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Grécia clássica
Heródoto (485-ca 424 a.C.).
- Tema central: guerra entre gregos e bárbaros
- História(5 x): “ciência, informação, pesquisa,
resultado da pesquisa”
- Verbo historéo (17 x): “perguntar, indagar
oralmente”
- Método: observação direta, raciocínio e opinião
- Pesquisa: ver, interrogar, sentir
- História: ação dos homens e não a dos deuses
(elimina os mitos)
- Causas: elementos visuais e perceptíveis
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Grécia clássica
Tucídides: (ca 460 Atenas-ca 400 a.C.)
- Para alguns: fundador do método histórico
- Guerra entre Atenas e Esparta (431-404)
- História é história de lutas políticas e de guerras
- Prevalece a política nos eventos humanos
- Método: assistir aos eventos, interrogar as pessoas que
deles participaram
- Ideal: observação direta
- Refuta tradições orais
- Ligação entre história e narrativa, história e arte retórica
- Interesse na política, paixões, vanglória e interesses dos
personagens (Guerra entre Atenas e Esparta)
- Intenção didática: ensinamentos para o futuro
- Visão trágica do homem e da história
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Grécia clássica
Concepções do tempo
- História: disciplina do tempo, conhecimento
do passado, idades, períodos ou épocas
- Fluxo ininterrompido
- Tempo: fora e dentro de nós, “a priori”
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Grécia clássica
Platão
- Tempo: forma do movimento constante e
permanente, dos planetas e dos astros que
reproduz a imutabilidade própria da
eternidade; imagem móvel da eternidade
- Mundo ideal: eternamente idêntico a si
mesmo
- Mundo sensível: ligado ao advir, mudar,
morrer
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Grécia clássica
Aristóteles:
- Tempo: categoria de um ente real, também se não
substancial; não participa da substância, mas do ser
conexo com as substâncias
- Realidade terrestre como forma
- Estrutura hilemórfica (=forma na matéria) é a raiz de
todo movimento e mudança
- Ato: princípio de perfeição
- Potência: princípio de perfecionalidade
- Não-ser em movimento da potência ao ato
- Tempo não é movimento, mas não existe sem
movimento; depende do moto natural dos astros,
mudança de lugar, é o número do movimento segundo
o antes e o depois. 7
Grécia clássica
Aristóteles:
- Instante, agora: o elemento necessário à
determinação do tempo, o limite do tempo e não a
duração, mas dá a continuidade do tempo
- A unidade do tempo depende do moto circular
uniforme sem fim dos corpos celestes
- Tempo é ligado ao numerar que é atividade da
alma
- Tempo é circular e progressivo
- Tempo circular: segundo os corpos celestes, o que
permite medir
- Medida do tempo: mais física do que metafísica
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Roma República
Políbio (ca 201 –ca 120 a.C.)
- Método: estudo das fontes escritas,
comparação do seu conteúdo, visita de
cidades e lugares, estudo de eventos
políticos, testemunhas oculares, procura das
causas
- Utilidade da história: lições políticas,
militares e morais
- História: contínua e única
- Idéia de missão, própria de um povo
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Roma República
Estrabão (64/63 a.C.-23 d.C.)
- Geografia: 17 livros
- Geografia histórica e teoria da geografia
- Descreve p. ex., Corinto
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Roma Império
Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.)
- Ação divina na história que fez de Roma o Império
- História como lição de patriotismo e intento moralizante
Tácito (ca 55/56-112 d.C., 120?)
- História psicológica, caráter dos personagens
- Método: segue Tucídides: fatos em modo crítico + motivos
mais profundos dos acontecimentos na psicologia humana
- Interpretação moralizante da história: virtudes republicanas
Suetônio (ca 70-121)
- Biografia de 12 césares: de Júlio César a Domiciano
- Escopo moralizante
Consideração conclusiva: história romana escrita para
oferecer exemplos
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Israel e Cristianismo Antigo
Criação: relação de causalidade entre Deus e criaturas,
início temporal do universo.
