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Universidade do Estado da Bahia

Colegiado de Ciências Sociais Disciplina: Movimentos Sociais na


Teoria Sociológica
Docente: Profa. Dra. Cleide Magáli Santos

• UNIDADE I – Introdução à Historia dos conceitos de


sociedade civil, ação coletiva e movimentos sociais na
teoria social

Aula 2.a- Conceito de Movimentos



Sociais a partir do paradigma marxista clássico

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 MOVIMENTOS SOCIAIS – PERSPECTIVA CLASSICA


Os movimentos sociais foram identificados segundo o modelo dos
movimentos revolucionários, entendidos como mobilizações de massa
que visam apossar-se do poder de um Estado antagônico.

 AS CATEGORIAS SOCIOLÓGICAS PARA O ESTUDO DOS


MOVIMENTOS SOCIAIS Scherer (1989):
A categoria sociológica “práxis” como elemento fundamental de
transformação da sociedade e da natureza, de “projeto” como utopia
de superação das condições sociais que oprimem materialmente e
espiritualmente uma classe em relação a outra, de “ideologia” tanto
como elemento de legitimação da dominação de classe, quanto como
elemento da libertação social e da necessidade das classes se
“organizarem”, enquanto grupos de interesses na busca de sua
autonomia e na “direção”, todas presentes nas reflexões de Marx.

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 Os movimentos sociais clássicos (ou tradicionais, para


alguns autores), centrados nos conflitos de base
econômica, oriundos das condições materiais de
produção da existência e da desigualdade social, tais
como tem sido observado nos movimentos operários,
camponeses, abolicionistas e outros;

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 TRAJETÓRIA DE UM CONCEITO: A CONSTRUÇÃO


SIMULTÂNEA DO PASSADO E DO FUTURO

O paradigma tradicional marxista (até déc. 60), esquemas


utilitaristas, teoria lógica racional
X
Propostas com ênfase na cultura, ideologia, solidariedade, lutas
sociais cotidianas, processo de identidade (Touraine, Offe, Melucci,
Laclau, Mouffe, dentre outros)

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 TRAJETÓRIA DE UM
A CONSTRUÇÃO CONCEITO:
SIMULTÂNEA DO PASSADO E DO FUTURO (CONT.)

 Deve-se a Touraine (1992) a elaboração e reconstrução histórica dos movimentos sociais


"clássicos" e do seu quadro teórico.
Para Alain Touraine, os movimentos sociais seriam o próprio objeto da Sociologia.
Para Toraine(1976) “os movimentos sociais são importantes comportamentos
coletivos,” ou “são maneiras permanentes no coração no coração da vida social, são
a trama da sociedade,” e ainda, “são as forças centrais que lutam contra as outras
para dirigir a produção da sociedade por ela mesma, a ação de classe pela direção da
historicidade.”
Por movimentos societais, entende aqueles que combinam um conflito social com um
projeto cultural, e que defendem um modo diferente de uso dos valores morais.
Portanto, baseiam-se na consciência de um conflito com um adversário social
(TOURAINE, 2003, p. 119)
(Mas essa definição exclui grande parte das ações coletivas que se apresentam hoje)

 Alberto Melucci, por exemplo, questionam o conceito de movimentos sociais por


considerá-lo reducionista, e emprega preferencialmente conceito de ações coletiva.

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 OS “NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS”

 "novos movimentos sociais" não se organizariam em combate ao


Estado, nem com a finalidade de conquistá-lo. Recorrendo a
formas de ação direta, "no nível dos próprios problemas sociais",
seriam agentes de pressão social, voltados para persuadir a
sociedade civil. Os movimentos sociais nasceriam na sociedade
civil e, portadores de uma nova "imagem da sociedade", tentariam
mudar suas orientações valorativas.

 Os movimentos sociais aparecem, então, como o novo ator


coletivo, portador de um projeto cultural.

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 OS “NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS” (cont.)

Negação do marxismo como campo teórico capaz de dar conta


da explicação da ação dos indivíduos e (...)da ação coletiva da
sociedade contemporânea” (GOHN,1997, p.122)
◦ NMS simpatia neomarxismo (consciência, ideologia, lutas
sociais, solidariedade na ação coletiva)
◦ Marxismo clássico prioriza as determinações macro (nível
das estruturas) e análise econômica em detrimento de
outros campos como o político e a cultura, “matando o que
existe de inovador: o retorno e a recriação do ator”.
(GOHN,1997, p.122

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PARA MARIA DA GLÓRIA GOHN OS MOVIMENTOS SOCIAIS

São ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores


sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles
politizam suas demandas e criam um campo político de força social na
sociedade civil. Suas ações estruturam-se a partir de repertórios criados
sobre temas e problemas em situações de: conflitos, litígios e disputas.
As ações desenvolvem um processo social e político-cultural que cria
uma identidade coletiva ao movimento, a partir de interesses em comum.
Esta identidade decorre da força do princípio da solidariedade e é
construída a partir da base referencial de valores culturais e políticos
compartilhados pelo grupo (GOHN, 1995, p. 44).

Gohn (1997) estabelece sua conceituação que caracteriza os


movimentos sociais como ações sociopolíticas construídas por atores
coletivos de diferentes classes sociais, numa conjuntura específica de
relações de força na sociedade civil . Segundo a autora, as ações
desenvolvem um processo de criação de identidades em espaços
coletivos não institucionalizados, gerando transformações na sociedade,
seja de caráter conservador ou progressista.

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 Alexander (1998) faz alusão a uma polarização de


concepções entre o que chama de modelo clássico
(europeu) que privilegia as interpretações históricas
das revoluções (remetendo às determinações
estruturais dos movimentos sociais) e uma
interpretação norte-americana, que valoriza a
organização e mobilização de recursos por atores
sociais.

 Gohn (2000), diferencia quatro grandes


paradigmas de movimentos sociais, a saber: o
marxista, o norte-americano, o dos novos
movimentos sociais e o latino-americano.
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 O conceito [ms] envolve uma problemática


simetria entre empiria e teoria. Em outras
palavras, ele surge nas lutas sociais e,
posteriormente, é apropriado pelos
pesquisadores que passaram a dedicar-se
ao seu estudo (GOSS e PRUDENCIO,
2004, p.710)

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REFERENCIAS

ALEXANDER, Jeffrey C. (1998), “Ação coletiva, cultura e sociedade civil”. Revista


brasileira de ciências sociais. v. 13, n. 37, p. 05-30.
GOHN, Maria da Glória. Teoria dos Movimentos Sociais, Paradigmas clássicos e
contemporâneos. São Paulo: Ed. Loyola, 1997.Disponivel em
http://flacso.org.br/files/2016/10/120184012-Maria-da-Gloria-Gohn-TEORIA-DOS-
MOVIMENTOS-SOCIAIS-PARADIGMAS-CLASSICOS-E-CONTEMPORANEOS-
1.pdf. Acesso em jan. 2018.
GOHN, Maria. G. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e
contemporâneos. 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2000
GOSS, Karine Pereira e PRUDENCIO, Kelly. O conceito de movimentos sociais
revisitado In Em Tese Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia
Política da UFSC Vol. 2, nº 1 (2), janeiro-julho 2004, p. 75-91. Disponível em
https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/13624/12489. Acesso em
fev. de 2018.
MELUCCI, Alberto. Acción colectiva, vida cotidiana y democracia. El Colégio de
México, 1999.
TOURAINE, Alain. Poderemos viver juntos? Iguais e diferentes. Petrópolis: Vozes,
2003.

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