social, pensador marxista e ativo militante comunista. Devido sua prisão pelos fascistas (por mais de uma década) escreveu a sua principal obra com três cadernos (Cadernos do Cárcere). Sua reflexão está voltada para as sociedades de capitalismo avançado, caracterizadas por um forte mercado interno e pelo pluralismo político. Conforme a concepção de Gramsci, o poder é diluído entre o governo e suas instituições, qualificado por ele como o espaço da coerção; e variadas instâncias da sociedade civil, como as industrias, os partidos, os sindicatos, chamadas de espaço de consenso e persuasão. Alguns conceitos marcaram o pensamento de Gramsci como o de hegemonia cultural. Os intelectuais da classe hegemônica, burguesia, produziram, em determinadas circunstâncias históricas, um consenso cultural com a intenção de que a classe trabalhadora identificasse seus próprios interesses particulares com aqueles da burguesia, ajudando a manter o status quo. Por isto, segundo Gramsci, a classe trabalhadora precisava desenvolver uma cultura “contra- hegemônica”, primeiro para demonstrar que os valores da burguesia não representavam os valores “naturais”, “normais” ou “desejáveis” e “inevitáveis” de uma sociedade moderna e, segundo, para expressar politicamente seus próprios interesses (interesses estes que eram majoritários na sociedade como um todo, já que a classe trabalhadora forma a maioria da população de um país). Ou seja, o que hoje denominamos de linguagem e signos que compõem a comunicação da sociedade globalizada com uma cultura hegemônica, foi colocado por ele no início do século. Gramsci analisou os motivos que não levaram à eclosão da revolução comunista na Europa ocidental e atribuía esse fracasso à hegemonia cultural. Para ele, foi neste espaço que a burguesia construiu um arsenal ideológico pela arte, educação e comunicação tão sólido que, por meio de uma cultura hegemônica, os valores e interesses particulares/privados da burguesia se tornavam o “senso comum”. “Senso comum” este que, como explicaria Gramsci nos seus escritos, existiria não naturalmente, mas como uma construção mental realizada por cada indivíduo, grupo e classe a partir das idéias recebidas e de seus projetos. Dessa concepção de sociedade Gramsci propõe uma ação política revolucionária articulada organicamente na sociedade, no cotidiano das relações sociais. Além da superação da exploração de uma classe sobre a outra e da eliminação da propriedade privada é necessário conquistar a hegemonia política e ideológica, lutar contra a apropriação privada e elitista do conhecimento. A escola, em seus diferentes graus, é o instrumento da formação de um novo tipo de homem, que deve entender-se como produto de uma elaboração de vontade e pensamento coletivo, logrado mediante o esforço individual concreto e não por processos ou determinações alheios a cada um. Para Gramsci, as características da alternativa pedagógica que busca uma nova sociedade são: 1.Que a educação seja social; 2.Que a educação seja de todos a para todos; 3.Que a educação seja responsável, aceita interiormente, e não imposta. Trata-se do projeto da “escola única”, na qual, desde o nível fundamental até o nível superior, não esteja presente o abismo que separa as classes sociais na sociedade capitalista ocidental. Este projeto é revolucionário porque abandona a idéia do conhecimento dual, ou seja, extingue a existência de escolas nas quais alguns são preparados para ser dirigentes e outros são preparados para serem dirigidos. A necessidade de criar uma cultura da classe trabalhadora está relacionada com a proposta que Gramsci fez para um novo tipo de educação que pudesse desenvolver intelectuais na e para a classe operária. Suas idéias para um sistema educacional deste tipo correspondem à noção de pedagogia crítica e educação, segundo foram teorizadas e postas em prática décadas depois por Paulo Freire. Promotores de educação popular e de educação para adultos consideram Gramsci como uma voz a ser ouvida até os nossos dias. As idéias de Gramsci serviram de base para a criação da Teologia da Libertação.