Ser humano: imagem e semelhança de Deus
Cristianismo: ser humano é pessoa e Deus fez-se homem
- Centro: não a natureza (gregos, estóicos), mas o ser
humano
Tempo hebraico: sucessão de ’et (momentos), tempo a
posteriori
Tempo grego: kronos, tempo a priori
Tempo cristão: Kairós versus tempo grego (Kronos)
Parusia: 2ª. Vinda de Cristo e consumação da história
História: obra de Deus e do homem, processo único e
irrepetível, não circular ou cíclica
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Medioevo
Joaquim de Fiore (ca 1130-1202)
- O conhecimento da verdade progride no
curso do tempo, inclusive da verdade divina
- Esquema trinitário da história: Pai (servidão
servil), Filho (sabedoria), Espírito Santo
(caridade)
- História: advir ao próprio tempo novo e
espiritual
- Influxo na Idade Moderna e Contemporânea
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Renascimento e Humanismo
(séc. XIX-XVI)
Francis Bacon (1561-1626):
- Somente as ciências físicas e experimentais
são em grau de alcançar o saber e a verdade
- Determinismo da natureza
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Reforma e Contra-Reforma
(séc. XVI-XVII)
História eclesiástica e história da doutrina
Erasmo: visa conciliar história sagrada e
história profana, uma cooperação do homem
no plano salvífico de Deus
Bossuet: suceder cronológico é o
fundamental
Eixos: Religião e política
As pessoas humanas fazem história
Fé na divina Providência
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Revolução científica
(séc. XVI-XVIII)
Fundamental: a demonstração (Galileu, Descartes e Newton)-
racionalidade no espaço da natureza, resultados evidentes dos
experimentos repetíveis e da força das demonstrações
Descartes (1596-1650)
- O homem se tornará mestre e dominador da natureza
Isaac Newton (1643-1727)
- O tempo absoluto não pode jamais ser observado (talvez
uma postulação metafísica na ciência)
- O tempo relativo é medido em anos, dias
- Para descobrir a ação de Deus na história precisa
sincronizar a história sagrada com a história profana
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Revolução científica
(séc. XVI-XVIII
Baruch Spinoza (1632-1677)
- Um dos ápices do racionalismo: a razão tem uma história
- Criação: deísmo (deus relojoeiro)
- Filosofia imanentista da história
Giambattista Vico (1668-1744)
- A história é o objeto por excelência, porque pode ser
conhecida com certeza pela mente humana, no factum
(“verdadeiro porque feito”)
- A verdadeira ciência é a história porque essa consiste na
pura e simples atividade humana, mas Deus entra como
Providência em modo natural e assim dirige a história por
amor à humanidade
- Visão sintética e cristã da história humana: aspectos
religioso-moral-político, cultural, social, econômico
- História como espiral 17
Iluminismo (séc. XVIII)
Montesquieu (1689-1758)
- Existência de um “esprit géneral” e causalidade
Voltaire (1694-1778)
- Escopo pragmático: o progresso é possível na
condição de usar bem a razão
- Necessário interessar-se na história pelo que é útil
ao homem de hoje
- Deus é o arquiteto, Criador do universo, mas só o
homem faz a história
- História é luta entre a verdade (o racional) e a
falsidade (o irracional=religiões)
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Iluminismo (séc. XVIII)
Immanuel Kant (1724-1804)
- A razão tende ao cumprimento dentro e através
da história
- Lê-se a história pela razão
- Razão prática: convergência da ordem moral
com a natureza
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Idealismo e historicismo
G.W.Fr. Hegel (1770-1831)
- História universal se identifica com a evolução do Espírito (=razão
universal)
- A história não é feita por indivíduos, mas pelo Espírito
- O Espírito faz a sua história através de grandes personalidades
- O espírito hegeliano é a evolução da Idéia (Razão)
- Espírito metafísico que se realiza no processo histórico, determina a
história e a conduz ao seu fim, através de um processo dialético
contínuo
- A histórica dirige-se a um fim último: a liberdade
- A razão tem uma história e pela história da razão pode-se compreender
a história
- Hegel engloba o mal no seu sistema filosófico e o racionaliza
plenamente: o necessário sacrifício daquilo que é finito e caduco em
vista da afirmação do universal e da razão, do triunfo do Absoluto
- A história é evolução
- Hegel insere idéias teológicas em seu sistema filosófico (Reino de
Deus, Providência divína), mas seculariza e mundaniza o Cristianismo
(escatologia=liberdade)
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Idealismo e historicismo
Ludwig Feuerbach (1804-1872)
- O verdadeiro objeto da religião é o homem
- Deus seria o ideal de um povo, criado à imagem do homem
(antropomorfismo)
Friedrich Nietzsche (1844-1900)
- Deus é morto, nós o matamos. Em seu lugar está o “super-
homem”
- A essência de tudo é a vontade de poder e a existência um eterno
retorno
- A moral é subjetiva (interpretação dos fenômenos)
- A história é empurrada pela arte, é cíclica e cada ciclo é o fim da
história
- Niilismo: absoluta insustentabilidade da existência num mundo
sem valores, o sem-sentido
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Aspectos historiológicos dos séculos
XIX - XX
Charles Darwin (1809-1882)
- Determinismo do ambiente e da herança:
seleção natural
- Neo-darwinismo exclui qualquer
intervenção de um criador ou desenho
inserido na natureza
Wilhelm Dilthey (1833-1911)
