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Poderíamos dizer que, em geral, a prevenção

refere-se a toda iniciativa coletiva visando à


sobrevivência da espécie. Na realidade é um
conceito recente e poderíamos dizer que as
primeiras instituições na história que
estiveram na sua vanguarda foram as
religiosas.
INTRODUÇÃO
As práticas prega o respeito
ao próximo.

Junto com a humanidade, o


uso de drogas se modifica.

Novos pensamentos e novas


pesquisas foram se
desenvolvendo para que as
ações planejadas pudessem
ser efetivas e preservadoras.
Pesquisas mostram abuso de drogas

necessidade de AÇÕES PREVENTIVAS.


Prevenir não é banir a possibilidade de uso de drogas. Prevenir é
considerar uma série de fatores para favorecer que o indivíduo
tenha condições de fazer escolhas.

prevenção “Promoção de Saúde”.

FATORES QUE LEVAM ÀS DROGAS

Ninguém nasce predestinado a usar drogas ou se torna dependente

Pela nossa humanidade e incompletude, buscamos elementos para


aliviar dores e acirrar prazeres.

A sociedade usa drogas. Algumas vezes experimenta, outras usa


sem comprometimento e outras, ainda, ABUSA.
FATORES DE RISCO: comportamentos que podem levar ao
abuso de drogas.

FATORES DE PROTEÇÃO: mesmo tendo contato com a droga,


há condição de se proteger. Contrabalançam as vulnerabilidades.

OS FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO


PODEM ESTAR:
nos aspectos biológicos;
na genética;
nas relações interpessoais;
nas interações familiares;
Na convivência com a droga;
nas sensações provocadas pelo uso da droga;
na cultura em que cada um vive.
Para que se realize um trabalho sério e cuidadoso de
PREVENÇÃO, com um determinado grupo, é necessário:

IDENTIFICAR OS FATORES DE RISCO PARA MINIMIZÁ-LOS;

IDENTIFICAR OS FATORES DE PROTEÇÃO PARA FORTALECÊ-LOS;

tratar o grupo como específico para a identificação dos fatores


acima.
Fatores do próprio indivíduo

FATORES DE PROTEÇÂO FATORES DE RISCO

Habilidades sociais Insegurança


Cooperação Insatisfação com a vida
Habilidades para resolver Sintomas depressivos
problemas Curiosidade pela droga
Vínculos positivos com Busca de prazer
pessoas, instituições e valores
Autonomia
Autoestima desenvolvida
Fatores familiares

Proteção Risco

Pais que acompanham as atividades Pais fazem uso abusivo de


dos filhos drogas
Regras de conduta claras Pais sofrem doenças
Envolvimento afetivo com a vida mentais
dos filhos Pais excessivamente
Respeito aos ritos familiares autoritários ou muito
Hierarquia familiar exigentes
Famílias que mantêm uma
“cultura aditiva”
É função da família proteger os filhos e favorecer neles o
desenvolvimento de competências, por ex: lidar com limites e
frustrações (fator de proteção).

Na adolescência, a falta da proteção da família, especialmente


para o adolescente transgressor que não sabe lidar com
frustrações, pode favorecer o uso indevido de drogas.

Entretanto, a transformação que os filhos vão sofrendo com sua


adolescência leva a família a reorganizar seus papéis e a fazer
adaptações em sua estrutura para permitir o desenvolvimento de
seus filhos (fator de risco)
FATORES ESCOLARES
FATORES DE PROTEÇÃO
Bom desempenho escolar
Boa inserção e adaptação no ambiente
escolar FATORES DE RISCO
Ligações fortes com a escola
Oportunidades de participação e Baixo desempenho escolar
decisão Falta de regras claras
Vínculos afetivos com professores e Baixas expectativas em relação
colegas às crianças
Realização pessoal Exclusão social
Possibilidades de desafios Falta de vínculos com as
Descoberta de possibilidades (e pessoas ou com a aprendizagem
“talentos”) pessoais
Prazer em aprender
Descoberta e construção de projeto de
vida
FATORES SOCIAIS

Respeito às leis sociais Violência


Oportunidades de trabalho e Desvalorização das
lazer autoridades sociais
Informações adequadas sobre Descrença nas instituições
as drogas e seus efeitos Falta de recursos para
Clima comunitário afetivo prevenção e atendimento
Consciência comunitária e Falta de oportunidades de
mobilização social trabalho e lazer

O jovem pode supor que só os fatores externos o levaram ao


uso, e que estes mesmos fatores o levarão a resolução de seus
problemas. Por exemplo: morar em um bairro violento.
Se o jovem vem de uma família desorganizada, mas encontra
em sua vida um grupo comunitário que faz seu
asseguramento, oferecendo-lhe alternativas de lazer e de
desenvolvimento de habilidades pessoais, pode vir a ter sua
formação garantida, aprendendo a criticar e se responsabilizar
por si próprio e pelo seu grupo social.

