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LIVROS POÉTICOS- PARTE IX
l I ntrodução
Conversamos que a linguagem do Salmo às vezes é dura, a forma que o judeu
dentro da Aliança muitas vezes trata quem está fora da Aliança. Salmos Capítulo
26 Versículo 4 fala de não se associar, de não andar com hipócritas, Versículo 5
chega dizer sobre detestar, 31 Versículo 6 traz a fala de ódio, Salmo 139, 21, 22, 23,
essa força de afastar, de colocar longe, de se posicionar de uma forma radical, e
às vezes esse posicionamento radical soa muito estranho. Agora continuaremos
nessa direção, porque isso é um chamado de forma simples para não sermos
coniventes.
l Praticando o Livro de Salmos
O livro de Salmos é inspirado por Deus. Às vezes escutamos histórias tão,
contadas como se fossem coisas engraçadas e é isso que o salmista está
querendo dizer, as pessoas estão contando coisas que são horrorosas e
assumimos como se fosse uma coisa normal. O salmista está te dizendo que não
se pode assumir isso como se fosse normalmente, esse é o sentido por trás do
texto e precisa alcançar meu coração.
Pessoas estão sendo traídas, pactos de lealdades estão sendo cumpridos para
que aquelas histórias possam ser contadas muitas vezes em tom de piada,
maledicência, em forma de um humor. A forma como as pessoas banalizam a
vida na forma de tratar o seu semelhante, é questionada pelo salmista e ele está
relembrando para nós: “Atenção, cuidado com isso! O no nosso padrão não pode
ser isso.”
Quando vemos isso, tem que nos posicionar seja dizendo "não, não concordo",
às vezes se levantando e indo para outro lugar. Não é simplesmente achar
engraçado histórias, de forma que se assenta ou não se assenta na roda dos
escarnecedores.
Estamos numa geração do politicamente correto. Às vezes vemos alguns textos
bíblicos que não tem esse melindre e existirá circunstâncias na sua vida que
você terá que se posicionar. Em nome do bem estar social, muitas vezes o crente
da nossa geração tem medo de ser pedante, é óbvio que não deve ser do tipo
soberbo, orgulhoso, arrogante, mas na nossa disputa contra o mundo, às vezes
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estamos na direção contrária dele. isso significa que por diversas vezes o mundo
irá olhar para nós como se fossemos soberbos, mas sabemos que o espírito de
Cristo que está em nós não é um espírito de soberba. Se o mundo nos taxar
assim, não podemos afrouxar, soltar a corda por medo de ser associado de
pedante, por preocupação com a sociedade do politicamente correto.
Mas lembre-se de escolher sempre falar a verdade.
l A Criação de Deus
O salmista é alguém que irá falar da natureza e é muito importante perceber
que é diferente de todos os seus vizinhos, o salmista entende que criação e Deus
são coisas diferentes. Isso é o que o pensamento judaico está introduzindo,
diferente de todas as sociedades da época. Quando eu consigo entender que a
natureza é uma coisa, a criação é uma coisa e Deus outra coisa, quando eu
esvazio a divindade da natureza, eu consigo exaltar com mais precisão, impacto,
daquilo que realmente é a forma com que Deus precisa ser adorado e cultuado.
A doutrina da criação traz na boca e no coração do salmista o ensino de como
olhar para Deus como criador e isso se transforma como fonte da nossa oração.
Muitas vezes quando o salmista está orando, ele tem como pano de fundo
entender que Deus é criador, então quando clama, canta, fica bravo, fica bem,
ele está sempre de alguma forma percebendo que existe um Deus Criador e o
fato de ter um Deus Criador, traz uma consciência de sustentação no coração do
salmista.
Outras culturas que dizem que Deus é o sol e se curvam diante do Sol,
comparam o sol com a lei que irá iluminar o nosso coração, a nossa mente, o
nosso entendimento. Os salmistas, em vez de cultuar o mar, eles usam para
exemplificar, como dizer que os pensamentos e sabedoria de Deus é tão
profunda quanto o mar.
O salmista é alguém que está criando esse elemento muito importante no
coração de cada um de nós. Salmo 136 faz uma comparação entre a natureza e a
libertação do Egito como se os dois fossem elementos dos grandes feitos do
Senhor, das grandes vitórias que o Senhor. Da mesma forma que Deus é o Deus
Criador, Ele é um Deus que luta batalhas e um Deus que livra o seu povo, é um
Deus que faz, um Deus que age.
Na medida que eu olho para a natureza, o meu coração é encharcado, inundado
com a consciência de que Deus age e Ele tem grandes feitos para alcançar o
meu coração que depende desta misericórdia. Percebemos que existe uma
forma de reagir a uma forma de admiração diante da natureza, diante da vida,
diante de Deus.
