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E-book: Uma nova maneira de auxiliar o usuário em crise

dentro dos serviços de apoio psicossociais

Introdução:

O modelo de atenção e serviço psicossocial atual tem sofrido com a falta de


infraestrutura e investimentos no mundo todo, vive sob grande demanda de
atendidos e também com elevados níveis de encaminhamentos inadequados.

Os serviços em si estão com as mais altas taxas de ocupação para usuários em


estado de crise já vistas. Em alguns lugares, há falta de enfermeiros qualificados,
médicos, psicólogos e outros profissionais.

Dados do mundo todo mostram que os serviços atuais não estão conseguindo a
sustentabilidade necessária e por isso não tem conseguido suprir as demandas
integrais de vida dos usuários desses serviços.

Há uma necessidade recorrente, por exemplo, de um novo modelo de


pensamento e ação sobre como lidar com pessoas nesses estados no Reino
Unido.

Diversos relatórios têm destacado a necessidade dos serviços serem


transformados para ajudar melhor e de forma mais capacitada as pessoas
quando especificamente em crise e sob carência de apoio.

Os problemas dos serviços

Ao longo dos anos, nós identificamos os problemas que precisariam ser


solucionados para que se pudesse atender melhor as necessidades dos
usuários e familiares, bem como reduzir a pressão e a carga sobre funcionários
que trabalham nos serviços psicossociais.

De acordo com essa identificação, medidas tem sido tomadas para que esses
problemas (atender as necessidades e reduzir a pressão sob os profissionais)
sejam atenuados e resolvidos de forma planejada.
Houve então a oportunidade de se introduzir novas abordagens aos serviços em
vistas de melhorar essa situação. Dentre elas, o modelo Whole Life (A vida por
inteiro), que valoriza a experiência e vida do indivíduo em qualquer contexto.

Os princípios da abordagem Whole Life

A metodologia de tratamento Whole Life tem o poder de alterar a vida das


pessoas ao transmitir para aqueles em tratamento, para seus familiares e aos
profissionais que os acompanham, um olhar humanitário e sensível em relação
as experiências psicossociais de diferentes dificuldades.

A ideia por trás da abordagem faz parte de uma mentalidade nos tratamentos
em saúde mental já conhecida ao redor do mundo. Focar na experiência da
pessoa torna-se o mais importante.

Seus princípios de cuidado diante da necessidade de responder a uma demanda


de recuperação vinculada aos problemas apresentados por pessoas com
dificuldades psicossociais são:

 Reconhecer que um transtorno psicológico/emocional tem tratamento


 Entender um momento crítico como um momento de reflexão e
crescimento positivo, não como um tempo para estagnação ou
desesperança
 Observar que as causas de uma dificuldade ou crise precisam de
soluções diferentes baseadas em contextos diferentes (dificuldades
financeiras, saúde física, estresse no trabalho, fatores ambientais,
problemas familiares, etc)
 Saber que os relacionamentos formados entre as pessoa e os
profissionais de todos os setores do serviço devem se basear no respeito
e na confiança
 Reconhecer a importância da responsabilidade compartilhada entre o
tratado, os membros da família e os profissionais para a formação de uma
corrente positiva
 Combater visões reducionistas e o estigma entorno das experiências
psicossociais das pessoas
 Saber da necessidade de se projetar uma abordagem estratégica e eficaz
que abranja as demandas exibidas em cada caso

Estes princípios são difíceis de se por em prática quando os modelos de serviços


se baseiam em práticas criadoras e mantenedoras de estigmas.

A forma de pensar da metodologia Whole Life baseia-se em olhar para o todo da


vida e experiência humana.

Seu objetivo essencial é desenvolver a autonomia e as inter-relações das


pessoas, ao invés de indivíduos estáticos a mercê do sistema e da hierarquia.

O objetivo comum de todo serviço, sob esse prisma, deveria ser o de abraçar
todos esses princípios de maneira sensível, de forma a visar o bem estar da
pessoa e das partes que a compõem.

