porque
você é alguém que habita na intimidade de Deus, que bebeu do cálice que Ele
derrama sobre nós, que compartilhou do mesmo pão, que tem óleo derramado
no seu rosto que resplandece a alegria pela presença do Senhor em você.
Não faltará na sua vida pão, vinho e azeite.

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