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A PSICOLOGIA DA

EDUCAÇÃO E SUA
RELAÇÃO COM AS
OUTRAS CIÊNCIAS
Profa. Ma. Luiza Carvalho de Oliveira
Roteiro de Estudo
• Psicologia como ciência;

• Psicologia da Educação: histórico, natureza e objeto de estudo;

• Função e alcance da Psicologia da Educação na formação do professor.


O processo evolutivo da
Psicologia
• Comecemos...

O termo “Psicologia” tem origem grega, sendo:


Psiché (alma) + logos (razão)
- significando o “estudo da mente ou da alma”.

Aristóteles (séc. IV a.C.), importante filósofo, foi considerado por


muitos o autor do primeiro estudo de psicologia intitulado "Acerca da
Alma".
O processo evolutivo da
Psicologia
• A Psicologia tem suas raízes na Filosofia. A natureza humana era
estudada mediante a especulação, a intuição e a generalização.
• Mas, para alcançar o status de ciência, a Psicologia precisou romper
com suas raízes e utilizar métodos bem sucedidos nas ciências físicas
e biológicas. Afinal, o conhecimento para ser científico precisa ter
objetividade, rigor, controle.
Vamos lembrar o que é Ciência? É asobre
atividade humana de busca do conhecimento
a realidade, de forma metodológica e
sistemática, ordenada e orientada pelo uso da
razão e de um método caracterizado como
científico.
A Psicologia como Ciência
Como ciência, a Psicologia evoluiu e evolui através dos tempos, ou seja,
ela construiu sua própria evolução científica.
Do século XVII ao século XIX houve o zeitgeist, ou “espírito da época”
do mecanicismo, que deu aporte ao surgimento da Psicologia. Desse
movimento, se originam três orientações filosóficas:
-Positivismo: reconhece os fenômenos naturais ou fatos como
objetivamente observáveis;
-Materialismo: considera os fatos do universo como suficientemente
explicáveis em termos físicos pela existência e natureza da matéria;
-Empirismo: afirma ser todo conhecimento resultante da experiência
sensorial.
O Positivismo
Segundo Comte, a visão positiva era aquela buscava explicar os
fenômenos – naturais ou humanos – através de sua observação e da
elaboração das leis imutáveis que os regiam.
A principal ideia do positivismo era a de que o conhecimento
científico devia ser reconhecido como o único conhecimento
verdadeiro.
Dessa forma, para o positivismo, uma teoria só pode ser tida como
verdadeira se for comprovada a partir de técnicas científicas válidas.
Assim, estabelece a ciência como o estudo das leis, do que é invariável,
determinado e útil para o progresso humano.
O Materialismo
O significado de Materialismo pode ser definido como uma corrente de
pensamento que afirma que tudo é matéria, isto é, é a precedência da
matéria sobre o espírito ou mente.
Assim, a matéria é a primeira e última substância de todo ser, coisa ou
fenômeno do universo.
Trouxe a definição de separação entre corpo(matéria) e alma (mente):
• De um lado assenta-se o que é objetivo, material, ligado aos sentidos, ao
desfrute e utilização das coisas para o benefício e satisfação do ser
humano;
• Do outro lado o que é subjetivo, imaterial, ligado às ideias, projeções e
teorias e alienado da luta cotidiana e comum do homem.
O Empirismo
Os empiristas eram um grupo de filósofos que se voltavam para a
compreensão do modo como a mente adquire conhecimento.
No pensamento dos empiristas, o desenvolvimento da mente se dá por
meio do acúmulo progressivo de experiências sensoriais captadas do
mundo exterior.
Tábula rasa[1] (em latim: tabula rasa) é uma
expressão latina que significa literalmente "tábua raspada", e
tem o sentido de "folha de papel em branco". A
palavra tabula, neste caso, refere-se às tábuas cobertas com
fina camada de cera, usadas na antiga Roma, para escrever,
fazendo-se incisões sobre a cera com uma espécie de
estilete. As incisões podiam ser apagadas, de modo que se
pudesse escrever de novo sobre a tábula rasa, isto é, sobre
a tábua raspada ou apagada. (WIKIPEDIA)
John Locke (1632-1704), um dos mais
conhecidos empiristas, entendia que, ao nascer,
a mente da criança está vazia, como se fosse
uma página de papel em branco. As ideias
teriam, então, origem no mundo exterior, sendo
captadas por meio dos sentidos (FILHO, 2002).

