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MMA Completo Vol 3
MMA Completo Vol 3
MINISTÉRIO DO ULTRAMAR
MONUMENTA
MISSIONARIA AFRICANA
ÁFRICA OCIDENTAL
(1570-1599)
C O L I G I D A E A N O T A D A PELO
PADRE A N T Ó N I O BRÁSIO
C. S. Sp.
VOL. III
X
ao Arcebispo de Goa D. Gaspar de Leão Pereira, ou são conclu-
sões não pertinentes. E eis o que é grave: «... em 1565, se
não antes, chegavam a, El-Rei queixas contra os excessos com-
metidos em S. Thomé pelo bispo D. Gaspar, que com os seus
costumes escandalizava o clero e os fieis. O pontífice encarregou
o cardeal D. Henrique de o chamar a Lisboa e instaurar-lhe
um processo, cujos resultados ignoramos)) (*).
Esta questão do processo e dos (.(.costumes escandalosos)) do
bispo fez fortuna e aí a vemos nós reproduzida ao pé da. letra
em publicações várias, como na Enciclopédia Portuguesa e Bra-
2
sileira ( ) , quando ela não passa, em boa verdade, de pura
calúnia, como está demonstrado no próprio processo, que aqui
se publica sob o n.° 3 (pag. y e segs.).
x
() História da Igreja em Portugal, Coimbra, 1915, III, P. II,
pág. 1056.
2
( ) s. v. Cão (D. Frei Gaspar): «Só depois de 1562 deve ter se-
guido para S. Tomé. E m 1565 chegavam ao rei queixas contra os
excessos ali cometidos pelo prelado, que escandalizava o clero e os
fiéis com os seus costumes. O cardial D . Henrique foi encarregado
pelo pontífice de lhe instaurar um processo cujo resultado se ignora».
Vol. V , pág. 783.
Ibidem, s. v. São Tomé e Príncipe: «Chegado à sua diocese
[ D . Frei Gaspar Cão] escandalizou os fiéis e o clero com o seu proce-
dimento, sendo-lhe instaurado um processo, cujo resultado se ignora».
Vol. X X V I I , pág. 649.
XI
Outro prelado de S. Tomé que traz a reputação denegrida
é D. Frei Francisco de Vila Nova,. Fortunato de Almeida trata-o
com certa benignidade, embora radique, inconsistentemente, a
revolta de Amador na excomunhão lançada ao Governador e
não justifique a censura contra D. Fernando de Meneses ( ).
3
MONUMENTA, III B
de interesse para o nosso trabalho, pois se reporta toda do Brasil.
A mesma certeza nos tinha já sido dada pelo Rev. Padre Serafim
Leite, S. ]., que nos emprestara gentilmente a fotocópia.
XXt
joanino. A data de 22-6-1559 é de um averbamento ao mesmo
documento, do tempo da menoridade de D. Sebastião. Leia-se, por-
tanto, no Sumário: Por averbamento de 22 de Junho de 1559 concedem-
se a frei Fernão Lopes, capelão régio, 20.000 réis anuais em dias de
sua vida.
A revisão de provas, e principalmente de documentos desta natu-
reza, a cargo de uma pessoa só, traz percalços vários, a maioria dos
quais, aliás, de correcção evidente para o leitor. A í ficam os mais
salientes. Algumas erratas levam um (sic), significativo de reprodução
exacta do original. Outros termos encontrará o leitor nasalados, como
v y [ m ] d a = v i d a . É que ao tempo a tipografia não possuía o «j» e o
«y» com til. E dito isto, procedamus in pace!
dilo — Roma
ATT *.. Arquivo da Torre do T o m b o — Lisboa
AUC Arquivo da Universidade— Coimbra
AV r.-";Y. Arquivo do Vaticano ^ - Roma
BADE Biblioteca e Arquivo Distrital — Évora
BAL Biblioteca da Ajuda — Lisboa -
BAM Biblioteca Ambrosiana-^ Milão'
BMC Biblioteca Munidpal Coimbra
BMP Biblioteca Municipal — Porto
BNL Biblioteca Nacional — Lisboa
BNM Biblioteca Nadonal — Madrid
BNP Biblioteca Nacional — Paris
BV Biblioteca Vaticana — Roma
CA Colecção de Alcobaça (BNL)
CC Corpo Cronológico ( A T T )
CM Cartas Missivas ( A T T )
CP Colecção Pombalina (BNL)
C. S. Sp [da] Congregação do Espírito Santo
F. G Fundo Geral
Ms Manuscrito
O. F. M . Cap [da] Ordem dos Frades Menores Capuchi-
nhos
O. S. A [da] Ordem de Santo Agostinho
R. S Real Senhoria
S. J [da] Companhia de Jesus
SS. A A Suas Altezas
S . R. S Sua Real Senhoria
V. A. ou v. a. . . . . . . Vossa Alteza
V. M. ou v. m Vossa Mercê
V. P Vossa Paternidade
V. R Vossa Reverência
VV. A A Vossas Altezas
V. R. S. ou v. r. s. . . . Vossa Real Senhoria
V. S, ou v. s Vossa Senhoria
W . RR Vossas Reverências
j Indica passagem de fólio ou página
// Indica abertura de novo parágrafo
Arm Armário
Gav Gaveta
Gap. ou cap Capítulo
Cfr. Confere ou Confira
cx caixa
•doe., does. documento, documentos
fl., fls. fólio, fólios
i. f loca citado ou lugar citado
liv livro
Ob. cit ..... Obra citada.
-S., —s—, .ss., —ss— scilicet: isto é, a saber.
Vid Vide=veja
XXVHI
ÍNDICE
( N D I C E
N.º Pág.
xxxnr
MONUMENTA, III C
N.º Pág.
Pág.
ÁFRICA OCIDENTAL
(1570-1599)
CARTA DE C A P E L A N I A AO PADRE JOÃO PINTO
(21-8-1570)
(9-10-1570)
Pius Papa v. s
BNL — Caixa 205, doc. 25, fls. 65-66V. — A s variantes que vão
em parêntese são tiradas da cópia da Symmicta Lusitana ( B A L ) ,
tom. 50, fl. 88v.
SENTENÇA DO CARDEAL D. HENRIQUE
A F A V O R D O BISPO DE S. T O M É
(14-3-1571)
JO
rantes e de m a o exemplo, cobiçosos e simoniacos, q u e leuauam
dinheiro por cõfessar e ministrar os sacramétos da santa madre
Igreia, sabendoo m u i t o b e m elle Bispo. E sem dar n e m attentar
por isso, antes poruia d e confessores e curas, aquelles que
tinham milhor cuidado de o grangear e seruir, por saber q u e
com / o cargo de cõfessar acquiriam dinheiro e fazenda / / [46]
e que se prouaria q u e o dito Bispo era frade professo da
ordem de Sancto A g o s t i n h o , q u e era hua das quatro ordeés
mendicantes, por cujo respeito tinha obrigação m u i t o major
de ser casto e limpo e m sua pessoa e também nõ ser cobiçoso
n e m acquiridor de dinheiro e fazenda e alem da obrigação d o
officio pastoral q u e o obrigaua m u i t o mais a todas essas cousas
e a ser uigilantissimo no b e m e saluaçaÕ das almas de seus
súbditos, e a dar de si grande exemplo, no somete cõ a doutrina
da pregação e palaura de D e o s , mas t a m b é m cõ o exemplo de
sua uida e costumes, o q u e elle tinha feito e fezera sempre
m u i t o pelo contrario, sendo jncontinéte e cobiçoso e m u i t o
acquiridor de dinheiro e fazenda e assi per trattos seculares e
profanos, c o m o t a m b é m cÕ o próprio ministério de Bispo, por
q u e se prouaria, q u e elle deixara e deixaua estar seus súbditos,
assj clérigos c o m o leigos, em publico pecado de barreguice,
consentindo estarem publicaméte assi no Reino de C o n g o c o m o
e m outros reinos e partes d e Guinee, donde lhe u i n h a m muitos
escrauos que uendia e e m que fazia m u i t o e grosso dinheiro;
e pera fazer milhor e mais dissimuladamete / h o negocio, tinha [46 v.]
e tiuera na Ilha de san T h o m è h ü sobrinho, e m cuja cabeça
tinha postos mais de vinte mil cruzados de fazenda; e per estas
uezes aquirira e ajuntara mais de cincoenta mil cruzados e m
dinheiro e fazenda, o q u e era publico e notório e u o z e fama
publica, assi neste reino c o m o na dita Ilha de sam T o m é . / /
E q u e se prouaria q u e para acquirir fazenda mais q u e para
vsar de seu officio pastoral passara ao reino de C o n g o e lá vsara
e ajuntara grande soma de escrauos que de lá trouxera. E tam-
b é m do dito reino lhe uinham de continuo muitos, em que
fezera m u i t o grande cotia de dinheiro, uendendoos pera as
A n t i l h a s e pera este Reino, d e que e m C o n g o e sam T o m é se
recebera grande escândalo. / /
E que se prouaria q u e o dito Bispo, no t e m p o q u e estiuera
na dita Ilha de sam T h o m é e seu bispado, sempre estiuera
publícamete infamado; que tinha mancebas, assj casadas como
no casadas, cujos nomes as testemunhas diriam e na dita Ilha
se tinha e tiuera isto por cousa certa e manifesta, com q u e o
pouo recebera grande escândalo, por q u e por amor das ditas
[47] mancebas fezera cousas jnjustas e a huãs pessoas aggrauos e /
a outras fauores, e a seu officio pastoral causara m u i t o uilipendio
e era j m f a m a d o de m u i t o jncontinéte. / /
E que se prouaria que na dita Ilha, em quãto lá estiuera,
vsurpara quãto pudera da administração e jur[i]diçaÕ a elRej
nosso Senhor. E sobre isso teuera grandes contendas cÕ os capi-
tães de sua alteza, q u e por elle gouernauam e regiam a dita
Ilha. E assi contendera cÕ os mais offiçiaes da Justiça seculat
e a todos excomungara e procedera c o m censuras ecclesiasticas
contra elles atee interdito, q u e per muitas uezes posera na see
da dita cidade e os condenara em grandes penas pecuniarias e os
nao quisera absoluer sem primeiro pagarem lhe grandes contias
de dinheiro, leuando a hús trezentos, a outros dozentos e ç e m
cruzados mais e menos; e preegando no pulpito, publícamete
preegaua cõtra os ditos capitães e offiçiaes da Justiça, dizendo
q u e eram maos christaõs e jndinando o pouo cÕtra elles, prouo-
candoos á desobedeemcia e rebelliaõ, porque lhe m a n d a u a sob
penas de excomunhão e dinheiro q u e lhe no obedecesem; e assj
t a m b é m n o pulpito nomeaua particullarmête muitas pessoas a
q u e tinha odio, do q u e o pouo m u i t o se escandalizaua. / /
E q u e se prouaria q u e estando na dita cidade e jlha de
[47 v.] sam / T o m é per capitão e gouernador C h r i s t o u a m Doria ( ) , 1
( ) Escudos redondos.
2
( ) Gritaria, choradeira.
4
perpetuado, per q u e commetera [a] nós esta deuassa e jnqui-
riçaõ contra o dito Bispo e q u e nosso auditor mandasse formar
processo sobre estes capitulos, inquirir e deuassar per elles,
visto como o dito Bispo era diffamado hauia m u i t o tempo des-
tes crimes e excessos, pera depois disso se enuiarem o processo e
deuassa a nosso Senhor, o S . t 0
Padre pudesse dar sentença cÕtra
o dito Bispo segundo seus crimes e excessos merecessem e o
condenasse nas custas segundo mais largamête n o dito libelo
era cõteudo. ff
E o procurador d o dito Bispo pedio q u e , por quato os apon-
tamentos da Justiça eram m u i t o geraes, declarasse os nomes
[48 v.] dos / clérigos e leigos que dezia q u e elle consetira e m pecados
públicos e barreguiçe e q u e por isso lhes leuaua grandes penas
e peitas. E a cotia das penas e a qualidade das peitas e o tempo
em q u e isto fizera, dias, meses e annos, cõforme aa lej libellorum
e declarasse os nomes dos ditos clérigos e leigos e a cotia das
penas e presos q u e dezia soltar por dinheiro e escrauos q u e lhe
deram. E assi os nomes dos clérigos, e q u e queria dizer q u e
tomara escrauos, por dizer q u e não podiam tratar e isso assj
e m sam T o m é como e m C o n g o e declarasse o t e m p o . E t a m b é m
declarasse os nomes das molheres e das pessoas a q u e dezia q u e
por essa causa fezera iniustiça ou fauor e o t e m p o . E assi
declarasse os nomes dos Capitães; e sendo m a n d a d o ao dito
promotor fezesse as declarações pelo R e o pedidas, elle satisfez
cõ algüas e pelo dito nosso auditor foj pronunciado, q u e os arti-
gos d o libelo por parte d o promotor da Justiça offereçido, pro-
cediam e eram pertençétes, vista a matéria delles e declarações
q u e o dito promotor fezera e a forma d o Breue apostólico d e
sua Santidade e disposição de direito e por tanto os recebia; o
Reo cÕtestasse e tendo cõtrariedade ou excepções algüas d e sua
[49] deffesa / satisfezesse c o m ella atee segunda, pera o q u e ouvesse
vista seu procurador; e sendo lhe dada v e [ i ] o cõ certos artigos
de deffesa, dizendo nella / /
q u e prouaria q u e acabada a visitação d o meestrado d e S a m -
tiago, q u e per commissaõ delRej m e u senhor fezera, elle Reo,
c o m zelo e feruor q u e tinha d e fazer o q u e deuia e m seu offiçio
pastoral, q u e tinha aceitado e sabendo m u i t o b e m q u e a dita
Ilha de S a m T o m é era terra m u i t o enferma e doentia e e m
q u e o risco da morte estaua m u i t o certo e q u e por essa causa
nenhü d e seus predecessores Bispos da dita Cidade foram a ella
pessoalméte, elle Reo, estimando mais fazer o q u e deuia q u e a
própria vida corporal, se fora lá viuer e resedir, como viuera e
resedira atee o presente, passando n o dito tenpo muitas infirmi-
dades, e m q u e estiuera muitas uezes a risco da morte. / /
E q u e prouaria q u e e m todo o dito t e m p o e m q u e assi resi-
dira na dita Ilha, sempre seu offiçio fora entender e exercitar n o
q u e conuinha a seu offiçio pastoral d e prelado, assi no spiritual
c o m o n o temporal, preegando, julgando, consagrando, orde-
nando, offereçendo, baptizando, e confirmando e fazendo
outros muitos autos (sic) spirituaes nas pessoas de seu bispado,
segundo se offereçiam. / /
E q u e prouaria q u e elle Reo partira desta C i d a d e pera o
dito seu bispado e m M a r ç o de 1 5 5 6 . E nelle resedira atee o
mes de Junho passado d e 1 5 6 5 . / E e m todo o dito t e m p o q u e [49 v.]
assi resedira, dera d e sua pessoa, vida, costumes, m u i t o singular
exemplo, como praelado uirtuoso e religioso de profissão e
criado de m o ç o na ordem q u e professou e foj por ello sempre
muito louuado dos nobres, uirtuosos e graues da dita Ilha. E tal
era e fora sempre acerca das taes pessoas a publica u o z e fama. / /
E q u e prouaria q u e e m todo o dito t e m p o viuera cõ tanto
recolhimêto, resguardo e circunspecção d e sua pessoa, q u e nunca
visitara n e m entrara e m casa d a l g u m dos moradores da dita
Ilha, saluo e m tempo d e infirmidade pera administrar sacra-
métos, ou consolar enfermos, ou visitar pessoas qualificadas q u e
u i n h a m d e fora ou hiam, a q u e tinha obrigação d e fazer visi-
tação, ou e m casa de Sebastião Rodriguez C a o seu sobrinho,
filho de sua Irmaa, casado e morador na dita cidade e esto de
dous annos a esta parte, q u e hé o tempo q u e há que o dito seu
sobrinho hé casado. / /
E q u e prouaria q u e no sométe das partes d e fora, mas ajnda
das partes a dentro de sua casa, tinha tanto resguardo na hones-
tidade de sua pessoa e ao b o m exemplo q u e deuia, q u e nunca
[50] consentira q u e molher algúa branca n e m preta o seruisse / das
suas portas a dentro e tinha grande uigia e m ter suas portas
fechadas pela sesta e de noite, pera q u e sua g e n t e guardasse o
m e s m o recolhimeto, honestidade e b o m exemplo e m suas pessoas
e não se distratassem era negócios algus nos ditos tempos. / /]
E q u e prouaria q u e por assi ser e ter tanta guarda e uigi-
lancia nos seus, nunca e m todo o dito t e m p o os seus criados e
gente teueram brigas cõ pessoa algüa da dita Ilha, antes eram a
todos m u i t o afabiles, bemquistos e b e m ensinados e per ello as
Justiças lhe nõ prendera nunca creado a l g u m , n e m elles fezeram
cousa por onde merecessem ser presos. / /
E q u e prouaria que no somete exercitaua os officios q u e
pertenciam in solidum aa dinidade Episcopal, mas ajnda exer-
citaua os que pertenciam aos sacerdotes -s- ministrando o san-
tíssimo sacraméto da Eucaristia e o santo sacrameto da confissão
e o santo Sacrameto d o matrimonio e o santo sacraméto da
extrema V n ç a õ e jsto a quaesquer pessoas onde se offereçia e
preegando publicamete dezia ao pouo q u e ele era seu pastor
e ouuiria de confissão de m u i t o boa uontade a todas as pessoas
que se cÕ elle quisessem confessar. E assi confessou aos q u e
se c o m elle quiseram confessar e o fezera a todos os mais q u e
lhe isso pediram. / /
5 0 v
-l E q u e prouaria q u e resedindo / assi na dita Ilha d e sam
T o m é , era tam delegente n o q u e compria a seu offiçio pastoral,
que alem da visitação ordinária geral que fazia, tinha continua
vigilância e m todo o mais q u e compria á saluaçam das almas
d o seu pouo, assj das pessoas ecclesiasticas c o m o seculares e naõ
acõteçia negocio na dita cidade a q u e nõ acodisse pessoalméte
com toda a breuidade possiuel, porque a cidade era m u i t o
pequena e não tinha outra cidade nem villa que visitar em toda
a Ilha e conhecia m u i t o b e m , pela continuaçam, suas ovelhas
pelos seus próprios nomes e lhes acodia a todo tempo e hora
em todo o q u e sobreuinha. / /
E q u e prouaria que em todo fazia e fezera sempre o que
deuia no offiçio da visitação; q u e sem ter cota com os perigos
do mar e risco de sua vida, fora pessoalmete visitar a Ilha do
Príncipe do dito seu bispado, q u e era m u i t o distante da dita
Ilha de sam T o m é , á qual ateé aquelle t e m p o nunca fora Bispo
a l g u m e a ella fora e a visitara e chrismara e fezera todo o mais
q u e conuinha. E estando os moradores daquella Ilha em grande
discórdia e risco de se matarem, diuididos em bandos, elle os
quietara [e] posera em paz e fezera amigos, o que sabendo E l Rej
nosso senhor lho agardeçera per carta sua. / /
E q u e prouaria que cÕ ho / m e s m o zelo de fazer o q u e
deuia, fezera outra semelhante v i a g e m ao reino d e C o n g o , de
seu bispado, onde esteuera pessoalmete per espaço de tres
meses, visitando, chrismando e ordenando as pessoas necessárias
pera o s[erui]ço da Igreia sométe e celebrando em pontifical;
e ensinara particularmente per muitas vezes a elRej de C o n g o
muitas vezes muitas cousas spirituaes q u e lhe eram necessárias
e conuinhaÕ m u i t o ao b e m da Christandade naquelles reinos,
da qual doutrina Catholica o dito rej don D i o g o ficara m u i t o
aedificado e consolado e os grandes de seu reino e todo o mais
pouo, de tal maneira q u e c o m m u m e t e , assj o Rej c o m o os
grandes e o pouo, lhe chamauam nosso paj. / /
E q u e prouaria q u e pela mesma maneira em todo o tempo
que resedira e m sua Seé Cathedral, fezera muitas uezes o offiçio
dos santos óleos na Semana Santa; e se alguas uezes deixara de
[o] fazer, seria por estar enfermo ou no t e m p o q u e estiuera
absente em C o n g o , fazendo outros autos (sic) de seu officio, ou
por lhe faltarem os ministros necessários para tal officio, porque
somente pera o auto (sic) dos óleos sanctos se requeriam doze
presbíteros, sete diáconos e sete subdiaconos, a fora os assistentes
MONUMENTA, III 2
que hauiam de estar cõ o bispo n o altar e os que hauiam de estar
n o C h o r o , os quaes ministros no dito numero no / hauia na
Cathedral de sam T o m é . / /
E q u e prouaria que jsso m e s m o chrismara muitas vezes na
dita Ilha e assi em diuersos [e] contínuos annos, como em
algus annos muitas uezes e jsto assi na seé como na Igreja de
nossa Senhora da Conceição da dita Ilha. E sempre mandaua
notificar primeiro nas ditas Igreias o dia e m q u e hauia de cele-
brar o dito Sacraméto da confirmação, e nõ sabia q u e pessoa
alguã falleçesse sem este sancto sacraméto; e se alguém falle-
cesse seria por culpa da pessoa, mas naõ por culpa delle bispo. / /
E q u e prouaria q u e elle bispo, estando no dito seu bispado,
costumava dizer muitas vezes missa e tres uezes n o anno cos-
tumaua dizela em pontifical na seé -s- no dia d o Spirito Sancto,
Q u i n t a feira na semana sancta e per dia da A s s u m p ç ã o de nossa
Senhora, q u e era a jnuocacaÕ da Igreia da see ( ) . E assj dezia
5
( ) Leia-se: tinham.
6
q u e m se sentira aggrauado, antes, para melhor administração da
Justiça, elle Bispo Reo fazia jr asi o seu uigairo geral algüas
^ uezes com os feitos e causas pera q u e mais compridamente /
os negócios árduos, c o m conselho e exame fossem vistos, des-
pachados e examinados. / J
E q u e prouaria que, posto q u e elle Bispo Reo desejasse
m u i t o leuar comsigo homes destes Reinos letrados pera o aju-
darem a gouernar, c o m lhes dar ordenados e competentes, elle
Bispo o não poderia fazer, porque elRey nosso senhor leuaua
todos os dízimos da dita Ilha de sam T o m é , c o m o mestre,
gouernador e perpetuo administrador q u e era da O r d e m e M e l i -
cia de nosso Senhor Jesu Christo, e a elle Bispo no daua mais
stipendio que quinhentos cruzados pera sua mantença, em
dinheiro, sem lhe dar outra cousa algua, pelo q u e nõ lhe era
possiuel leuar deste reino letrados para seruirem os ditos cargos
da Justiça, n e m se poderia mater com a dita porçam tam
pequena, competenteméte, segundo conuinha a sua dinidade
pontifical e aos grandes gastos da terra, se não fosse cÕ algua
ajuda do q u e lhe uinha da Igreja de C o n g o e ajnda c o m isto
tinha m u i t o cÕtinua necesidade; da qual sendo jnformado EIRej
m e u senhor, q u e santa gloria aja, lhe fazia cada anno mercê
de quinhentos cruzados mais pera ajuda de sua mantença, os
quaes lhe tiraram despois de seu falleçimeto, per jnformaçoes
de cÕtrarios seus, sem elle Bispo ser nisso ouvido. / /
E que prouaria que a apresentação das dinidades, conesias e
[53 v.] quaesquer outros benefícios / e curados d o dito bispado de sam
T o m é pertencia ordinariaméte a EIRej m e u senhor. E por assi
ser, todos os beneficiados que ouuera e hauia n o dito bispado
em tempo d o Reo, foram apresétados per sua alteza, sem elle
Bispo nisso jnteruir, n e m os buscar, n e m escolher. M a s tomaua
os q u e lhe mandauam, por nõ auer outros na terra; pelo que
pois a eleição nÕ era sua, nõ hauia que lhe jmpor das q u e deziam
ser culpas alheas. / /
E q u e prouaria q u e elle dito Bispo castigara sempre todos
os defeitos e culpas de q u e lhe parecia e constaua auer nas
pessoas ecclesiasticas d o dito bispado, per qualquer maneira
q u e fosse, assi se faltauam na administração dos sacramétos e
celebraçam dos diuinos officios, c o m o nos costumes, vida e
honestidade d e suas pessoas, e assi os castigara se soubera que
commetiam simonia, o q u e nunca viera a sua noticia. E se
ouuera pessoas q u e nisso foram culpadas, [era] q u e m o sabia e
pudera denunciar a elle Reo, q u e os castigara segundo direito;
pelo que era de crer q u e isto eram denunçiações de j m m i g o s ,
q u e queriam dizer o q u e no era, porque se assi fora declararam
as pessoas q u e isso cometeram. / /
E q u e prouaria q u e elle Reo, assj preegando c o m o amoes-
tando em geral e particular, deffendera e reprehendera sempre
os pecados públicos d e barreguiçe e trabalhara todo [o] possiuel
a elle por / tirar delles aos que e m taes pecados estauam encor- [54]
ridos. E per esse respeito castigara a muitas pessoas, cujos nomes
não declaraua por serem já castigados e emendados de maneira
q u e notoriamete viuiam m u i t o milhor e mais honestaméte os
moradores da dita Ilha d o q u e uiuiam dantes que elle Bispo a
ella fosse e esteuesse presente, e tal era e sempre fora a publica
uoz e fama e era publico e notório. / /
E q u e prouaria q u e as penas dos barrig[u]eiros q u e elle
Reo leuara a algüas pessoas, foram aquellas penas q u e per
sentenças se lhe julgauã e eram as costumadas e não exces-
sivas, segundo as Constituições deste arcebispado de Lisboa,
q u e se lá guardauam e segundo o costume antigo e estilo
da terra. E dessas condenações elle Bispo ajnda lhes quitaua,
da parte q u e lhe pertencia, o q u e parecia razam, segundo
a qualidade das pessoas, dos delictos e da fazenda, porque
destas penas julgadas e ordinárias e costumadas, nõ leuaua
mais elle Reo q u e aquella parte que de tempo jmmemorial
e oje em dia costumauam levar os prelados pera a sua
Chancellaria nestes Reinos, porque a outra parte era d o seu
[54 v.] meirinho, / segundo outrosi se costumaua e costumara sempre
em todos os bispados deste reino; e que prouaria que elle Bispo
Reo, de sua natureza e condição era costumado a no querer
mais que o seu direita, licita e honéstamete, e ajnda do seu
quitaua e daua muito, polo que as pessoas que ho conheciam
affirmariam que no hauia de tomar peitas, e que falar nellas fora
e hera denunciaçao de jmmigos que trataram de o jnfamar
jniustamete. / /
E respondendo ás declarações, prouaria que Vicente Rodri-
gues de Aluarenga, estando publícamete amancebado, com
muito escándalo do pouo, elle Bispo Reo o tirara do offiçio de
seu promotor na dita cidade de sam Tomé, e porque se nõ
quisera emendar procedera cõtra elle per censuras, ás quaes não
obedecendo per espaço de mais de hum ano, em que se deixara
andar excomungado, fora leuado preso perante o ouuidor delRej
nosso senhor pelo meirinho ecclesiastico, pedindolhe ajuda de
braço secular. E o dito ouujdor o mandara soltar por ser leigo,
e desta maneira se fora e estaua. E estaua oje em dia escomun-
gado sem culpa do prelado, que fezera quanto nelle fora polo
tirar do pecado. / /
55
C ] E que prouaria que o Viçen / te Bras, conteúdo na decía-
raçam, que fora procurador no auditorio da dita Ilha, era falle-
cido da vida presente hauia muitos annos, e não era natural da
dita Ilha, mas desta cidade de Lisboa. E havia muito pouco
tempo que estaua na Ilha e uiera a ella das partes do Brasil.
E deste se naquelle pouco tempo que ahi esteuera fezesse o que
não deuia e elle Reo o soubesse, seria castigado segundo suas
culpas direitaméte merecessem. / /
E que prouaria que vindo á noticia delle Reo que Manoel
Fernandez, mercador, tinha hüa mourisca sua catiua em casa,
de que hauia má sospeita, elle Bispo Reo o amoestara, e por
obedecer á amoestação a uendera e tirara de casa e cessara a oca-
siam que hauia. E elle Reo no soubera mais delle cousa algua
que merecesse castigo, antes tinha que viuia bem. / /
22
E que prouaria que tendo elle Bispo Reo enformação que
7
Anrique Fernandez tinha jllicita conuersaçam ( ) cõ hüa molher
parda de Portugal, elle Reo ho amoestara e lhe rogara que
casasse com ella ou se apartasse, cÕ effeito elle Anrique Fer-
nandez mostrara receber muito bem a amoestaçam e ficara de a
embarcar pera Portugal, como de fecto elle Bispo fora enformado
55 v
per Fernam Diaz / hum dos homés honrados e de credito da C - ]
terra, que era já embarcada e o dito Anrique Fernandez assi o
8
dezia a elle Reo, que lho louuara e gardecera ( ) muito. E elle
Bispo [o] teuera assi sempre e crera que assi era, atee tanto que
dahi a certo tempo se soubera e descobrira, que não era partida
por uir ella a falecer de parto e todo o outro tempo estiuera
encuberta e não se sabia delia. / /
E prouaria que Maria Ferreyra e Antonio Faleiro viuiam
muito distantes em lugares apartados na dita cidade e ella era
molher abastada em que se nõ podia dizer que a tinha teuda e
9
manteuda, nem menos ( ) que estaua por sua concubina pu-
blica, porem porque hauia má presunção dalguã comunicação
qual deziam ter, elle Reo amoestara e reprehendera ao dito
Antonio Faleiro pera se tirar do pecado, e elle recebera muito
bem a amoestação e se viera pera este Reino sem tornar aa dita
Ilha, e nelle esteuera atee o tempo em que elle Bispo Reo se
1 0
embarcaua pera se uir hora ( ) a este Reino quando o sobredita
fora de q [ u ] á prouido de recebedor do trato. / /
E que prouaria que Pero Rodrigues estiuera amancebado e
fora condenado per sentença ordinária / mete no Juizo eccle- [ 5 6 ]
siastico da dita Ilha, e despois se casara cÕ a sua concubina e
fezeram vida marital. / /
7
( ) Intimidade, convivência.
8
( ) agradecera.
9
( ) sequer.
1 0
( ) ora, agora.
