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PSICOLOGIA DA SAÚDE

Aula 2- Saúde
Como Qualidade de Vida
PSICOLOGIA DA SAÚDE

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DESTA AULA

•O conceito de saúde segundo a


Organização Mundial da Saúde.

•O conceito de saúde relacionado ao


bem-estar subjetivo.

•Conceito de bem-estar associado


ao conceito de qualidade de vida

Aula 2- Saúde Como Qualidade de Vida


PSICOLOGIA DA SAÚDE

Nesta aula discutiremos o conceito de saúde, suas


implicações e refletiremos como o profissional da área da
saúde poderá apropriar-se deste conceito para cuidar de
modo integral e holístico o ser humano e desenvolver
atividades de proteção, prevenção e recuperação da saúde.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE

O conceito de saúde segundo a OMS


O conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde
é definido como: “Um estado total de bem-estar
físico, mental e social, não simplesmente a ausência
de doença”. O conceito da Organização Mundial de
Saúde será tomado como uma bússola, como um
norte, pois o conceito de perfeita saúde e bem estar
total soam como uma utopia, como um ideal que pode
parecer inatingível, mas que, entretanto, pode servir
como um norte para o profissional da área da saúde
orientar suas ações.

A Saúde é conceituada como um estado total de bem estar .Não


simplesmente ausência de doença mas também promoção da
qualidade de vida.
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PSICOLOGIA DA SAÚDE

A MULTIDIMENSIONALIDADE DO CONCEITO DE SAÚDE

A saúde é essencial ao homem. Devemos entender saúde como


também qualidade de vida o que implica a prevenção e a
promoção da saúde. Acabamos de aprender o conceito da OMS
que deixa bem clara a multidimensionalidade do conceito de
saúde, que inclui as várias dimensões da existência do ser
humano e não só a recuperação da saúde. Como entender e
aplicar o conceito de saúde integral que é uma proposição
universal aplicada à singularidade de cada indivíduo? A
psicologia tem evidenciado que o individuo avalia sua
qualidade de vida e esta avaliação é subjetiva. Não é incomum
que pacientes deprimidos tendam a avaliar sua qualidade de
vida de forma negativa, muitas vezes desconsiderando seu bom
estado físico.
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O PROFISSIONAL DE SAÚDE E
A ARTE DE CUIDAR

O profissional da área da
saúde na arte de cuidar deve
conceber o indivíduo a partir
de um conceito holístico, que MODELO DE MOLDURA PARA
IMAGEM COM ORIENTAÇÃO
abrange além das dimensões HORIZONTAL
biológicas e sociais o bem
estar mental. A saúde total
deve ser, então, concebida
juntamente com a avaliação
singular que cada sujeito faz
da qualidade de vida.

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O SUJEITO E SUA DOENÇA

A conceituação de um bem estar perfeito e total não é


aplicável de forma ideal. No processo de cuidar verificados
que não há forma ideal de se vivenciar a enfermidade, pois
tanto a doença e a qualidade de vida são avaliadas por um
sujeito. Por outro lado a distinção entre saúde e
enfermidade nem sempre tem fronteiras nítidas. Os
profissionais da área de saúde têm refletido sobre o
conceito de saúde e mostrado que não devemos aplicá-lo de
forma linear.

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O SUJEITO: LIMITE ENTRE O NORMAL E O PATOLÓGICO

O filósofo e médico francês, Canguilhem nos propõe pensar


as questões de cada sujeito singular e sua avaliação
subjetiva. É tendo esta subjetividade como central que
poderíamos traçar alguma fronteira entre o normal e o
patológico. Ele mostra como esta divisão não é externa ao
próprio sujeito, que é subjetiva e não objetivavél por um
critério imperativo de saúde válido igualmente para todos.
Neste sentido ele destaca a autonomia do ser humano e
mostra uma subjetividade atuante em jogo tanto no que é
saúde como no que é doença.