Ao supor que a mente é vazia e será preenchida


por ideias simples e complexas advindas da
experiência sensorial, a aprendizagem, na
concepção de Locke, é um processo totalmente
passivo, que se dá mediante os estímulos
originados no mundo exterior.
A Psicologia como Ciência
Objetivo: conhecer os
Wilhelm Wundt (1832-1920) elementos mais simples da
propõe o Primeiro Laboratório consciência – as sensações –
de Psicologia Experimental no
através introspecção
ano de 1875 na Universidade de
Leipzig, Alemanha.
controlada, que consistia em,
no laboratório, observadores
treinados descreverem as suas
Wundt propõe: experiências conscientes acerca
Objeto de estudo: consciência
do tamanho, intensidade e
Método: introspecção
duração de vários estímulos
físicos.
A Psicologia como Ciência
• E nasce a Psicologia Científica!

Fenômenos psicológicos = provas factuais,


observacionais e quantitativas, sempre baseados
na experiência sensorial.

A Psicologia científica nasce quando, no século XIX, Wundt preconiza


a Psicologia “sem alma” e passa a ligar-se às especialidades da
Medicina, adotando o método de investigação das ciências naturais
como critério rigoroso de construção do conhecimento.
A Psicologia como Ciência
• Até 1920: A Psicologia era considerada a ciência da vida mental;
• De 1920 a 1960: Com o predomínio do Behaviorismo a psicologia
abandona a introspecção e é redefinida como a ciência do
comportamento observável;
• A partir de 1960: A Psicologia começa a retomar seu interesse inicial
pelos processos mentais e mantém o comportamento como objeto
de estudo;
• Contemporaneidade: Psicologia é a ciência do comportamento e dos
processos mentais.
Objeto de Estudo da Psicologia
• Fatores que dificultam a definição do objeto de estudo da Psicologia:
- Este campo do conhecimento se constituiu como área do conhecimento
científico só muito recentemente (final do século 19);
- As discussões travadas pela Psicologia já existem há muito tempo na
Filosofia enquanto preocupação humana;
- O cientista – o pesquisador — confunde-se com o objeto a ser pesquisado;
- os fenômenos psicológicos são tão diversos, que não podem ser acessíveis
ao mesmo nível de observação e, portanto, não podem ser sujeitos aos
mesmos padrões de descrição, medida, controle e interpretação.
Objeto de Estudo da Psicologia
• A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade.

Subjetividade — é o mundo de ideias, significados e


emoções construído internamente pelo sujeito a partir de
suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição
biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e
comportamentais (Bock, 2001).
A Subjetividade Homem-
corpo
A matéria-prima da
Psicologia, portanto, é o

Subjetividade
Subjetividade
homem em todas as suas
expressões, as visíveis
Homem-
(nosso comportamento) e ação Homem Homem-
pensamento
as invisíveis (nossos
sentimentos), as singulares
(porque somos o que
somos) e as genéricas
(porque somos todos Homem-
assim). afeto
A Psicologia como Ciência hoje
• A Associação Americana de Psicologia (APA) conceitua a Psicologia
como:

Psicologia é o estudo da mente e comportamento. A disciplina abrange todos os


aspectos da experiência humana – desde as funções do cérebro até as ações de
nações, desde o desenvolvimento das crianças até os cuidados com os idosos. Em
cada cenário concebível de centros de investigação científica aos serviços de saúde
mental, “a compreensão do comportamento” é a empresa dos psicólogos (APA).
A Psicologia da Educação
Até o final do século XIX as relações entre Psicologia e Educação eram
mediadas pela Filosofia, não se podendo falar de uma Psicologia da
Educação, pelo menos até os idos de 1890.