2
3
E q u e prouaria q u e todos os sobreditos foram amoestados e
condenados e emendados e a n e n h ü delles se leuara pena fora
do costume ordinário, n e m peita algua de nenhuã qualidade. / f\
E que prouaria q u e Bastiam d o Souto, clérigo da villa de
Samtarem e M a n o e l A n r i q u e z clérigo de T o m a r , receberam no
reino de C o n g o certa fazenda dos dízimos pertenceres a elle
Bispo. E sendolhe[s] pedidos os ditos dízimos pelo procurador
delle Bispo, elles se concertaram cÕ elle e a apraziméto de todos
lhe pagaram o em q u e se concordaram, q u e fora m u i t o menos
d o q u e lhe deuiam. E o q u e disso se recebera fora e m pagaméto
do q u e lhe deuiam e não per razão de pena, n e m de peita,
extorsão, n e m vexação. / /
E q u e prouaria q u e Joam A l u e r e z , d A l h o s Uedros, fora
procurador delle Bispo. Reo e m C o n g o muitos annos e c o m o
seu procurador recebera cousas q u e lhe pertenciam n o dito
Reino. E vindo a sam T o m é fezeram contas e per b e m delias
lhe ficara deuendo dozentos cruzados q u e lhe pagara e lhe
mandara dar quitação d e todo o q u e lhe deuia, per taballiam
publico. / /
E que prouaria outrosi que o dito Joam A l u e r e z seruindo
[56 v.] de prouisor e uigario G e / ral e m C o n g o e m tempo d o Reo,
commetera erros e m seu offiçio, pelos quaes fora per sen-
tença condenado e m certa pena, aplicada para as obras d o mos-
teiro de nossa Senhora da Graça desta cidade, a qual pena o
dito Joam A l u e r e z pagara sem appelar n e m agrauar, por uer
que se fezera justiça c o m piedade e fauor e não c o m rigor
n e m excesso. / /
E q u e prouaria q u e D i o g o Rodrigues fora prouisor e m
C o n g o e por erros q u e commetera em seu officio graues cotra
a pessoa delRej de C o n g o e assi contra a cleresia do dito reino
e por outras cousas m u i t o escandalosas, fora preso. E pela quali-
dade da terra e outras causas q u e pera isso ouvera, fora dado
sobre fiança d e quinhentos cruzados applicados expressaméte
pera as ditas obras do mosteiro de nossa Senhora da Graça.
E por quebrar despois a fiança e não parecer mais, fora o fiador
condenado judicialméte e ordinariamête, e elle obedecera aa
sentença por ver q u e era justa e cÕforme a direito. / /
E q u e prouana que elle Bispo Reo mandara uir de C o n g o a
A n t o n i o Pirez, freire d o habito d A v i s , asy a petição delRej de
C o n g o D o m D i o g o , cõ o qual estaua e m desgraça, por tratar
em mercadorias defesas q u e o dito rej pera si reserua, como
por ser acabado o tempo da licença q u e tinha de tres anos
somête pera andar nas ditas partes, e por hirem outros clérigos
deste Reino mandados por EIRej nosso senhor aas ditas partes.
E uindo despois o dito A n t o n i o Pirez a falecer, os officiaes da
justiça, a q u e m pertencia fezeram jnuêtario d e sua fazenda e á
poseram em arrecadação, sem elle Bispo Reo entender nisso n e m
hauer de sua fazenda mais q u e hua só peça de lutuosa, segundo
costume d o dito Bispado. / /
E q u e prouaria que o padre francês estaua na jlha d o Prin-
çepe ao tempo que elle Reo fora lá visitar. E porque tinha rece-
bido os direitos que na dita jlha d o Princepe pertenciam aa chan-
celaria delle bispo, o seu procurador lhos pedira, e por lhe não
mostrar liuro de receita e despesa concordara cõ elle q u e lhe
deesse hú escrauo, auendo m u i t o t e m p o q u e fazia o dito rece-
bimeto, por razam d o qual lhe daua m u i t o mais, como era
publico e notório. E com isso somete lhe dera quitação de tudo
o q u e lhe deuia, e o francês reconhecera receber m u i t o boa obra
delle Reo, por lhe quitar tanto d o q u e lhe deuia. / /
E que prouaria que o licenciado Luis da Silva posera maÕs
violetas no prouisor de C o n g o , d a n d o lhe pancadas cÕ hüa cana
d e Bengala, pelo que viera fugido a sam T o m é , e se aco / lhera
aos matos na dita jlha. E sendo despois preso, fora acusado e
condenado ordinariamête em certa contia cõ muita moderação,
segundo a qualidade d o delicto, a qual condenação não fora
applicada a elle Bispo, mas à fabrica da see, assj e da maneira
como as mais das condenações desta qualidade costumaua apli-
car, ou pera outras obras pias, e não pera si n e m pera sua chan-
celaria. / /
E q u e prouana q u e e m todas as penas em que pessoas
foram condenadas na dita jlha, e m cujas condenações elle Bispo
fora, nenhüa delias applicara pera sua chancelaria e as q u e
u i n h a m aa chancelaria eram aquellas q u e pelo seu prouisor e
uigairo geral eram julgadas ordinariamete, sem elle Reo jnteruir
na condenação delias. / /
E q u e prouaria q u e na jlha de sam T o m é era m u i t o fre-
quentado matarense muitos escrauos, porque sempre hauia ban-
dos antre os escravos de huãs fazendas cõ os das outras. E auiam
por cousa m u i t o fácil mataremse muitos dos ditos escrauos pela
pouca valia delles nas ditas partes; as justiças seculares acodiam
m a l a isso, de maneira q u e por se euitar este pecado de h o m i -
t ]
58
cidio, tam frequentado nas ditas partes, cõ o temor das pe /
nas se reseruara pera o prelado, cÕ pena de dous mil reaes somete
pera terror, os quaes se não leuaram senão a m u i t o poucas
pessoas, e em tempo e m q u e já as partes eram concordes sob as
mortes dos escrauos. E elle bispo Reo os mandara dar aa miseri-
córdia e hospital da dita jlha, e os não tomara pera si nunca,
c o m o constaua dos liuros da misericórdia e hospital. / /
E que prouaria que os escrauos q u e lhe u i n h a m d o C o n g o
eram produzidos dos direitos da jgreia d e C o n g o , q u e perten-
ciam ao Reo, os quaes direitos eram búzios q u e c h a m a u a m y g o s ,
q u e não era moeda corrente, e por ello u i n h a m e m escrauos,
assj como os traziam e trouxeram sempre os bispos seus praede-
cessores e os clérigos e leigos das ditas partes, pelo q u e se n ã o
podia [dizer] ser iso trato, pois de força não tinham os ditos seus
direitos outra sabida, n e m se podiam per outra maneira apro-
ueitar os direitos episcopaes q u e lá tinha se não e m escrauos,
aliás ficariam jnutiles e sem proueito a l g u m os ditos direitos,
n e m fariam fruito na dita jlha de S a m T o m é , onde elle Bispo
resedia e m sua see cathedral, por q u e de C o n g o nÕ uinha
outra mercadoria alguã senão escrauos. 7 /
E q u e prouaria q u e o sobrinho delle Reo hera criado delRej
nosso senhor, e q u e per sua uia delle bispo / se fora uiuer cõ L58 V-J
elle a S a m T o m é e dahi se passara a C o n g o , onde EIRej
d o m D i o g o , pela qualidade de sua pessoa e pela habilidade que
nelle sentira e polo amor que lhe ganhara e por ser sobrinho
delle Bispo, folgara de lhe fazer muitas mercês, c o m o fezera e
per sua jntercessao a fezera a muitos homés brancos, abrindo
lhes as portas pera que tratassem, e per esta maneira cõ sua
jndustria, trabalho, risco de sua pessoa, aquirira o dito seu
sobrinho justaméte e per modos lícitos fazenda, e cõ ella casara
na dita jlha cÕ m u i t o b o m dote e apraziméto d o paj e maj da
molher cÕ q u e casara. E na fazenda d o dito seu sobrinho nõ
tinha elle bispo mais que folgar de o uer aproueitado e o ajudar
licitaméte cÕ o que podia, posto q u e sempre pudesse pouco. / /
E q u e prouaria q u e os reditos d o dito Bispado eram tam
ténues e fracos que escassamete bastavam pera se poder mater,
per b e m do que e b e m assi por serem os mãtimetos muito caros,
por jrem todos d e q [ u ] á de Portugal, -s- pão, uinho, azeite,
vestidos, calçado. E por elle Reo no tratar em trato algum
estaua claro e asim o diriam as pessoas sem sospeita, q u e não
podia aquirir os cincoeta mil cruzados, q u e m a l lhe jmpu-
nham. / /
E q u e prouaria q u e elle Reo passara ao Reino de C o n g o
por ser d e seu bispado e de sua obrigação pastoral / e por fazer [59]
o q u e deuia c o m o fezera, e os escrauos q u e d e lá lhe uieram
foram produzidos dos direitos episcopaes, por não terem outra
sabida, e vsara nesta parte assj e da maneira q u e os bispos seus
predecesores vsaram sempre trazendo os ditos escrauos, os quaes
bispos tinham prouisaÕ delRej nosso senhor para os seus escra-
uos produzidos da jgreia de C o n g o nÕ pagarem direitos ao dito
senhor na feitoria, saluo o frete se o deuessem, e mandaua que
primeiro se embarcassem os escrauos dos Bispos q u e os de sua
alteza, c o m o constaua da prouisaÕ q u e tinha do dito senhor. / /
E q u e prouaria que em todo o dito tempo q u e elle bispo
Reo uiuera na dita jlha e seu bispado viuera sempre muito casta
e limpaméte, sem entrar em sua casa molher alguã, casada n e m
solteira de sospeita, n e m elle entrar e m casa de sospeita, n e m
falar cõ molher algua d e sospeita. E sempre fora tido e auido
por casto, honesto e limpo e de m u i t o b o m exemplo e m sua
pessoa e conuersaçao, vida e costumes. E assj o diriam pessoas
honradas nobres sem sospeita, q u e tinham razão de o b e m
saber. E b e m se via que o artigo q u e se fezera nesta materia,
tam jnfame e criminoso, ser capitulação de jmigos, afim de mais
[o] jnfamar, e assj o tinham todos. / /
[59 Y.] E q u e / prouaria q u e seu costume fora sempre na dita jlha
fazer justiça a todos ordinariaméte, sem excepção alguã de pes-
soas. / /
E q u e prouaria q u e elle Reo vsara senpre da Jur[i] dição
Ecclesiastica nos casos em q u e de direito lhe pertencia e traba-
lhara q u ã t o podia pela defender, c o m o era obrigado e conuinha
ao b e m e saluação de sua alma e conforme aos sagrados C â n o n e s .
E polia assi deffender, os Capitães da Ilha teuerão alguãs con-
tendas c o m elle, querendo usurpar a dita Jur[i]diçaõ e impedir a
liberdade das pessoas ecclesiasticas e j m m u n i d a d e da Igreja e
j m p u n h a m (sic) a elle Bispo Reo q u e queria vsurpar a J u r [ i ] -
dição delRey m e u Senhor, no sendo assj; e estes foram os capi-
tães Jacome Leite e Pero Botelho e Christouan Doria. / /
E q u e prouaria q u e o dito Jacome Leite capitão, tirara a h u
Simão Ferreira Capitão, da Igreia d e nossa Senhora da C o n -
ceição da dita Ilha, q u e era Igreia parochial, o q u a l nella estaua
acolhido pera gouuir da j m m u n i d a d e da Igreia, ao qual tirara
[60] cotra [a] forma da Ordenação, Constituições e direito / C a n ó -
nico e sem fazer sumario, deshonrando ajnda os clérigos q u e
lho jmpediam, cÕ que elle Bispo acodira e o fezera tornar aa
Igreja, procedendo judiçialmete, e se achara q u e lhe ualia e podia
gouuir da j m m u n i d a d e delia, do q u e o dito C a p i t ã o tomara
grande desprazer, e lhe ganhara odio e se publicara por seu j m i g o
e lhe não falara mais atee o presente e da Ilha se uiera sem lhe
fallar. / /
E q u e prouaria que pela m e s m a maneira, estando acolhido
aa ígreia da Misericordia da dita Ilha h ü criado de d o m Joam
Mascarenhas pera gouuir da j m m u n i d a d e delia, o dito Pero
Botelho capitão, sem s u m m a n o , per força o tirara da dita
igreja, ao q u e elle bispo acodira e procedera eõtra elle e lhe
fezera pagar a pena d o sacrilegio conforme aa Constituição e
fezera tornar o preso aa Igreja, por lhe ualer segundo direito,
do q u e outrosi o dito Pero Botelho ficara m u j difiérete cõ elle
bispo ./ /
E q u e prouaria outrosj que o dito Pero Botelho capitão, fora
jnfamado na dita Ilha publícamete e cõ m u i t o scandalo cÕ huã
molher casada, d o q u e fora secrétamete reprehendido por elle
Bispo, o q u e elle C a p i t ã o tomara m u i t o [a] mal delle. E assj
tomara pior ordenar elle bispo q u e a dita molher fezesse uida
cõ seu / marido, e m seruiço de D e u s , estando já apartada delle. [60]
E fora isto causa com q u e o dito Pero Botelho se uiera a este
reino e diffamara delle Bispo, por onde se achaua desejando
de lhe danar e m sua honra e fama. / /
E q u e prouaria q u e estando assj diferente cÕ elle Reo o dito
Capitão Christouam Doria, e desejando de lhe proejudicar e
mais d e praça ser hauido por seu j m i g o , não lhe falando já,
n e m na Igreia onde se topauam, antes sahindose por outra
porta da Igreia, receando q u e elle Bispo lhe falasse. E estando,
assj e m publico odio, deffendera aos pilotos, sob graues penas,
q u e não leuassem clérigos algüs a C o n g o , Igreja de seu bispado,
posto que elle bispo os já (sic) mandasse, estando e m costume
jmmemorial todo o cõtrario, per b e m d o que, por conseruação da
liberdade das pessoas ecclesiasticas e porque compria assi a
seruiço de nosso Senhor e ao b e m da Igreja de C o n g o hirem lá
os ditos clérigos, e por ter cartas, que offereçeria, delRej m e u
senhor, per que lhe encomendaua a passagem dos clérigos a
C o n g o e b e m assj por EIRej de C o n g o aaquela sazam lhe
ter mandado pedir Sacerdotes, proceder per censuras cõtra o
[61] dito / C a p i t ã o Christouam Doria pera desistir da dita força,
moléstia e v e x a m e q u e fazia cõtra as pessoas ecclesiasticas e cÕtra
o seruiço de D e o s e delRej nosso senhor. E por lhe jmpedir e
perturbar vsar de sua j u r [ i ] d i ç ã o e gouernança pontifical. / /
E que prouaria q u e querendo elle bispo justificar sua causa
diante de todo [o] pouo, mostrara as ditas cartas q u e tinha
de sua alteza e se louuaua acerca disso nos officiaes da camará
pera q u e determinasse qual delles tinha razam acerca da dita
passagem dos clérigos a C o n g o . E elle Christouam D o r i a se
não quisera louuar. E per elle ficara nõ se determinar logo o
caso per louuados. / /
E que prouaria que o dito Christouam Doria, cÕ o dito odio
capital que lhe tinha fezera ajuntar muita parte d o pouo e m
sua casa, jnduzindoo e persuadindoo q u e o ajudassem a prender
a elle bispo e preso o mandaria a este Reino, pera o q u e nõ
tinha prouisão n e m razam algüa, sométe seu odio, temeridade
e ousadia, o que lhe fora estranhado por pessoas graues, q u e se
acharam no dito negocio, specialmête poios do regimêto e
gouernança da Terra, q u e não quiseram consentir nisto. E elle
[61 v.] todauia, posposto esse b o m conselho e a / reuerençia que deuia
a seu proelado, se determinara e m o pôr por obra, e pera isso
escolhera o primeiro domingo da quaresma logo seguinte,
sabendo que elle bispo hauia de hir esse dia preegar aa Igreja
da Misericórdia, q u e seruia de see, por saber q u e já tinha man-
dado tocar pera o sermão pera o dito dia. E que a prisão seria
no caminho, jndo elle bispo pera a Igreja, c o m o sohia andar. / /
E que prouaria q u e elle bispo Reo fora auisado do sobre-
dito ao d o m i n g o pela manhaa, estando já pera hir preegar aa
dita sua Igreja, per b e m do que, temendose elle Bispo de t a m
grande desacatameto c o m o o sobredito queria fazer aa dinidade
pontifical, e que a uoltas (sic) disso h o podia matar ou graue-
mete jnjuriar, segundo as cousas acontecessem, mandara chamar
3o
algüs clérigos da dita cidade pera o acompanharem e lhes dixera
q u e o acompanhassem atee á Igreja, porque jndo assj acompa-
nhado delles cessaria e se euitaria no h o cometerem. E logo os
auisara que os no leuaua comsigo pera offenderem, mas somete
por recear ser jndeuidaméte offendido e afrontado em sua
pessoa. / /
E q u e prouana q u e jndo assi direitaméte pera preegar / 1 1
62
Jorge Martíz
a) O C a r . Jffte
(19-9-1571)
( x
) Corrigir.
( 2
) acções.
( 3
) cativos.
( 4
) Leia-se: sentenças.
ou lugar da dita capitania e q u e estiuer, posto q u e seja muito
apartado do lugar onde asj estiuer, cõtanto q u e seja na própria
capitania; e o dito capitão e Gouernador poderá poer meirynho
diante o dito seu ouuydor e escryuãis e outros quaisquer offiçiais
necessaryos e acustumados nestes Reynos, asy na correyção da
ouuidoria, como e todas as vilas e lugares da dita capitania e
gouernança; e será o dito capitão e Gouernador e seus subçes-
sores obrygados, quando a dita terra for pouoada e tanto creçi-
méto q u e seja neçessaryo outro ouuidor, de o por ( ) onde por
5
( ) Leia-se: pôr.
5
q u e [a]ssinao seus ofíiçios b e m e verdadeiramente; e os ditos
taballjais seruirao por as ditas cartas sem mais tirarem outras d e
minha chancellaria e quando os ditos offiçios v a g a r e m por
morte ou per renüçiação, ou por erros de se asj hé, os poderão
jso m e s m o dar e lhes darão os Regimétos por onde a m d e seruir
cõforme aos de m i n h a chançellarya; e ey por b e m q u e os ditos
taballiãis se possão chamar e chame por o dito capitão e gouer-
nador; e lhe pagarão suas penssõis segundo forma d o foral ( ) 6
( ) Móveis, roupa.
7
e lhes b e m parecer, liuremete sé foro né direito allguü, sométe
o d i z i m o a D e u s , que serão obrygados a pagar á dita ordê, de
todo o que nas ditas terras ouueré, segundo será declarado no
foral; e polia m e s m a maneira as poderão dar e repartir per seus
filhos fora do m o r g a d o e asj por seus parentes; e porê os ditos
seus filhos e parétes não poderão dar mais terra da q u e deré ou
tiuere dada a qualquer outra pessoa estranha; e todas as ditas
terras q u e asj der de sesmarya a hüs e outros, será conforme a
ordenação das sesmaryas e cõ a obrigação delias, as quais terras
o dito capitão e gouernador né seus subçessores não poderão é
t e m p o allguü tomar pera sj, né pera sua molher né filho erdeiro,
c o m o djto hé, né polias ê outré pera depois vire a elles per m o d o
alguü q u e seja, somente as poderão aver per titolo d e compra
verdadeira das pessoas q u e lhas quiseré vender passados oyto
annos depois das tais terras serê aproueitadas e é outra maneira
não. / /
Item. outrosj lhe faço doação e mercê de juro e derdade
pera sempre da m e [ i ] a d i z i m a d o pescado da dita capitania,
q u e hé d e vinte peixes h u ü , q u e tenho ordenado q u e se p a g u e ,
alé da dizjma jnteira que pertence á ordê, segundo no foral
será decllarado, a quall m e [ i ] a dizima se étenderá d o pescado
q u e se tomar é toda a dita Capitania fora das vinte legoas d o dito
capitão e gouernador, porquato as vinte legoas hé terra sua liure
e jsenta, segundo atrás hé declarado. / /
Outrosi e y por b e m e m e praz d e fazer doação e mercê ao
dito Paullo Diaz, q u e d e todallas rendas e direitos q u e a m y e á
ordê d e nosso Senhor Jhesu Christo, per qualquer via perten-
cerem na dita capitania e gouernança e aos Reis meus subçes-
sores, asj pello foral q u e se hade fazer pera ela c o m o per q u a l
quer outro m o d o e maneira q u e seja, elle aja é dias d a sua vida
a terça parte das ditas rendas e direitos; e seus erdeiros e subçes-
sores q u e a dita capitania e gouernança depois d e sua morte
erdarem e subçederé, averão pera sempre d e juro e derdade a
quarta parte das ditas rendas e direitos somente; e sendo caso
q u e na dita terra se abrao e achem allgüs resgates e tratos tais
q u e eu per m y somente ou por meus offiçiais os queira tratar e
negociar, ê tal caso eu mandarey pagar e dar ao dito Paullo D i a z
e m sua vida, c o m o dito hé, a terça parte d e t u d o aquillo que
nos ditos tratos e resgates se ouuer de ganho, tirados os cabedais
e todos os custos q u e nos tais tratos e resgates se fizerê e a seus
sucessores a quarta parte d o dito ganho, polia maneira acima
dita; e isto se étenderá e comprirá asj quando acõteçer que os
ditos tratos e resgates se arrende, ou sejão tratados e negociados
por allgüas pessoas a q u e eu pera jso der lugar e licença; e sendo
caso q u e os ditos tratos e resgastes sejao da ealljdade q u e todas
as pessoas asj da dita capitania e gouuernança c o m o destes
Reynnos e de quaisquer outros m e u s Senhorios os ajao e possao
tratar e negociar asj c o m o meus offiçiais, ê tal caso eu não ficarey
obrygado a pagar ao dito capitão e a seus subçessores o dito terço
ou quarto, sométe l h e darej aquelle direito q u e as outras pessoas
ouuere de dar e pagar e nos ditos tratos e resgates lhe for posto
e ordenado. / /
outrosj faço doação e mercê ao dito capitão e gouernador e a
seus erdeiros e subçessores a q u e a dita capitania e gouernança
ouuer d e vir, q u e d o Rio D a n g e pera o Sul não possa pessoa
algua tirar búzios debaixo d o mar, senão aquellas a que elíes
pera jso deré licença. / /
Item, outrosj me praz fazer mercê ao dito capitão e gouer-
nador e a seus subçessores d e juro e derdade pera sempre, q u e
dos escrauos q u e elles resgataré e ouuere na dita terra, possão
mandar a estes Reynnos quarenta e ojto peças cada anno, pera
fazeré delias o q u e lhes b e m vier, os quais escrauos virão ao
porto d a C i d a d e d e Lixboa e não a outro allguü porto e m a n -
darão cÕ elles certidão dos offiçiais da dita terra c o m o são seus,
pella qual certidão lhe serão quá despachados os ditos escrauos
for [r] os sé delles pagar direitos allguüs né ç i n q u o por cento e
ale destas corenta e oyto peças q u e asj cadanno poderá mandar
forras, ey por b e m q u e possa trazer por marynheiros e g r u -
metes é seus naujos todos os escrauos q u e quiseré e lhes fore
necessaryos e dos mais escrauos q u e trouxer pagará de direitos
m i l e seis centos reaes por cada peça. / /
outrosj m e praz por fazer mercê ao dito capitão e gouer-
nador e a seus subçessores e asj aos vizjnhos e moradores da
dita capitania, q u e nella naõ possa é t e m p o allguü aver direitos
de sjsas n e m jmpossições, saboarias, trebuto de sal, né outros
algüs direitos ne trebutos de qualquer calljdade q u e sejaÕ, salluo
aquelles que por be desta doação e do foral forem ordenados
q u e aja. / /
Item esta capitania e gouernança e rendas e bés delia ey por
b e m e m e praz q u e se erde e subçeda de juro e derdade pera
todo sempre pello dito capitão e gouernador e seus desçendêtes,
filhos e filhas legítimos,- com tal decllaração q u e équanto ouuer
filho legitimo baraõ n o m e s m o grau não subçeda filha, posto
que seja de mayor jdade q u e o filho e não havendo macho ou
avendo[o] e não sendo é tão propinquo gráo ao vitimo possuydor
c o m o a fêmea, que étão subçeda a fêmea e équanto ouuer des-
cendentes legítimos machos ou fêmeas q u e não subçeda na dita
capitania bastardo allgü e não avendo descendentes machos nê
fêmeas legitimas, antâo soçederão os bastardos machos e fêmeas,
não sendo porem de danado coito e subçederão polia m e s m a
ordem dos legitimos, p r y m e y r o os m a c h o s e depois as fêmeas e
igual gráo, cÕ tal condyção que se o possuydor da dita capi-
tania a quiser antes deixar [a] h u ü seu parente transuerssal q u e
aos descendentes bastardos, q u a n d o não tiuer legítimos, o possa
fazer; e não avendo descendentes machos né fêmeas legitimos
nê bastardos da maneira que dito hé, é tal caso subçederão os
desçendêtes machos e fêmeas, prymeiro os machos e é defeyto
delles as fêmeas; e não avendo descendentes né ascendentes
subçederão os transuerssais pello m o d o sobredito, sempre pri-
meiro os machos q u e foré e jgual gráo e depois as fêmeas; e no
caso dos bastardos o posuydor poderá se quiser deixar a dita
Capitania a h u ü transuerssal legitimo e tiralla aos bastardos,
posto que sejão descendentes é m u y t o mais propinco grão ( ) ; c8
outra pessoa dar, nem pera tirar pay ou filho ou .allguã pessoa
de catiuo, ne pera outra cousa ajnda que seja mais piadosa, por
q u e minha tenção e vontade hé q u e a dita Capitania e gouer-
nança e cousas ao dito capitão e gouernador nesta doação dadas,
ande sempre juntas e se não partão n e m aliene é t e m p o allguü
e aquelle q u e a partir, ou alienar, ou espadaçar, ou der é casa-
méto, ou pera outra cousa per onde aja de ser partida, ajnda
que seja mais piadosa, per esse m e s m o feyto perca a dita capi-
tania e gouernança e passe direitamente aaquelle a que ouuera
de jr pella ordé d e sóçeder sobre dita, se o tal q u e jsto asj não
comprio fosse morto. / /
Outrosj m e praz que por caso allguü de quallquer calljdade
que seja que o dito capitão e gouernador cometa, per q u e
segundo direito e leis destes Reynnos mereça perder a dita capi-
tania e gouernança, jur[i] dição e rendas e bê delia, a não perca
seu subçessor, salluo se foi tredor á coroa destes Reynnos e de
todos os outros casos q u e cometer será p u n y d o q u a n t o o cryme
obrygar e poré os seus subçessores não perderão por jso a dita
capitania e gouernança, jur[i] dição, rendas e bés delia, como
dito hé. / /
( ) grao = grau.
8
( ) embaraçar, embargar.
9
asj m e praz e ey por b e m que o dito Paullo Dias e seus
subçessores, a q u e esta capitania e gouernança vier, v s e m jntei-
raméte d e toda a jur[i] dição, poder e allçada nesta doação con-
tiuda, asj e da maneyra q u e nella hé declarado, polia confiança
q u e delles tenho q u e guardarão nisso tudo o q u e cumpre a
seruiço de D e u s e m e u e b e m do pouo e direito das partes. / /
outrosj ey por b e m q u e nas ter [r] as da dita Capitania não
étre né possa entrar e t e m p o allguü corregedor pera nellas vsar
de jur[i] dição allguã, per nenhüa via né m o d o q u e seja e porem
eu poderej, q u a n d o m e b e m parecer, mandar allçada e prouer é
tudo o mais que m e parecer que cumpre a m e u seruiço e bé da
justiça e b o m gouerno da terra, né menos será o dito capitão
suspensso da dita capitania e gouernança e j u r [ i ] d i ç ã o delia,
porem quando o dito capitão cair é allguü erro ou fizer cousas
per q u e mereça e deua ser castygado, eu ou m e u s subçessores o
mandaremos vir a nós pera ser o u u y d o cõ sua justiça e lhe ser
dada aquella penna e c a s t y g o q u e de direito por tal caso
merecer. / /
E asj quero e m a n d o q u e todos os erdeiros e subçessores
d o dito Paullo Dias de N a u a i s q u e esta Capitania erdarem e
subçederé, per qualquer via que seja, se chame de Nauais e
tragão as armas da dita geração; e se allgüs delles jsto asj nao
comprirê, ey por b e m q u e por esse m e s m o feyto percão a dita
capitania e subçeda nella e passe l o g o direitamente áquelle q u e
de direito avia de vir, se o tal q u e asj o não c o m p r y o fosse morto;
e polia mesma maneira faço doação e mercê ao dito Paullo
Dias, em dias de sua v y d a somente, das terras q u e estão d o
Rio D a n g e pera o Sul até os limites d o Rjo Q u o a n z a , o qual
Rio D a n g e pello sertão dentro v a y deuidindo o R e y n n o de
C o n g o do R e y n n o d A n g o l l a ; e terá nas ditas terras é sua vida,
c o m o dito hé, a terça parte de todas as rendas e direitos q u e a
m y e á ordem de nosso Senhor Jhesu C h r i s t o per qualquer via
pertençere, per virtude do foral q u e diso mandarey fazer e por
falecimento do dito Paullo D i ã s ficarão as ditas terras do
Rio D a n g e até os ljmites d o Rio Q u o a n z a Ijures a m i m e á
coroa de meus Reynnos, pera fazer delias o q u e ouuer por m e u
seruiço, sé ficaré nellas aos erdeiros d o dito Paullo D i a z , jur[i] di-
ção, allçada nê renda allgua, sómete ficarão aos dytos seus
erdeiros d e juro e derdade, pello m o d o d e subçeder acima declla-
rado, as allcaydaryas mores dos tres castellos q u e hade fazer na
dita terra, pella maneira adiante decllarada e apresêtaçaÕ dos
offiçios dos ditos tres castellos e pouoaçõis delles e sete legoas de
terra cada h u ü dos ditos castellos pera fora e as agoas q u e nellas
ouuer, as quais sete legoas da terra cada h ü dos dytos castellos
terá de termo, e sedo caso q u e o dito Paullo D i a s faleça antes
de vinte annos, a pessoa q u e elle deixa [r] nomeada pera prose-
guir na pouoaçaõ desta terra e capitanya, não poderá ser de
menos calljdade q u e elle, terá e averá a dita terça parte das
rendas e direitos até os ditos vinte annos serem acabados. / /
E poré tanto q u e o dito Paullo Dtãs for falecido eu mandery
gouernador e as mais justiças q u e m e bê pareçerê ás ditas terras
q u e estão antre os ditos Rios D a n g e e Q u o a n z a , da quall C a p i -
tania e gouernança e terras acima declaradas lhe asj faço doação
e mercê na maneira q u e se nesta carta cotem, c o m tal condição
e decllaração q u e elle Paullo Dias leuará pera a conquista da
dita terra, á sua própria custa e despesa, h u ü galljaõ ( 1 0
) e duas
carauellas e çinquo bargantys de deferete grandura e feyção e
tres muletas pera descobryré os Rjos e portos q u e ouuer
pella costa té o C a b o de Boa Esperança, as quais ébarcaçÕis
leuará m u y t o bê proujdas déxarçeas, vellas, tolldas e de todo
[o] mais q u e for neçessaryo á dita viage e empresa. / /
c o m condição que dentro ê vinte meses, q u e começarão d o
dia q u e deste R e y n n o partir, poerá ( ) na terra quatrocentos
1 2
( ) galião.
