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Universidade Federal de Itajubá

Instituto de Engenharia de Sistemas e Tecnologias da Informação

Engenharia Eletrônica - ELT

ELTA00 – Eletrônica 0 Material 2

Prof. Paulo César Crepaldi adaptado por Prof. Carlos Augusto Ayres
Fontes de Tensão e Corrente, Redes e Circuitos
Como já visto, não tem sentido dizer que um bipolo elétrico está
absorvendo uma potência negativa. Neste caso, tem-se a
situação em que o bipolo é considerado uma Fonte.

As fontes são também denominadas de elementos de circuito


Ativos por estarem fornecendo energia.

Elementos de circuito Passivos não podem fornecer energia,


mas apenas absorvê-la e dissipá-la (sob a forma de calor, luz,
etc) ou armazená-la (sob a forma de um campo elétrico ou
magnético).

As fontes podem ser de tensão ou de corrente com um símbolo


representativo para cada uma. Podem, ainda, ser classificadas
em Independentes e Dependentes (ou controladas).

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Esquema Elétrico

Nas atividades que envolvem o projeto e a análise de circuitos


eletro-eletrônicos, o uso de ferramentas gráficas para a
documentação (esquemas, diagramas, etc) é fundamental para
que o projetista/analista localize os componentes e avalie as suas
funções.
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Sinais AC e DC
Para se fazer a distinção entre um sinal contínuo (DC - Direct
Current – Corrente Contínua) e um sinal alternado (AC -
Alternating Current – Corrente Alternada) basta, a princípio,
observar o seu comportamento ao longo do tempo e observar a
sua variação de amplitude com relação a uma referência.
Uma definição alternativa para os sinais AC é considerar que a
corrente muda de sentido ao longo do tempo surgindo, assim, o
termo alternada ou alternado.
Normalmente, associamos ao sinal DC linhas retas enquanto que
aos sinais AC associamos funções matemáticas como senos,
cossenos, onda quadrada.
Os sinais AC podem ser periódicos ou não dependendo da
função que o representa.
Existem circuitos de corrente contínua, circuitos de corrente
alternada e mistos (superposição → AC+DC)
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Representação de Sinais DC, AC e Superpostos
Observar, na figura a seguir, as representações adotadas para os
diferentes sinais. A forma de onda apresentada é uma tensão
composta por uma senóide e um nível DC.
Valor Instantâneo (vAB)
corresponde à superposição dos
sinais AC e DC
Valor AC (vab)
corresponde à componente AC
Valor DC (VAB)
corresponde à componente DC
Valor de Pico (VP)
corresponde à componente AC
Valor Pico a Pico (VPP)
corresponde à componente AC
Período (T=1/f)
corresponde à componente AC
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Valor Médio e Valor Eficaz
Por definição, o valor médio (Average Value - AVG) de uma forma
de onda periódica é dado por:

1T
FAVG   f(t)dt
T0

Que representa a área sob esta curva considerando-se um período.

A1 – Área “positiva”
A1

A2
A2 – Área “negativa”

Portanto, podemos interpretar o valor médio como sendo um “balanço” de


áreas da forma de onda em relação a uma referência.
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Valor Médio e Valor Eficaz
v AB(t)  vab(t)  VP sen(t)
1 2π
v AB   VP sen(t) dt
2π 0
1 2π
v AB   VP sen(t)d t
2π 0
VP 2π
v AB   sen(t)d t
2π 0
VP
v AB   cost 02π
VAB(AVG) 2π
v AB  0

Se a forma de onda periódica não contiver componente DC (nível DC), ou


seja, for simétrica em relação ao eixo x, o seu valor médio sempre será zero
uma vez que as áreas são iguais (note que ao resolver a integral, a área
acima do eixo x será positiva e a área abaixo do eixo x será negativa).
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Valor Médio e Valor Eficaz

v AB (t)  V AB  v ab(t)  V AB  VP sen(t)



1
v AB   V AB  VP sen(t)dt
2π 0
2π 2π
1 1
Exemplo: v AB  
2π 0
V AB dt  
2π 0
VP sen(t)d t

2π 2π
V AB VP
v AB 
2π 0  dt  
2π 0
sen(t)d t

V AB 2π V P
v AB  t  0   cost  02π
VAB(AVG) 2π 2π
v AB  V AB  0  V AB

Se a forma de onda periódica contiver componente DC (nível DC), o


seu valor médio sempre será o próprio valor DC
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Valor Médio e Valor Eficaz

Por definição, o valor eficaz (Root Mean Square – RMS) de uma forma
de onda periódica e dado por:

1T
FRMS  Feficaz   f(t)  2 dt
T0

O valor eficaz (Root Mean Square – RMS) de uma forma de onda terá
a mesma potência de um contínuo de mesmo valor:

220 VRMS equivale a 220VDC em termos de potência


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Valor Médio e Valor Eficaz
v AB(t)  vab(t)  VP sen(t)
1 2π
vˆ AB  v AB(RMS)  
 PV sen( t) 2
dt
2π 0
1 2π 2 1 cos(2t) 
vˆ AB   VP    dt
2π 0 2 4 
2
VP 2  t cos(2t) 
vˆ AB    
2π  2 4 0
2
VP
vˆ AB 
2
V
VAB(RMS) vˆ AB  P
2

Para uma onda senoidal com valor médio igual a zero, o


valor eficaz será VP/√2.
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Valor Médio e Valor Eficaz

Para uma onda senoidal com valor médio diferente de zero, o


valor eficaz será:

v AB (t)  V AB  v ab(t)  V AB  VP sen(t)



1
vˆ AB  v AB (RMS)  
 AB P
V  V sen(  t)  2
dt
2π 0

2π 2π 2π
1 1 1
      (t)d t
2 2
vˆ AB  V AB d t  V V
AB P sen( t)d t  V P sen 2

2π 0 2π 0 2π 0
        
0
2
VP  t cos(2t) 
2
2
vˆ AB  V AB    
2π  2 4 0
2
2 V
VAB(RMS) vˆ AB  V AB  P
2
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Valor Médio e Valor Eficaz

Para um sinal que é composto pela soma de outros sinais


podemos escrever:

O valor médio resultante é a soma dos valores médios de


cada sinal

O valor eficaz resultante é igual à raiz quadrada da soma do


quadrado de cada valor eficaz individual

v( AVG)result  VAVG1  VAVG 2  VAVG 3

v( RMS)result  V   V   V 
ef 1
2
ef 2
2
ef 3
2

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Valor Médio e Valor Eficaz: Exemplo
Calcular os valores médio e eficaz para a forma de onda v(t) a seguir:

Valor Médio e Valor Eficaz: Multímetros

Instrumentos de Medida
O termo instrumentação refere-se a instrumentos que são utilizados desde
testes básicos de bancada a equipamentos científicos complexos, usados em
muitos laboratórios de investigação e desenvolvimento e para controle e
ensaio, em processos industriais.
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Valor Médio e Valor Eficaz: Multímetros

Todos os instrumentos apresentam, basicamente, funções comuns que


é o de medir e transmitir informação sobre uma grandeza. Neste caso
concreto, entende-se por medida o processo de determinar a
quantidade ou a capacidade de uma grandeza por comparação (direta
ou indireta) com um padrão do sistema de unidades utilizado. Por
padrão entende-se o valor de referência a ser utilizado, no ato de
medir.
Assim, ao selecionarmos um dado instrumento de medida, deve-se ter
em conta o seu campo de aplicação e as características que este deve
ter para dar informação sobre a grandeza a medir. Em particular, o
grau de exatidão de uma medida depende do tipo de transdutor
usado. Isto é, do dispositivo que converte uma forma de energia numa
outra forma. Por instrumento analógico entende-se aquele que produz
uma tensão ou deflexão proporcional à grandeza a ser medida, de
forma continua.

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Valor Médio e Valor Eficaz: Multímetros
Três Passos para Efetuar uma Medida
Ter uma ideia do valor da grandeza
Uma regra fundamental em metrologia, nomeadamente na medição de
grandezas elétricas, é que nunca se procede a uma medição sem ter uma ideia
(mesmo que aproximada) do valor da grandeza que se pretende medir. Isto
poderá evitar a ocorrência de consequências nocivas para pessoas,
equipamentos e meio ambiente.
Instrumento que temos é o Instrumento que precisamos?
É fundamental verificar se o instrumento de que dispomos é adequado à
medição que pretendemos efetuar, basicamente em quatro aspectos: Mede a
grandeza pretendida? Tem os fundos de escala necessários? Respeita a
categoria de sobre-tensão necessária? Tem a precisão e exatidão necessárias?
Proceder à medição
Este passo engloba todas as operações necessárias na execução de uma dada
medição: a montagem do circuito elétrico adequado à aplicação do método
de medição pretendido, tendo em conta aspectos como a ligação correta do
instrumento (a escolha correta dos terminais, escala e polaridade) e a
determinação do intervalo de incerteza, de forma a apresentar corretamente
o resultado.
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Valor Médio e Valor Eficaz: Multímetros
Aspectos de multímetros digitais
Observar como os fabricantes indicam as leituras de valores médios e eficazes

Valor Médio

Valor Eficaz

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Valor Médio e Valor Eficaz: Multímetros “True RMS”
Devemos verificar, também, através do manual do fabricante, se o
multímetro “true RMS” mede estes valores de ondas compostas
(componentes AC + DC), qual o fator de crista máximo e qual a frequência
máxima.