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Positivistas do século XIX
Leibniz
- História na esteira das ciências naturais (física,
botânica, astronomia)
- Positivismo: conhecimento baseia-se somente na
experiência
Auguste Comte (1798-1857)
- A lei universal relativa ao desenvolvimento é
presente em toda a história humana
- Etapas: religiosa, metafísica, científica
- Retomado no positivismo lógico de Carnap e
Russel
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Karl Marx
Influxo de do ateísmo de Feuerbach e evolução histórica de
Darwin, dialética de Hegel
Religião ópio do povo e criação do homem
Não basta interpretar o mundo, mas transformá-lo, libertar o
homem da alienação
Com Engels, novo tipo de historiografia: materialismo histórico,
mas com outros fatores- a técnica, a ideologia, o espiritual
Infraestrutura econômica e superestrutura ideológica, política,
jutídica, cultural
História: processo dialético de relações econômicas entre
operários e burguesia, mais-valia, visão coletivista
Endereço da história: modo de produção, luta de classes
Crítica: mínimo de autonomia do homem, idéia de revolução e
violência, fins e meios, conceito de classe social, cientificidade
como teoria, escatologia terrena
Lênin: elite, vanguarda, partido
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Contribuições ulteriores à filosofia da
história
Henri Bergson (1859-1941)
- Tempo extrínseco e tempo intrínseco
- Tempo verdadeiro é aquele vivido
- Não há o instante, somente a duração que é o contínuo progredir do
passado que corta o advir e que, avançando, aumenta todo inteiro
Arnold Toynbee (1889-1975)
- Toma em consideração o conjunto da cultura humana e lhe procura o
significado
- História: é a resposta de uma minoria a um desafio
- Diversas civilizações paralelas com evolução análoga: nascimento,
crescimento, queda e desintegração
- Só uma minoria chega à segunda fase; algumas chegam à quarta fase
às vezes substituída por uma sociedade petrificada como a chinesa
após 1368
- A sociedade ocidental vai continuar graças à religião cristã
- A religião é o motor da história
- Futuro: uma Igreja Universal (Cristianismo, Islam, sobretudo religiões
da Índia) 26
Contribuições ulteriores à filosofia da
história
Martin Heidegger (1889-1976)
- Diante do relativismo procura um esquema objetivo de conhecimento da história, mas este
também é histórico
- A filosofia da história encontra-se remetida ao problema da filosofia do conhecimento
- “A possibilidade de acesso à história baseia-se sobre a possibilidade segundo a qual
um presente se sabe em cada caso como verdadeiro. Este é o primeiro princípio de
toda hermenêutica”
- Fato fundamental do homem: o seu Da-sein, ser-no-mundo, ligado do ser-com
- O existencial é o cuidado, a dedicação
- Compreender é igual ao projetar uma possibilidade de ação
- O ser deve ser compreendido a partir do tempo e o existir é a determinação fundamental do
tempo, que é o horizonte do ser
- Não há o tempo; o tempo se faz, se temporaliza
- O cuidado antecipa as possibilidades, e isto é o futuro, o que não há ainda
- O homem tem sempre qualquer coisa diante de si (futuro), qualquer coisa atrás de si
(passado), mas depois retorna (presente)
- “O ser pode existir historicamente só porque é temporal no próprio fundamento, é
um ser para a morte” e, portanto, caracterizado pela angústia
- “Se Deus vive ou permanece morto, não se decide mediante a religiosidade dos homens, e
ainda menos mediante as aspirações teológicas da filosofia e da ciência natural. Se Deus é
Deus advém da constelação do ser. Até que não esperamos, pensando, isto que é, não 27
podemos jamais pertencer ao que será” (Conferência em Brema)
Correntes contemporâneas de
historiologia
R. Bodei: a história é comparada a uma
“verdadeira narrativa” (com sua natureza
literária e retórica)
R. Barthes: narração imaginária que se pode
encontrar na epopéia, no romance, no drama
H. White: a estrada da história e decisivamente
entendida como “narração” e composta segundo
a estrutura própria de cada narração
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Correntes contemporâneas de
historiologia
Filosofia analítica: pôs em questão a possibilidade de uma ciência da
história
A.C. Danto: história da análise transcendental da linguagem narrativa;
não reprodução do passado, mas uma construção do histórico
J.-F. Lyotard (1924-): as filosofias da história são méta-récits, isto
é, esquemas de organização retórico-narrativas dos relatos, que
representam a fábula da emancipação do sujeito humano em geral
ou de um povo ou de uma classe social
G. Vattimo: “vê na idéia do fim da história a radical diferença entre o
moderno e o pós-moderno; um final que não diz respeito somente à
possibilidade de uma historiografia, mas os fundamentos para uma
história universal que se configure como curso unitário dos eventos; tal
êxito revela-se uma oportunidade de emancipação para o homem e para
o pensamento em direção de uma convivência inspirada na tolerância e
na compreensão da diferença, em consonância com a sua proposta de
pensamento fraco” (Mantovani)
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Correntes contemporâneas de
historiologia
Paul Feyerabend (1924-1994), epistemólogo
- Crítica da absoluta objetividade do conhecimento
científico de K. Poppder, T. Kuhn, I. Lakatos
- Há muitas abordagens, muitos modos de raciocinar e
argumentas, de conhecer o mundo e a realidade e de
interagir com o Ser.