1 0
Embarcações de pesca.
( ) Leia-se: porá.
1 2
daquellas partes, nos quais quatrocentos homes etrarao oyto
pidreyros, quatro cauouquejros, seis taipejros e h u ü fjsico e h ü
barbejro e leuará m a n t y m é t o s pera h ü anno pera toda a dita
gente, na qual naõ jrá cristão nouo ( ) allguü e trabalhará por
1 3
( ) Flancos, transversais.
1 5
( ) Leia-se: sou.
1 7
( ) actual.
1 8
( ) glosas.
1 9
49
q u a n d o as tais leis e direitos derogare se faça expressa mêçaÕ
delias e da sustância delias; e por esta prometo ao dito Paullo
D i a z e a seus subçessores q u e nuca é t e m p o allguü v á nê con-
sjnta jr contra esta m i n h a doação, é parte né e m todo e rogo
e écomendo a todos meus subçessores q u e lha cumprão e m a n d e
comprir e guardar, satisfazendo e comprindo o dito Paullo D i a z
jnteiramete cÕ as condiçois acima decllaradas, aos tempos e d a
maneira q u e dito h é . / /
E m a n d o a todos meus desébargadores, corregedores, ouui-
dores, juizes, justiças e offiçiais de m i n h a fazenda e a quaisquer
outros a q u e o conhecimento disto pertencer, q u e lha cumpraõ,
guardem e facão é todo comprir e guardar esta carta d e doação,
c o m o nella se contem e deixe a elle e a seus erdeiros e subçes-
sores vsar d e todas as cousas nella decllaradas, se njsso lhe porem
d u u y d a , êbargo, né j m p i d i m e t o alguü, porque asj hé m i n h a
mercê; e não-comprindo elle, ne satisfazendo cÕ as ditas con-
dições e cousas nos tempos e maneyra q u e acima se contem,
esta doação não averá efeyto allguü e eu farey mercê d a dita
Capitania e gouernança e terras a q u e ouuer por m e u seruiço;
e por firmeza d e todo lhe m a n d e y dar esta carta d e doação per
m i m asjnada e asselada cÕ o m e u sello de c h u m b o pendente, a
qual v a y escryta e seis meas folhas de p u r g a m y n h o , cõ a outra
é q u e asjney e n o f i m d e cada lauda v a y asjnada per M a r t i m
G o n ç a l u e z d e Camara, d o m e u cÕselho e m e u escryuão da
purydade. / /
(24-9-1571)
Gomes dAzevedo
(26-9-1571)
( ) Concurso.
1
E aos que pelo dito exame e emformaçaÕ forem ávidos per
mais sofiçientes e q u e tem as calidades neçesarias pera poderem
ser prouidos das taeés D i g n i d a d e s e benefiçios, lhes pasará o
prelado diso sua sertidaõ asinada per ele, em que declarará
c o m o foraÕ exhaminados pelos ditos exhaminadores e ávidos per
jdoneos e sofiçientes. Pela qual certidam, c o m sua emformaçaõ,
lhes mandarej pasar cartas de [a] presentação e m forma das
ditas dignidades e Benefiçios e as mais prouisoes neçesarias. E os
q u e se opposerem aos benefiçios simplices seraÕ examinados pela
pesoa q u e o prelado pera jso ordenar, aos quaes pasará pela
mesma maneira sua certidão pera lhes eu per ela mandar pasar
sua certidão [e] [a]prezemtaçaÕ e m f o r m a . / /
N o t e f i c o o assy a d o m Guaspar C a õ , Bispo de Santhomé,
do m e u conselho e aos prelados q u e pelo t e m p o forem d o dito
bispado. E lhes e m c o m e n d o q u e em todo cumpraÕ e guardem
este meu aluará como nele se cotem, o qual se registará no
liuro dos registos da M e s a da CÕsiemcia e Ordees, pera se saber
c o m o asy tenho mandado. E asi se registará n o liuro da C a m a r a
da cidade de Santhomé e dos mais lugares d e seu bispado,
pera [a] os moradores dele ser notório como h o tenho asy orde-
nado. / /
E este aluará quero q u e valha, tenha força e viguor, c o m o
se fose carta feita e m m e u n o m e per mj asinada e pasada pela
chamçelaria da ordem, sem embargo de qualquer prouizaõ ou
regimento em cõtrairo. SimaÕ Borralho o fez e m Lixboa, a
xxbj dias do mes d e setembro. A n n o de mil e quinhentos
setenta e hü. / /
E este aluará estará sempre em boa guarda n o cartono
da Sé da dita cydade. E eu D u a r t e D i a z o fiz Escreuer.
Ant.° dAbreu.
(26-9-1571)
D o m Sebastião & . ,
a
faço saber aos q u e esta carta virem,
q u e heu tenho ordenado pera q u e as sees e jgrejas dos bispados
de m i n h a obnguaçaõ sejam milhor prouidas e repairadas e se
cumpraÕ c o [ m ] mais breuidade as visitasoes delles, ordenar c o m
parecer e emformaçaõ dos prelados dos ditos bispados e proue-
dores de minha fazenda nas taes partes, a fabriqua q u e pareçese
cõueniente pera se comprir esta obriguaçaõ, pelo q u e m a n d e y
tomar emformaçaõ d o q u e se deuia dar pera a see e jgrejas de
Santhomé e se fizeram sobre jso as diligencias neçesarias q u e
foram vistas na M e z a d o despacho da CÕsiençia e Ordeês pelos
Deputados dela e outros leterados e relegiozos, q u e se per m e u
mandado ajuntara pera tratare sobre o q u e c o m v e m ao b o m
guouerno e administrasaÕ dos ditos bispados. / /
E comformandome cõ a detreminasaõ q u e eles aserqua disto
tomarão e a eu prouer ora de ornamentos a See e jgrejas d o dito
bispado. E y por b e m e m e praz q u e d e dia de S a m Joam Bap-
tista q u e pasou, deste anno presente de m i l e quinhentos setemta
e h ü e m diante, se d e m pera a fabriqua da see da cydade de
Santhomé corenta mil reaes e m cada h ü ano. E pera a fabriqua
da jgreja de nosa Senhora da Conceição da mesma cydade
q u i m z e mil reaes cada ano. E pera cada huã das outras f r e g [ u ] e -
sias do dito bispado de Santhomé já eregidas, ou o bispo D o m
Guaspar C a õ , d o m e u conselho, nouamente erigir, pelas minhas
prouisoes, perque eu a iso tenho dado m e u consentimento, seis
mil reaes em cada hü ano. E jsto alem das cotias q u e tenho
mandado q u e se d e m pera despeza das samcrestias da mesma
see e mais Igrejas do bispado, d o qual dinheiro q u e há y , ey
por b e m e m a n d o per esta carta q u e se d e m pera a fabriqua, se
compraram os ornamentos, se repairaram a sé [e] jgrejas e se
faram todas as mais couzas, asi grosas c o m o miúdas, q u e per
uísitaçaÕ forem mandadas fazer. / /
E porem acontesemdo em algü tempo cajr [a] capella
major da dita See, ou [o] corpo da Jgreja ou as capelas mores
das mais Jgrejas q u e forem de minha obnguaçaÕ e semdo neçe-
sario fazeremse d e nouo retaualo[s] nas ditas capelas mores,
em tal cazo, não abastamdo pera as ditas couzas ou cada huã
delas q u e for de minha obriguaçaõ o dinheiro que ha o tal
t e m p o ouuer depozito das contias q u e hora ordeno pera as
fabriquas, mandarey pagar á custa de m i n h a fazenda o q u e
faltar pera comprimento da comtia que se despender na obra
q u e se asi ouver d e fazer, cõ emformaçaõ d o prelado e prouedor
d e m i n h a fazenda na dita Jlha de Santhomé, n o que mais
montar na tal despeza; as quaes contias asima declaradas seram
pagas e emtregues na mesma Jlha de Santhomé pelo m e u almo-
xarife ou recebedor das minhas remdas e m ela, á pesoa ou pesoas
q u e o bispo pera jso ordenar, pera per sua ordenamsa e de seus
uizitadores se despemderem na dita sé e Jgrejas de seu bispado,
n o que per uezitaçaõ for ordenado q u e se fasa nelas, como
dito hé. E jsto aos quartéis d o ano per imteiro e sem quebra
alguã, posto q u e ha aja ia [ a í ] , na forma e maneira q u e se
cotem em huã carta m i n h a q u e pasey sobre os paguamentos dos
mantimentos ordenados d o prelado, clerezia e ministros Ecle-
siastiquos d o dito bispado e cÕforme a ela. / /
E per tanto m a n d o ao m e u almoxarife ou recebedor das
minhas remdas na ilha de Santhomé q u e hora hé e polo tempo
for, q u e de dia de S a m Joam Baptista q u e passou, deste ano,
a pesoa ou pesoas q u e ho bispo pera jso ordenar, [dee] as cotias
asima declaradas pera despeza da fabriqua da dita See e Igrejas
de seu bispado -s- coremta mil reaes pera a see, q u i n z e m i l reaes
pera a jgreja de nosa Senhora da Comseisaõ da m e s m a cydade
de Santhomé e seis mil reaes pera cada huã das freguesias já
eregidas e q u e o bispo de nouo eregir n o dito bispado pela[s]
prouisoes minhas de cÕsentimento que pera jso t e m ; o qual
p a g u a m e n t o lhes asj fará per esta carta só geral, sem mais outra
prouizaÕ m i n h a ne de m i n h a fazemda. E pelo trelado dela, q u e
será registada no liuro dos registos d o almoxarifado pelo escri-
uaÕ dele e conhecimento em forma d o recebedor das fabriquas
ou da pesoa que o bispo ordenar e sua certidão ou d o seu proui-
zor e vizitador, q u a m d o o bispo for auzente, e m que declare
as mais freguezias que ouuer n o dito bispado alem da see e nosa
Senhora da ComseisaÕ, asi as Jgrejas [erectas] como as que ao
diante eregir per m e u consentimento e prouizoes minhas que
pera jso tiuer, m a n d o q u e lhe seja leuado em conta a contia
q u e niso montar cada anno q u e h o asy mandar. / /
E m a n d o á pesoa q u e agora he pello t e m p o e m diante na
dita Jlha tiuer carguo de prouer m i n h a fazemda e [a] qualquer
cor[r]egedor, ouuidor e Justiças dela, q u e semdo o almoxarife
ou recebedor das minhas rédas remisso em fazer os taes pagua-
mentos, os constrangiram [e] obrigue a jso até cÕ efecto pagua-
rem. E em todo cumpra e façaÕ jmteiramente compnr e
guardaõ (*) esta minha carta c o m o nela se contem, a qual se
asentará n o liuro da fazenda da ordem, o q u e assy ey por b e m
que se dee e p a g u e em cada h ü anno á custa de minha fazenda,
enquãto naõ ordenar separarese propriedades e remdas era q u e se
am de asentar e paguar os mantimentos ordenados dos prelados
e ministros eclesiastiquos e fabriquas das Igrejas do bispado de
()
x
Sic. Leia-se: guardar.
Santhomé, por q u e tato q u e se asy ordenar não averá mais esta
carta d a h y em diante efeito algu, né se fará mais per ela obra. / /;
E per firmeza d e todo lhe m a n d e y dar esta carta per m y
asinada e selada c o m o selo p e m d e n t e da ordem. / /
D a d a na c y d a d e de Lisboa, aos vinte e seis dias d o mes d e
Setembro. SymaÕ Borralho a fez. A n o d o naçimento d e noso
Senhor Jhesu Christo d e m i l quinhentos setemta e h ü . E eu
D u a r t e D i a z a fiz escreuer.
fls. 31-32V.
CARTA DE MANTIMENTO ORDENADO
AOS CURAS DE S. T O M É E PRÍNCIPE
(27-9-1571)
(28-9-1571)
(29-9-1571)
t .
Ant.° dAbreu /
(1-10-1571)
falada e escrita e das íeis que a regulam, mas em sentido mais vasto»
o estudo das Humanidades.
( ) Leia-se: dê.
3
.«do dito Instetuto e da gete q u e se poderá bê sustétar c o m as
fedas d o Seminarjo; e pera ajuda das cousas q u e pera elle n o
principio se ande comprar, ey por be q u e se d e m pera jso cêto
e cincoeta mill reaes, q u e hé o q u e mota é seis meses atrás d o
rtepo acima declarado, é q u e se [h] ade começar a pagar os ditos
trezentos mill reaes, q u e pera o seminário m a n d o q u e se d ê
-cada ano. / /
( ) Leia-se: executado.
4
[Ã margern]: Pasouse o treslado desta Carta a d o m M a r -
tinho de Ilhoa, bispo d e Santhomé, por despacho d o chanceler
M e l c h i o r d A m a r a l , ê Lixboa, a noue de feuereiro de 1 5 8 9 .
Gomez dAzeuedo
(2-10-1571)
D o m Sebastião & . , a
faço saber aos q u e esta carta v i r e m ,
que per ho semtir asi per seruiço de noso Senhor e pera mais
acrecentamento e uenerasam d o culto diuino e doctrina dos
moradores da cidade e Jlha de Santhomé, pera q u e na Sé e mais
Igrejas dela não aja daqui em diante falta d e preguasaÕ t se
determinar asy no despacho da M e s a da Cõsiemçia e O r d ê s ,
omde per meu especial mandado se tratou das cousas q u e com-
priam ao b o m gouerno e administrasaÕ do bispado d e Santhomé
e dos mais de minha obriguaçaõ, e y por b e m e m e praz q u e as
dinidades de d a y a m e mestre escola da Sé da dita Sydade e
e Ilha de Santhomé, q u e cõforme ao Sagrado C o m s i l i o T r i d e n -
tino se am de prouer a leterados, tenham e ajam e m cada h ü
ano .s. o daiam vinte mil reaes mais alem das pesas e dinheiro
q u e tem e venha (sic) de seu ordenado, e o mestre escola sesemta
e simquo mil reaes mais alem dos trinta q u e ora tem, pera
aver sem mil reaes cada ano. E isto c o m tal declarasaÕ q u e eles
seram obriguados a pregar alternatim na dita Sé. Pelo q u e se
não proueraÕ daquy e m diante ás ditas Dinidades senaÕ lete-
rados preguadores. / /
E asim e y por b e m e m e praz q u e alem destes dous pre-
guadores q u e tem outras ocupações no seruiço da sé, aja d a q u y
e m diante outro preguador ordinário q u e preguará na See e nas
mais freg[u]ezias da cidade e alguas vezes nas Igrejas das fazen-
das, segundo lhe for ordenado pelo prelado. E este preguador
q u e assy ordeno q u e mais aja, terá e auerá de seu m a n t i m e n t o
ordenado çem mil reaes e m cada h ü ano, o q u e tudo lhe será
paguo, asi ao daiam e mestre escola c o m o ao outro preguador, á
custa de minha fazenda, no almoxarifado da dita jlha, pello
m e u almoxarife ou recebedor d e minhas remdas e m ela, d o
tempo e m que eles comesarem a preguar e comprir c o m esta
obriguaçaÕ, na maneira acima declarada e m diante, aprezen-
tando certidão d o prelado d e c o m o saõ leterados preguadores e
preguaõ na dita see e jgrejas e c u m p r e m e m todo a dita obri-
guaçaÕ, pello m o d o sobredito. / /
E portanto m a n d o ao almoxarife ou recebedor d o dito almo-
xerifado q u e ora hé e pelo tempo for, q u e d o tempo em q u e pela
sertidaÕ d o prelado lhe constar q u e comesam a preguarem e m
diante, lhe dee e p a g u e e m cada hü ano as contias nesta carta
declaradas sl. vinte mil reaes ao d a y a m e sesemta e c i m q u o m i l
reaes ao mestre escola e c e m mil reaes ao outro preguador. E lhes
fasa deles bÕs paguamentos aos quartéis do ano per jnteiro e
sem quebra algua, posto q u e a h y aja, per esta só carta gerall
se mais outra prouisaÕ. E pello treslado dela, q u e será regis-
tada no liuro dos registos d o almoxerifado pelo escriuaõ dela
e conhecimento dos ditos d a y a m e mestre escola e da pesoa q u e
seruir de preguador e a sertidaõ d o prelado, de q u e [se] asima
fez menção, m a n d o q u e lhe sejam as ditas contias leuadas em
cota cada ano q u e lhas asy paguar. / /
E quando o prelado for auzente d o bispado será a tal cer-
tidão d o seu prouizor e uisitador, o q u e o almoxarife ou rece-
bedor d o almoxarifado asim paguará e cumprirá e m todo esta
carta c o m o nelá se contem, sob as penas declaradas e m outra
carta minha que pasey sobre o p a g u a m e n t o do prelado e minis-
tros eclesiásticos d o bispado de Santhomé, nas quaes penas será
exsecutado quando nelas emcorrer, cÕforme a dita carta. / /
E per firmeza de todo lhe m a n d e y dar esta m i n h a carta,
per m y asinada e aselada d o sello pendente da dita ordê. / /
E m a n d o a d o m M a r t i n h o Pereira, d o m e u conselho, e
veedor de m i n h a fazenda, q u e fasa asentar esta carta no liuro
da fazenda da ordé. E eu D u a r t e D i a z o fiz escreuer.
Ant.° dAbreu.
( ) Leia-se: cem.
1
CARTA RÉGIA A D. FREI G A S P A R C Ã O
(25-10-1571)
t
Ant.° dAbreu.
(25-10-1571)
SUMÁRIO — Porque o Prelado não era pago dos seus vencimentos legais,
manda el-Rei examinar os factos e que se lhe paguem as
dívidas em atraso.
Ant.° Abreu.
(29-9-1572)
( ) Mercadorias ligeiras.
2
( ) Leia-se: Flandres.
4
[103] gallez, e capitães, / q u e tenhaõ animo de seruir b e m , naõ
ousará vir n e n h u m salteador a esta costa de tantos, como m e
d i z e m q u e v e m , e de alguüs se sabe, pois tratarão taÕ mal, pou-
cos dias há, ao q u e a tem arrendada.
E se disserem q u e arrendada está b e m , d i g o q u e naõ estaria
m u i mal, se as gallez estiuessem ali, c o m o deuiaõ de estar,
mas temo, q u e entre tanto, q u e naõ andarem nauios de S. A .
a fazer este proueito, q u e há d e hauer descuido, e os arren-
dadores haÕ de fazer pouco, e os ladroes estrangeiros m u i t o .
H u a lei, q u e S. A . t e m posta tantos annos há, hé maraui-
lhosa, e veio a mal cumprida; a qual hé, q u e naõ v e n h a õ
christãos nouos a esta terra (°) e deueriase cumprir. E isto
sabe muito melhor q u e eu q u e m a pode cumprir, e naõ o faz.
E por tanto será escusado dizer q u e saõ mais cubiçosos, mais
chatins ( ) ,
6
mais emburilhadores, mais desenuergonhados, a
troco de seu proueito, e mais amigos d o a l h e [ i ] o do q u e con-
u e m a homees de b e m .
N a s cousas da religião vaÕ melhorando, por q u e no vir á
missa, e á doutrina os negros, o V i g a i r o M a r t i m G o n c a l v e z ( )7
escreue o P . e
Frey Jeronymo ( ) alguas cousas, q u e por andar
9
( )
1 0
Leia-se: estê=esteja.
desterre pera sempre, e q u e m pera outra parte hauia d e ir pera
sempre, e leu ar sua casa, mais quererá vir aqui por c i n q u o o u
seis annos c o m esperança d e tornar lá.
N a Õ digo isto c o m o cousa d e proueito, m a s c o m menos
custa se poderia fazer maior, q u e o q u e se fará, estando a
M i n a , c o m o está, se naõ se reforma.
O 3. 0
m o d o , q u e hé arrendarse, seria taÕ m a o pera sua
A [ l t e z a ] e pera seus vassalos, q u e não quero faliar nelle, e ao
primeiro arrendamento ficaria tal, q u e naõ se achariaõ segundos
arrendadores, e se os houuesse, seria c o m grandíssima baixa,
por q u e ficaria a terra taÕ c h e [ i ] a d o q u e pode dar proueito
pera alguüs annos seguintes, q u e nada se venderá, se não for
mui barato; mas passo ao quarto m o d o .
O anno passado signifiquei o q u e agora direi claramente,
q u e esta terra se deue dar pera ser habitada, e fazerse m u i
facilmente h u m nouo Portugal, ou nouas índias, mais ricas
que as de Castella, de q u e será mais razaõ q u e se gloriem os
descendentes, q u e naÕ q u e se agrauem (quando acharem os
impedimentos q u e se acharão pera podelo fazer) dos anteces-
sores q u e deixarão passar a opportunidade, q u e lhes durou
tanto tempo, e q u e o puderão fazer m u i facilmente, por q u e
se os negócios procedem, c o m o agora, c r e [ i ] o q u e estes negros
trabalharão de aprender (se lhes for possiuel), c o m o se guarda-
rão d e nós outros, e c o m o nos deitarão de suas terras, e naõ
c o m o haõ d e ser christaõs, e c o m o nos haõ d e receber nellas.
E ainda q u e isto agora pareça impossiuel, e m m u i t o tempo, e
com perpetua communicaçaõ, e m á inclinação q u e t e m , pode-
rão vir a termos q u e façaõ guerra aos descuidados, c o m pensa-
m e n t o de q u e elles n e m quá seraõ pera nada.
O proueito há d e ser maior, ainda q u e alguüs queira [ m ]
dizer q u e não há d e ser tanto: o estado e magestade real m u i
auantajado, por q u e aiuntará nouos reynos aos q u e iá t e m , e
amplificará seu nome portan / to, c o m o há por esta grandíssima [104 v.]
Ethiopia, sugeitand [o] os a suas leis, e fazendo pregar as diuinas,
e c o m o fauor d e Jesu Christo assi viraÕ melhor e m conheci-
mento da bondade das huas, e das outras, q u e naõ indolhe d e
reyno e m reyno, e de m ã o e m maõ, fusos, e manilha, q u e d i z e m
que v e m d e certo reyno, q u e se chama Portugal, q u e estimarão
e m menos q u e os seus, v e n d o que t e m ouro nelles, q u e conhe-
cerão ser tanto melhor metal q u e o d a manilha, q u a n t o q u á
vemos q u e hé melhor Portugal q u e G u i n é .
Parecendo isto b e m ( c o m o m e d i z e m q u e iá vai parecendo,,
e prouuera a D e o s q u e estiuera determinado) o i . ° q u e parece
que se deue fazer, hé o q u e veio n a gouernaçaõ d a índia, q u e
renha a esta terra h u m grande fidalgo e m n o m e d e V i s o - R e y
de Ethiopia, c o m o vai á índia, e c o m o hia ao Brasil, c o m succes-
saÕ d e gouernaçaõ se D e o s dispuser delle, c o m o na índia se faz,
pera q u e tal fidalgo, e c o m n o m e taõ coniunto ao real, procure
fazer obras dignas de sua fidalguia, e d e seu n o m e .
E naõ cuide Viso-Rey, n e m Gouernador, n e m outro a l g u m ,
por delicado q u e seia, q u e por vir a G u i n é e ã M i n a , v e m
somente a morrer, por q u e a quanto hei podido entender desta
terra, naõ mata mais q u e essa, e [o] q u e os m a t a aqui, t a m b é m
os mataria na mais saã parte d e Espanha, q u e hé a f o m e d o s
mantimentos d e seu natural, q u e naÕ pode hauer copia delles,
e dos da terra, que muitas vezes naõ se pode hauer, andar n u z ,
e dormir n o chaÕ, andar descalsos ao sol, e á agoa: e a falta
de médicos, e mezinhas, q u a n d o estaõ enfermos: por q u e os
médicos, pola m o r parte, entendem tarde as imfermidades da
terra, e as mezinhas, quando cá chegaÕ, naÕ t e m mais q u e o
n o m e ; e de mais disto outros maos regimentos, q u e sós e m terra
sam soem matar os homeés. Isto hé o q u e mata, por q u e a terra
e m sy, tenhoa por h u ã das mais boas q u e v ê o sol, pois D e o s a
p o z aqui tão abundante d e cousas spontaneamente produzidas,
e de q u e m se pode dizer naõ somente q u e Deus dat incre-
mentum ao que pranta e rega a l g u m , c o m o S. Paulo d i z aos.
Corinthios se naõ q u e elle m e s m o / a pranta, e elle a rega, [io5]
e elle lhe dá o crecimento, e há cem annos q u e está conui-
d a n d o a gente Portuguesa, pera q u e lhe dê infinitas graças
por lha hauer mostrado pera poder gozar delia. E isto se poderá
melhor entender, e quã boa hé a terra, considerando as muitas
cousas, q u e do seu produze, e por ellas se poderia collegir, quan-
tas produziria aiudada ainda d a industria humana, com a qual
t a m b é m estas, q u e naturalmente dá, seriaÕ m u i t o melhores.
N a c e m laranias, limões, e cidras, e canas de açuquar, há
prados de bredos, nacem muitas beldroegas, e hua maneira de
beringellas, q u e saÕ m u i t o boas pera comer; nacem pimentos
c o m o os das índias, dos mais curtos, e borragêes, ainda q u e e m
alguã cousa differentes das d e lá. H á abobaras brancas, e ver-
melhas, m u i t o boas, e huas e outras parecem melloes. H á m i l
maneiras de fruitas boas pera comer, c o m o hua d o tamanho d e
durazioszinhos, naõ c o m caroço, se naõ c o m huas pibides den-
tro, á maneira d e pera m u i saborosa, e marauilhosa pera fazer
apetito. E outra q u e parece ameixeas m u i t o amarellas. E outra
m u i t o semelhante a figo d e cor pardilha, e outras muitas, q u e
por naÕ saber a q u e as compare, naõ as escreuo, e todas c o m e m
os negros, e das mais os brancos, quando lhe parece. E isto
tudo d e seu natural.
D a s sementes q u e d e Portugal se haõ trazido, naÕ hei
ouuido dizer q u e nenhua haia deixado d e nacer. H á rabaÕs,
couues, coentro, e norteiam, e crauos, manjericão, c r e [ i ] o q u e
se dá nos matos; toda a semente nace, e se naÕ dá graÕ ( c o m o
naõ n o deraõ huüs poucos d e graÕs d e trigo, q u e creceraõ taõ
altos c o m o h u m h o m e c o m m u i grandes espigas), naÕ m e pa-
rece ser por natureza da terra, se naÕ por ser m u i t o viçosa; e
tenho pera mi, que se se cultiuasse, e cançasse, q u e daria tam-
bém semente, porque o m e s m o acontece e m Espanha, em
terras m u i viçosas, ante q u e as cultiuem e cançem.
IOI
E m hum pomar de laranias, e limões perto daqui, há fi-
gueira que dê figos, e romeiras que daÕ romaas, e daõ-se parras
tios v.] de Portugal, que daõ vuas; e quanto / semearem se dará, e
muito houuera eu visto e experimentado, se Deos me dera
saúde.
Os negros semeaÕ milho grande que chamaÕ Bruy, e em
Castella lhe chamaÕ trigo das índias, e milho meudo, que me
parece que hé o mesmo que o de lá. SemeaÕ inhames, que hé
nesta terra muito bom mantimento, e outros, que chamaõ cocos,
que verdadeiramente hé rumilho, mantimento de porcos e Cas-
tella, mas os negros, especialmente em Axem, comem muito
delle; prantaõ também bananas, que nas índias de Castella
chamaõ plátanos; hé hua gentil fruita, e [a] caminho de Agri
a vi em matos, donde me parece que ninguém a hauia de pran-
tar; criase muito bom algodão nesta terra, e[m] que se poderia
fazer muito proueito.
1 2
Os animaes domésticos, que eu sei ( ) , naõ saõ mais que
cabras, ouelhas, e vacas; as cabras mui pequenas, as ouelhas do
tamanho das de lá, o cabello como o das cabras; e todas as
que vi saÕ manchadas de cor branca, ruiua, e negra; as vacas
saõ mui pequenas, e a cor como as de lá; os porcos que trazem
se daõ aqui bem, e mal em Axem, donde morrerão os cauallos
do gouernador e hum asno; caés se daÕ na terra; e os alandes
os trazem aqui a vender; todos saÕ gozos, e aqui os comem, e
hé dia de grande conuite quando se come algum caõ em casa
destes negros.
Os animaes brauos, que se criaõ, saÕ infinitos, e assi tam-
bém as aues.
Des do Cabo das Palmas até qui, por toda a costa, a
espassos quasi compassados, segundo ouui, e vi, entraõ no mar
1 2
( ) D e que tenho conhecimento.
102
rios de agoa doce, donde se podem fazer muitos engenhos de
1 3
açuquar, por que há infinita lenha ( ) pela praya delles.
A madeira hé infinita de diuersas aruores; nenhua[s] vi se-
melhantes ás de lá. H á entre ellas pao vermelho, com que tin-
1 4
gem ( ) ; dizem me que hé aruore pequena. H á também pao
com que tingem amarello, com que os negros tingem huas
carapuças, que fazem de certa herua.
Dentro das montanhas lá dentro, há enxames pelos ocos
das aruores, donde dizem que trazem aqui ás vezes a vender
panellas de fauos.
Verdadeiramente que querer escreuer as meudenças que esta
terra dá, seria nunqua acabar; mas naõ hé razaÕ deixar as pal-
meiras, que daõ tanto vinho, e azeite, ainda que deixe outras
muitas cousas, e todas ellas prouaõ a bondade da terra.
1 0 6
/ Pera satisfazer aos que dizem pouoarse esta terra será C !
periuizo pera a índia, por que faltará gente pera ir lá, se pode
demandar que naõ venha gente de Portugal, e dar licença s o -
mente á de todas estas Ilhas, desde S. Thomé até as Terceiras,
que todas cre[i]o que naõ cabem iá de gente. E hum amigo
meu, que foi de S. Thomé no carauelaõ, quando foi por man-
timentos, me affirmou, que naquella Ilha hauia muita gente
deseiosa de se passar a esta terra, se se alargasse, e desse a ses-
maria, e que lhe affirmarão, que hauia 20 homees e mais, que
1 S
veria ( ) cada hum com cem escrauos seus catiuos, entre os
quaes tem mui gentiis officiaes de todos os officios necessários
agora ao principio, como edificadores, carpinteiros, ferreiros, e
outros semelhantes, e naõ há duuida, se naÕ que das outras
Ilhas se viraÕ homees com todo o seu cabedal e casa, quando se
forem desenganando, e entendendo que esta terra naÕ hé mata-
dora de homees.
1 3
( ) Madeira.
1 4
( ) Chamado pau-brasil, planta leguminosa empregada na tin-
turaria.
1 5
( ) Leia-se: viria.
103
A i n d a q u e venha gente das Ilhas, naõ seia delias a iustiça,
n e m officiaes, se naÕ naturaes Portugueses, por q u e ainda que
nas Ilhas hauerá muitos homees sufficientes pera o poder ser,
c o m m u m m e n t e os antigos naÕ confirmaõ m u i t o de seu valor,
e verdade.