A Psicologia da Educação se delineia e se caracteriza como uma área


para onde convergem interesses e questionamentos sobre a
aprendizagem e tudo quanto correlacionado, direta ou indiretamente,
à problemática educativa e escolar.
A Psicologia da Educação
Constituem-se no núcleo da Psicologia da Educação:

-o estudo e a mensuração das diferenças individuais, bem como as


mudanças de comportamento do sujeito, vinculados à sua participação
em situações educativas;
-a análise dos processos de aprendizagem, desenvolvimento e
socialização;
-desenvolvimento infantil.
Divergências acerca da autonomia
epistemológica da Psicologia da
Educação
Existem basicamente três correntes ou posicionamentos, a esse respeito:
1. a Psicologia da Educação é entendida como mera etiqueta de designação para
o corpo de explicações e princípios psicológicos pertinentes e relevantes à
educação e ao ensino, não tendo autonomia didática.
2. a Psicologia da Educação é entendida como uma disciplina com autonomia
científica e didática, uma vez que tem já determinados objetivos e conteúdos,
bem como programas de pesquisa próprios, e realiza contribuições originais e
significativas para a situação educativa, extrapolando a mera aplicação dos
princípios psicológicos aos fenômenos educativos.
3. a Psicologia da Educação é entendida como uma disciplina-ponte, com um
objeto de estudo, alguns métodos, marcos teóricos e conceitos próprios,
caracterizando-se como uma disciplina de natureza aplicada.
Objetivos de estudo da
Psicologia da Educação
Estuda os processos educativos numa tríplice dimensão:
-dimensão Teórica ou Explicativa – estudam-se os processos educativos
com o objetivo de contribuir para a elaboração de uma teoria
explicativa destes processos;
-dimensão Projetiva ou Tecnológica – estudam-se os processos
educativos com o objetivo de elaborar modelos e programas de
intervenção voltados para a práxis educativa;
-dimensão Prática ou Aplicada – estudam-se os processos educativos
com o objetivo de colaborar para a construção de uma práxis educativa
coerente com as propostas teóricas formuladas.
Fatores ou variáveis interferentes nas situações educativas (direta ou
indiretamente):
Histórico da Psicologia da
Educação
Século XX:

Nos países ocidentais


A teoria educativa Surge, finalmente, a
começa uma
busca um respaldo Psicologia da
escolarização
científico Educação
generalizada
As teorias de Freud e Piaget
começam a impulsionar
mudanças, levando a
ampliação da visão da
Psicologia da Educação acerca
dos seguintes aspectos:

- Aprendizagem;
- Comportamento;
- Teste mental; e
- Problema escolar.
Nos anos 80, apoiando-se nas
contribuições do Materialismo
Histórico de Karl Marx, assiste-se
aos primeiros passos da Psicologia
Educacional em sua crítica/sócio
histórica.
Histórico da Psicologia da Educação
no Brasil
De acordo com Patto (1984), a história da psicologia da Educação no
Brasil se divide em três grandes períodos:
- 1906 a 1930 – Marcado por estudos de laboratório num modelo
europeu e sem preocupação de intervir na realidade;
- 1930 a 1960 – marcado pelo tecnicismo de origem norte-americana;
- A partir de 1960 – Momento em que o trabalho do psicólogo passa a
ter uma forma mais adaptacionista. A figura do psicólogo escolar era
tida como a de solucionar problemas, especialmente os de
comportamento e de aprendizagem.
A partir da década de 1980: 2007:
- Redemocratização do Brasil; Conselho Federal de
- Propostas críticas; Psicologia reconhece a
- Passa a ser considerada a Psicologia Escolar como uma
realidade social. especialidade.

1990:
- Criação da ABRAPE,
Associação Brasileira de
Psicologia Escolar

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