FATORES RELCIONADOS A DROGA

DE PROTEÇÃO DE RISCO

Informações contextualizadas Disponibilidade para compra,


sobre efeitos, Propaganda que incentiva e
Regras e controle para consumo mostra apenas o prazer que a
Adequado. droga causa,
Prazer intenso que leva o
indivíduo a querer repetir o
uso.
POSSIBILIDADE DE RECUPERAÇÃO
O dependente da droga pode se recuperar.

Anos 70: Antes dos movimentos antimanicomiais, tratados como


psicopatas, ou seja, amorais. Posição moralista diante do problema.

Se o usuário não era julgado pelo sistema prisional, era julgado


pelo sistema psiquiátrico.

Anos 80: Aumento do consumo das drogas injetáveis e do


aparecimento da AIDS- Mudança de posição

Surgem dois conceitos importantes: “RESILIÊNCIA” E


“REDUÇÃO DE DANOS”.
a) Resiliência: superação das adversidades e situações drásticas.

b) Redução de Danos: conjunto de medidas individuais e


coletivas, sanitárias ou sociais diminuindo os malefícios ligados
ao uso de drogas lícitas ou ilícitas.
Estas definições levam à reflexão sobre as nossas “pretensões”
quando pensamos em um programa de prevenção.

Se o dependente contar com seus fatores de proteção, poderá


superar suas dificuldades.

PODEMOS PERGUNTAR: O que favoreceria essa superação?


Será que alguns teriam esta condição e outros não? Será que a
identificação de um grande número de fatores de risco em uma
comunidade e um programa de prevenção que ofereça “fatores
de proteção” ajudaria no desenvolvimento destes indivíduos?
POPULAÇÕES CHAMADAS DE “ALTO RISCO”:

Estudo com72 indivíduos (42 meninas e 30 meninos) desde a


infância até a idade adulta, no Havaí. Crianças de famílias pobres,
de baixa escolaridade, baixo peso no nascimento ou presença de
deficiências físicas e estresse perinatal.

NENHUMA DESTAS CRIANÇAS DESENVOLVEU


PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM E DE
COMPORTAMENTO.

Outro estudo: 49 jovens, pais pobres, com sérios problemas de


abuso de álcool e sofreram conflitos familiares desde cedo.

AOS 18 ANOS, 41% APRESENTARAM PROBLEMAS DE


APRENDIZAGEM E 51% NÃO APRESENTARAM
Apesar de terem características diferentes, os dois grupos foram
considerados resilientes.
Então, todos temos salvação? Podemos ser expostos a qualquer
estresse e sem dúvida sairíamos ilesos?

Essas são perguntas muito importantes, pois temos que estar


atentos para não confundirmos resiliência com
invulnerabilidade.

Podemos construir uma definição mais ampla


sobre resiliência:
RESILIÊNCIA

não é o oposto de fator de risco;

não é o mesmo que superação de vivências traumáticas;

é como um “banco de dados” que protege o indivíduo;

o conceito de resiliência nos mostra o ser humano como capaz


de superar adversidades;

cada um de nós tem uma capacidade psíquica particular


para o enfrentamento dos problemas da vida.
A SINTONIA ENTRE AS PROPOSTAS E AS NECESSIDADES

A prevenção deve ser mais sintonizada com as necessidades da


população de usuários.

Novos conhecimentos trouxeram novas posturas e formas de


enfrentar o problema das drogas. Uma delas é a de REDUÇÃO
DE DANOS.

Em 1986 e 1987:contaminação pelo vírus HIV nos usuários de


drogas injetáveis, na Inglaterra e na Holanda e apareceram os
primeiros centros de troca de seringas.

A proposta era reduzir os danos que estes usuários causavam


a si próprios. Esta ação foi considerada eficiente.
Na França, antes dos programas de distribuição, mais de 50% dos
usuários compartilhavam suas seringas e hoje este número é
menor que 17%.

No Brasil, na mesma época, também foram feitas tentativas neste


sentido, mas a iniciativa tornou-se um caso de polícia. Ainda não
foi possível abandonar as posições proibicionistas e tratamos a
prevenção como uma forma de repressão.

Hoje, já sabemos que a REDUÇÃO DE DANOS (RD) é muito


maior do que só trocar seringas.
Estudos apontam 5 princípios para a RD
1. É uma alternativa de saúde pública aos modelos moral,
criminal e de doença.