E ainda q u e a M i n a se alargue, m e parece necessário o
que disse das gallez, assi as d o C a b o das Palmas pera esta banda,
como as q u e haõ d e andar nesta costa, por q u e aquellas p o d e m
e fazem m u i t o proueito leuando c o m h u m carauellaõ mala-
gueta, e marfim, á feitoria d a Ilha de Santiago, e grande ser-
uiço a D e o s naõ d a n d o lugar a q u e ladroes Lutheranos auexem, *
e roubem e m a t e m muitas vezes os christaõs, e estoutras duas
seraõ fortaleza d e quantos pouos se fizerem e m todas estas par-
tes, e com nenhua se poderão defender melhor, q u e c o m ellas.
E se pera a conseruaçaÕ da Republica, se haÕ de deitar delia
os homees a ella periudiciaes, cousa conueniente hé naÕ deixar
vir a esta os que será necessário tirar depois; e o q u e agora se
pode remedear c o m fácil preparatiuo, naõ h é sizo esperar a
tempo q u e seiaõ mister muitas e grandes mezinhas. N a õ fallaõ
em ladroes (ainda q u e estes tarde se emendaõ) e matadores, e
trauessos, e d e outros q u e se puderaÕ desterrar pera aqui, q u e
pela maior parte o t e m p o , e a penitencia vai emendando, se
naõ nos christaõs nouos, q u e naõ roubaõ hua fazenda nem
[106 v.] mataÕ h u m h o m e m , n e m fazem hua trauessura, se naõ / mataõ
toda a Republica c o m suas cobiças, roubaõ na c o m seus enga-
nos; c o m trauessuras pouco a molestam, mas lastimaõlhe as
entranhas a troco d e seus interesses, e tudo isto faraõ nesta terra
m u i t o mais, porque lhe será mais fácil, e o ouro lhes acordará
os appetites.
V i n d o g e n t e pera habitar esta terra, será cousa acertada
q u e aqui naõ se deixe fazer embarcação e q u e n e n h u m possa
nauegar mais que d e costa a costa, e q u e naÕ se possa daqui
embarcar nada, se naõ e m nauios dei Rey, ou em os q u e c o m
despacho seu vierem.
E pera q u e esta terra se aproueitasse melhor, e se esten-
dessem nella em menos tempo os christaõs brancos, naÕ parecia
cousa fora d e propósito, que a armada, q u e aqui viesse, naõ
fosse, c o m o em Castella, q u e cuido naÕ ser dei Rey, se naõ
que esta o seia, como o hé, por q u e naÕ haia q u e m possa leuar
daqui as cousas q u e sua A [ l t e z a ] podia reseruar pera sy, n e m
possa trazer n i n g u é m de lá, nem de outras partes, o q u e a esses
senhores parece bem q u e naÕ se traga se naÕ por sua A [ l t e z a ] .
D i g o q u e m e parece que se aproueitará mais a terra quá,
e se estenderão mais os christaõs, v i n d o os nauios, c o m o dixe,
por q u e naõ teraõ aparelho pera andar á lingoa da agoa chati-
nando, e assi poraõ os intentos nas minas, de q u e pagarão o
quinto a sua A . e e m suas lauoiras, e criações, e grangearias da
terra, e d e que também lhe virá grande proueito.
A i n d a que naÕ sei se e m Castella reserua elRey algua cousa,
q u e naõ se leue ás índias, ou q u e naõ se traga d e lá (pareceme
q u e todos os q u e tem licença pera ir, p o d e m leuar tudo, se
naõ hé azougue, e trazer tudo q u a n t o nas índias há c o m re-
gisto pera pagar os direitos, como o ouro, e cousas d e mais
estima, c o m o saÕ as perlas), podia sua A . naõ deixar trazer aqui
manilha, caldeira, bacia, couril, conta, n e m leuar malagueta,
n e m marfim, como até agora se há feito, n e m pao pera tingir,
ou q u e parecer periudicial pera o q u e quiser reseruar daqui, q u e
t e m reseruado noutras partes, ou deixar q u e o leuem c o m re-
gistro pera pagar direitos. / [107]
Q u a n t o á moeda q u e disse no primeiro modo, pode hauer
perigo nestes, andando o t e m p o e vsandose da maldade, q u e
nesse R e y n o vsaraõ os falsários, q u e traziaÕ contra feitos ( ) 1 6
( )
1 6
Falsificados.
( )
1 7
O patacão era moeda de cobre, do tempo de D. João III.
e tendo grande vigia as guardas, d e q u e m se confiaõ, e naÕ dei-
x a n d o vir a esta terra christaõs nouos, q u e pela maior parte saÕ
authores de semelhantes cousas, parece q u e se poderia t a m b é m
fazer o que disse acerca desta moeda. E finalmente, pera
comercio da vida, hase d e dar ordem q u e corra alguã m o e d a .
Habitandose a terra, e morando os negros c o m os brancos,
tenho m e d o q u e os brancos haÕ de fazer má vizindade aos
negros, e se se desse a l g u m remédio a isto ( q u e c r e [ i ] o será
difficultoso) boa cousa seria viuer nos pouos, entremetidos
huüs c o m outros, porque assi os negros se aproueitariao mais
na policia ( )1 8
humana, e aprenderia[m] os concertos ( )1 9
( ) Estêem=estejam.
2 0
alardo ( ) 2 1
de tantos e m tantos dias, e viuer de tal maneira
entre os negros, q u e sem fazerlhes mal, tenhaõ m e d o , por q u e
amor, eu fiador, q u e naÕ n o haÕ d e ter, por muitos m i m o s q u e
lhe os brancos façaÕ.
/ D e maneira q u e em Espanha se faz aos vagabundos, que [107 v.]
b u s q u e m amos, e q u e vaÕ trabalhar, será necessário fazer c o m
todos estes negros, q u e trabalhem, castigandoos pecuniária e
ainda corporalmente, q u a n d o naÕ n o fizerem, pois h é [a] gente
mais ociosa e amiga d e naÕ fazer nada, q u e há n o m u n d o .
E quaõ m á cousa seia a ociosidade expirimentado está, e mos-
traono as leis humanas e diuinas: otium reges prius, et beatas
perdidit vrbes. E sendo cousa q u e tanto aborrece D e o s , e de
donde nace toda a maldade e bargantaria ( ) , q u e m houuer
2 2
IOJ
D e o s , pera esta gente, não teria por inconueniente começar peio
R e y n o dos homees, e ensinarlhes a ordem, e concerto que
' temos nas cousas humanas, pera q u e c o m esta demonstração,
fundada em cousas visiueis, lhe persuadaõ mais facilmente pera
se desporfem] a crer as cousas de nosa fé, q u e não haõ de poder
ver se naÕ c o m os olhos d a l m a ; e naõ c r e [ i ] a V . M . q u e hé
bastante razaõ pera contradizer isto q u e d i g o , dizer q u e nas
índias de Castella hiaÕ descobrindo, e pouoando, e conuertendo
iuntamente, por q u e há tanta differença entre a condição e
maneira destes negros e na daquelles jndios, q u e poderemos
chamar aos das índias mansos e simples cordeiros, e a estes
lobos maliciosos e brauos e ao q u e hei podido colegir de suas
manhas, querem ver pera crer, e por outra parte querem q u e
lhe d e m credito a suas palauras e a suas cousas sem ser vistas,
c o m ser gente mui fementida pera c o m os christaÕs, e elles
t a m b é m entre sy.
E por que tenho o iuizo e parecer desta g e n t e [por] m u i •/
[108] desuairado, e sem n e n h u ã maneira de discurso, pera aiudar o
q u e lhes c u m p r e será m u i b e m naõ deixar e m seu aluidrio
nada d o q u e haõ de fazer, se naõ q u e cada h u m , c o m o tiuer
escrauos, e lhe derem terras, lhe façaÕ romper monte, semear
alqueires de m i l h o e numero de inhames, prantar aruores, fazer
hortas e pomares, e criar gados, etc.
O s instrumentos c o m q u e hauiaÕ d e cultiuar a terra, m e
parece que escreui a V . M . o anno passado, q u e eraõ enxadões,
enxadas, machados, roçadorias e c o m o seria b e m q u e dessem
conta disto certos dias n o anno, e saÕ cousas em q u e se pode
forrar alguã cousa d o q u e se gastar nas armadas, naÕ nas dei-
xando trazer a n i n g u é m particularmente.
, V s a õ estes negros de diuersas maneiras d e trazer o cabello,
e entre ellas alguã d e tanta maneira d e nó e grenhas, e m q u e
p o e m contas douro, e das q u e compraõ, e serilhos c o m o d e
linho, voltas e laçadas, que tenho por cousa naõ conueniente
deixalos q u e usem disto, se se pretende desterrar a ociosidade
dantre elles: por q u e hé cousa de molicia e bargantaria, e naõ
pode ser se naÕ q u e lhe occupe m u i t o tempo.
Naõ escreui do ouro, que entendo hauer nesta terra,
[a] guardando tempo e m que tivesse mais noticia delle, e po-
dello fazer, mas t a m b é m pera isto m e há sido impedimento
m i n h a má disposição; mas eu tenho por cousa certa q u e há
m u i t o ouro. E hua das razoes q u e m o persuade hé ver, q u e e m
quasi todas as partes em q u e dizé hauerse disposto os negros
a buscalo, o haõ achado, e se naÕ t e m conhecidas mais minas
das q u e há, hé por q u e naõ se buscaÕ, n e m tem industria, n e m
diligencia, n e m vontade, por q u e d i z e m q u e quando querem
pagar algua cousa, q u e [o] compraÕ esses negros d o sertão; en-
tonces vaõ tirar o ouro das minas. E t a m b é m d i z e m q u e todos os
mais destes negros naõ athesouraÕ pela pouca fé q u e há entre
elles, por q u e o mais poderoso q u a n d o quer, tira o q u e tem ao
q u e menos pode, e t a m b é m polas guerras q u e trazem huüs
pouos c o m outros muitas vezes.
T a m b é m entendo, q u e abertos os montes, e cultiuada a
terra, seria cousa immensa o que agora se cria, por q u e a terra
naÕ g o z a d o beneficio d o sol, polas grandes aspessuras de
amores q u e há, d o n d e naõ c h e •/ garaÕ animaes, q u a n t o mais [108 v.]
os negros, os quaes naõ abrem minas, n e m buscaÕ ouro, e m
parte q u e estee ( ) algua cousa l o n g e dagoa para lauar a terra,
2 3
( )
2 3
Escê=esteja.
IO(
mesmos negros, q u e pera nenhua cousa saÕ melhores, q u e pera
leuar carregos.
E pera tratar de minas naÕ deue vir h u m só minereiro,
como c r e [ y ] o , e q u e está quasi tanto tempo na enfermaria
c o m o eu, se naÕ os mais q u e puderem vir q u e saibaõ essa arte
até conhecer as minas, e saber onde estaÕ, etc.
A g o r a v e y o aqui h ü negro q u e d i z e m ser filho dei R e y dos
Asaees Grandes, o qual se bautizou em t e m p o de A n t o n i o de
Brito, que foi aqui Capitão ( ) , e tomou o m e s m o n o m e ; hé
2 4
(22-8-1573)
El-Rey vosso A v ô ( ) 3
perdia dinheiro na M i n a , e a fazenda
de V . A . tem perdido e gastado nestes tres escusados annos d e
M a r t i m A f f o n s o e A n t o n i o de Sá ( ) mais de quatrocentos m i l
4
para levar consigo cem homens para com ele servir el-Rei, dada em
Sintra a 20-9-1570. Cf. A T T — Chancelaria de D. Sebastião, liv. 27,
fl. IOOV.
mente, porque como carece destes dois principios, vai sem fun-
damento. C a n s e V . A . já de tantas cousas [feitas] á sua custa.
D i z e m os antigos q u e a experiência est mater rerum; naõ
m e valeo quebrar a cabeça sobre M o n o m o t a p a , sobre a M i n a ,
câmbios lícitos, lavrar remédio e regimento das C o m m e n d a s e
[los v . ] outras cousas; sempre tomei a D e u s / e ao t e m p o por teste-
m u n h a s : D e o s e a experiência q u e o tempo deo nos valha agora,
pelas suas cinco C h a g a s , e o q u e d i g o b e m sei q u a m pouco hade
aproveitar; naÕ debalde d i z o Sabedor: Dives loquutus est et
dicunt quis est hic? ( ) , mas c u m p r o com a m i n h a obrigação e
5
D. Sebastião.
Q u a n t o ainda no espiritual naõ t e n h o que dizer, pela bon-
dade d e ^iosso Senhor e nos milagres e vitorias, que cada dia
[no] te / mos, se mostra ser D e o s servido.
N a fazenda entenda V . A . , q u e hé mais certo o tesouro
q u e o das minas de prata e ouro, porque as minas acabadas
acaba-se a prata e o ouro, nunca se torna mais a criar por muitos
annos: mas a pimenta saÕ frutos da terra, q u e dá cada anno, e
que durarão em quanto o m u n d o durar.
E u darei á penhora minha fazenda, q u e vai muito, e a
cabeça q u e naõ vai nada, q u e se V . A . toma este m e u con-
selho, que seja o mais rico rey da Europa.
T o m e V . A . toda a pimenta q u e vier para este reino para
si, e largue as drogas e mais fazendas a seus vassallos, da maneira
q u e agora o faz; tirará destas drogas e fazendas os mesmos
direitos q u e tira, e sendo V . A . Senhor só da pimenta, em breve
tempo ajuntará cem mil quintaes de pimenta, que v a l e m quatro
contos d e ouro, e cada v e z q u e V . A . quiser h u m conto de
[lio v.] ouro de contado, achalo-há pagando na mesma pimenta /
duzentos mil cruzados aos mercadores, e desta maneira terá
sempre h u m tesouro v i v o de q u e gasta e d e q u e p a g u e da
maneira q u e quiser; e c o m o agora correm as cousas, está V . A.
como h u m jornaleiro g a n h a n d o e comendo; e se quer fazer
h u m pedaço de armada tomaÕ seus officiaes dinheiro aos orfaÕs,
fazem maos pagamentos às partes, e outras cousas q u e N o s s o
Senhor sabe, e prasa a sua Misericórdia que as perdoe, e a m e u
ver mui alhe[i]as da Religião Christãa.
E isto q u e d i g o a V . A . naÕ saõ alvitres de A l c h i m i c o s ,
n e m invenções contra o serviço de D e o s e prejuízo de vossos
vassallos, n e m digo que tome o sal, n e m fructos da terra; saÕ
verdades puras e demonstrações M a t e m á t i c a s d e m u i t o serviço
de D e u s e acrescentamento d o Estado Real, e proveito d e vossos
vassallos; todas as outras invenções q u e naõ tiverem estes res-
peitos, tenha-as V . A . por m u i t o suspeitosas. O s T h e o l o g o s di-
z/S
zem quod bonum ex causa integra; o negocio q u e leva a l g u m a
parte d o mal já naÕ hé b o m negocio.
/ E se disserem a V . A . q u e eu pertendo interesse, Deos hé [mj
testemunha, q u e nunca [o] pertendi, e testemunhas eraÕ El-Rey
N o s s o Senhor, q u e D e o s tem e o Infante ( ) e o saÕ a Rainha 9
BNL — Ms. 8058 (F. G.), fls. 107-111; Ms. 3776 (F. G.),
fls. 79-83; M s . 8920 (F. G ) , fls. 76-78.
( ) D . Luís?
9
Rey
(22-1-1575)
R. admodum P. N . in Christo
Pax Christi
R. P . Prouincialis nomine
R. T . P .
Jndignus in X o
filius
M a r c e l l u s da Rocha
(18-2-1575)
0 ) Sou.
( ) ruins: maus, perversos, funestos.
2
( ) mau.
3
trelladará no líuro da Relação da dita casa em q u e se registam
lias semelhamtes prouiçoées ( ) , 4
pera se saber c o m o h o asy
tenho m a n d a d o ; o quall m e praz q u e valha e tenha força e
viguor c o m o se fose carta feita e m m e u nome, per m y asynada
e pasada per m i n h a chamçellarya. E posto q u e per ella naõ
seia pasado, sem embarguo das ordenaçÕis e m comtrario. / /
Joaõ da Costa o fez e m A l l m e y r i m a dezoito d e feuereiro
de mill e q u i n h e m t o s setemta e ç i m q u o . Jorge da Costa o fes
escreuer.
7 % /
A m t o n i o Roíz.
(27-8-1575)
/ R. d0
P . Garcia Simões, eu, elRey vos ínvio m u i t o saudar.
e
[220 v.]
Para não presumir de m y o q u e dizeis o P . Francisco de G o u v e a
e
( ) Leia-se: pôr.
2
Rei D . Aluaro
( ) Escravos.
4
CARTA DO PADRE GARCIA SIMÕES
PARA O PROVINCIAL
(20-10-1575)
( ) Parte em branco.
1
costa m u i aprazível, o q u e e m algua maneira d e longe se parece
c o m o T e j o , indo de Santare para Lisboa, porque hé c h e [ i ] a de
arvoredo grande e alto q u e se v ê d e 1 0 . legoas e m hüs montes
m u y alegres. H é a terra tam verde, e apraziuel, q u e parecia
estar semeada de p a i m ; e c h a m ao longo d o mar, aonde bate
as ondas, mostrão / huãs grandes barreiras vermelhas. A n d a - [216]
mos ao longo desta costa tres dias. / /
A o s 2 0 . d o ditto mes tivemos vista da ponta desta Ilha de
Loanda e de algüs navios q u e estavão ancorados no Porto, e m
chegando as nossas cinco velas ao Porto, fora as tres q u e cõ
nosco vierão, q u e tomarão S. T h o m é . V i e r ã o os orincipaes da
Ilha e m suas embarcações visitar o Senhor Gouernador, os quaes
nos derão mui boas novas do nosso padre Francisco de Gouvea.
Entre elles v e y o h ü Piloto q u e juntamente nos deu novas d o
P. e
Francisco de M o n c l a r o , e ainda q u e erão d o principio da
v i a g e m quando navegava para o M o n o m o t a p a , nos alegrámos
m u i t o cõ ellas.
A g o r a direi algüa cousa da terra. H é esta Ilha aonde esta-
mos d e 5 . legoas em comprido, e de largo h ü tiro d e espin-
garda, e [h] á lugares mais estreita. N ã o te fonte de agoa, ne se
acha pela terra dentro senão d'aqui a muitas legoas, mas em
cada lugar q u e querê achão agoa doce muito boa, cavando huã
braça ou menos nesta area, e assi destas poças q u e elles chamão
Quicimas, há grande copia, e alguãs durão poucos dias porque
se fazem salobras. Estará esta Ilha m e [ i ] a legoa da terra firme ao
mar, e passão e m A l m a d i a s grandes, de h ü só pao, també
usão os pretos de jangadas. Esta ilha hé mina de C o n g o , porque
aqui se pesca o búzio, q u e h é dinheiro q u e corre e m toda esta
terra, e são e m tres maneiras, o mais grosso e o mais meudo
vai pouco preço e assi o joeirão. O meão he o q u e mais vai,
e mais se estima, e tê huã qualidade, q u e ouvera de ter todo
o dinheiro porque se perdem os homés sc. que a casa e m q u e
está emquanto não hé velho de m u i t o tempo, não há quê nella
possa entrar polo m a o cheiro que d e si lança: Porque hé peixe,
apodrece dentro nas conchinas. D e z delles valem h ü real, mas
a conta grossa não se deixa facilmente entêder porque falao por
Lefutos, q u e são obra ( ) de dous tostões, e crece e d i m i n u e m
2
( ) civilidade.
3
vimos aqui algüs q u e volteavao cõ sUa espada e adarga q u e
punhao a todos e m admiração, e se não valesse cá espingardas
aos nossos não se poderiao delles defender, porque ale disso
saõ boõs frecheiros, e continuamente trazé seu arco e frechas
nas mãos. / /
H á polo sertão dentro h ü pao vermelho, e algú tanto chei-
roso, cÕ [o] qual moido se tinge algüs por galantaria desde o
pee té a cabeça e ficão cousa m u i disforme parecendo vestidos
de vermelho ou encarnado, mas pola cabeça q u e não tinge se
conhece a cor de seu pano, e algüs usão destes pós, ainda Por-
tugueses para febres e dor de cabeça, e h ü home branco m e
disse q u e o experimentara e se achara m u i t o bê. Parecesse cõ
pao d o Brasil, mas não hé tam vermelho. Outros pretos usão
d o ç u m o de cola e fazem certos lavores pelo peito e braços cÕ
ella. Esta cola hé u m a frutta que usão brancos e pretos. H é
c o m o castanhas m u i t o grandes mais ver / melha alguã cousa. [217]
H é amargosa, e provala hé provar h ü p o u c o de p a o ; faz os
dentes amarelos, e a agoa e m q u e se lança d i z e m q u e hé boa
para o figado, e que lançandoa em hü figado ceidiço ( ) 4
de
huã galinha o torna vermelho e fresco, q u e parece tirado da-
quela hora, mas o porque estes homés c o m u m m e n t e a usão hé
porque cÕ os calores ordinários bebem a meude, e agoa sobre
ella tem m u i t o b o m gosto. T a m b e dizem q u e sostentão m u i t o
e q u e andará huã pessoa h ü dia todo sostentado c o m huã cola.
M a s eu n ã o sei q u e sustância isto pode ter, porque provala hé
provar h ü pouco de Ruibarbo, e há homês q u e [por] sobre
mesa, e sobre todas as cousas doces hão de usar por derradeiro
e ultimamente deste macaco ( ) ; e antes estarão sé outros man-
5
( ) Corrupto.
4
( ) À porfia, lutando.
6
este h é o pão dos brancos e pretos o qual pilão e m h ü pilão de
pao, e da farinha fazem h ü bolo q u e c o z e m derredor d o fogo
todas as vezes q u e hão d e comer ao jantar, e à cea porque elle
frio parece resina, e não se deixa tratar. Desta mesma farinha
fazem huã bola redonda de massa c o m o cabeça d e h ü home,
q u e chamão enfunde, e assi o traze à mesa, e algüs usão antes
delle d o q u e d o bolo d e milho. T e m azeite de palma e m boa
copia, q u e també para a gente q u e o não usa hé penitencia, e
cÕ este també nos alumiamos. O vinho tambê hé d e palma, e
parecesse c õ almeice ( ) , e vai barato como q u ê hé. D i z e m q u e
7
( ) Medida de o ,66.
8 m
( ) flamengos = flamingos.
9
são grandes, e c o m o lhe vai crecendo a pena, crece a da mãi, e
v e a sair e avoar juntamente cÕ os filhos do seu n i n h o ; e como
este h o m é não cresse isto, os negros que lho contarão lhe trou-
xerão huã destas aves, q u e estava sobre os ovos sem poder voar.
H á m u i t o género de animaes, especialmente infinidade de
[219] Alifantes / que assombrão aqui a gente encontrandosse a m i u d e
cÕ elles. H á muitas onças; huã trouxerão ao Governador mui
fermosa, era mansa, acertou huã v e z soltarse e logo degolou
m u i t o gado, q u e achou ao redor de casa. H ü preto anda aqui
q u e ainda traz agora a ferida fresca de hüa unhada destas, q u e
lhe derrubou huã face. H á outros animaes como bois que cha-
m ã o empacaços, e dos couros destes por curtir à falta dos outros
traze aqui as solas. São m u i t o bravos, e tornão logo a q u ê lhe
atira, e aos dentes o m a t a m . H á muitas lebres e andão logo em
bando mais de 3 0 0 . H á muitos cavalos marinhos; h ü dia destes
ferrou hü os dentes em hüa muleta q u e trouxe o Gouernador
do Reino, e levoulhe hü grande pedaço, de maneira q u e os que
nella vinhão correrão m u i t o risco de se alagaré ( ) , porque lhe
1 0
( )
1 0
Inundarem, cobrirem de água, afogarem.
c u n g e por que o mandou visitar e com ser caminho de 1 5 dias
se deteve obra de quatro meses. Era este M o c u n g e grande
senhor e trazia muita gente consigo, e por ser tal a q u e m o
Rei queria fazer mercê e enriquecer, lhe deu esta embaxada,
porque todos os fidalgos por cujas terras passa lhe fazé grandes
presentes, e esta hé a causa de tamanha detença, e assi d i z e m
q u e levaria mais de 1 0 0 escravos, e infinidade de gado, que
neste caminho lhe derao. D i a de S. Pedro e S. Paulo entrou
este Embaxador, e sabendo o Gouernador q u e estava ainda na
Ilha o v e [ y ] o aqui receber; e porque não avia lugar mais acomo-
dado q u e a nossa choupana a qual está junto à Igreja quislhe
fazer nella / o recebimento; tinhalhe feita hüa ramada m u i t o C 2 1 9 V
-J
fresca, juncado o terreiro de manjaricões bravos, e armado hü
guadamecim debaixo sua cadeira de estado de veludo carmesim
posta sobre huã alcatifa grande e assi v e [ y ] o o Gouernador em
6 embarcações com quasi toda sua gente, todos bê vestidos e
lustrosos, e fazendo oração na Igreja, que estava muito fresca
e enramada, e assi entrou para casa, e se assentou em sua ca-
deira, no lugar q u e lhe tinhão aparelhado, e dous sacerdotes h ü
o C u r a q u e aqui estava, outro q u e trouxe consigo, à m ã o dereita
e esquerda, e daqui mandou algüs homés principaes q u e fosse
buscar o Embaxador, o qual v e y o logo cõ elles e cõ a sua c o m -
panhia e cõ sua gente, e trazia por estado muitos instrumentos
músicos da terra, .s. huã cabaça cÕ hüs poucos de seixinhos
dentro, huã bozina de dente de alifante, huã engoma q u e hé
como huã alcantra, huã G u n g a q u e são como dous chocalhos
pegados hu no outro, huã viola que parecia huãs poucas de
esparrelas juntas, e huã campainha grande tangendo, que pare-
cia seguir a l g u m defunto, era muito reverendo e apessoado,
trazia na cabeça h ü barretinho d e palha, q u e qüasi lhe cobria
a terça parte da cabeça; huã capa de palmilha verde, não tinha
outro pelote ne gibão, ne camisa senão o que se usa na terra,
q u e hé andar nus, né a capa podia sofrer sobre si, porque c o m o
se assentou logo a sacudio das costas; huã emponda trazia c o m
seu pano de Rua [ o ] , c o m q u e se cobria da cinta pera baixo,
não fallo em çapatos porque não hé cousa q u e se costume trazer;
finalmente entrando pelo m e [i] o da gente e vendo de longe ao
Gouernador começou de lhe fazer grande sequerila v i n d o sem-
pre tangendo as palmas, e os instrumentos fazendo també seu
officio, q u e não avia q u e se entendesse, cÕ tanto chocalho e
buzina, e chegando recebeoo o Gouernador cõ muita alegria e
afabilidade. L o g o os seus lhe lançarão o tubulo ou quibata no
chão e m que se assentasse, q u e hé h u pano grande destes mole-
les de C o n g o , d e q u e elles usaÕ por alcatifa. A p r e s e n t o u logo
ao Gouernador huã carta q u e trazia d o Rei, q u e certificava ser
por elle mandado a esta embaxada, tratou c o m elle o Gouer-
nador muitos comprimentos dizendo q u e elReí N o s s o Senhor
o mandava a esta terra para se tungar nella, e servir cõ toda
[220] aquella gente ao A n g o l a , e defender a seus / Portugueses
dos Soacos q u e avia aqui muitos, e para desfazer os M o c a n o s
q u e entre si podesse ter, e cada cousa q u e o Gouernador dezia
a seu gosto acudiaÕ os chocalhos e sacarila das palmas, que
estrugia toda a gente. M a n d o u l h e entam dar dous pratos d e
cola, q u e elle repartio pelos principaes, e logo começou a comer
e faliar cÕ ella na boca cÕ o Gouernador; e isto da cola hé sinal
de amizade, usada do Rei, c o m os q u e quer agasalhar; acabada
a embaxada se sahio a gente pera fora, e o Gouernador o tomou
dentro a huã das nossas choupanas, onde estávamos o P . e
Bal-
tasar A f o n s o e eu, e aqui diante de nós lhe perguntou muitas
meudezas, por h u branco q u e fallava tam b e m c o m o o próprio
M u c u n g e , acerca d o Rei, e da terra, a q u e elle respondia e m
forma, mas o q u e não queria, ou não l h e parecia bê, passava
c o m o q u e o não entendesse. Finalmente o Gouernador o des-
pedio e fez agasalhar, e o despedio dentro d e tres dias, dando-
lhe u m a dadiva de peças ricas.
C h e g a d o s a esta terra ordenou o senhor Gouernador de
ajuntar muitos brancos que andavaõ pola terra espalhados, e [a]
algüs porque se temiaõ delRei d e C o n g o deu carta de seguro,
e assi os ajuntou pera se informar da terra e da disposição e m
q u e estava. VieraÕ entre elles alguãs pessoas principaes q u e tra-
ziaÕ muitos escravos e m u i b e m dispostos c o m suas armas .s.
arcos e frechas, espadas e adargas, aos quaes t a m b e acompa-
nharão algüs fidalgos da terra.
Por cartas assi d o P . e
Francisco de G o u v e a c o m o de outros
Portugueses que se acharão em D o n g o , soubemos c o m o hüs
M o c i c o n g o s disseraõ a elRei de A n g o l a em publico terreiro da
parte de elRei de C o n g o , como elle por ser seu Irmaõ o avisava
que olhasse por si, e soubesse q u e a vinda d o Gouernador e
mais Portugueses a esta terra era para lhe fazer guerra, e final-
m e n t e pera lhe tomaré seu Reino. Foi isto cousa q u e a todos
os Portugueses q u e se lá acharão assombrou, e chegou a ponto
de lhes mandare cortar as cabeças, e em especial ao P . e
a quem
c o m o principal se tornavao e m semelhantes M o c a n o s ; elle es-
tava enfermo, e sumamente atemorizado, mas prouve a N o s s o
Senhor cõ a razão q u e elle deu ao Rei, e outros Portugueses,
se pôs tudo em paz, e o A n g o l a / ficou entendendo q u e se [220 v.]
não podia tal cuidar dos Portugueses; e procedendo a enfirmi-
dade d o P . , c o m o elRei lhe tinha muita affeiçao, ordenou e
e
M o c a n o , polo perigo em q u e o P . e
estava; no fim de Setembro
recebi huã sua de q u e m a n d o a V . R. o treslado, e m q u e se
mostra de tudo isto m u i inocente, e m u i christao, e vassalo
delRey N o s s o Senhor Ç ). 1
//
O Gouernador d e C o n g o Francisco d e G o [ u ] v e a q u e este
O u t u b r o vai para o Reino ( ) e o Provisor q u e se chama A n d r é
1 2
D e s t a villa de S. P a u l o a 2 0 de O u t u b r o d e 1 5 7 5 -
( ) u
Cfr. doc. n.° 20, págs. 127-128.
( )
1 2
Cfr. doc. n.° 17, pág. 120.
A L V A R Á DE M A N T I M E N T O A O S C Ó N E G O S DE S. T O M É
(16-2-1576)
Ant.° d Abreu.