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A Qualidade de Vida e a Singularidade
Não há portanto doença como uma substância em si,
definível, mas é quando surge uma enfermidade que
percebemos a normalidade, e não ao contrário. Esta forma
de colocar a relação intrínseca entre a normalidade e seu
contrário aponta para a singularidade do sujeito, pois a
norma não é uma norma geral, mas diz respeito a uma
relação do sujeito consigo mesmo. O que queremos ressaltar
é que a norma é individual, ou seja, só se poderia falar de
desvio da norma referido a um estado anterior de um mesmo
indivíduo.
Esta é uma indicação muito importante para o profissional
da área da saúde. A norma de saúde é não é aplicável de um
modo dogmático e categórico, mas que a avaliação da
qualidade de vida decorre da singularidade de cada
indivíduo.
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O Direito à Saúde e a subjetividade

Assim, o máximo de bem estar desejável de ser alcançado


como um direito inalienável do homem definido no conceito
de saúde da OMS pode ser entendido, como uma máxima que
diz respeito ao individuo, pois a vida é uma potência
dinâmica de superação e neste sentido as anomalias somática
e psíquica devem são sentidas diferentemente.
Ou seja, a anomalia, tanto somática quanto psíquica, só
pode ser assim considerada por referência a um estado
prévio de um mesmo indivíduo. Isto nos leva a tomar a o
conceito de saúde da OMS nesta perspectiva: há um sujeito
que se define por sua capacidade psíquica de julgar se não
são mais normais como antes e quando voltarão a sê-lo.

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O profissional e a promoção da qualidade de vida

A compreensão de que não há doença sem um sujeito que


vivencia sua enfermidade é importante para o profissional.
A visão integral do ser humano mostra que somos também
determinados pela nossa história:

•O homem julga seu futuro pelas vivências passadas

•Voltar a ser normal é retornar a uma atividade interrompida


ou a uma atividade equivalente.

•A diminuição da atividade, mesmo com comportamentos


possíveis menos variados não é vivenciada pelo indivíduo
como um déficit.
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AJUDANDO NA AVALIAÇÃO POSITIVA NA VIDA

Atuar numa perspectiva de que o sujeito é sua própria


medida dá um saber ao profissional da saúde para ajudar os
indivíduos a encontrar outra qualidade de vida, nova,
diferente, mas que o ajude no processo criativo de seu
existir. O essencial para um indivíduo que passou por uma
experiência de enfermidade é poder sair de uma situação
onde se defrontava com a impotência. É poder avaliar
positivamente sua vida como uma qualidade e não como um
déficit, pois embora o indivíduo possa não se avaliar da
mesma forma que em seu estado anterior o novo estado
pode ainda ser percebido pelo sujeito como um ganho.

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A prática do cuidado

O profissional da saúde lida com uma subjetividade que:

•Vivencia seu próprio “estado de bem estar”.

•Vivencia a saúde como sentido de sua condição humana

•Vivencia sua própria doença de forma singular

•O sujeito é sua própria medida

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O Conceito de Sujeito e a Singularidade

O conceito de sujeito em sua singularidade pode


auxiliar o profissional da saúde a entender o
conceito de qualidade de vida. Parece ser
interessante e necessário trazer este conceito para
que possamos compreender a necessidade de tomar
o individuo como sua própria referência. Ao focalizar
o conceito de normal nos questionamos sobre a
externalidade do conceito e dissemos que neste
conceito está sempre implicada a subjetividade.
Agora trazemos o conceito de sujeito que coloca a
pessoa como central no processo de interpretar seu
mundo e vivenciar seus sintomas.

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Para melhor situar o conceito de qualidade de vida deve-se


entender o caráter subjetivo que está subjacente na
enfermidade-doença. Nesta perspectiva, entender o caráter
histórico e biográfico do sujeito nos auxiliará a entender
suas interpretações do que é bem estar e qualidade de vida.

O conceito de sujeito ajudará o profissional da área de saúde a


apropriar-se do conceito de saúde e de qualidade de vida não
como dogmas, mas como horizontes na construção de
estratégias de ação de promoção e manutenção da saúde que
concerne à arte de cuidar.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE

O SUJEITO E SUA HISTÓRIA

O conceito de saúde da OMS compartilha com a psicologia


clínica a noção de que o psiquismo é fundamentalmente
histórico. Não há, propriamente falando, uma natureza
imutável no conceito de sujeito. A psicologia clínica
concebe um sujeito cuja origem se define no sintoma como
a colocação em palavras de seu sofrimento.O sujeito é
aquele que fala de seu sintoma, aquele que coloca seu
padecimento em palavras. O que está colocado pela
psicologia clínica é, justamente, um sujeito que tem sua
origem no sentido. Na perspectiva do sentido o sujeito é
pensado como um ser que interpreta à sua maneira os fatos
que vivencia.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE

O SUJEITO E SUA HISTÓRIA

Tanto a psicologia como a OMS mostram que o indivíduo


está sempre em estrita relação com o seu meio social,
que ele é produtor da realidade, e que o sujeito é tanto
produto como produtor da realidade social é está em
contínuo processo de conhecimento.
Criando e produzindo sua própria realidade e em contínuo
processo de transformação é que devemos tomar os atos
e os pensamentos dos sujeitos. Atos e pensamentos não
são um comportamento, mas são do registro da
significação. Temos acesso à subjetividade através de
atos e do sentido que o sujeito constrói constantemente
em interação com a cultura.