A missão dos profissionais deve ser a de promover ativamente a recuperação,


autodeterminação e o crescimento do indivíduo, beneficiando tanto os serviços
integrais de saúde e saúde mental, quanto os recursos disponíveis para a
comunidade

Estes componentes podem ser aplicados de forma gradual em todo serviço de


apoio psicossocial. Sua eficácia pode ser avaliada ao longo dos anos na
satisfação das necessidades dos usuários dos serviços e na determinação dos
profissionais de atendimento

Uma experiência bem sucedida em vários sistemas de saúde do mundo.

Como funcionam os centros de crise 24 horas

Este modelo combina as funções de uma equipe de crise, conhecidas pelos


tratamentos em domicílio, com ambientes diferentes dos ambientes clássicos de
hospital, estruturados sob a lógica da psicologia ambiental.
A intenção é produzir uma cultura e uma visão diferentes, em um espaço com
um número reduzido de leitos, dentro de um lugar acolhedor, permitindo a
continuidade dos cuidados.

A mentalidade Whole Life nesses contextos surge como um meio de acesso


aberto a uma cultura de recuperação e de oportunidades de
crescimento/emancipação.

A combinação desses elementos permite o desenvolvimento em diversos


sentidos.

Esses lugares tem sido desenvolvidos ao redor do mundo com o objetivo de


serem um ambiente bem sucedido na resolução de crises e no tratamento de
dificuldades psicossociais.

As comunidades e equipes de tratamento exibem grande satisfação por fazerem


parte do movimento de difusão dessas práticas e dessa mentalidade acerca da
saúde mental.

As famílias de acolhimento

As famílias de acolhimento trabalham de acordo com os preceitos da


comunidade e dos serviços de saúde psicossociais.

São famílias avaliadas e dispostas a ajudarem na recuperação de outras


pessoas, deixando-as participar de seus ambientes familiares.

Faz-se uma estadia de curto prazo ou por até 2 semanas. As famílias são
recrutadas de acordo com sua formação (membros) e disponibilidade. São
remuneradas pelo governo.

Usuários relatam experiências positivas, eles são altamente valorizados pela


família de acolhimento e pelos profissionais de saúde mental. Em alguns lugares
pouco são utilizadas outras alternativas de acompanhamento.

As casas de recuperação
As casas de recuperação, assim como os centros de crise, baseiam-se na
psicologia ambiental, retirando os aspectos hospitalares de seus ambientes.

Elas fornecem tempo e espaço para seus atendidos poderem refletir sobre suas
histórias de vida, para que possam usa-las de forma a entender determinados
episódios delas como possíveis origens das próprias crises.

Em alguns lugares, as casas foram construídas com foco em alguns grupos


específicos, mulheres e grupos étnicos minoritários.]

A seguir estão algumas informações adicionais sobre as casas:

 As casas são normalmente geridas por usuários e/ou ex-usuários de


serviços de atenção psicossociais, para além dos profissionais.
 Elas fornecem um ambiente de aconselhamento, formação profissional,
meditação, fé, arte e cultura, esporte e lazer, entre outros elementos
 Seus usuários são reinseridos na comunidade por meio de processos
humanitários e bem projetados social e psicossocialmente falando

Conclusão

Os programas mencionados acima, baseando-se na abordagem Whole Life,


cuidam de seus tratados de maneira humanitária e distinta de outras maneiras
pouco eficazes usadas em tantos outros serviços.

O foco dos tratamentos está voltado para a vida e experiência da pessoa, esteja
ela em crise ou não. A base de todo apoio não se da entorno de um diagnóstico,
mas sim do contato humano estabelecido.

Toda essa conscientização e planejamento ajudam aos usuários dos serviços


psicossociais a conseguirem uma melhor recuperação também após um
possível momento de crise, caso ela surja.
A abordagem permite que a pessoa trabalhe seus dificuldades e a si própria por
inteiro. Permite também a participação efetiva da família e dos profissionais
nesse processo.

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Um pouco sobre John Stacy, autor do E-book:

Graduado em enfermagem. Foi diretor do Centro de Saúde Mental do País de


Gales e fundador da filial da INTERVOICE no país. John é atualmente membro
executivo da IMHCN. Trabalhou no Reino Unido e em outros países prestando
consultoria para serviços de saúde mental. John é pesquisador de novas
abordagens em saúde mental e muito reconhecido na Europa por seu trabalho
desenvolvido.

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