(7-H-1576)
MONUMENTA, I I I— I O
d o Rei e Reino de C o n g o , e te papeis d o Gouernador Francisco
de Gouvea em q u e o Rei de C o n g o confessa ser seu vassallo,
provendo na christandade feita em C o n g o , e nesta q u e está para
se fazer, e juntamente tirando d o caminho os impedimentos que
são gente d o próprio C o n g o , o qual tudo fará cõ admoestar a
elRei abra logo cÕ seu favor e ajuda as portas, e o mais dese
por feito, ou envie S. A . por sua provisão q u ê proveja com q u e
em tudo se façã todos chnstãos no Reino de C o n g o .
Estão aqui c o m o 3 0 0 Portugueses c o m os q u e estão pela
terra dentro. São tantos os escravos q u e saem d'aqui cada ano
comprados e vendidos q u e ordinariamente são 1 2 mil peças, e
este ano passado cÕ 4 m i l q u e morrerão foram 1 4 mil, d e ma-
neira q u e pretendo saber c o m o são cativos, acho q u e quasi toda
esta g e n t e hé escrava d o Rei, por sere alevantados [a] cada passo,
em q u e encorré por suas leis em pena de morte, por adultérios,
ou roubos, e em tal caso os v e n d e m se os achaõ e m cousa sua,
poios não matarê, e sobretudo ouve h ü A n g o l a grande, que
d i z e m sojeitou toda esta g e n t e por armas donde ficarão elles
cativos, e os senhores te villas e lugares q u e o m e s m o Rei lhes
dá cõ alçada, e sendolhes tredores e alevantados os sojeitaÕ,
de maneira q u e os podem matar ou os v e n d e m . T a m b é d i z e m
[221 v . ] ser / certo q u e se se provar q u e h o m e compra ou v e n d e pessoa
livre será destruído e p u n i d o como ladrão, c o m pena de morte,
e q u e també que as mesmas peças se não são cativas l o g o recla-
maÕ e não se deixaÕ vender.
O Senhor Gouernador quer ir a seu salvo devagar cÕ o ne-
gocio da guerra, e algüs 5 0 homés que estão pola terra dentro
p e d e m instantissimamente licença para dar guerra aos alevan-
tados, q u e estão embaraçando o caminho de A n g o l a , e assí diz
o Rei, que se os Portugueses queré lá ir resgatar, q u e LEVE
(3) Não acerta esta afirmação com a Doação feita a Paulo Dias de
Novais. Pelo contrário, deveria pagar o dízimo à Ordem de Cristo de
20 léguas de terra ao longo da costa; apenas poderia haver a terça -parte
das rendas e direitos régios e da Ordem de Cristo.—Cfr. doc. n.° 4 .
( ) Referência ao estabelecimento de Luanda, no morro.de. S. Paulo.
4
CARTA DO REI DE P O R T U G A L AO PAPA
(11-1-1577)
Beatissimc Pater
(27-2-1577)
Ï51
D a d a na cidade de Lixboa a xxbij d e feuereiro. Francisco
Taueira a fez, ano d o nascimento de nosso Senhor Jhesuü
C h r i s t o d e jb°lxxbij. L o p o Roiz C a m e l o a fez scpreuer. / [\
Antonio dAbreu
(18-3-1577)
E m Lisboa, a xbiij de M a r ç o de j b l x x b i j . / /
(28-6-1577)
Eu elRey, faço saber aos que este aluará veré, que auedo
respeito aos seruiços que Joam Roíz d Araujo, meu moço da
Camara, me te feito e por cofiar delle que no que o écar[r]egar
seruirá como cumpre a seruiço de Deus e meu, ey por bé e me
apraz lhe fazer mercê do officio de prouedor dos defuntos e
residos do Reyno de Amgola, por tempo de tres annos so-
mente, que começarão do dia que lhe for dada a posse do dito
officio e diate. E cõ elle auerá o ordenado, proes e percalços
que lhe pello Regimento direitamente pertéceré. / /
Notefico [o] asy e mando a Paullos Dias de Nauaes, Capi-
tão e Gouernador da noua pouoaçã que lhe ora madey fazer no
dito Reyno e hàs Justiças a que esta prouisaõ for mostrada e o
conhecimento delia pertéçer, que tenhaÕ e ajaõ ao dito Joam
Roiz d Araujo por prouedor dos defuntos e residios no dito Reyno
de Ãgola e lhe deixe seruir o dito oficio pelo dito tempo de tres
annos e aver o ordenado, proes e percalços que lhe direitamente
pertéceré. / /
E o dito Capitão e Gouernador lhe dará a posse delle, de
que se fará asento nas costas desta prouisaÕ, cÕ declaraça do dia,
mes e anno em que lha der, pera se saber quando se acabaõ os
ditos tres annos. E jurará é minha chancelaria aos satos avage-
lhos, que bê e verdadeiramente, com saa cÕsiécia sirua e vse do
dito officio, guardando ê todo o seruiço de Deus e meu e ás
partes seu direito. / /
Este ey por be que valha como Carta etc. Vallerjo Lopez,
diguo Vallerjo de Mesquita o fez é Lixboa aos xxbiij de Junho
de jblxxbij. Valerjo Lopez o fez sprever.
Concertado
Concertado
Amtonio dAguiar
f
P.° Castanho
(9-io-1577)
( ) Foi em 7 de Abril.
x
( ) Macicangazes (Ms. 7 6 — B M P ) .
3
BREVE DE GREGÓRIO XIII A O REI DE P O R T U G A L .
(15-10-1577)
0577)
t
J H S.
Pax X 1
Misión de Angola
A T T — ' C ó d i c e 690, fls. 26-26v. Este doc. nao está assinado. En-
contra-se no mesmo códice e em latina a fls. 32-33.
C A R T A Â N U A D A RESIDÊNCIA D E A N G O L A
(I-I-I 5 7 8)
Pax Chnsti
R E S I D E N T I A D E A N G O L A
()
x
pene insula Oloanda, diz a carta em latim, a fl. 4 9 v.
Os portugueses cotem em paz, fazendo muitas ( ) entre
2
No verso:
Annual da prouinçia de Portugal de 1 5 7 8 .
Baptista.
CARTA DO EMINENTÍSSIMO CARDEAL FARNÉSIO
AO PRESIDENTE DO CONSISTÓRIO
(Janeiro — 1 5 7 8 )
ïll. me
et R. me
Domine.
(29-1-1578)
M.D.LXXVIII.
x
( ) Erro evidente. A Ilha de S. Tomé, sede da diocese, está
situada no Golfo da Guiné. O engano deve provir de associação de
ideias com S. Tomé de Meliapor, nas índias Orientais.
PAPEL D O PADRE BALTASAR AFONSO
(22-4-1578)
[222] Dizé os pretos sempre que morre de frio por mayores cal-
mas que façaõ e dorme toda a noute cõ hü fogo diante [e]
outro aos pees, porque a sua roupa hé a com que naceraÕ; o
que mais tê hé hü loando que chamamos esteira, que deitaõ
sobre si; debaixo té o chao e cÕ toda esta má vida, e pior comer,
andaÕ tam saõs, e vivé tato, que algüas vezes vai homé dar cõ
algüs tam velhos que parece que de velhos perdem o couro,
porque p a r e c e peles de cordovao ( ) feitas em couras ( ) ve-
x 2
guerreiros. Couraça.
( ) A data é das mais variadas versões. No M s . parisino parece
3
IJO
CARTA DO PADRE BALTASAR AFONSO
(25-8-1578)
(*) Crocodilos.
ALVARÁ A D. MARTINHO DE ULHOA
(6-11-1578)
centos mil reaes cada anno; os quaes dozentos mil reaes dacre-
cetamento averá com as lemitaçoés e declarações contheudas
na dita Carta, segundo forma delia se lhe cumprirá ymteira-
mente como se a ele fora pasada e concedida. //
Pello que mando ao Capitam da dita ylha de Santhomé e
prouedor de minha fazenda em ella, que do dia que o bispo
do Martinho dUlhoa partir em diante, e[n] quanto estiuer e
residir no dito bispado, lhe façam paguar os ditos dozentos mil
reaes dacrecentamento em cada hü anno, asj e da maneira que
(6-u-i 8)
5 7
ij6
38
ALVARÁ A D. M A R T I N H O DE ULHOA
(6-11-1578)
MONUMENTA, III 12
asim pagar. E porquanto eu lhe mandej paguar em Jorge
Tibaõ, thesoureiro da Caza da Mina, per outro meu aluará,
quatrocentos mil reaes á conta de seus ordenados, pera ajuda de
se fazer prestes, os quaes se lhe [h]am de descontar dos depó-
sitos de seu dote. E naõ bastando os ditos depósitos, o que
faltar se lhe háde descontar pelo que ao diante vencer do dito
dote e asy dos dozentos mil reaes de mercê conteúdos nesta
prouisa; ey por bem e mando que se lhe naÕ faça por ella
paguamento até primeiro ser feito o dito desconto. E este aluará
se asentará no liuro da fazenda da orde, o qual quero que valha,
tenha força e vigor etc, todo o mais na forma do dito aluará
atrás etc. / /
SimaÕ Borralho o fez é Lixboa, aos bj dias do mez de
nouébro, ano de j b°lxxbiij. Eu Bertholameu Froez o fiz escreuer.
(26-11 - 1 5 7 8 )
SUMÁRIO — Manda que o prelado entenda nas obras da Sê, nos termos
das provisões passadas ao Capitão da Ilha, para que a obra
se leve a bom recado com mais brevidade.
(26-n-1578)
(14-1-1579)
0579)
IESVS
M u j t o R.° em X°P. e
Pax Christi.
R E S I D Ê N C I A D E A N G O L A
(4-3-1580)
( ) 14 (Ms. 76 — P o r t o ) .
x
CARTA ÂNUA DA M I S S Ã O DE ANGOLA
(1-2-1581)
M u i R. d0
Em Christo P nosso
e
Pax x 1
A N G O L A
( )
x
Os naturais, os pretos.
AUTO DE O B E D I Ê N C I A A D. FILIPE I
(12-6-1581)
MONUMENTA, III — 13
pesoas da gouernansa e mais pouo que prezente estaua, dar e
dare obediência ao dito senhor Rey don Felipe, e lhe oferecerem
esta jlha e todos os seus lemites como a senhor legitimo e ver-
dadeiro socesor delia e de todos os que nella viviaÕ e habitauaõ,
por serem seus súbditos e vasallos e o alleuantarem por Rey
e Senhor e por tal ho conhecerem; e loguo pellos ditos Juizes
e vereadores e procurador do concelho, por suas pesoas e é
nome de todo o pouo e pellas pesoas da gouernansa e pelos
estantes e mais pouo que prezente hera, foi dito e respondido
a ele capitão, que Deus lhe[s] fizera muyta mercê é lhes dar
por Rey e Senhor destes Reynos de Portugal ao muyto catho-
liquo senhor Rey Dom Felipe e que elles se dauaõ e constetuiaÕ
por seus súbditos e vassalos e a elle conhesiâo por Rey e senhor
e lhe oferecerão esta sua ylha e que habitauaõ e morauaÕ e suas
pesoas con todos seus lemites asy e da maneira que a pesuiraõ
os seus Anteseçores, Reys dos ditos Reynos de Portugal e que
por ele aleuantauaõ bandeira Real pubriquamente pelas Ruas e
lugares pubriquos desta jlha, aclamando seu Real nome a todo
[o] pouo e que esperauaõ que o dito senhor, conforme a sua
custumada grandeza teria lembrãsa desta dita jlha e de lhe fazer
mercês e de lhe conseruar seus preuilegios e fazer mercês de
outros necessários a esta jlha e ao bem e prol comü delia. E ele
capitão; e nome do dito senhor Rey DÕ Felipe aseitou a dita
obediência e vassalages é nome do dito Senhor. / /
Dise que tomaua, como de feito tomou, a posse da dita jlha
e seus lemites por ho dito senhor Rey dom Felipe e como seu
capitão jurou perante todos en huü liuro missal, que da dita
fortaleza se hobrigaua a conseruar a menagé pello modo e
maneira que a deu e dera a elRey dom Sebastião seu sobrinho,
que'está e gloria, quando a esta jlha o mandou e en nome
mente feito.
•Antonio Lopez, Diogo de Moraes, Pero Nunes, André Fer-
nandez, Aluaro Gomez, Antonio Gomez, Yoao Fernandez,
Lazaro d'Aguiar, Francisco Roiz, Gaspar Soares, Diogo M e n -
dez, Francisco Lopez Pinto, Bartolameu Carvalho, Simão
Luyz, Vasquo Esteueis d'Alvarenga, Francisco Labanha, Gas-
par Fernandez de Lisboa, Fernão d'Alluares, Guonçallo Fernan-
dez, Saluador Lopez, Antonio Vaz, Yoão Lopes de Beja, M a -
noel Varela, Manoel Soares, A n t ã o Gonçalves de Farão, Manoel
d^Araújo, Belchior Dias, Jorge Pouzado, Diogo Mendez, Fran-
cisco de Moraes, Manoel Lopez, Gonçallo Vieyra, Yorge Dias
Cota. / /
Bertollameu Coelho.
A 1 T — - G a v . 13-7-17.
CARTA DO PADRE BALTASAR AFONSO
PARA O PADRE MIGUEL DE SOUSA
(4-7-*58*)
rencia, que cõ razaõ me pode ter já por morto neste Guiné, mas
ouvindo-me Vossa Reverencia dirá, que naó tenho culpa, & se julgar
que a tenho, de cá lhe peço, que me perdoe, mas por tanto morto
me tive, onde andei peregrinando hum anno, & dous mezes, que
contar a Vossa Reverencia os trabalhos, & doenças, enfadamentos,
mortes, guerras, & trayçoens que tivemos, & passamos todo este
tempo, dirá Vossa Reverencia: Assim, assim pagareis a boa vida do
Canal, & de Bragança, de Coimbra, & de Évora.
Com tudo digo a Vossa Reverencia, que não há consolação que
chegue a estes trabalhos tomados por amor daquelle, que deo sua
vida por nos dar a vida, & pela obediência. Porque quãdo vejo, que
os homens do mundo, que por cá andaõ, levaÕ muyto mayores tra-
balhos, & sofrem-nos com muyto gosto somente pelas esperanças que
tem de quatro peças, & de huma pouca de prata, que ainda está em
velohemos, quanto mais corisolaçoens lhe parece a Vossa Reverencia
que teriam os filhos da Companhia, que nada disto querem, nem
pretendem, mas somente a conversão de tantas almas, quantas há
neste Guiné?
Nesta folgara de contar a Vossa Reverencia muyto miudamente
i<)8
esta casa ( ) . M a s Nosso Senhor tinha ordenado outra cousa, que
2
todos ( ) tres. Pôs isto tanto espãto aos nossos imigos que todo o
6
( ) Entregar, render.
5
sentia, era naÕ poder acudir a todos, por estar muyto doente, & de
grandes dores. Para os confessar, me levavam nos braços dos negros,
que nem a cavalo me podia ter. Outros me traziaÕ á cama, & deitados
ambos em huma esteyra, os confessava tam morto, como elles.
Pág. 643.
J Daqui nos alevantamós sempre caminhando aò longo
deste Rio avisándonos que nos estava esperando hua grande
guerra de hü ( ) fidalgo, o qual tinha convocado muita gente
1 2
( )
1 2
IVE: grande fidalgo. Pág. 6 4 3 .
( )
1 3
IVE: e outros fidalgos. Pág, 6 4 3 .
IVE: huns soldados. Pág. 6 4 3 .
( 1 5
) IVE: a buscar. Pág. 6 4 3 .
( 1 6
) IVE: com elles. Pág. 6 4 3 .
( 1 T
) I V E : dous soldados. Pág. 6 4 3 .
( 1 8
) IVE: a guerra. Pág. 6 4 3 .
( 1 9
) IVE: & repartidos: as companhias começarão de deyxar che-
gar os inimigos; emboscándose alguns soldados... Págs. 6 4 3 - 4 4 .
( 2 0
) IVE: de inimigos. Pág. 6 4 4 .
( 2 1
) IVE: grande legoa. Pág. 6 4 4 .
( 2 2
) IVE: & chibarras. Pag. 6 4 4 .
( 2 3
) IVE: para darem. Pág. 6 4 4 .
tirasse do seu lugar, e passamos adiante aonde se alojou o arrayal
ao longo do mesmo Rio.
Alli nos deraÕ de noute grandes apupadas, dizendo que ao
outro dia nos avião de comer a todos. Tanto que [ajmanheceo
ficando toda a gente meuda, e fato, e o Governador e gente
que o guardasse, determinarão de vingar a morte de nossos
irmãos; repartidas as capitanias cõ 1 5 0 soldados, deraÕ nas liba-
ras, e terras destes fidalgos, e fizeraÕ a mayor destruição, que
nunca Portugueses fizeram e ale de matare muitos, derão supito
na Banza de hü fidalgo e lhe tomarão cento e tantas peças de
escravos e escravas, e começarão de pôr fogo às casas, e Banzas
e saquear, e foitãm grande o despojo, que entrou neste arrayal,
que puderão carregar- duas naos da índia, porque foi tanto o
mantimento polas ruas e casas, que não avia que pudesse andar
pello arrayal. / /
A q u i se proveo todo este exercito de tudo, assi de panelas
para cozinhar como de pedras para fazer farinha, mel, azeite,
esteiras; e infinidade de capados ( ) , galinhas, carneiros, e muito
2 4
sal, que por esta terra estar perto das minas do sal achavão casas
[224 v.] chefias], e pondolhe o fogo, davao tam / grandes estouros que
saltavão por esses ares que parecia artelharia. Acharão huã casa
redonda que chamaõ Dumbe, que diz que tinha 4 0 passos de
roda, toda che[i]a de mantimento, cÕ seus sobrados, cousa
muito para ver; assi como.estava lhe poserão o fogo e por tres
dias que ardeo ( ) foi tam grande o espanto, que pôs esta des-
2 5
( )
2 4
IVE: chibarros. Pág. 644.
( )
2 5
IVE: ÔC poz tres dias em arder. Pág. 644.
( )
2 6
IVE: hum fidalgo. Pág. 644.
toda a gente a obedecer, e hé agora muito nosso amigo. Isto foy
por dia de todos os Santos ( ) .2 7
( ) Dia 1 de Novembro.
2 7
( )
3 1
IVE: nossa gente de guerra. Pág. 646.
nhecendo chegou toda a gente ao arrayal, e somente 8 Portugue-
ses morrerão, e algús 20 negros entre Christãos e Gentios ( ) . 3 2
todos eraÕ mortos; já se vè, que tal estaria todo este exercito com lhe
terem morto a flor da gente.
Quiz nosso Senhor, que em amanhecendo chegou toda a gente,
& somente oyto Portugueses morrerão... Pág. 646.
( ) I V E : mandava. Pág. 6 4 6 .
3 3
de promissão, mas tenho medo, que todos estes inconvenientes saÕ por
justos juizos de nosso Senhor, & por assim o merecerem nossos pecca-
dos; pois vemos com os olhos a mayor riqueza, que dizem aver no
mudo, a qual, se nosso Senhor for servido se chegue assima tres dias
de caminho, que pode ser sinco legoas, daqui donde estamos vendo
as serras, que dizem' tudo ser prata, conquistarse há este Reyno, &
seram todos sugeytos, & os feyticeyros velhos tirados da terra, & os
meninos se criaram com a doutrina Catholica, & seram bõs Christãos,
que sem isto nunca o seram. Esta carta toda hé de guerras, porque
caminhamos entre inimigos, posto que entre elles nunca faltavaõ no
arrayal as ajudas espirituaes.
Tínhamos feyto huma Igreja muyto boa, & fresca, ainda que
de palha, sempre aos Domingos, & festas se armava com muytas
palmas, & ramos frescos. Todos os Domingos avia cõfissoens, & com-
munhoens. Fizemos todos os Officios da Somana Santa, aonde à
Quinta feyra de Endoenças ouve mais de trinta communhoens, todos
EstavaÕ aqui presos cinco negros nossos imigos para os jus-
tiçaré; hü dia se deitarão ao Rio, e indo nadando hü delles que
mais nadava, se lançou hü lagarto ( ) da outra banda do Rio, e o
3 6
(31-1-1582)
(*) 24 de Junho.
( ) Primogénito, mais velho.
2
( ) 21 de Dezembro.
3
209
Há cá tantos cavallos marinhos, que andão nestes Rios quê
nos daõ muito trabalho, e são mayores que alifantes, porque
so cÕ huã dentada, ou cõ huã pancada da mao, abrem huã canoa
pola meyo. / /
Dia de Reis ( ) se bautizou o Songa no lugar onde estava
4
( ) 6 de Janeiro.
4
2 IO
perto de 4 0 0 . Forao tantos os ídolos que queimei de hua parte
e da outra do Rio Coanza, que se não pode crer.
A o longo deste Rio me espantei de ver huã sorte de gente
que té suas casas e habitaõ debaixo das raízes dos mangues, que
são arvores do Rio, que lanção as raízes dos ramos para baixo,
onde vivem tam acompanhados de caranguejos, que já os não
estranhão, porque, quando come lhe andaõ por cima do comer,
e quando dorme por cima dos olhos. / /
D e Loanda a 3 1 de Janeiro de 1 5 8 2 .
(31-1-1582)
Balthezar Barreyra
(19-3-1582)
( ) D. Martinho de Ulhoa.
x
Attendendo pois que em mandar Religiosos da nossa
Ordem para acudir a tal necessidade, se faz grade seruiço a
Deos, se dará gosto a sua Santidade, & corresponderemos com
o desejo do Católico Rey D . Felippe, debaixo de cuja protecção
estão aquellas almas, que como tenha Deos posto em elle hü
viuo desejo de emsalçar sua santa Fè Católica, não há cousa
que mais queira, que os Religiosos procuremos (guardando
nossa obseruancia) fazer obras tam conformes a nosso estado
em a Religião, que professamos: & que nosso Reuerendissimo
Padre Geral, ainda que pella breuidade do tempo não podemos
darlhe notícia desta Missão como Religioso tam christianissimo,
& Zeloso quando a saiba, a terá por boa. / /
Auendoa consultado com os Reuerendos Padres Frei João
de Jesus, Prior do nosso Conuento de S. Pedro de Pastrana,
& Fr. Gregorio Nazíanzeno Prior, & com todo o Conuento
deste mosteiro de S. Aleixo de Valhadolid. Seguindo o conse-
lho, & parecer do Reuerendo Padre Fr. Ambrósio Mariano
de S. Bento, Presidente no Conuento de S. Felipe de Lisboa,
& de Fr. Niculao de Jesus Maria nosso sócio ( ) . 2
Por tanto pella presente, & pella autoridade que nosso mui
santo Padre Gregorio XIII me concedeo a mi, & a todos os
Prouinciais da nossa Ordem em o Breue da separação da Pro-
uincia, &£ pella faculdade que do Capitulo Prouincial de nossa
Prouincia tenho, e pella autoridade do meu officio, nomèo para
o ministério da conuersao das partes de Guiné aos Reuerendos
Padres Fr. Antonio da Madre Deos, Fr. João dos Anjos,
Fr. Francisco da Cruz, & os caríssimos Jrmãos Fr. Sebastião
dos Anjos Diácono, & Fr. Diogo de S. Bruno, & lhes dou
licença para poder passar em o nauio que se offerecer (segundo
o dito Padre Mariano ordenar) às partes de Guine, e Ethiopia,
21J
de Lisboa, cometo minhas vezes ao dito Reuerendo Padre Frei
Ambrósio Mariano, que ao presente reside em a tal Cidade,
para que o que acerca disto se offerecer, possa dispor, ordenar,
& mandar, como se eu mesmo presente estiuesse. Em fè do
qual dei a presente firmada do nosso nome, & sellada com o
sello da Prouincia. / /
(31-7-1582)
(1-9-1582)
Dom Philipe etc. faço saber aos que este alluará v i r e m , que
avendo eu respeito aos seruiços que tem fejtos Luis Alluéz
Landeiro, caualeiro fidalgo de minha casa e á boa jnformaçao
que se delle ouue e por confiar que nisto e no mais é que o
encar[r]egar me seruirá be e fielméte, como cumpre ao seruiço
de Deus e meu, ey por be fazerlhe mercê do offiçio de Thesou-
reiro das fazendas dos defuntos do Rejnno de Angola e em todas
suas capitanias, té o Cabo de Boa Esperança, que vagou per
faleçiméto de Christouâo Ferras, que o seruia per prouisao, a
qual mercê lhe faço por tempo de tres annos, com o ordenado,
próis e percalços que direitaméte lhe pertençeré pello Regiméto
do dito offiçio. / /
E mando ao capitão e gouernador do dito Reynno de A n -
gola, que lhe dê posse delle, porquanto tem já dado fiança de
mil cruzados ao reçebimeto do dito offiçio, segundo se vio per
certidão de Dyogo da Fonseca, thesoureiro das fazemdas dos
defuntos de Guiné e partes do Brasil, que resjde nesta cidade
de Lisboa, é que çertificaua ficar a dita fiança e seu poder,
feita por João de Burgos de Figueiredo, publico tabeliam das
notas em Villa Noua de Portimão; da qual posse se fará assento
nas costas desta prouisao, assjnado pello capitão e gouernador,
cÕ declaração do dia, mes e anno e que lhe foy dada, pera se
saber quando se acabaõ os ditos tres annos, que se começarão
do dia é que tomar a dita posse é diante.
Notefico o assj e mando ao dito capitão e prouedor dos
defuntos e a todas as mais Justiças e pessoas que o tenhaõ e ajaÕ
por thesoureiro das fazendas dos defuntos e todas as mais Jus-
tiças e pessoas que o tenham e ajaÕ por thesoureiro das fazendas
dos defuntos (sic) do dito Rejnno de Angola e suas Capitanias,
té o Cabo de Boa Esperança e lhe deixe aver o ordenado, próis
e precallços cõteudos no dito regimento e cumpra e guardem
esta prouisaõ como se nella contem, sé duuida nem embargo
allguü que a ello lhe seja posto; e o dito Luis Alluéz Landeiro
jurará é minha chancelaria aos sâtos evangelhos etc. e este ey
por bé que valha etc.
Luis Alluéz da Sillua o fez é Lisboa, ao primeiro de setem-
bro de mil b° lxxx e dous, e o despacho per que fiz mercê ao
dito Luis Alluéz do dito offiçio foy feito a xj de agosto do anno
passado de b° lxxxj. Valleryo Lopez o fez escrever.
(1-10-1582)
Dom Philippe etc. faço saber aos que este aluará vire que
avendo respeito aos seruiços que tem feitos Luis Alluez Lan-
diro, caualeiro fidalgo de minha casa e à boa êformação que se
delle ouue e por confiar que nisto e no mais é que o écarregar
me seruirá be e fielmente, como cumpre ao seruiço de Deos e
meu, ey por be fazer lhe mercê por tempo de tres annos da
seruentia do offiçio de Memposteiro mor da Rendição dos Ca-
tiuos do Reyno de Angola, e é suas Capitanias, tee o Cabo de
Boa Esperança, que vagou per faleçiméto de Christouão Fer[r]ás
que o seruia por prouisaõ e auerá é cada hü anno dos ditos tres
annos, que se começarão do dia que tomar posse do dito offiçio,
hü marco e meio de prata, que hé o mantimento ordenado ao
dito offiçio ou sua justa yrllya e assi os próis e percalços que
por seu Regimeto direitamete lhe pertençere, o qual lhe será
dado assinado pello presjdente e deputados do despacho da
Mesa do Conçiençia e Ordens e será obrigado [a] enviar por
letra no fim de cada hü dos ditos tres annos ao thesoureiro da
dita Rendição que anda é minha corte, todo o dinheiro que
tiuer recebido, o qual lhe será car[r]egado em reçeyta pello es-
criuão de seu cargo, que delle lhe passará conhecimento em
forma, pera sua conta e assj enuiará no fim de cada hü anno
com o dito dinheiro o treslado autentico do liuro de seu reçe-
biméto ao contador da dita Rendição, que outro sy anda é
minha corte, que passará sua certidão de como lhe fica em
poder e no cabo dos ditos tres annos será outro sy obrigado a
vir dar cota de seu reçcbimeto ao dito contador e de sua conta
tirará sua quietação Q) é forma. / /
Notefjco o assj e mando ao capitão e gouernador do dito
Reyno de Angola e ás mais Justiças e pessoas a que esta proui-
saÕ for mostrada e o conhecimento dela pertencer, que tenhão
e ajão o dito Luis Alluez Landeiro por memposteiro mor dos
catiuos do dito Reynno de Angola e suas Capitanias té o Cabo
de Boa Esperança e lho deixe ter e seruir pelo dito tempo de
tres annos e ao ( ) capitão e gouernador lhe dê posse da dita
2
(13-11-1582)
A P O S T I L L A . //
Rei.//
(1582-1583)
nos de três anos» que Paulo Dias de Novais fora para Angola pela
segunda vez. Ora o primeiro governador de Angola aportou a Luanda,
pela segunda vez, com os.seus nove navios e quatro jesuítas, em 11 de
Fevereiro de 1575.
A alusão à matança de 30 portugueses e de grande número de
escravos «soltos», livres ou cristãos, não deve ser outra senão aquela
a que se refere Frutuoso Ribeiro em carta de 4 de Março de 1580,
facto ocorrido pouco antes da sua chegada a Angola com o mesmo
P. Barreira, em 23 de Fevereiro de ,158o, como se deduz das suas pala-
e
(1582-1583)
( ) Qualidades, prendas.
2
[Balthesar Barreyra]
(3-1-1583)
(15-1-1583)
x
( ) Na Igreja de Santa Maria Maior, em Roma, conserva-se na
riquíssima Capela Paulina (Borghese) um quadro de uma Virgem de
estilo bizantino atribuída ao pincel de S. Lucas.
V i raccomando tutte le cose che sapete essere necessarie
per questo Regno, et le domandarete et ricercarete per mia parte
dal Sommo Pontefice Nostro Signore. / /
Fatta da Don Sebastiano Aluarez nostro Secretario et Scri-
uano dalla nostra Purità et Camera, sigillata col nostro Sigillo
Reale, alli xv. di Gennaro 1 5 8 3 .