True RMS

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Fontes Independentes e Controladas

Diferentemente dos elementos de circuito passivos, as fontes independentes


apresentam um valor de tensão ou corrente que, em condições idealizadas,
não depende da rede elétrica a qual está conectada.
As fontes independentes de tensão ou corrente podem ser contínuas (DC) ou
alternadas (AC). Suas representações:

Fonte de Tensão ou Fonte de Tensão DC


Corrente AC
Fonte de Tensão DC
Fonte de Corrente DC (bateria)

Reforçando o conceito: Para as fontes AC sempre serão utilizadas letras e


sub-indíces minúsculos e para as fontes DC letras e sub-índices maiúsculos

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Fontes Independentes e Controladas

A bateria é a mais comum das fontes DC.


Por definição, uma bateria consiste de uma combinação de duas
ou mais células, sendo a célula a fonte fundamental de energia
elétrica. Esta energia elétrica é resultante de uma conversão a
partir de uma energia química ou solar.
As baterias podem ser primárias (não recarregáveis) e
secundárias (recarregáveis).
A capacidade de uma bateria é expressa em ampère-hora (Ah)
ou miliampère-hora (mAh). Por exemplo, uma bateria com uma
capacidade de 100[Ah] pode sustentar uma corrente de 100[A]
durante 1[h] mantendo, teoricamente, constante a diferença de
potencial em seus terminais.

Em uma bateria de celular aparece a indicação 800 [mAh]. Que grandeza física está
sendo representada nessa indicação. Qual seu valor em unidade do SI?

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Fontes Independentes e Controladas
Fonte DC de Tensão Independente “ideal”

Bipolo elétrico cuja tensão entre


os seus terminais é invariante em
relação a corrente que o
atravessa.

Fonte DC de Corrente Independente “ideal”

Bipolo elétrico cuja corrente que


o atravessa é invariante em
relação a tensão entre os seus
terminais.

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Fontes Independentes e Controladas
As fontes controladas são aquelas em que sua tensão ou corrente
dependem de uma determinada tensão ou corrente presente em
outro elemento de circuito da rede elétrica da qual faz parte. Estas
fontes são fundamentais no modelamento de dispositivos
semicondutores tais com transistores bipolares, transistores de
efeito de campo, amplificadores operacionais, etc.
Existem quatro tipos:
Fonte de Tensão controlada por Tensão
(VCVS – Voltage-Controlled Voltage Source)
Fonte de Tensão controlada por Corrente
(CCVS – Current-Controlled Voltage Source)
Fonte de Corrente controlada por Tensão
(VCCS- Voltage-Controlled Current Source)
Fonte de Corrente controlada por Corrente
(CCCS – Current-Controlled Current Source)
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Fontes Independentes e Controladas
VCVS – Voltage-Controlled Voltage Source

vx(t) é a tensão de referência


v(t) é a tensão de saída
v x (t ) v(t )  v x (t ) α é a constante de proporcionalidade
(admensional)

CCCS – Current-Controlled Current Source

ix(t) é a corrente de referência


i(t) é a corrente de saída
ix (t ) i (t )  ix (t ) β é a constante de proporcionalidade
(admensional)

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Fontes Independentes e Controladas
VCCS - Voltage-Controlled Current Source

vx(t) é a tensão de referência


i(t) é a corrente de saída
vx (t ) i (t )  g m vx (t ) gm é a constante de proporcionalidade
(Siemens [S])

CCVS – Current-Controlled Voltage Source

ix(t) é a corrente de referência


v(t) é a tensão de saída
ix (t ) v(t )  rmix (t ) rm é a constante de proporcionalidade
(Ohm [Ω])

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Fontes Independentes e Controladas
Importante
Uma fonte é dita estar em repouso quando o seu valor cai a zero.

 Uma fonte de tensão em repouso equivale a um curto-circuito, ou


uma chave fechada: (V=0)

 Uma fonte de corrente em repouso equivale a um circuito aberto, ou


uma chave aberta: (I=0)

Este conceito é fundamental ao aplicarmos o princípio da


superposição quando na análise de uma rede elétrica que possua mais
de uma fonte de excitação.
Existem, ainda, as fontes autocontroladas que serão abordadas em
momento oportuno.
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Associação de Fontes Independentes
Fontes de Tensão em série e paralelo:
A tensão disponível aos terminais de uma
associação em série de fontes de tensão é dada
pela soma das tensões parciais. A adição dos
valores nominais das tensões deve levar em conta
a polaridade da ligação: polaridades concordantes
adicionam-se e polaridades contrárias subtraem-
se. A associação em paralelo de fontes de tensão é
uma operação cuja realização prática necessita de
alguns cuidados. Esta recomendação é
particularmente verdadeira nos casos em que as
fontes de tensão apresentam valores nominais
bastante diferenciados e resistências internas
reduzidas.

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Associação de Fontes Independentes
Fontes de Corrente em série e em paralelo:

Neste caso, a corrente colocada aos terminais


de uma associação em paralelo é dada pela
soma das correntes parciais, que deve ter em
conta as polaridades respectivas. A associação
em série de fontes de corrente ideais com
valores nominais distintos conduz a uma
indeterminação no nó de interligação, devido à
não verificação da Lei de Kirchhoff das
correntes.

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