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l O que é Adorar?
Adoração no coração salmista é o que temos a aprender. Quando encontramos
essa realidade chamada Deus, essa pessoa Bendita temos necessidade de
expressar para que o nosso prazer seja completa. Adoração não é lugar onde se
está construindo e alimentando a validade de uma divindade, mas onde
estamos reconhecendo o valor de Deus, esse Deus está se comunicando
conosco, o sentido da minha existência está sendo revelado.
Quando eu elogio a minha esposa, quando eu elogio meu filho, existe uma
construção em curso porque no coração, nos olhos do meu filho e da minha
esposa a minha palavra está construindo um vínculo cada vez mais efetivo. Na
Adoração é da mesma forma, essa intimidade está sendo alinhavada e
aprofundada. Adoração é esse espaço de construção de identidade. Adoração é
esse espaço onde o salmista descobre que sua alma pode ser refeita, que a sua
alma pode ser reconfigurada, que o seu senso de ética pode ser desenvolvido.
Louvar a Deus nesse sentido é o que realmente importa para sabermos como
colocar cada coisa no seu lugar.
l Jesus e os Salmos
Chegando a nossa conclusão, vamos pensar nesses textos: em Mateus capítulo
12: 35 a 37, Isaías 53. Jesus interpreta esse texto dizendo que Isaías está falando
dele. Lucas 24, 25 a 27, no caminho de Emaús, Jesus está falando que os textos
falam dEle. Salmo 22, quando Ele está na cruz diz: “Meu Deus, meu Deus, porque
me desamparastes?”. Este é o início do Salmo 22, Jesus Cristo está se
apropriando do Salmo de uma forma muito especial.
O Salmo continua sendo importante porque o próprio Cristo se apropriou dele.
A questão é ler livro como ele deve ser lido. A figura de Jesus tem duas imagens
que o livro de salmo traz para nós: a imagem do servo sofredor, do sofredor
destacado em Isaías, mas salmos também traz essa imagem do sofredor muito
interessante no Capítulo 13, Salmos 28; 55, 112. A outra imagem é de um rei
conquistador, libertador, nos Capítulos 2 e Capítulo 72.
l Categoria Profética
É possível que uma pessoa fale sobre o futuro, mesmo sem tanta profundidade,
mas eu creio que o livro de Salmos também tem uma categoria Profética. Ao
entrar nessas categorias proféticas, o livro começa a apresentar Jesus Cristo
sofredor e rei. A mesma coisa em Apocalipse, essas duas imagens escritas de
uma forma diferente: o leão e o cordeiro. Vemos também uma relação em Salmo
68 com Pentecostes, sugiro que você pesquise.
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Quero terminar com Salmo 88, que tem uma exposição fantástica. Sugiro que
você procure na internet sobre Augusto Nicodemos, que fala o Salmo mais
triste, o Salmos 82. Por mais que o salmista esteja mal-humorado, esteja triste,
ele começa irritado bravo, mas no final do Salmo sempre fala de esperança,
deposita confiança. O salmo 82 é o único Salmo de todos os 150 que não termina
com uma força positiva, com uma nota de esperança, sugiro que você veja pois
será muito edificante na sua vida.
Vale lembrar quem era esse personagem, sem dúvida, entre os mais
importantes, mais proeminentes, mas é alguém que está derramando a sua
alma colocando toda sua dor, toda a sua expectativa, toda a sua esperança em
Deus. Ele chega dizer que tem experimentado coisas ruins, mas quando penso
no livro de salmo, eu penso na maior cirurgia, no maior processo de cura em que
o ser humano pode experimentar. Alguém que ainda não entendeu as
profundidades da vida, mas alguém que sabe o lugar que irá procurar para que
a vida faça sentido, aos pés do nosso Senhor. Se bravo, se triste, permeado de
qualquer tipo de sentimento, o salmista nos ensina que na presença de Deus,
sendo inspirado pela palavra, que na presença da adoração, no meio do culto, a
nossa vida está sendo transformada.
Enquanto estou correndo o risco da minha esperança não sustentar a minha fé,
enquanto estou correndo o risco de ser atingido por causa injusta como vimos
anteriormente, que é a preocupação do salmista, era uma causa civil, ele queria
que a justiça fosse restabelecida em alguma causa.
O salmista é alguém que nos ensina a dobrar os nossos joelhos, chorar na
presença de Deus e se alegrar porque Deus ouve o nosso clamor. Eu espero que
você tenha essa mesma intensidade, essa mesma bagunça que tem no coração
do salmista, mas que a cada dia o Senhor se revele na sua vida.
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