Re Don Aluaro
(Locus sigilli)
(18-1-1583)
Eu ellRey faço saber aos que este alluará vire, que por
cofiar de Gaspar Roiz Mouzjnho meu moço da camará que
seruirá bê e fielmente como deue o officio descrjuão das fazen-
das dos defumtos do Reynno de Congo e dante o memposteiro
mor e dos deposjtos dos ausétes do dito Reynno, ej por bê e
me praz fazer lhe mercê do dito officio cÕ o maÕtiméto, próis e
precallços que lhe direitamente per Regimento pertençeré,
êquanto eu o ouuer por bê e não mandar o cÕtrario; e sendo
caso que lho quejra tirar nao terá mjnha fazenda obrigação a
lho satisfazer. / /
CÕcertado Concertado
Pero dOliueira Antonio d Aguiar
(20-1-1583)
Ré Don Aluaro
t
(Lo cus sigilli)
(8-2-1583)
(4-5-1583)
Eu el Rei £aso saber aos que este aluará uiré, que eu ey por
bé e me praz que Lopo Delgado, meu moço da camará, a que
por outra minha prouizáo fiz hora mercê da seruentia do offiçio
de.escriuão dante o prouedor da fazenda das capitanias do estado
do Reino de Angola até o Cabo de Boa Esperança por tempo
de tres anos, se tanto durar a auzençia de Gaspar Ferreira, cujo
o dito offiçio hé e o não for seruir per si, tenha e aja de manti-
mento ordenado cÕ elle sesenta mil reis cada hü dos ditos tres
anos, pagos no feitor da feitoria de Angola e duas pesas forras
resgatadas cõ sua roupa, que hé tudo outro tanto como tem o
dito Gaspar Ferreira per sua carta.'/'/
Pelo que mando ao feitor da dita feitoria que lhe dê e pague
cada ano os sesenta mil reis do dito ordenado por este só aluará,
sem mais outra prouizao; e pelo treslado dele, que será registado
rio iiüro de sua despeza pelo escriuao da feitoria cÕ seu conheci-
mento e sertidaõ do prouedor de como serve o dito offiçio,
mando que lhe sejaÕ leuados em conta o que pela dita maneira
pagar; e ao capitão da dita capitania, prouedor e offiçiaés da
feitoria dela, que lhe deixem em cada hü dos ditos tres anos
mandar resgatar as duas pesas forras de sua roupa como dito
t.
dele aja de durar mais de hü ano, sem embargo da ordenação
do segundo liuro, titulo vinte em contrairo. / /
Gonçalo Ribeiro o fez em Lisboa, a quatro de maio de mil
e quinhentos oitenta e tres. E eu Rui Diaz de Menezes o fiz
escreuer. / /
Rey
João Gomez.
Gaspar Maldonado. / /
Registado na chancelaria no liuro.'/ f
Christouã Castanho. 1. 1 6 6 . / /
Belchjor Monteiro.
Hl
; REGIMENTO DE D. FILIPE I A JOÃO MORGADO
(19-8-1583)
(3-10-1583)
(*) Crocodilos.
R E G I M E N T O A O PROVEDOR D A F A Z E N D A DE A N G O L A
(27-10-1583)
que se recolha toda em hua casa que pera isso ordenareis com
parecer do dito gouernador, que será forte e segura, a qual casa
se fechará com tres chaues de diferentes guardas, das quais uós
tereis hua e o dito feitor outra e a outra chaue terá o escriuaõ
que escreuer a dita Receita, pera que se nao possa tirar prata
algua da dita casa se uós e sé os ditos officiaes seré presentes.
Visitareis as mais uezes que puderdes per uós as ditas minas
e engenhos e sabereis se as pesoas que estiuerem postas por
guardas uegiaÕ e recolhem os metaes que se delias tiraÕ com
cuidado e em maneira que por sua culpa ou descuido naÕ aja
falta; e bem assy sabereis se apontaÕ a gente do dito seruiço
como deue, pera que as pagas dos que serue se façaÕ aos que
se deuer e como conué.
E assy sabereis cõ muita diligencia a cantidade do metal
que se tira em cada hua das ditas minas em cada hü dia, uendo
por esta maneira o que ue a montar cada somana pouco mais
ou menos e esta mesma diligencia fareis na prata que se for
fundindo, pera que na milhor maneira que poderdes emtender-
des se na entrega deste metal e prata há algu engano e o que
achardes comonicareis com o dito gouernador pera cÕ seu pare-
cer prouerdes como conué a meu seruiço.
E sendo caso que se descubrao alguãs minas de outros me-
tais uós uos juntareis com o dito gouernador e lhe fareis saber
das minas que se assy acharé e com seu parecer fareis diligencia
pera que se saiba o que cada huã das ditas minas responde.
E parecendo ao dito gouernador e a uós que hé meu seruiço
benefiçiarensse por conta de minha fazenda, o fareis fazer pella
ordé que neste Regimento está dada no beneficio dos outros
metais.
Mandouos que tudo o que no negocio das ditas minas
ordenardes o comuniqueis sempre com o dito gouernador, por-
que pella confiança que delle. tenho nas cousas de meu seruiço,
o ey assy por bem.
E aos seruidores e pesoas que trabalhare nas ditas minas se
fará pagamento de seus jornais à custa de minha / fazenda nas
mercadorias que ouver pella ordé que cÕ parecer ao dito gouer-
nador uos parecer mais seruiço e em maneira que as pesoas a
que se deuer sejaõ pagas ao tempo ordenado de seus jornais.
Os quais pagamentos se faraõ per roíz, asinados por uós,
que o escriuaõ da dita feitoria fará, que ficarão pera despesa do
dito feitor; e os guardas das minas teraõ cargo de apontarê os
ditos seruidores e uos emtregaraõ o dito ponto no fim de cada
somana pera por elle se fazeré os rois per que hão dauer os ditos
pagamentos e auendo no dito Reino de Angola escrauos meus,
catiuos que sejaõ pera seruir nas ditas minas e beneficio delias,
os metereis no dito seruiço, aos quais se dará somente o manti-
mento necessário.
E porque ey por meu seruiço que todas as minas que saÕ
descubertas ou se descubriré no dito Rejno dAngola se bene-
ficie por conta de minha fazenda e por ordé de meus officiaes,
uos mando que naÕ consintaés que pesoa ( ) algua, de qual-
x
(20-11-1583)
(4-1-1584)
(14-1-1584)
dAngolla.
(16-4-1584)
por terra, que dous tiros defenderão a entrada, mas tomalos hão
à fome, e às mãos, acabado de se lhe gastar essa pouca pólvora
que té. De tudo isto o que se mais sente hé dous fidalgos nossos,
(19-6-1584)
(*) 25 ( M s . 7 6 — - P o r t o ) .
( ) 41 (Ms. 7 6 — P o r t o ) .
2
achaose negros e agoa de que fàzé agoada. A q u i concordarão
[230 v.] os Capitães, que seria bom arribar a S. Thomé, mas / primeiro
fornecerão huã nao dos mantimentos de todos e deramlhe
i o quintaes de pólvora e arcabuzes cõ obra de 7 0 ou 80 sol-
dados e despediramna ( ) logo para acudiré ao Gouernador que
3
(23-6-1584)
( ) Villa ( M s . 7 6 — B M P ) .
3
( ) 25 (Ms. 7 6 — B M P ç M s . de Paris).
4
C A R T A DE D. M A R T I N H O DE U L H O A , BISPO DE S . T O M É
(Julho de 1584)
Senhor
Indi[g]no Capellão de V . A .
B [ i s ] p o de são Thomé* ( ) . 4
A T T —CM-2-131.
(27-9-1584)
Jesvs M a n a ,
( ) Dia 2 i de Julho.
2
& dia santo lhe dizíamos M i s s a , ôí prègauamos, particular-
m e n t e dia de nosso Padre santo A l b e r t o fizemos grande festa,
porque ouue M i s s a cantada m u i solemne, & pregação. O IrmaÕ
Fr. Francisco, ensinaua cada dia a doutrina, & cantaua muitas
coplas deuotas c o m q u e se entretinhao os soldados, & se a l g u m
juraua, fazialhe rezar sete Padres nossos de joelhos. Encon-
tramos e m o c a m i n h o outra N a o da mesma A r m a d a , ( q u e por
socorrer ao Gòuernador de A n g o l a , nao auia hido a S. T h o m è ) ,
& c o m auer perto de dous meses, q u e estauao as companheiras
e m S. T h o m è , c o m tudo isso a alcançarão. V i n h a o todos m u i
perdidos, forão dous de nos là animalos, &C socorrelos c o m
a l g u m mantimento, & confessarão os mais delles. N ã o nos
puderão lançar e m Pinda, porque não sentirão as correntes d o
rio de C o n g o , q u e deita quarenta legoas ao mar agoa doce, &
tem por onde se passa sete legoas de largo. C o s t u m a u ã o estar
h u m mes as N a o s esperando vento rijo para passar este rio, ÔC
esta v e z o não sentirão, cousa q u e todos tiueraõ por milagre.
C h e g a m o s a 1 4 . de Setembro a A n g o l a , ainda q u e contra
nossa vontade, porque quizeramos, q u e nos deixarão e m Pinda.
O Gòuernador, dia da N a t i u i d a d e d e nossa Senhora ( ) 3
deu
batalha c o m c e m homens, a h u m milhão, & seis centos m i l
negros, & m a t o u mil delles, morrendo só dos seus quatro ( ) . 4
( ) Dia 8 de Setembro.
3
( ) Pobres, parcos.
6
d i z e m , tomao, & se quizessem agora plantar hua Igreja primi-
tiua, & entrasse gente apta para isto, m u i t o facilmente se
faria. M a s ay dor, que esta já toda esta Christandade cÕtami-
nada c o m m a o exemplo dos homens brancos. E n t e n d o q u e se
entráramos e m h u m Reyno, onde não ouuerão visto n e n h u m ,
poderamos fazer delles q u a n t o quiséramos. / /
H á aqui homens q u e tem mais de mil negros, & negras
escrauos, e m todo o anno lhes nao daõ h u m bocado a comer,
n e m h u m pedaço de pano para cobrirem seu corpo, deitáonos
por esse campo, a q u e [se] m u t i p l i q u e m c o m o vacas, & alem
disso hão d e dar cada somana h u m tanto a seus amos. Por aqui
entenderam a grande necessidade q u e há cá de Vossas Reueren-
cias, venhão, venhão a buscar a ouelha perdida, q u e aqui a
acharam, venhão a buscar esposas para Christo, q u e aqui acha-
ram muitas. N ã o temão a terra, porque lhes certifico, q u e hé
mais temperada mil vezes q u e Lisboa, & tem os homens mais
saúde, q u e por lá. N o s s o Senhor, òxx. / /
I n d i g n o filho de V . V . R.R.
Fr. D i o g o da Encarnação.
(28-9-1584)
E l R e y de C o n g o .
A 4 d e octubre d e 1 5 8 4 .
(31-10-1584)
Senhor
E pede o soplicante a V . M a g e s -
P. que V. Magestade mande
a
tade se mande informar deste
«screuer ao Car[deal] Archidu-
que que cometa este negocio ao feito, e das calunias q u e nelle haa
licenciado Lourenço Correa, por pera leuar á fazenda de V . Ma-
quãto correo por elle na fazenda,
que se enforme do que no caso gestade doze quontos, sem se lhe
passa, e enforme com seu pa- deuer cousa alguã delles. E cons-
recer.
que se escreua a S. A. que tando delias mande dar juizes sé
veja esta petiçam com os desem- sospeita q u e o detreminem, por
bargadores do paço e lhe faça
íazer justiça. quanto pagando os á fazenda de
fez se carta cõforme às tres V. Magestade, fica elle sopli-
jregras acima.
cante obrigado a elles. E nao
prouendo V . Magestade nisto,
protesta de nao ficar obrigado a
cousa alguã, porquanto a causa
estaua já finda, c o m o tudo mais
largamente se c o n t h e m na piti-
çaÕ, q u e se verá, porque aquy
nao se refere mais q u e a sustân-
cia delia.
•de Paulos Diaz na Mesa da Cõ- trinta mil reis d e tença, e o ha-
çiençia ' as diligencias ordenadas bito de Christo, q u e o dito seu
e constando por ellas que tem as
qualidades que se requerem, lhe pay tinha cÕ elles. E por q u a n t o
faça V. Magestade mercê de lhe hee hora falecido seu pay, pede a
mandar lançar o habito em An-
gola. E que os trinta mil reis de V. Magestade que lhe faça
tença possa trespassar em huã de mercê de lhe mandar lançar o
suas sobrinhas ou em ambas
como mais quiser, auêdo respeito habito em Angola, e que os
a seus seruiços e a serê filhas de 30V [30.000] reis de tença,
Dom Rodrigo, que morreo na
batalha dAlcacere. elle os possa trespassar e m h u a
que sobreste esta resposta té de duas sobrinhas q u e tem, fi-
virem Cartas de Angola.
lhas de D o m Rodrigo de C a s t r o
seu cunhado, q u e morreo na ba-
talha dAlcacere, porquanto fi-
carÕ m u y pobres.
P. r a
//
(2-12-1584)
( ) zimbos.
3
N ò s outros os naÕ recebemos c ò m admiração de todos, & assi
vierao a r i a m os trazer. / /
C h e g a m o s a hüa villa, q u e se chama B u m b e , onde achamos
h u m sobrinho delRey, ordenado d e E u a n g e l h o ( ) , & 4
tinha
licença d o Bispo para bautizar. A c u d i o a esta villa muita gente
a bautizarse; nos outros estauamos confessando, & assi se
pos ( ) o sobrinho delRey a bautizar; pedialhes os cimbos acos-
5
( 4
) Ordem sacra de Diácono.
( 5
) Leia-se: pôs.
( 6
) Cfr. doc. de 28-9-1584, doc. n.° 73, págs. 281-282.
( 7
) Corruptela de Manjbamba=Manibamba: Senhor de Bamba.
( 8
) Intérprete.
( 9
) Também, mesmo.
poucos se saluaÕ; porque n a m há q u e m lhes ensine, n e m lhes
diga, que cousa hé D e o s . Confessar ou comungar, ou ouvir
M i s s a e m todo o anno, n a m há memoria disso, e isto succede
e m todo o Reyno, somente tem o bautismo. Por estes se entende
aquillo: Parvuli petierunt panem et non erat quis frangeret
eis ( ) . Se a l g u m Padre v e m a este R e y n o , seu principal intento
1 0
D e C o n g o 2. d e D e z e m b r o d e 1 5 8 4 .
Indigno filho de V V . R R .
(14-12-1584)
IESVS MARÍA.
( ) Dia 8 de Setembro.
6
Rey dÕ A l u a r o , •/•/ ( )
8
( ) Em estatua, escultura.
9
E l R e y quiere q u e enseñemos Gramática a los hijos de sus.
hidalgos, será necessario q u e V s . Rs. nos embien libros, y quien
nos a y u d e a ello.
D e A n g o l a ay nueuas q u e elRey se rindió a Paulo D i a z el
gouernador, y le offrece la mitad d e su Reyno, con la sierra de la
plata: dize que se quiere hazer Christiano: Paulo D i a z dize,
q u e sea Christiano ñora buena, pero quiere el R e y n o todo,
porque piésa lo haze por m i e d o del exercito q u e su M [agestad]
há embiado co el Corregidor l u á n M o r g a d o . / /
V n R e y q u e llaman el Rey de Loango, embia por sacerdotes
para hazerse Christiano, q u e por falta dellos no lo es el y su
gente. / /
Y otro Rei q u e llama del Rio Aforcado, q u e alinda con el
Preste l u á n y C o n g o , que es y a Christiano, clama tábien por
sacerdotes, para que baptizen a su Reino: y lo m i s m o hazé los
A b u n d o s ( ) , q u e es tierra m u y fresca de fuentes, y de infini-
1 0
('584)
Jhvs
(19-1-1585)
tes, q u e foi cousa nunca vista dentro e m tres dias caírem todos.
D e u muito trabalho ao Goüernador e mais soldados velhos por-
q u e ficarão todos os remédios, assi de médicos, c o m o de botica, e
conservas tudo nesta Loanda, tudo por descuydo dos C a p i -
tães. / /
Aos 1 2 de N o u é b r o partio o P . e
Baltasar Barreira, e o
P. 9
D i o g o da Costa desta Loanda e m companhia de João M o r -
gado, e mais soldados polo Rio C o a n z a acima, aonde se encon-
trarão cÕ a nossa guerra, q u e os estava esperando, e se forão apre-
sentar áo Goüernador, e despois de todos juntos, se avia d e tra-
tar d e se alojaré de propósito nas minas principaes, q u e são as
de Cambambe. / /
Está o Goüernador três legoas das minas, donde cada v e z
q u e quer mandar 1 0 0 soldados, corre toda a terra das minas,
porque tê consigo o próprio fidalgo senhor das minas, q u e hé
parente m u i chegado d o Rei d e A n g o l a . / /
H u a cousa heide avisar a V . R. q u e hé de serviço de D e u s ,
q u e m e parece q u e se elRei fosse informado da verdade pro-
veria nisto. T o d o s os arcabuzes q u e vierão nesta armada não
serve cá mais q u e de matar os soldados q u e tirão cõ elles, porque
diante d e m y arrebentou h ü , q u é matou a h ü soldado q u e e m
toda a sua vida andou e m Itália e e m outras partes, e v e y o
acabar cÕ lhe arrebentar o arcabuz na m ã o , e cada passo arreben-
tavão tantos, q u e quando chegamos, posto q u e levavão d e so-
bresalente já faltavão, cõ não aver guerra; não servem cá senão
espingardas compridas, e essas feitas de boÕs officiaes, e não de
( ) muito ( M s . 7 6 — Porto).
2
( ) Flandres.
4
CARTA DA C Â M A R A DE C O I M B R A A EL-REI
i v ( 2 1
-4- 5 5)
X 8
( ) Almedina.
2
notauell escãdalo e perjuizo a 'todos; e por estes yncõuenientes
e outros muitos, se mandou jaa pollos Reis pasados se nao fi-
z e s e [ m ] sèmelhamtes colegios n o m e [i] o da cidade, se nao e m
outros sitios separados da uizinhamça da cidade, como hé na
Rua de Santa Sufia q u e estaa n o cabo delia, o m d e estaa ( )
muitos collegios; e polias mesmas resoís, queremdo o bispo q u e
.foi de M i r a n d a ( ) fazer outro colegio d o orago de Saõ Pedro,
4
D.° M a r m e l . r o
/ / P.° de Figueiredo / M a n o e l l de M e l l o
7 A m t . ° Dias da Costa / Simaõ P i z / Jerónimo F r . . ' / / 0 0
(4-6-1585)
() x
Sic. Leia-se: cativado.
para isso; cm alguas partes delia há grandes calmas e m u i t o
doentias e secas se agoa, e pelo contrario outras m u i t o sadias e
frescas, e tem muitos Rios, fontes, regatos, grandes palmares e
bananais q u e hé a melhor fruta da terra. Outras frutas há, mas
são bravas e valem pouco. O m a n t i m e n t o ordinário hé milho,
h ü pouco mais grado que o de entre D o u r o e M i n h o , e feijões.
N e s t a s partes frescas darsehá trigo, e frutas e ortaliça de Portu-
gal se lho semearé. / /
A s minas de prata são huãs serras m u y compridas, eu as
vi mas foy hü pouco de longe. Se tudo é prata c o m o dizê,
c r e [ i ] o q u e se não acabarão d'aqui a 3 0 0 anos. / /
H á muito g a d o pola terra dentro, e antes q u e a nossa guerra
chegasse às minas soube de hua feira q u e se fazia perto donde
estavão; dando sobre ella cativarão mais de 5 0 0 peças e 5 0 0 ca-
pados, e lefucos 1 4 mil ( ) ; hü lefuco tem 1 5 0 reis de fazenda
2
D e A n g o l a a 1 4 de Junho de 8 5 .
(14-6-1585)
3.'8
CARTA D O PADRE D I O G O D A COSTA
(20-7-1585)
D e A n g o l a a 2 0 d e Julho de 8 5 .
(27-8-1585)
( ) 24 de Agosto.
x
Deste M a ç a n g a n o , a 2 7 de A g o s t o de 8 5 .
( )
4
Diz em outra carta o mesmo P. Barreira que os imigos
e
(4) À margem: Diz outro P. que erao os imigos hum conto e do-
e
zentos mil. Outro padre diz que 600 mil e que occupavão duas legoas.
( ) Sic. Os Mss. de Paris e do Porto registam «hum» conto,
s
isto é, um milhão.
CARTA D O CARDEAL ALBERTO A FILIPE II
(6-5-1586)
Senhor
D e Lixboa a 6 d e m a y o d e b l x x x b j .
S. C . R. M ;
d e
(14-5-1586)
( ) Primogénito e herdeiro.
2
D e Loanda, 1 4 de M a y o de 8 6 .
(31-5-1586)
[234] N o m e s de Julho ( ) x
d e 8 5 , indose a nossa guerra apo-
derando d e quasi toda a liamba, q u e será a terça parte deste
Reino, q u e está entre a Lucala, e o R e y n o de C o n g o , indo por
diante para sojeitaré h ü grande soba, ouve h ü grande descuydo
nos Portugueses, e m não acompanharé hüs poucos de carre-
gadores q u e lhe levavão seu fato, e deixaramnos atrás de m o d o
q u e derão sobre estes carregadores hüs poucos de ladroes imigos
q u e c h a m a m os Soasas, e tomarão-lhe [s] os motetes q u e levavão,
e cativarão hüs poucos; entre estes hia h ü motete d o Capitão,
dentro d o q u a l hia h ü retabolo d e N o s s a Senhora, q u e os Por-
tugueses traze consigo sempre nas guerras e t e m l h e grandís-
sima devoção, e todos os dias diante deste retabolo tem suas
ladainhas, de m o d o q u e o negro q u e levava este motete o lançou
ao l o n g o d o caminho, e pos se e m saluo. Passarão por ali os
Soasas muitas vezes, e a V i r g e lhes tapou os olhos d e maneira,
q u e co o motete estar bé patente, nunca o virão, e alli esteve
perto de h ü mes. / /
( 2
) por cima: soberba.
( 3
) para o ( M s . 7 6 — P o r t o ) .
( 4
) feito (id.).
( 5
) por cima: alijantes.
huã quarta feira, 1 3 de Setembro de 8 6 ( ) , v i n d o b ü L u c a n z o
6
()
7
Sic. O sentido da frase parece exigir a leituras nos.
R e y n o , e serve para muitas cousas, c o m o serve o d o R e y n o .
T a m b e destas palmeiras tirão grande quantidade d e v i n h o e hé
t a m b o m para o estômago, q u e como nos costumamos a elle
enjeitamos o de Portugal por elle, mas c o m o passa d e dous dias
fazse vinagre, o qual tambe nos serve, e arremeda o agraço das
uvas. / /
E m todas estas serras há muitas minas d e quasi todos os
metaes, e querê dizer, q u e c o m o o Reino for todo sojeito a
Portugal, q u e se acharão minas d'ouro, principalmente no M o -
seque, q u e hé a mais rica terra de todas, e mais fresca, e sadia
q u e as outras. A q u i estão as minas de prata de C a m b a m b e que
são as mais ricas q u e os Portugueses té agora té achado. Estas
minas são serras altas, e m u i compridas, d e penedia, e não são
como lá imaginão e [que] luze por fora, são c o m o as d o R e y n o ,
[236 v . ] somente té muitas v e [ i ] a s d e prata, as quaes quanto mais /
cavão, tanto mais tirão mayor quantidade e melhor prata; destas
v e [ i ] a s há muitas q u e parece ser impossível acabarense nunca.
M i n a s há tam ricas, q u e somente os ferreiros d o Rei sabem
aonde estão, e quando querem tirar prata para o Rei, achão as
vergas tam grossas, que não lhe[s] faze outro beneficio senão
martelalas, e ajuntalas huas às outras, de q u e fazé M a l u n g a s ( )
8
()
7
À margem: Manilhas.
m e l h o r ; hé o fugir entre elles mais por honra q u e por de-
sonra. / /
A causa porque e m tam breve tempo o Rei ajunta tantos
milhares de homés cada v e z q u e quer, hé porque h é tamanho
t y r a n n o q u e se logo lhe não acodem os q u e manda chamar, por
nada lhes corta a cabeça e por isso hé m u i t o temido, e essa hé
a causa, porque muitos senhores dos seus se v é para o Gouer-
nador. Este ano bautizei pouco mais d e cento. / /
A gente não sabe duvidar n e m perguntar, por onde os
levão por hi vão, adorão paos e pedras, sua bemaventurança hé
comer e beber, e ter muitas mulheres; entre elles há muitos
feiticeiros e feiticeiras, e bruxas q u e fallão cõ o D i a b o ; hus
para cõ os outros usão m u i t o de peçonhas pestiferas, q u e logo
matão. / /
D a q u i ao Reino de M o n o m o t a p a hé perto, porque se não
meté no m e y o mais [que] dous Reynos pequenos, e hé gente
m u i t o mais capaz, e de melhor engenho que esta de A n g o l a .
Se elRey mandara 2 mil homés de peleja, cÕ elles concluirsehia
melhor tudo. / /
E l R e y de Benguela já mandou os dias passados pedir sua
amizade ao Gouernador e quer ser sojeito a elRey de Portugal;
dizeme q u e hé gente de m u i t o entendimento, e o R e y n o m u i t o
.farto e m u i t o rico de minas. / j
(i 8-io-1586)
Senhor
O Cardeal// ( ). 3
(15-3-1587)
Senhor
D e Lixboa, a 1 5 de M a r ç o de 1587.
E N D E R E Ç O : A O Ecc. mo
et mui poderoso Senhor il Re di Congo.
(7-7-1587)
(7-7-1587)
(7-11-1587)
Ill. mo
e R. mo
Signore et Padrone m i o Colentissimo
D a Lisbona li 7 di N o u e m b r e 1587.
Deuotissimo Signore
M. Bongiouanni
(15-12-1587)
F o y h u m padre c o m h u m irmão ao R e y n o de C o n g o (o
qual dista desta Loanda cinco jornadas) sacramentaram os
Portugueses & Christãos de hüa pouoação de certo senhor, o
qual e m renda & estado he dos principaes d o Reyno, & go-
uerna h ü a comarca de corenta ou cincoenta legoas. A este tempo
era ja falecido elRey de C o n g o , a q u e m socedeo h u m filho seu
por n o m e d o m A l u a r o c o m o seu pay: o anno passado foy
jurado por príncipe, & este m a n d o u visitar ao padre, escreuen-
dolhe hüa carta de consolação pola morte d o irmão Francisco
N u n e z , mostrando q u e tiuera disso grande sentimento, & si-
gnificandolhe que desejaua m u i t o tratar com elle algüas cousas
pertencentes ao seruiço de D e o s & b o m gouerno de seu R e y n o :
o mesmo lhe escreueo o Prouisor & outros Portugueses, afir-
m a n d o q u e importaua verse c o m elle. F o y la o padre darlhe
os parabés de sua noua socessã, & juntamente lhe leuou algüas
cousas que entendeo estimaria m u i t o . O gouernador escreueo
ao padre antes que partisse, pedindolhe quisesse tambe de sua
parte visitar ao nouo Rey, & mãdoulhe por elle h ü a carta, e m
q u e da parte delRey de Portugal lhe offerecia sua ajuda &
fauor pera o defender & conseruar e m seu estado, a qual carta
foy de m u i t o effeito, porque c o m o este R e y era filho bastardo
d o R e y passado (por os não ter legítimos) & auia outro pre-
tensor ao qual m u i t o desejauão de entregar o Reino, aquieta-
rãose sabendo q u e o gouernador desta conquista offerecia sua
ajuda ao nouo Rey.
Sabendose na cidade d o Saluador ( q u e he aonde elRey re-
side) q u e o padre vinha, o Prouisor o m a n d o u logo buscar por
seus escrauos, & o m e s m o fizeram outros Portugueses: che-
g a n d o perto da cidade o sairam todos a receber c o m mostras de
grande contentamento.
E l R ey estaua tam desejoso & aluoroçado pera ver o padre,
q u e sendo contra os costumes dos senhores d e ca não falarem
a q u e m v e m d e fora senão algüs dias depois d e sua chegada,
logo o m a n d o u visitar, pedindolhe o quisesse vir ver, porque
estaua esperando por elle. F o y desacostumado o gasalhado q u e
lhe fez, & [a] alegria q u e mostrou c o m sua vista, tratandoo
com tãto respeito & reuerentia c o m o se poderá esperar de outro
q u e não fora Rey. T o r n o u la o padre o dia seguinte offerecen-
dolhe as cousas q u e lhe leuaua, q u e eram reliquias, images,
contas bentas, que elle recebeo c o m muita deuação & tantas
mostras de agardecimento quantas c o m palauras pode declarar.
Estaua este R e y ainda c o m o escondido, pola rezão q u e tenho
dito, & tam desfauorecido dos seus, q u e quasi não tinha mais
que o n o m e de Rey, mas q u a n d o viram q u e o gouernador lhe
offerecia sua ajuda, começaram elles também d e o visitar c o m
presentes, & acodirlhe c o m os tributos acostumados. O s negros
começaram a correr tantos á confissam q u e eram necessários
muitos confessores pera os auiarem e consolarem a todos.
Socedeo depois disto (porque elRey não se daua ainda por
seguro) pedir ao padre quisesse fazer outra jornada, q u e impor-
taua m u i t o pera [a] p a z do Reyno, & quietação sua &C dos
seus, a qual requeria pessoa de autoridade: mas m u d o u depois
o parecer, & mandou ao Prouisor, dando por rezão, que queria
ter consigo o padre, pera se valer delle & de seu conselho,
socedendolhe a l g u m trabalho, c o m o pouco depois acõteceo, por-
q u e sem elle saber nada, hüa sua irmã da parte d o pay, solici-
tou os principaes da cidade, pera q u e o entregassem c o m o
R e y n o a outro seu irmão inteiro que estaua ausente, & tãto se
persuadio ter isto na m ã o , q u e o m a n d o u vir c o m toda [a]
sua gente & fato, entendendo q u e naõ acharia resistência. / /,
E l e c o m o sabia q u e o gouernador pello padre se tinha
offerecido ao nouo rey seu irmão pera o ajudar, temendo que
lhe acodisse antes de efeituar o q u e pretendia, vista a ocasião
& recado da irmã, se pos logo ao c a m i n h o c o m a gente que
tinha, ainda q u e pouca, & caminhou com tanta breuidade &
tam secretamente, q u e não foy sentido senão depois q u e c h e g o u
á vista da cidade. / /
A primeira cousa q u e fez foy, mandar dizer aos Portugue-
ses, q u e se recolhessem e m suas casas, ôí não pelejassem con-
tra elle, ameaçandoos q u e se fizessem outra cousa, ôí elle v e n -
cesse, q u e n e n h u m delles auia de ficar c o m vida, e auia de des-
troir todos os templos ôí imagés q u e ouuesse no R e y n o , &
outras cousas q u e de animo tam danado se p o d e m collegir.