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APLICANDO O CONHECIMENTO

A partir do que já vimos nesta aula você já poderia tentar


articular a relação do conceito de qualidade de vida com a
singularidade do cliente como ser bio-psico- social?
GABARITO
Vamos ver como podemos responder a esta questão.
O conceito de saúde da OMS define a saúde como um estado de
perfeito bem estar. O conceito de qualidade de vida da OMS
resalta que a qualidade de vida é uma percepção própria do
sujeito que dá sentido a sua existência. Assim temos dois polos
na relação entre saúde e qualidade de vida: A definição de saúde
é um conceito universal que vale para todo e qualquer indivíduo
e o conceito de qualidade de vida depende de cada sujeito
singular.

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PSICOLOGIA DA SAÚDE

Nos atos de um sujeito surge desvelada sua forma de


pensar e interpretar sua vida, seu sofrimento, e também
sua qualidade de vida. A subjetividade se desvela,
portanto, através dos atos dos sujeitos. Não há nada na
origem dos atos de um sujeito que já não traga seu
sentido. É importante destacar que este sujeito não se
restringe ao nível biológico, que não é um ser estático,
acabado, mas em constante movimento e é neste sentido
que o sujeito está perenemente num processo de
reordenação e reestruturação.

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A QUALIDADE DE VIDA

A Organização Mundial da Saúde define qualidade de vida


como: “... a percepção do indivíduo sobre a sua posição na
vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos
quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (WHO, 1998, p. 27).
Já enfatizamos antes, quando falamos do sujeito, que a
forma como avaliam os eventos que ocorrem nas suas vidas
são interpretações de suas vivências. Retomamos agora este
conceito de sujeito para fazer uma aproximação da
definição de qualidade de vida.

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A Qualidade de Vida e a percepção subjetiva

Será que a qualidade de vida não é uma interpretação


subjetiva de um bem estar que já se encontra na
definição da OMS, como “a percepção do indivíduo em sua
posição na vida”? O conceito de qualidade de vida
evidencia, portanto, a subjetividade como essencial no
reconhecimento do bem estar e o sujeito como seu
intérprete.
O conceito de qualidade de vida da OMS, portanto,
fundamenta-se num critério subjetivo de bem estar, que
só pode ser traduzido em palavras pelo sujeito.

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O Profissional e a prática do bem estar e da qualidade de


vida
A aplicação destes conceitos é essencial no processo de
cuidar. O profissional de enfermagem, de posse de este
saber sobre o sujeito, com a perspectiva de que é o próprio
indivíduo que se julga normal ou não, que a qualidade de
vida e sentimento de bem estar são representações internas
do sujeito, pode então traçar novas formas de se aproximar
do conceito de saúde como abrangendo todas as dimensões
do ser humano; não como uma utopia, mas como algo
desejável de ser alcançado. As definições de qualidade de
vida ou de bem estar precisam ser encarnados em uma
prática concretizada na promoção de saúde

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RESUMINDO

Abordamos nesta aula através do conceito de saúde da


Organização Mundial de Saúde a visão multidimensional do
conceito de saúde que tem um conceito positivo como
mostramos na discussão da relação entre a saúde e a
doença.
Analisamos a complexidade deste conceito através da noção
de sujeito.
O sujeito subjaz ao ser que vivencia sua enfermidade e dá
sentido e significação a sua existência. Mostramos como o
conceito de subjetividade está intrinsecamente ligado a
avaliação da qualidade de vida.

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a

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RESUMINDO

Trouxemos o conceito de qualidade de vida da OMS para


mostrar que a psicologia compartilha da noção de que há
um sujeito que percebe, interpreta e produz sua
realidade.
Mostramos que esta noção de sujeito histórico é muito
importante no processo de cuidar e na promoção da
qualidade de vida.
Concluímos apontando para o profissional da saúde a
importância da noção de sujeito no processo de cuidar

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Explorando o tema:

https://www.youtube.com/watch?v=SmI151AfeKI

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