2. Reconhece a abstinência como resultado ideal, mas aceita


alternativas que reduzam danos.

3. É baseada na defesa do dependente.

4. Acesso a serviços de baixa exigência, ou seja, que acolhem


usuários de forma mais tolerante, como uma alternativa para as
abordagens tradicionais de alta exigência, que exigem a
ABSTINÊNCIA TOTAL como pré-requisito para a aceitação ou
permanência do usuário.

5. Baseia-se nos princípios da prática versus idealismo moralista.


Ao pensarmos a RD e colocarmos a abstinência como um
resultado ideal a ser alcançado, estamos admitindo que o real não
é o ideal.

O objetivo da prevenção, segundo a OMS, é reduzir a incidência


de problemas causados pelo uso indevido de drogas em uma
pessoa e em um determinado meio ambiente.

No entanto, as categorias de prevenção primária, secundária e


terciária que herdamos dos modelos médicos são insuficientes:
Prevenção primária – evitar que o uso de drogas se instale,
dirigindo- se a um público que não foi afetado.
Prevenção secundária – efetuar ações que evitem a evolução do
uso para usos mais prejudiciais.
Prevenção terciária – tratar os efeitos causados pelo uso da
droga, melhorando a qualidade de vida das pessoas afetadas.

A partir da definição de uma população alvo, as atividades


preventivas passam a ser chamadas de:

intervenção global ou universal;


 intervenção especifica ou seletiva;
intervenção indicada.
O QUE É
ONDE SE APLICA
Intervenção global: Programas
Na comunidade, Escolas e nos meios
destinados à população, sem
de comunicação.
qualquer fator associado ao risco.
Intervenção específica: Ações
voltadas para populações com um
Em grupos de crianças, filhos de
ou mais fatores de risco de uso de
dependentes químicos.
drogas.
Intervenção indicada: para
pessoas usuárias ou com
Em programas que visem diminuir o
comportamentos violentos
consumo de álcool e outras
relacionados direta ou
drogas, mas também a melhora de
indiretamente ao uso de
aspectos da vida do indivíduo como,
substâncias, como por ex: alguns
por ex:, desempenho acadêmico e
acidentes de trânsito.
reinserção escolar.
FATORES DA PROPOSTA DE PREVENÇÃO
O campo das ações preventivas envolvem os aspectos:
formação da personalidade do indivíduo, questões familiares,
sociais, legais, políticas e econômicas.

O uso indevido de drogas é sério e importante.

Não bastam boas intenções para planejarmos uma ação preventiva.

É preciso ter conhecimento científico,


e não somente uma opinião sobre a
questão.
Identificação da população a ser trabalhada,
Identificação dos fatores de risco e de proteção desta população e o
Planejamento da intervenção que será feita.

Somos humanos e muitas vezes não enxergamos o problema de


forma completa, por isso é muito importante o trabalho em equipe.

Na formação da equipe, é importante contar com especialistas e


membros da comunidade local – chamamos isso de APOIO.

Os fatores: apoio, conhecimento, criatividade e equipe treinada são


essenciais para o desenvolvimento de um bom trabalho nesta área.

É importante que a equipe tenha condições de:


receber o conhecimento científico e se manter atualizado;

suportar mudanças lentas e graduais;

tolerar frustração para conseguir ampliar os próprios limites;

examinar seus erros e seus preconceitos em relação à questão;

exercer a própria criatividade para criar ações considerando o


grupo identificado;

trabalhar com outros técnicos em atividades grupais.

Para a implantação de um programa, é preciso que se defina


objetivos e estratégias, considerando a comunidade, definição dos
recursos físicos locais para que a intervenção não precise ser
interrompida.
Os processos de mobilização ocorrem mais facilmente
se forem iniciados em comunidades menores.

Para se fazer prevenção: Equipe, Definição de objetivos e Apoio.

ATENÇÃO: Dados que interferem no trabalho e de novos fatores


que possam interferir nele. Por ex:, uma nova droga no mercado ou
novos hábitos que vêm fazer parte daquela comunidade.

PLANEJAMENTO PARA INICIAR A INTERVENÇÃO


PREVENTIVA e a AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS é de suma
importância.

Pode-se dizer que uma intervenção preventiva será mais eficiente


quanto mais ela considerar dados como:
o respeito à cultura da comunidade e do lugar onde ela está
inserida;

o planejamento das ações;

o aproveitamento dos recursos já existentes;

a integração das novas atividades ao currículo escolar;

o envolvimento gradual da comunidade escolar;

a preocupação com a possibilidade da continuidade das


ações planejadas;

a consideração do fato de que só a informação não basta;

a identificação dos fatores de risco e proteção.

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