O Rey pello cÕtrairo como b o m Christão ôí temente a D e o s ,
primeiramente se armou c o m o sacramento da confissão, des-
pois mandou pedir ao padre & aos mais sacerdotes que o dia
seguinte, q u e era sábado primeiro D a g o s t o , dissessem todos
missa por aquella necessidade: & pola confiança q u e tinha n o
padre, lhe entregou secretamente todo o ouro, joyas, ôí pedra-
ria q u e lhe ficou d e seu pay pera q u e o escondesse: ôí fazendo
D e o s delle algüa cousa, o despendesse e m obras pias. E porque
entendeo q u e aquilo era traição dos q u e estauam c o m elle na
cidade, mandou chamar algus q u e presumia podião ser os auto-
res, & disselhes: B e m sey q u e m e u irmão não v e m confiado
na gente q u e traz consigo (pois he tam pouca c o m o vedes)
senão em vosoutros q u e o mandastes chamar: vos m e jurastes o
anno passado por principe, m e u pay por sua morte m e deixou
o R e y n o , ôí uos m e tornastes a jurar por Rey, m e u pay ôí vos
m e destes o R e y n o sem o eu pretender, ja q u e m o quereis tirar
ôí dalo a m e u irmão, podeisuos ir pera elle, q u e a m i bastame
D e o s ôí os Portugueses, ôí a justiça q u e tenho. / /
T a n t o os confundio & m o u e o com estas palauras, q u e todos
os q u e se acharão culpados, lançandose a seus pees, confessaram
a verdade, pedindolhe perdão, & prometedo de morrerem por
elle: ôí com este animo se entendeo que pelejaram o dia se-
g u i n t e em q u e se deu a batalha, porque todos sairam delia
m u i t o feridos: mas c o m o auia outros t a m b é m subornados, e n -
trou o irmão na cidade tam confiado, ôí acometeo os q u e esta-
u a m da parte delRey ôí os Portugueses com tanto animo ôí
AUTÓGRAFO DE DUARTE LOPES — Documento 96
( ) Cfr. documentos n .
x os
90 e 91, págs. 344-346.
cm lugares mui distantes, gastase o tempo em acodir aos que
se rebellam ou estam pera isso. / /
O Reyno he grandíssimo, & tem mais de dous mil Sobas
(que saõ fidalgos senhores de terras & vassalos a modo de Ré-
gulos) não falando em outros muitos Reinos que estam daqui
t e Monomotapa abundantíssimos de ouro & prata. / /
(1587)
Diz o P. e
Baltasar A f o n s o e m huã carta d o ano d e 87
q u e o melhor comer de todos hé m i l h o e sempre o pão se hade
comer quente por sere bolos cosidos ao ar d o fogo. O s castrÕes,
porcos, carneiros, são pelados se laã.
A o longo d o Rio perto de huã boca (*) m e mostrarão os
Portugueses huã lapa tam grande q u e de comprido té 1 7 0 pal-
mos e té 4 0 d e largo e daltura 3 0 . T e m dous arcos feitos pola
natureza, cousa m u i t o para ver; basta q u e caberão nella 2 m i l
pessoas. N e l l a se agasalha muita soma de negros pescadores. / /
A q u i tenho huã pele de cobra para mandar a V . R., q u e
té de comprido 2 2 palmos m e u s ; hé muito larga; dizé q u e as
há tam grades que comé h u boi enteiro.
(7-1 -1588)
a) P a u l o D y a s de N o v a e s .
(24-2-1588)
S. m o
Padre
D e Madrid y hebrero 2 4 de 1 5 8 8 .
D u a r t e Lopes
(25-2-1588)
[191] Ill. m 0
et R e v m o S . r
et Padron m i o o s s . mo
2
( ) Todavia consta o contrario. «El Rey Nosso Senhor faz mercê
a Duarte Lopez, por algus respeitos, de quatrocentos Cruzados em
dinheiro por hüa vez, paguos no thesoureiro mór, pera paguar suas
diuidas. Em Madrid a 9 de octubro 587.» — A G S — Secretarias Pro-
vinciales (Portugal), liv. i486, fl. 45v.
dairHl. m o
Rusticucci l ' a n n o passato, persona tenuta q u i d a tutti
li Italiani m o l t o deuota et spirituale, c h e questo Portoghese g l i
pare persona molto da bene et zelante, et che merici, c h e g l i sia
creduto. T a l m e n t e c h e N . S . r e
sentira c h e sia bene, c h e esso
M r . Cornélio uadi in Etiópia, o u e si parla portoghese quasi d a '
tutti, egli ci andara per honore di D i o , e per obedire al suo
S. t0
V i c a r i o ; et se io g l i diro c h e egli u e n g h i costa á portare le
lettere et scritture di quel Ré, poich'esso Ambasciatore dice
che questi M i n i s t r i non lo uogliono lasciar' uenire, egli pronta-
m e n t e ci uerrà. / /
Q u e s t o in sostanza è q u a n t o h ó potuto cauar' sin' hora, di
questo negotio, et se intederò altro non mancarò di darne aviso
v.] à / V . S . I l l . , acciò che N . S .
ma r e
considerata la qualità del fatto
et delia persona, possa fare quella resolutione c h e giudicherà
essere d i m a g g i o r seruitio di D i o et delia S . t a
Sede Apostólica.
E t tratanto faceio h u m i l riuerenza à V . S. I l l . , e t m e le racco- m a
m a n d o in gratia.
D i M a d r i d li x x v di Febraro 1 5 8 8 .
D i V . S. I l l . m a
et R . m a
C. V e s c o v o di N o u a r a
AllTll. m o
et R e v . m o
Sig. r e
et Padron m i o o s s . mo
II s i g . C a r d l e M o n t a l t o
r
Roma.
(26-3-1588)
Ill. mo
et R . mo
Sig. ' mio Padrone
1
oss.™
D i M a d r i d li 2 6 di marzo 1588.
Humil. m o
et o b l i g . mo
servo
C. V e s c . di N o u a r a
(15-6-1588)
Ill. mo
et R . mo
Sig. r
m i ó Padrón oss.™
V . S. I U . ma
si ricorderà fácilmente di quello ch'io scrissi allí
mesi passati, et délie scritture che mandai sopra certa donatione
c h e faceua D o n A l v a r o Re di C o n g o à N . S . r e
et alla S . t a
Sede
Apostólica. H o r a mi accade di soggiongerle che D u a r t e L ó p e z
Portughese, che uenne q u à Ambasciatore di q u e l Ré, si è reso-
luto, senza alcuna mia persuasione, di uenirsene allí piedi di
N . S. r e
per esplicare à S. S . ta
alcune cose concernenti il seruitio
del S i g . Jddio, et hauendomi dimandato una Lettera per V . S.
r
D i M a d r i d li x v di G i u g n o 1 5 8 8 .
D i V . S. I l l . m a
et R e v . m a
[Autógrafo]: Humil. m 0
et o b l i g . mo
seruitore
C . V e s c o v o di N o u a r a
(26-6-1588)
Rey.
Aires Sanches.
(30-6-1588)
(13-9-1588)
(1588)
RESIDÊNCIA DE ANGOLA
( ) Leia-se: Cambaxnbe.
2
( ) Leia-se: jóias.
4
( ) Leia-se: uiria.
5
e m sua C o m p a n h i a : causou isto e m todos tanta confusão q u e
de todo se deraÕ por perdidos. M a s c o m o D e u s resiste aos sober-
bos e fauoreçe os q u e nelle confiaÕ, soçedeo no meio de tanta
confusão q u e naÕ temendo o j r [ m a o ] de EIRei as espinguardas,
uinha cÕ fúria entrando, e chegandose cada uez mais aonde en-
tendia q u e podia estar o Rei. E tanto q u e delle teue uista, dando
o negoçeo por concluso, porque o excedia m u i t o e m ualentia,
grandeza de corpo, e forças, c o m o h ü leaÕ o cometeo, e cuidando
q u e o leuaua de hü golpe q u e lhe atirou, tomoulho EIRei na
adarga, q u e com ser b e m forte ficou fendida atee o m e [ i ] o , e
elle leuemente ferido. E c o m o ao i m i g o neste golpe ficasse o
corpo descuberto, atiroulhe EIRei outro cõ q u e o cortou polia
barriga e deu fim á batalha, porque sabida sua morte todos se
poseraÕ e m fogida; mas aproueitoulhe [s] pouco, q u e lhe[s]
tomarão todos os caminhos, que foraÕ poucos os q u e escapa-
rão. / /
H é fama q u e nunca e m C o n g o morreo tanta gente e taÕ
nobre, na qual entrarão alguns netos dos reis passados. '/ /
O P. e
todo este tempo esteue em oraçaõ na jgreia, e e m
sabendo nouas da Victoria sahio a dar os parabéns ao rei, o qual
tanto q u e o uio se foi a elle, e o leuou nos braços, mostrandolhe
tres feridas nas costas, dizendo q u e os tredores lhas deraÕ, mas
q u e as naõ estimaua pois D e u s lhe fizera mercê da uida e uito-
ria. E assi tomando o polia maÕ se foi cÕ elle a huã igreia do
bemauéturado Samtiago, q u e estaua de fronte, e dahi a outra
de S . t0
A n t o n i o , aonde estaua enterrado seu pai, d a n d o graças
a N o s s o Senhor pollo liurar das mãos de seu irmão; e no lugar
onde o matou mandou l o g u o edificar h ü templo de N o s s a
Senhora. E pera meter feruor a todos e lhe dar exemplo, no dia
1
da V i r g e elle m e s m o cõ os seus mais priuados foi á pedreira que
estaua longe, e ás costas trouxe delia seu quinhão de pedra pera
se logo começar a obra; o m e s m o fez ao outro dia a Rainha cõ
todas as fidalgas, e cÕ seu exemplo fizeraÕ o m e s m o os Portu-
guezes. C o n c l u í d o este negoçeo e sendo chamado o P . e
por
o r d e m de seu superior, b e m contra uontade d o Rei, se despedio
delle prometendo lhe que ou elle, ou outro P . e
cedo ueriaÕ ( ) 6
( ) Leia-se: uiriaõ.
6
(8-1-1590)
cap. cum dilecta de rescript. Dec. cons. 77. in pr° et cons. 466. col. poe-
nult. et conditiones anteq. adimpleatur nihil ponunt in esse Paul.
a
conditione qua: non perfficitur. Rip. in som. lib. i.° cap. 2 n. 23. 0
Molina ubi 5.
Pello q u e parecia q u e neste caso e doação q u e as condições
postas e por taes nomeadas o não são n e m fazem a doação con-
dicional senão modal e asim que ficou perfeita, posto q u e se
posão constranger os sucesores de Paulos D i a s ao comprimento
dos modos conteúdos na doação — porque a isto se responde
q u e a doação foi condicional uere e portanto não teue n e m tem
effeito não comprindo Paulos Dias as dittas condições taxatiuas
en sua pessoa e n o t e m p o ; e aquella doctrina q u e acima alleguei
se entende saluo quando o q u e faz a doação p o e m clausula nella
que não se comprindo fique nenhüa e de nenhü effeito, c o m o
el R e y d o m Sebastião q u e D e o s aja pôs nesta doação a Paulos
Dias ( ) .7
7
( ) Ita Paris. cons. 19 n. 6 3 lib. 2. Molina ubi 5 n. 18.
8
( ) L . uni § sin autem aliquod. C. de Cadu. tol. L. si ita legatum
§ i . ° ff. deleg. I Jas. 1. i . ° Col. 5 . C. de Just. § substit facit reg.
o 08
A 8 de Janeiro de 590.
(12-1-1590)
( ) Leia-se: Ulhoa.
3
(13-1-1590)
( ) Leia-se: Novais.
1
gentios e asi m e s m o em piaés cristãos, homens liures, e m todos
os casos, asi para absoluer c o m o para condenar, sem auer apella-
ção n e m agrauo, naõ sendo en caso de heresia, sodomia e moeda
falsa, traição, perque nestes casos dando pena q u e não seia de
morte apellarão por parte da Justiça. E q u e nas pesoas de mais
quallidade tenhaÕ alçada de dez annos de degredo e atee c e m
+ + [cruzados] de pena, sem apellação n e m agrauo; e q u e
posão pôr meirinho diante o ditto seu ouuidor e escriuães e
outros officiaes custumados; e q u e posao fazer [as] villas e po-
[134 v . ] uaçoés q u e lhe parecer q u e deuem ser ao l o n g o / da costa, e de
pouoaçoés q u e ahi estiuere ao longo dos Rios q u e se nauegare
e no espaço de seis legoas huã da outra, para q u e possão ficar ao
menos tres legoas de terra d e termo a cada hüa villa; e asi q u e
posão criar de nouo e prouer por suas cartas os tabeliães q u e lhe
parecer necesario, aos quaes darão os regimentos per q u e ouueré
de seruir, conforme ao da chancellaria e q u e tabelliaés se chame
per o capitão e gouernador e lhe p a g u e m suas pensões segundo
forma d o foral q u e se lhe daua ( ) para aquella terra. / /
2
( ) Traidor.
4
á coroa destes Reinos; e q u e e m t e m p o a l g u m naÕ posa entrar na
dita capitania Corregedor para nella usar de jurisdição alguã.
E q u e Sua M a g e s t a d e poderá, q u a n d o lhe b e m parecer, m a n -
dar alçada e prouer en todo o maes q u e lhe parecer q u e cumpre
a seu seruiço e b e m da Justiça e boa guouernança da capitania,
para que quando o capitão cair en a l g u m erro e fizer cousa per
q u e mereça ser castiguado o mandarão uir para ser ouuido c o m
Justiça. / /
E asi lhe fez mercê, e m sua vida somente, das terras que
estão d o Rio D a n g e para o sul atee os limites d o Rio Q u o a n z a
e q u e tenha nas dittas terras e m sua uida a terça parte de todas
as rendas e dereitos q u e pertencere á coroa e á ordem, e q u e a
seus herdeiros fique [ m ] somente as alcaidarias dos tres castellos
q u e hade fazer nas dittas terras e [a] apresentação dos officiaes
dos dittos tres castellos e pouoaçoes delles e sete legoas d e terra
[136] de cada h u m dos ditos castellos. / E que sendo caso q u e o dito
Paulos Dias falleça antes de 20 annos, a pessoa q u e deixar no-
meada para proseguir na pouoação desta capitania e terra não
poderá ser de menos quallidade q u e elle, terá e auerá a dita
terça parte das rendas e dereitos atee os dittos uinte annos serem
acabados; e porem tanto q u e o dito Paulos D i a s for fallecido
Sua M a g e s t a d e mandará gouernador e as maes Justiças q u e
b e m lhe parecer ás ditas terras, antre os ditos Rios D a n g e e
Quoanza. / /
E lhe fez a dita mercê da dita capitania e gouernança e
terras asima declaradas c o m tal condição e declaração q u e o
Paulos D i a s leuaria á sua própria custa pera conquista da dita
terra h u m gualleão e duas carauellas e cinco braguantins e tres
mulletas para descobrirá os Rios e portos; e q u e leuaria as ditas
embarcações b e m prouidas d o necesario àquella u i a g e m e e m -
preza; e q u e d o dia e m q u e partise deste Reino e m 2 0 meses
poria na terra 4 0 0 homens q u e podesem pellejar con suas ar-
mas, conforme a guerra daquellas partes e seis cauallos q u e
leuaria; e q u e dentro em tres annos tiuese lá de 2 0 cauallos e
éguas para cima. E q u e dentro d e d e z annos fizese tres Castellos
de pedra e cal entre os Rios de Z e n z a e Q u o a n z a , na maneira
e n o luguar q u e se declara; e q u e fazendo diligencia, q u e se lhe
jria reformando o tempo. E q u e em desenbarcãdo / fizese as for- [136 v . }
ças ( ) q u e fosem necesarias; e q u e dentro en seis annos pozese
5
( ) Fortificações.
5
( ) Leia-se: uejo=vejo.
6
(25-1-1590)
(15-3-1590)
( ) Leia-se: vê.
2
( ) passo, lugar.
3
onde aiuntou em breue grande numero de g e n t e ; e fazendo
uolta se pôs e m silada pera dar aquella noite nos Portugueses,
q u e estauã b e m descu[i] dados. AcÕteceo naquelía noite sol-
tarse o caualo d o Capitão, e indo após delle muitos dos nossos
pera o tomar, leuando tiçoens de foguo nas mãos por causa do
escuro, foi o caualo dar na silada. V e n d o os imiguos o foguo, e
ouuindo o tropel da gente cu [i] dando ser descubertos se puse-
rao em fugida; os nossos conhecendo o q u e era derao sobre elles,
e matarão muitos e catiuarão 3 0 0 . E se recolherão dando gra-
ças ao Senhor q u e tam particular prouidencia tem daquelles q u e
por seu nome pelejão. / /
Isto hé, m u y t o R. Padres e Charissimos Jr[mãos] o q u e se
offereceo escreuer este anno desta prouinçia. Resta pedir sermos
encomendados nos santos sacrificios e orações de V . V . Reve-
rencias. / /
Deste C o l l e g i o de C o i m b r a , 1 5 de M a r ç o de 1 5 9 0 .
Seruo em Christo
Jorge de Tauora
qoo
ANGOLA (Maçangano)—Ruinas da Igreja de Nossa Senhora
da Vitória (Estado actual)
PARECER D O S D E S E M B A R G A D O R E S D O P A Ç O SOBRE
A D O A Ç Ã O DE A N G O L A A P A U L O D I A S DE N O V A I S
(28-9-1590)
(3-io-1590)
SUMÁRIO —Resumo
:
da doação régia cuja apreciação deu lugar aò
parecer supra, de 28 de Setembro.
(15-U-1590)
Jerónimo G o m e z . / /
Antonio d Abreu.
D u a r t e da Silua
Antonio do A m a r a L
asentado..
(15-11-1590)
(23-1-1591)
sido sagrado na Capela Real nos idos (15) de Maio, domingo, com
a assistência de Dom Manuel de Seabra, bispo de Ceuta e titular de
Targa, e de Dom Martinho de Ulhoa, bispo de S. Tomé. •— AV-Ar-
chivum Aras, A r m . I - X V I I I . n. 2759.
ALVARÁ DE D. FILIPE I A FRANCISCO DE GOUVEIA
(8-2-1591)
(9-2-1591)
(16-2-1591)
(Março de 1591)
(22-3-1591)
(26-3-1591)
O Cardeal / A n t . ° de M e d o n ç a / D i o g o de Sousa.
( J u n h o — 1591)
( 59 )
R R
( 59 )
I I
( ) Leia-se: casa.
2
(3-2-1592)
(12-2-1592)
( ) Leia-se: dê.
2
d o m Francisco constar q u e comesou a seruir e m diante, e asi
h o dito quoarto d e u i n h o e outro de farinha e hua arroba d e
cera laurada, q u e tudo comprirá [e] emtregará a o dito t i z o u -
rejro; e pelo treslado deste aluará, asinado pelo dito gouernador
e sua certidão, da despesa q u e fizer nas ditas cousas e conhe-
cimento d o dito tizoureiro, m a n d o q u e lhes seiaÕ hos ditos
quorêta mil reis he a despesa q u e se fizer nas ditas cousas leua-
dos é cota, cada ano q u e lhos assim pagar; e este aluará se
asentará n o liuro da fazenda da dita O r d e m e quero q u e ualha,
tenha forsa e uigor, c o m o se fose Carta feita e m m e u nome, per
m j asinada e selada c o m o selo pendente da dita O r d e m , s e m
e m b a r g u o de qualquer regimento ou prouisao e m comtrajro. / /
M a n o e l Franco o fez em Lixboa, a 1 2 de feuereiro de 1 5 9 2 .
E u Rui D i a s de M e n e s e s o fiz escreuer.
Registado per m j , G o m e z d A z e u e d o .
(17-2-1592)
Ill. me
et R . me
Domine.
()
x
À margem: postea facta fuit suffraganea Archiepiscopi
Vlixbonensis.
E o d e m q u e m o d o dos assignatus fuit dignitatibus et cano-
nicatibus et propterea idem C l e m e n s reseruauit Regi jus patro-
natus et prassentandi ad dictas Ecclesiam, Dignitates e C a n o n i -
catus, et ad omnia alia beneficia ecclesiastica ad quas consueue-
rat presentare dictae Militias Administrator et M a g i s t e r .
Suppliciter pro expeditione c u m decreto, si ita Sanctitati
Sux uidebitur, ut promouendus habita noticia sux prouisionis,
iterum in manibus Archiepiscopi V l i x b o n e n s i uel alterius epis-
copi in cuius Diocesi tunc erit, fidei professionem emittat, iuxta
formam ab hac Sancta Sede prescnptam, et illius p u b l i c u m ins-
t r u m e n t u m absque mendis transmittj curet.
(30-9-1592)
deputado por iso. -s- dez m d reis vezitando a see e mais igrejas
e freig[u]esias da cidade de Santhomé e da mesma ilha dous
mil reis da uisitaçaõ da see e os oito mil reis repartidos igoal-
m e n t e pelas igrejas da cidade e ilha de Santhomé; e outros d e z
mil reis repartidos taÕ b e m igoalmente uisitando outrosi o Reino
de C o m g u o e igrejas q u e hora nelle há e pelo tempo em diante
[h]ouuer, he outros d e z mil reis uécerá repartidos pela m e s m a
maneira e uezitando a ilha d o Príncipe e igrejas delia; e hos
trinta mil reis pera comprimêto dos sacenta mil reis, uezitando
todas as mais igrejas de sua uezitaçaõ q u e agora há e ao diante
[ h j o u u e r ; e será obrigado a pagar á sua custa escriuaÕ da uesi-
taçaõ, a l g u [ m ] liuro ( ? ) e quoaésquer outros officiaes e fazerá
as mais despezas q u e forem de sua obrigação; sóméte se paga-
rão á custa de minha fazenda as despezas declaradas e m outras
prouisoes minhas, que cÕforme á dita detreminaçaÕ saÕ pasadas
e que o dito prellado aplique a obras pias e despenda nellas as
penas de sua chancelaria; e podédo ser pera melhor e m x e m p l o
faça a tal despeza no lugar honde a pesoas comdenadas uiuere
( ) Leia-se: quase.
x
( ) Leia-se: salario.
2
e rezedirem e as não comuerta per uia alguã e m seus próprios
uzos e seia hobrigado em consciência a restetuir ao Seminário
e officiaes delle a parte q u e leuar do dito acrecentameto contra
esta ordem de limitações nesta carta declaradas e naõ posa fazer
os frujtos seus, porquãoto c o m estas obrigações lhe comcedo os
duzentos mil reis de acrecentameto, q u e emtraõ na cotia dos
seis centos mil reis q u e [ h ] á d e [h]auer cada ano, e em outra
maneira naõ; e quoando os officiaes d o Seminário se descuidare
de requerer a parte q u e do dito acrecentamento lhe couber, e m
caso que h o prelado o naÕ posa [h]auer, ou que por qualquer
outra maneira se naõ apliquase ao dito Seminário, será pera mi-
nha fazenda e o q u e niso mÕtar [h] auer h o dito prelado, menos
destes seis centos mil reis, ho q u e tudo asi ei por b e m , pera
milhor se poder comprir a desposisaõ d o sagrado comsilio tre-
dentino sobre h o q u e toqua á residemcia dos prelados, q u e taõto
cmporta pera remédio dos males presentes e preseruaçaÕ doutros
maiores e reformação dos custumes. / /
E cÕformãdome com as detreminaçoes de q u e nesta carta
[se] faz mençaõ, por deseiar q u e h o aumeto e veneração d o culto
deuino vá e m deuido crecimento e os menistros eclesiásticos,
primcipalmete os prelados, tendo cõpitetes mantimentos posaÕ
c o m autoridade representar h o grande q u a r g u o q u e por noso
Senhor lhe[s] hé dado e procurar com mais deligencia e liber-
dade a saluaçaÕ das almas e cupraÕ jnteiramente os mais em-
cargos pontefiquaís, como com as ditas obrigações, limitações
e declarações tudo tinha e [h]auia dom Guaspar QuoaÕ ( ) , 3
(22-11-1592)
m a n d o ao tissoureiro da Cassa ( ) 6
da M i n a q u e ora hé e ao
d i a n t e for, lhes tome aos ditos contratadores em pagamento de-
( 3
) Leia-se: fazenda.
( 4
) Entenda-se: que paguem.
( 5
) Leia-se. fizer.
( 6
) Leia-se: Casa.
ucrem de seu contrato a m i n h a fassenda o que n o tal p a g a m e n t o
montar, na maneira q u e dito h é ; e aos contratadores lho leuem a
ele e m conta, sem enbargo d o Regimento, arca de dinheiro de
m e u s asentamentos e de quaisquer outros, ou prouisoês em
contrario; e este quero que valha como C a r t a e q u e naõ pase
pela Chanselaria, outrosi sem enbargo da ordenação d o quinto
liuro, folhas vinte, e m contrario, o qual se lhe passou por tres
uias, de q u e esta hé a primeira. C u n p r i d a fica as outras naõ
valhaõ efeito. / /
Luis Figueira a fez e m Lixboa a uinte e dous de n o u e m b r o
d e nouenta e dous. Pero de Paiua a fez escreuer. / /
O Cardial
O Conde//
Registo / /
Registado em os liuros da fassenda dei Rey nosso senhor,
nos Registos das Prouissois, que o aluará escrito na outra m e [ i ] a
folha deste fas menção; ficaÕ postas as verbas q u e ele requere; a
quatro de desenbro de nouenta e dous. Pero de Paiua. / /
Registo / /
Fica registado este aluará n o liuro dos Registos d o almoxa-
rife, q u e serue ao almoxarife ChristouaÕ Gomes, ás folhas
quinsse volta, por m i m escriuaÕ, oje desouto de março, e fiquaÕ
postas as verbas q u e ele requere; de Santome de m i l e seis cen-
tos, d i g o mil e quinhentos e outenta e quatro annos. A n r r i q u e
dOliueira Borges; o qual treslado d e aluará e registos, eu A n t o -
nio Teixeira C o e l h o , escriuaõ da feitoria de sua magestade neste
Reino de A n g o l a tresladey b e m e fielmente da prop [r] ia a q u e
m e reporto; na Loanda a desasete d e m a y o d e seis centos e outo
annos. / /
A n t o n i o Teixeira Coelho.
A H U — Angola, Caixa r.
ACONTECIMENTOS OCORRIDOS N A M I N A
(*59 )
2
( ) Beirão (António).
4
No verso: Mina—[i]592.
A T T — C C - I - i 12-3.
C A R T A D O BISPO DE S . T O M É
(20-2-1593)
Senhor
B[eijo] as maõs a V . S.
Franc. 0
bpõ de S. Tomé/
(26-2-1593)
carta da capitania de S. Tomé, por três anos e o mais tempo que el-Rei
o houvesse por bem, dada em Lisboa a 12-2-1593. — A T T — Chance-
laria de Filipe I, liv. 24, fls. 224V.-225. Cf. liv. 25, fls. 24-25.
( ) Recebeu carta da capitania de S. Tomé, na vagante de D . Fer-
3
t
a) Amtonio Sanches
( -5- 593)
I I I
4(>4
O primeiro será efficax mas uagaroso, porque como na t e m
ainda uisitado Pernambuco, ne o R y o d e Janeiro, n e m as C a p i -
tanias, ne poderá uir cá sena depois de mujtos anos. O 2 . nã 0
(10-6-1593)
D o m Jerónimo de Almeida
ARSI — Lus. 79, £1. 57 v.
RELAÇÃO D O D E Ã O DE S. T O M É
(Fevereiro — 1594)
d e marfil y 60 -I- 08
[cruzados] de oro y 1 5 0 esclauos y otras
A G S •— Estado, Maco 4 3 3 .
O P. e
PERO RODRIGUES V I S I T A A M I S S Ã O DE ANGOLA
(15-4-1594)
Jhüs
seguinte:
«Dias há, q tengo heçha resolution, q no conuiene q la Compa-
2 6 E m n h ü modo se conceda o sacramento d o sancto b a u -
tismo a n h ü fidalgo é A n g o l a , por mais q u e o peça (tirando e
caso q u e aia de morrer por justiça) até a terra estar conquistada,
e sogeita. Porque de terem as casas che[i]as de molheres que
não apartão de si, há m u i t o periguo de se leuantaré, e tornaré
atrás cõ tudo, como y á fizerão algüs. O s mais gentios nao serão
bautizados sem suficiente instruição.
2 7 O superior da Residência escreuerá cada ano ao nosso
padre Geral duas vezes por janeiro, e julho, e ao p . e
prouincial
quando se offerecer opportunidadc, a qual hé m u y t o ordinária
daqui pera o Reino, por uia d o Brasil. O s superiores de outros
luguares deste Reino, e se andar algü padre no [ar]rayal ( ) , 2
Pero Rodrigues
(27-1-1595)
Senhores
E n Lizboa a 2 7 de Janeiro de 5 9 5 .
( 5'3- 595)
I I
( 3-3' 595)
2 I
Hier. 8
Card." 9
Matheus.
(4-4-1595)
Senhor
D e S. T h o m é , em 4 de A b r i l [de] 9 5 .
B[eijo] as maõs a V . S.
Frane. 0
bpõ de S. T h o m é / /
(27-7-1595)
Senhor
E m Lisboa 2 1 de Julho de 9 5 .
(21-9-1595)
0) Congo.
cede ordinariamente, et cosi i Priuilegij tutti che sono stati
concessi dai S o m m i Pontefici a'i Re di C o n c o Q) miei prede-
cessori, et quelli di più che in una mia letrera gli h o scritto,
nella quale come egli m ' auuisò 1' ho pregato che da mia parte
supplicasse V . Santità di molte cose più necessarie, le quali
confido che per la misericordia di D i o V . Santità mi concederá,
considerando che questi miei Regni sono tanto remoti et Ion-
tani dall'Europa et dal fauore et aiuto di V . Santità, nelle cui
santé orationi et sacrificij raccomando per mille volte m e con
tutti questi miei Regni Christiani.
H o fatto scriuer questa dal m i o Secretario
V o s t r o figliolo et humilissimo
II Re D o n Aluaro
(ii-n-1595)
Senhor
Berth. 0
do V a l e V . r a
/ M. Teix. r a
/ L o p o Soares
dAlberg. r i a
/ dÕ F r . co
de Ljma / /
(25-11-1595)
Ill. mo
et R . mo
Signore m i o Colentissimo
D i Lisbonna il di x x v . di N o u e m b r e 1595-
D . V . S. Jllustrissima et R. ma
Fabio P a t r . oa
di Gerusaléme
( ) Capucho.
1
ANGOLA (Maçangano)—Interior da Igreja de Nossa Senhora
da Vitória (Estado actual)
CARTA D O COLECTOR FÁBIO BIONDI
(25-11-i 595)
•(¿595)
M a g n a t e s et D u c e s , et alij m a g n i D o m i n i temporales.
Ad 5. Q u o d Ecclesia Sancti Saluatoris habet Sacrarium
sacra suppellectili sufficienter instructum c u m vasis argenteis ad
celebrationem missarum, quas celebrantur in cantu c u m musi-
cis et cantoribus, sed de prassenti non adsunt organa.
Ad 6. negative respondit.
Ad 7. et negative respondit.
Ad 8. Q u o d tempore Regis D o n Didaci inceptum fuit
M o n a s t e r i u m Sancti D o m i n i c i , sed non processit vlterius in
eius asdificatione, eo quod propter absentiam Episcopi Sancti
Thomas non erat qui, M o n a c h o s receptos, uel recipiendos / in [27-13
eodem Monasterio Sacris initiaret.
A d 9. Respondit q u o d tempore Regis A l u a r i huius nominis
primi, qui fuit moderni Regis Pater, incceptum fuit etiam quod-
d a m C o l l e g i u m puerorum, sed non fuit completurn.