- Esta pluralidade epistemológica todavia não justifica
nem o relativismo nem uma ligação anti-científica, mas
consiste numa abertura à realidade compatível com a
variedade de valores e das sociedades humanas
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Correntes contemporâneas de
historiologia
Niilismo
- Termo que se reflete a partir de Nietzsche na literatura, na linguística e na
filosofia da história
- Palavra de muitas nuances
- Os valores desvanecem, tudo parece esvaziar-se de sentido e significado
- Desconstrução (J. Derrida): a pesquisa do significado último (isto é, o
Absoluto) – característica da filosofia ocidental – é totalmente inútil
- Fides et Ratio 90: dentro de “um horizonte comum a todas as filosofias
que se despediram do sentido do ser” e o define e avalia como “a
recusa de qualquer fundamento e a negação de qualquer verdade
objetiva”
- FR 91: o tempo das certezas teria passado, um horizonte de qualquer
ausência de sentido, atrás do provisório e do fugaz
- É necessário continuar a buscar a verdade a respeito do real dos
eventos históricos
- O historiador quer alcançar os próprios eventos e estabelecer a verdade
dos fatos (Jos Jansens, 2007-2008)
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Conclusão geral
Duplo compromisso do historiador: pesquisa
histórica e reflexão sobre a história
Não identificar a história com uma teoria a priori
Teoria tem sua importância em contato com os
fatos e deve encontrar confirmação nos eventos
históricos
Os eventos históricos são mais fáceis de descrever
do que interpretar
É mais importante colocar as perguntas certas do
que pretender ter as respostas a todos os quesitos
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Conclusão geral
O historiador estuda a racionalidade e os
sentimentos dos comportamentos do ser humano,
Tem-se a oportunidade de estudar e conhecer a
natureza humana, compreender e explicar suas
ações, de captar sua grandeza e responsabilidade,
de avaliar o previsível (natureza humana) e o
imprevisível (a liberdade), de relevar seus valores
culturais e religiosos
O futuro da história também depende do homem,
dotado de liberdade e assinalado por limites
O passado torna-se uma herança vivente, se não
mais nos pertence torna-se passado
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Conclusão geral
Visão grega: tempo cíclico, eterno e imutável
Visão cristã: tempo linear, com início e fim, com uma
sucessão e percurso, aberto à eternidade e em direção a ela
- A cronologia não coincide com o calendário, mas depende
dos eventos históricos que marcam os períodos
- Procura-se conhecer os nexos do presente com o passado e
o futuro
- A progressão histórica é ligada a muitos eventos, materiais
e espirituais, sociais, econômicos, políticos, liberdade
- Às vezes ligado às elites e personalidades de exceção
- O futuro consiste de hipóteses, não se metas fixadas
ideologicamente nem de “profecias religiosas”
- Uma palavra definitiva se pode dizer somente quando o
tempo foi cumprido
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Conclusão geral
Quer-se saber por que são advindos os eventos
Há uma só verdade que pode ser aproximada de
vários pontos de vista: teológico, de fé, racional
Questão sempre presente: desarticulação entre o
plano divino de salvação e o conhecimento
humano
O que crê sabe que se chega a um momento na
pesquisa onde se passa de um pensar filosófico-
histórico a uma reflexão de fé sobre o mistério da
vida humana
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Conclusão geral
O significado da história, em que Deus e o homem
colaboram, revela-se em plenitude à luz da fé
O ponto central da história humana é a pessoa de
Jesus Cristo. É Ele o centro do tempo.
Ele vem perenemente e é presente na Igreja
A história é sempre carregada de significado,
humano e divino
As vias do Senhor são sempre mais variadas e
misteriosas do que podemos imaginar
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Conclusão geral
Os cristãos são chamados a viver neste
mundo de tal modo a acolher a salvação
eterna
Vivem o kairós da plena realização do Reino
de Deus
Há um plano divino a realizar e acolher na
vida de cada homem e de todos
O motor da história é o amor doador: “ama
e faz o que queres” (Agostinho)
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