Ad X- quod a centum annis, et ultra fuit disseminata
fides Catholica in dicto R e g n o C o n g e n s i , et primus illius Rex,
qui ad fidem conuersus fuit uocatus est Joannes, ad rationem
Regis Joannis Secundi, q u i in Lusitânia tunc temporis regna-
bat, eique successit A l p h o n s u s primus eius filius, et usque ad
modernum Regem Aluarum Secundum, existere Reges octo
omnes Christiani et Catholici.
Proventus Regni aestimari non possunt, eo q u o d divitias [274 v.]
illius, et redditus non consistent in auro, et argento, sed in
aliis rebus, cuius (sic) ualor appretiari non potest.
Ad. XL Respondit quod Religio Christiana servatur in
R e g n o C o n g e n s i illibata et in viridi obseruantia, et cultus diui-
nus exercetur in eo mxta ritum Sanctas M a t r i s Ecclesias, et qui
comprehenduntur in aliqua hasresi aut Idolorum cultu, m a n -
dato Regis, seuenssime puniuntur usque ad combustionem cor-
porum taliter delinquentium.
[275] / Ad XII. Q u o d R e g n u m C o n g e n s e est satis fertile, et
fecundum, abundatque multis seminibus diuersi generis ad
vescendum aptis, et necessarns. Deficit s o l u m m o d o triticum,
q u o d seminatur in Europa, in cuius loco utuntur milio, sed non
ad celebrationem missarum, nec etiam habet v i n u m , quod con-
ficitur ex vua, quod q u i d e m v i n u m et triticum asportantur e
R e g n o Lusitanias. H a b e t etiam carnes diuersorum animalium ad
uescendum aceomodis (sic) utpote bouinas, porcinas, caprinas,
et aliorum animalium syluestrium. Abundat etiam auibus
diuersi generis saporis suauissimi, et aere utuntur salubernmo.
/ A d XIII. Q u o d R e g n u m C o n g e n s e distat a R e g n o Lusi-
[275 v . ] tanije per mille et septingentas leucas, et ab Insula / Sancti
Thomas ubi residet Episcopus eiusdem per ducentas leucas, ut
audiuit a nautis et aliis hominibus mercatoribus. E t quod de
omnibus et singulis alns supradictis, habet dictus testis plenam,
et ueram notitiam, t a m [ q u a m ] testis oculatus. E t nil amplius
deposuit.
0595)
(12-12-1595)
Senhores
E m Lixboa a xij de D e z e m b r o de 1 5 9 5 •/ /
Berth. do Valle V .
0 r a
/ M . Teix. r a
/ L o p o Soares
dAlberg. r i a
/ D 5 Fr. co
de L i m a .
(16-12-1595)
Lisbona 1 6 di D é c e m b r e 1595
Il Patriarca Biondo
(16-12-1595)
Ill. mo
et R e v . m o
Signore m i o Colendissimo
D i V . S. Jllustrissima et Reuerendissima
H u m i l i s s i m o et deuotissimo seruitore
Fabio P a t r . a
di Gerusaleme
( ) Jeremias, Trenos, I V , 4 .
2
CARTA D O NÚNCIO APOSTÓLICO EM MADRID
A O CARDEAL ALDOBRANDINO
(30-12-1595)
D i M a d r i d à 3 0 di D i c c m b r e 1595.
0595)
0595)
(11-3-1596)
E m carta d e sua M a g e s t a d e de 1 1 d e M a r ç o de 1 5 9 6 .
COSULTA
(22-3-1596)
Molto - Jll. mo
et R . mo
M o n s i g n o r come fratello. H à fatto
V . S. bene di auuisar quel che li è parso à propósito intorno
aUerettione d ' u n a chiesa noua nel R e g n o di C o g n o ( ) c h e si
uuol procurare à n o m e di S. M a e s t à et q u a n d o sara t e m p o se
ne terra memoria, et si fará tutto quel che possa seruir al culto
diuino, et al beneficio di quelle anime. C h ' è quanto m'occorre
in risposta delia sua delli 1 6 di D i c e m b r e scritta in questa
matéria, et il Signor D i o la conserui, et prosperi c o m e lei stessa
desidera. / /
D i Roma li 22 M a r z o 1596.
C o m e fratello Affs. m 0
a) Card. Aldobrandino
Al Patriarca di Hierusalem
( ) Leia-se: Congo.
x
CRIAÇÃO DA DIOCESE DE S. S A L V A D O R DO CONGO
E C O N F I R M A Ç Ã O DE D. M I G U E L RANGEL
(Maio — 1596)
111.™ et R e v . m e
Domine
(20-5-1596)
(20-5-1596)
(20-5-1596)
(18-7-1596)
(20-9-1596)
A i Re di C o n g o .
II di x x Setiembre 1596.
(14-10-1596)
Molto Ill. mo
e R. mo
Monsignore: come fratello. Arriuò
ueramente à tempo il Breue delia prorogatione delle sue facoltà,
et N . Signore hà goduto infinitamente: c h e sia stato cosi grato,
et accetto in uniuersale, et particolare et che S. M a e s t à n e sia
restata particularmente satisfatta, è anco piacciuto molto à
S Santità d'intendere c h e V . S. habbia consegnato il suo Breue
airAmbasciatore dei Rè di Conco ( * ) , et che nel riceuer c h e
hà fatto habbia mostrato cosi gran riuerenza, et deuotione
uerso S. Beatitudine quanto V . S. scriue con la sua lettera.
Piaccia à D i o che sia di quel frutto che si desidera, et che uera-
m e n t e si p u ò sperare di quella buona gente. / /
V . S. fará bene di accompagnar il Breue sudetto con una
sua, come m i ricordo hauerle significato con altre mie, c h e è
quanto hò da dirle con la presente, offerendomeli, et raccoman-
dandoli con tutto 1'animo. / /
Dalla V i l l a di Frascati li 1 4 d ' O t t o b r e 1 5 9 6 .
Di V . S.
C o m e fratello a f f . m0
Card. Aldobrandino
( ) Leia-se: Congo.
x
MANDATO D O BISPO DE S . T O M É
A O GOVERNADOR DO BISPADO
O596)
se guardase. / /
E singularmente declaraua q u e em nenhuã maneira que-
ria q u e se guardase hua Prouisaõ do Patriarcha de Hierusalem,
uicelegado, q u e era fama trazer T h o m é Roiz, pera notário apos-
tólico, porque o Sagrado Concilio T r i d e n t i n o deixaua isso no
juiso dos Bispos. E elle dito Senhor, sabia q u e o dito T o m é
Roís naÕ tinha parte ( ) 5
nenhua' pera o poder ser, como era
notório; outrosi declaraua mais o dito Senhor Bispo que naõ
queria q u e o dito seu gouernador, prouisor e uigairo geral,
cofirmase ( ) 6
peçoa algua em algu Benefficio, uindo a dita
apresentação dirigida a elle dito Senhor Bispo, né ainda q u e
viera dirigida ao dito gouernador, prouisor e uigairo geral, saluo
fazendose na dita apresentação expreça menção, de c o m o o dito
Senhor Bispo emformara pera [a] apresentação d o dito Bene-
fficio. / /
E o dito termo estaua asinado pelo dito Senhor Bispo
D o m frei Francisco de Villanoua, e pellos Capitulares da dita
See. C o m o testemunhas do tal m a n d a m e n t o asinaraÕ o A r c e -
diago, o C h a n t r e , o Tizoureiro mor, o coneguo M a r c o s Luis,
o C o n e g u o Francisco Dias, o C o n e g u o Fellipe de Paiua, o
Coneguo Christouaõ Vaz, o Cónego Manoel Vieira da
Costa. / /
E por m e ser pedida a presente certidão pellos Capitulares
da dita See, a passei d o dito t e t m o , quoanto a o q u e toca ás
ditas cousas aqui declaradas, que as mais cousas n o dito termo
escritas naÕ fis aqui menção mais q u e d o q u e dito hé, d o q u e
tudo fis b e m e uerdadeiramente, ao que m e reporto en tudo
e por tudo ao dito termo. / /
( ) Qualidade, aptidão.
5
t
a) Luis de Barros
Mateus R[o]íz
(Locus sigilli)
(16-7-1597)
Senhor
( ) embarcassão=embarcação.
2
(28-9-1597)
Senhor
E m Lixboa a 28 d e Setembro de 1 5 9 7 . / /
Berth. 0
do V a l e V . r a
/ Marcos T e i x . r a
/ Ant.° dAlmejda.
(24-10-1597)
(24-10-1597)
INTERR0GATI0 PRIMA
i. a
V t r u m Ecelesia Cathedralis S.* Thomas habeat curam
1
Ecelesia Cathedralis S. u
Thomas habet curam animarum,
èaque exercetur per v n u m Parochum, et alium eius C o a d i u -
torem remouibiles ad n u t u m Episcopi, et quia Rex Portugallia;,
tanquam perpetuus Gubernator, et Administrator Ordinis M i l i -
tia; Jesu Christi omnes pereipit décimas dicti Episcopatus, ex
ipsis deeimis soluere solet annuatim dicto Parocho quadraginta
mille regalia monetse lusitana;, Coadiutori vero triginta mille.
Oblationes vero Baptismales Ínter eos diuiduntur asquis por-
tionibus.
2. a
Quot Canónicos habeat Ecelesia Cathedralis S. tl
Thomas?
RESPONSIO
INTERROGATIO 3 . *
3. a
Quot Dignitates habeat Ecclesia Cathedralis, praster
Pontificalem.
RESPONSIO
INTERROGATIO 4.'
RESPONSIO
5. a
Quot Ecclesia; Parrochiales vel Parrochia; sint in
Ciuitate?
RESPONSIO
Jn ciuitate S . tl
Thomae, praeter Ecclesiam Cathedralem
adest v n a tantum Parrochialis Ecclesia vel Parochia sub inuo-
catione beatae V i r g i n i s de Conceptione, habetque Rectorem
perpetuum V i c a r i u m n u n c u p a t u m . S u n t etiam in eadem Eccle-
sia / Coadiutores d u o remouibiles al n u t u m Epicopi, et vnus [237 v . ]
Thesaurarius vel Sacrista etiam amouibilis. Rectori assignata est
portio annua sexaginta quinqué millia regalium, et pro v n o
q u o q u e Coadjutore quinquaginta millia, et pro Thesaurario
triginta. Rector vero et Coadiutores inseruiunt Capellis, et acquis
portionibus diuidunt inter se oblationes, obuentiones, et pro-
uentus.
S u n t etiam in Jnsula alia; sex Parochia;, et v n a quaeque
habet Parochum remouibilem, et cuilibet Parocho assignatur
portio sexaginta millia regalium, tarn pro eorum sustentatione,
q u a m pro farina ad confidenciendum hostias, et vino Missa-
r u m , et pro cera, et oleo.
I N T E R R O G A T E 6.»
6. a
Si est aliqua Collegiata?
RESPONSIO
INTERROGATE 7 . *
7. a
Si in Ecclesia Cathedrali est aliqua p r e b e n d a Theo-
logalis?
RESPONSIO
INTERROGATIO 8."
8. a
Vtrum in dicta Ecclesia Praebenda sit deputata pro
Pamitentiario.
RESPONSIO
INTERROGATIO 9.*
Q. A
Si est Seminarium, et quot Clerici resident in eodem,
et de q u o viuunt.
RESPONSIO
INTERR0GATI0 X.'
X. a
Si Cathedralis Ecclesia habeat necessária, et conue-
nientia pro Sacrário, videlicet pro ornamentis, calidbus, et alijs
rebus, et prascipue pro exercitio Pontificalium.
RESPONSIO
Ecclesia; S. u
Thomas assignata fuerunt quadraginta millc
regalia annuatim pro fabrica eiusdem, parochiali vero Con-
ceptionis beata; V i r g i n i s quindecim mille, caeteris vero parochia-
libus sex mille. D i c t a vero quadraginta mille regalia non suffi-
ciunt pro fabrica dicta; Cathedralis Ecclesia;, ita v t ex eisdem
prouideri possit de ornamentis, alijsque rebus necessarijs, et pro
illis recurrendum est ad R e g e m . Sed quia inueni m a g n a orna-
mentorum, et aliarum rerum penuriam in eadem Ecclesia, in
memoriali dicto D e c a n o S.* Thomas per m e tradito, hoc etiam
1
INTERROGATIO XJ.
RESPONSE
INTERROGATIO X I X .
INTERROGATIO X X .
RESPONSIO
INTERROGATIO XXJ.
RESPONSE
RESPONSE
INTERROGATIO XXIIJ.
RESPONSIO
RESPONSIO
INTERROGATIO X X V .
RESPONSIO
RESPONSE
INTERROGATE XXVIJ.
INTERROGATE XXVIIJ.
RESPONSIO
Episcopus S.* 1
Thomas sed et in Capella M a i o r i Ecclesias
Cathedralis in capite C h o r i a dextris. Capitaneus vero qui R e g e m
representare perhibetur, habet locum in eadem Capella sedetque
a sinistris contra Episcopum. E t nullus alius adest Princeps
Sascularis.
INTERROGATE XXIX.
RESPONSE
Ncgatîuc respondetur.
INTERROGATE XXX.
RESPONSE
INTERROGATE XXXJ.
RESPONSE
INTERROGATE XXXIIJ.
RESPONSE
INTERROGATE XXXIIIJ.
RESPONSE
Jnsula S. u
Thomse sita est in sinu q u o d a m Africa;, et in
Bulla creationis Episcopatus eiusdem assignata; ei fuerunt in
diiecesim omnes Jnsula;, et Terra; adiacentes de capite, quod
vocatur Palmarum, a dicta Insula S . " T h o m a ; per 3 0 0 leucas
distante, v n d e incipit, et diascesis sumit initium, v s q u e ad caput
Bona; Spei per 6 0 0 leucarum spatium in circa / vbi firiem [242 v.]
facit. E t versus d i c t u m caput Bona; Spel per 2 0 0 leucas et vitra
consistit R e g n ü C o n g i , cuius R e x a multis annis Christianam
fidem est amplexus. E t in toto R e g n o n o n adsunt adhuc, nisi
sex tantumodo Parochiales Ecclesias, quibus consueuit Episcopus
prouidere de parochis ad n u t u m remouibilibus, aliter enim
régi et administrari nequeunt. / /
Ecclesia vero principalis sita est in Ciuitate Saluatoris nun-
cupate de C o l l e , in q u a R e x ipse residet, et habet palatium
regale suae solitas residential, administraturque per sex vel
Septem presbyteros etiam remouibiles. A l u n t u r q u e excertis qui-
busdam nuncupatis decimis m a l e solutis, R e g e ipso etiam id
procurante, q u a r u m tertia pars prouenit Episcopo, et alia; duas
partes ex tribus remanent dictis Ministris pro sua sustenta-
tione. 11
Exercetur hie iurisdictio Episcopalis per V i c a r i u m q u e n d a m
ad prouisionem Episcopi .S. u
Thomas. R e x vero auctoritati et
iurisdictioni ecclesiasticas non defert in totum, prout d e iure
tenetur; quotiescûque pro officij obligations Vicarius prasdictus
aliquid intentare curauerit, quod illi displiceat, statim de illo in
exilium m i t t e n d o cogitat, prout est tyranicus eius m o s . E g o
vero barbaras eius conditioni deferendo in trium annorum spatio
Vicarios très sine causa remouere, et alios d e nouo constituere
sum coactus, v t sic tandem effrenata hominis conditio non adeo
insolesceret. R e g n u m tarnen illud non inuisi hactenus perso-
naliter, turn quia grauibus morbis impeditus nauigationis tem-
poribus illud efficere non potui, turn etiam quia multorum
fidedignorum, q u i R e g e m bene nouerant, relatione fideli, atque
consilijs s u m adhortatus, v t nil tale committerem si auctoritati
et dignitati mea; consulere vellem. N i h i l o m i n u s tarnen pro
Episcopalis officij obligatione Visitationen! facere personalem
non vererer certe, si temporibus illis mihi per valetudinem
liceret. '/ /
D e R e g n o vero C o n g i non facio m e n t i o n e m magis spe-
cialem, quia nouam iam asseritur erecta esse diascesim in eo pro
iioüo Episcopo. H u i c R e g n o C o n g ! conterminat R e g n u m A n -
golas, quod armis nostris conquiritur de prassend. E t in eo
erectas sunt iam ecclesias duas Parochiales, v n a in q u a d a m parua
Jnsula, (quas ab indigenis vocatur A l c a n d a ( ) , pro v n o Parocho
2
Jnsula de Alcanda ( ) 2
Collegium quodam Societatis Jesu.
E t ex hoc R e g n o vsque ad caput Bonas Spei n u l l u m est com-
mercium c u m indigenis continentem incolentibus.
E x capite Palmarum ante dicto, v s q u e ad m a x i m u m ilium
fluuium Zairi nuncupatum, qui maiore parte / circuit [243]
[Regnum] Congense, ex ilia parte, quas proximior adest
Insulas S. u
Thomas nulli inueniuntur Christiani, praster illos,
qui arcem minarum auri S. u
Georgij nuncupatum sic) incoiunt.
Quas q u i d e m arx tametsi diascesj S.* Thomas interiacet, iuris-
1
()
2
Sic. Leia-se. Aloanda=Loanda=Luanda.
()
3
Massangano. Referência ao Cuanza.
( )
4
Cfr. doc. n.° 112, pág. 407.
( )
5
Desconhecemos a documentação sobre este problema.
et commercia exercent in illis partibus, v t sacerdotem v n u m ,
quolibet anno in nauigijs suis ad R e g n u m illud pro Sacramen-
torum administratione perducere teneantur, stipendio compe-
tenti deputato pro Sacerdote illo ( ) . 6
INTERROGATIO XXXV.
RESPONSIO
INTERROGATIO XXXVJ.
RESPONSIO
Respondetur affirmatiue.
INTERROGATIO XXXIX.
Affirmatiue respondetur.
INTERROGATE XXXX.
INTERROGATIO XLJ.
INTERROGATIO X L I J .
[RESPONSIO]
Affirmatiue respondetur.
INTERROGATIO X L I I J .
INTERROGATIONES 4 4 . 4 5 . 4G.
4 4 . Si deputati sunt E x a m i n a t o r e s S y n o d a l e s .
4 5 . Si sunt deputati iudices iuxta Sacri Tridentini C o n c i -
lij decretü, quibus comitti valeant negotia in partibus per Sacro-
sanctam Sedem A p o s t o l i c a m .
4 6 . Si decretum Sacri Concilij obseruetur super examen
faciendum in concursu de Ecclesijs Parochialibus vacatibus.
RESPONSIO
RESPONSIO
INTERROGATIO X L V I I J .
[RESPONSIO]
INTERROGATIO X L I X .
RESPONSIO
INTERROGATIO L.
[RESPONSIO]
a) f Franc. us
E p ü s S. Thomas / /,
(15-11-1597)
( ) LeÍa-se: dê.
x
c o m o nelle se contem e lho deixem ter e seruir e dellc usar c
auer o dito ordenado, proes e percalços comforme ao regimento
dos thesoureiros de G u i n é e Brazil, q u e lhe era dado pollo thesou-
reiro geral das fazemdas dos defumtos das ditas partes q u e resi-
d e m (sic) nesta cidade de Lisboa, e isto sem duuida n e m embargo
a l g u m q u e a ysso aja; e se a l g u m a pessoa ou pessoas lhe vierem
com alguns embargos a se lhe dar a posse do dito officio, nam
tomareis delle conhecimento, nem outra pessoa e official de
justiça, somente os remetereis á m i n h a M e s a da C o m s y e m c i a ,
aonde o conhecimento d o caso pertemee; e com tudo dareis a
posse do dito officio ao dito C o s m o Gonçalves, o qual jurará na
chancellaria aos santos euahgelhos, de b e m e uerdadeiramente
o seruir, g [ u ] a r d a m d o e m todo o seruiço de D e o s e m e u e b e m
das fazemdas dos defumtos e absemtes e seu regimento; e isto
ey por b e m q u e valha & a .
Jorge do V a l l e o fez em Lisboa, a q u i m z e de novembro de
mil quinhentos nouenta e sete. Fernão M a r [ r ] ecos Botelho o fez
escreuer.
Comcertado Concertado
(16-3-1598)
A H U — S. Tomé, cx. i.
(7'7" 599)
I
(10-7-1599)
( ) Leia-se: ueio=veio.
r
CARTA DA CAMARA DE S. T O M É A EL-REI
(23-12-1599)
Senõr
(24-12-1599)
Senor
C o m o V . M a g e s t a d e este ( )
x
costumado a socorrer todas
as nesesidades de seus Vassalos c o m muita diligencia e amor,
temos por escusados emcaresimentos en recontar as grandes q u e
todo o P o u o desta Ilha padece há muitos annos; e juntamente
com a occasiaÕ q u e agora se ofereçeo, a C a m a r a deue tratalas
por extenço, somente dizemos q u e as Igreias desta cidade fica-
rão todas abrasadas e postas por terra, pellos inimiguos dos esta-
dos aleuantados de A l e m a n h a a baixa ( ) , os quoais, profanarão
2
( ) Estê=esteja.
x
( ) Países Baixos.
2
( ) Amador.
3
Queira nosso Senhor, que poes entendemos serem a causa prin-
cipal de todos estes males nossos peccados, nos emmendemos
delles, pera q u e o m e s m o Senhor seia seruido aleuantar de sobre
nós sua ira; todos estes males semtiremos p o [ u ] c o se V . M a g e s -
tade se lembrar desta Sua Cidade e Ilha e nos fauoreçer, por-
q u e asi entenderemos comessa D e o s a pôr os olhos de Sua
Mizericordia em nós. '//
Pera reprezentar diante [de] V . M a g e s t a d e as necessidades
desta Sé, e das mais Igreias, e as q u e pesoalmente padecemos,
foi electo o Licenciado Pero Fernandes Barbosa, Arcediaguo
desta Sé ( ) ; o quoal hé pessoa digna de fé e credito e que tem
d
0599)
Beatissime Pater
A n t o n i u s Pereira / /
N o m i n a C a n o n i c o r u m , et Capitularium.
0599)
Beatissime Pater
Pretensiones R e v .
morum
dominorum canonicorum et Capitu-
larium Insula: Sancti Thoma:, Provincia; Ulyxbonensis, pro me-
liori seruitio ecclesia: et quiete ipsorum sunt infrascripta;, vide-
licet.
In primis, ut alias fuit expositum, si eos carcerari contingat,
in loco decentiori, videlicet in sedibus episcopalibus, non autem
inter facinorosos, (ut solet R e v .mus
Episcopus) detineri et collo-
cari mandet, ut post resolutionem factam in Sacra Congrega-
tione Concilii fuit ad ipsum R e u . mum
per literas scriptum.
2.° — Si forsan aliquibus rationabilibus de causis eos ab
ecclesia discedere contingat (dummodo tamen Ecclesia prsedicta
debito seruitio non defraudetur) non propterea illos ad sua bene-
ficia resignandum compellat, siquidem sunt collatiua non vero
ad nutum amouibilia.
3 . — Quod in uisitatione modum non excédât et ab ex-
0
611
Álvaro I (D.) — Rei do Congo Angra (Bispado de)—67.
— 128, 235, 238, 239, 282, 283, Anjos (Frei João dos) — Missio-
284, 305, 510. nário no Congo—216.
Álvaro II (D.) — Rei do Congo Anjos (Frei Sebastião dos) —
— 344, 346, 366, 378, 389, 490, Missionário no Congo — 216..
491, 497, 502, 503, 505, 510, Ano Bom (Ilha do) — 130, 267,
5 7- 53 > 534' 539-
2 2
585.
Amador^-Preto de S. Tomé— Anriquez — Vid. Henriques.
XII, 521, 524, 6oo, 601. António (D.) — Prior do Crato.
Amaral (Melchior de)—Chan- — 4 6 8 , 469, 470.
celer — 8 6 . Antunes (Manuel) — 602.
Amarante (Frei Belchior de)— Antunes (Manuel) — Morador
Franciscano da Piedade — 486. em S. Tomé—195-
Ambundos Povos de Angola Aquaviva (P. Cláudio) — Geral
e
203, 208, 233, 256, 294, 311, Araújo (Manuel de) — 196.
312, 320, 322, 323, 328, 330, Araújo (Simão de) — Juiz ema
333, 336, 339, 340, 399, 423, - Tomé—193, 195.
s
429, 431, 433, 501, 502, 506, Arbi (Condessa de) — 468, 469.
5 10.i
Arquiduque (Cardeal) — Vid.
Angola (Reino de) — 36, 37, 46, Alberto (Cardeal).
47, 130, 145, 153, 154, 155, Assães — Vid. Assam.
165, 184, 187, 188, 191, 195, Assans (Rei d o ) _ Costa da
219, 220, 221, 222, 225, 227, Mina - 110.
—184, 198, 208, 229, 232, Borja (S. Francisco de) — Geral
233, 256, 265, 269, 312, 316, da Companhia de Jesus — 477
322, 323, 325, 328. (I)
Barreira (P. Pêro) — Jesuíta — Bornes — 315.
e
Fonseca (P. e
Pêro da)—Jesuíta
Farnésio (Cardeal Alexandre) —
— 471.
167.
Forcados (Rio dos)-—583.
Fernandes (André) — 196.
Frades — Em S. Tomé — 83.
Vernandes (António) — Criado
Francisco (Frei) — Carmelita —
do Capitão da Mina — 454,
277, 278, 279, 303.
470. Franco (P.e
António) — Jesuíta
Fernandes (Gonçalo) — 196.
— 207.
Fernandes (Henrique) — 23.
Frandes — Vid. Flandres.
Fernandes (João) — 196.
Frazer (James George) — Escritor
Fernandes (Manuel)—Mercador
— 232 (3).
—-22. Freitas (Domingos de) — Tesou-
Vernandes (Rui) — 195. reiro na Mina — 482.
Fernandez — Vid. Fernandes.
Fróis (Gaspar Roiz) — 195.
Ferras — Vid. Ferraz.
Funchal (Bispado do) — 67.
Ferraz (Cristóvão) -— 220, 222.
Ferreira (Gaspar) — Escrivão da
G
Fazenda de Angola—242, 243.
Ferreira (Maria) — 23. Gaetano (Mons. Camillo)—Nún-
Ferreira (Sebastião) — 195. cio em Madrid — 520.
Ferreira (Simão) — Capitão — 28. Gama (Estêvão Ferreira da) —
Fidalgo (Diogo) — 195. 469.
Figueira (António) — Cónego de Gesualdo (Cardeal Afonso) —
S. Tomé-— 547, 596, 597, 604. 439,440,514,527,530.
Figueiredo (Cipriano de) — 469. Gloanga Laomba—Residência do
Figueiredo (Dr. Francisco Fernan- Rei de Angola — 138.
des de) — Capitão de S. Tomé Gomeira (Ilha de)—Canárias —
— 271 (3). 271, 273, 300.
Figueiredo (João de Burgos de) Gomes (Alvaro) •— 196.
— Tabelião — 220. Gomes (António) — 196.
Filipe I (Rei D.) — 193, 194, 195, Gomes (Cosme) — Irmão Jesuíta
196, 216, 217, 306, 358, 362, — 184.
Gom es (Cristóvão) — Almoxarife
497, 527, 53o, 532, 534, 537,
em Luanda — 453.
538, 54o, 543, 544, 583.
Gomes (Dr. Eugênio)—XVII.
Flandres — 95.
Gomez — Vid. Gomes.
Gonçalves (Cosme) — 592, 593.
Gonçalves (Martim) — Vigário Igreja construída — 205 (35).
na Mina — 96. Igrejas — Conceição de Luanda
Goncalvez — Vid. Gonçalves. — 404.
Gouveia. (Amador Fernandes de) — Conceição de S. Tomé —
— 412, 419. 18, 28, 57, 59, 62, 63, 64,
Gouveia (Francisco de)—Capitão 374, 389, 397.
— 34, 120, i 2 i , 122, 142, 145, — Nossa Senhora de Guada-
146, 412, 413, 419, 421. lupe, de S. T o m é — 1 5 1 .
Gouveia (P. Francisco de) — Je-
e
353, 38l.
— S. Sebastião, de Angola —
H 50, 51. f
622
Rio de Janeiro — Brasil — 465. Sanga—Vid. Songa.
Rocha (P. Marcelo da)—Jesuíta
e
Sanguiandadi — Capitão dos Fi-
—• 124. dalgos — 324.
Rodrigues (Diogo)—Provisor no Santa Sofia—Vid. Sofia (Rua da).
Congo — 24. Santiago (Ilha de) — 104, 187.
Rodrigues (P. Diogo) — 560.
e
Santo Agostinho (Ordem de) —
Rodrigues (P. Francisco) — His-
e
86.
toriador, Jesuíta — 357, 479. Santo André (Rio de) — 441.
Rodrigues (P. Pedro) — Jesuíta
e
S. Bento (Frei Ambrósio Ma-
— 464, 465, 471, 478, 488. riano de) — Presidente do
Rodrigues (Pêro) — 23. Convento de S. Filipe de Lis-
Roiz (Baltasar) — Vigário da b o a — 216, 218.
Conceição — 389, 390, 397. S. Bruno (Frei Diogo de)—Mis-
Roiz (Diogo) — Vid. Cardoso sionário no Congo — 216.
(Diogo Roiz). S. Dionísio—114.
Roiz (Francisco) —196. S. João (Porto de)—Angola —
Roiz (Gomes) — 424. 209.
Roiz (João) — Vid. Coutinho. S. Paulo, — Apóstolo—100, 116.
Roiz (Martim) — Mineiro em S. Paulo (Vila de) — Vid.
Angola — 326.
Roiz (Mateus) — Cónego de S. Pedro— Apóstolo -— 116.
S. Tomé — 547, 596, 597, 604. S. Pedra (Colégio de) — 315.
Roiz (Tomé) — 546. S. Tomé (Bispado de) — 55, 57,
Ruão (pano de) — 140. 6o, 61, 67, 70, 72, 76, 81, 167,
Rubens — Pintor — 327. 169, 427, 440, 441, 443, 444,
445, 497, 556.
S. Tomé (Freguesias de)—554,
5 7-
6
W
Convento de Carmelitas—216.
Vandendoes (Peter) — General Westermann (D.) — Escritor —
Holandês — 598. 231 (3).
Varela (Domingos) — 195.
Wilbois (Joseph) — Escritor —
Varela (Manuel) — 196.
Vos — Vid. Vaz. 231 ( 3 ) .
Vaz (António) — 196. Y
Vaz (Cristóvão) — Cónego de
Ylhoa — Vià. Ulhoa.
S. Tomé — 546, 604.
Vaz (Gomes) — 195.
Vaz (Martim) — 195. Z
Vaz (Mateus) — 195
Vaz (Pêro)—'Juiz em S. Tomé Zaire (Rio) —188, 189, 502, 506,
510, 583, 584.
— 1 9 3 , 195.
Veiga (Francisco Cabral da) — Zenga (Rio) — Angola — 48,
195. 395.
Este livro realisado pela casa
Paulino Ferreira, Filhos, Lda.,
R. Nova da Trindade, 18-B — Lisboa,
foi impresso em Desembro de içf?