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ÉPOCA HELENÍSTICA

I- DE ALEXANDRE MAGNO AOS PTOLOMEUS

- Intenções de Alexandre: mais políticas e


pragmáticas do que culturais e civilizatórias
- Efetivamente seu império introduz uma nova visão
do mundo: cultura, civilização, filosofia gregas
- Cidades gregas chamadas Alexandria
- Língua: grego substitui o aramaico
- Ginásios, teatros, termas
- Paidéia: educação dos jovens
- Helenização: muito mais profunda na Ásia Menor e
Egito
- Os povos conquistados procuram a cultura helênica
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ÉPOCA HELENÍSTICA
 Pensamento grego: cínicos, céticos,
epicureus, sobretudo os estóicos
 Profunda reflexão sobre o homem e sua
felicidade num mundo muito vasto e
cosmopolita de uma hora para outra
 Há mais interesse dos hebreus nos gregos
do que o contrário
 Habitantes de Jerusalém acolhem
favoravelmente a chegada de Alexandre
(cf. Flávio Josefo)
 Samaria em 331 rebela-se contra o
governador macedônico, foi destruída e a
revolta sufocada com sangue 2
ÉPOCA HELENÍSTICA
 Livros bíblicos calam no período: Ne
e Esd não vão além do período persa
e 1Mac começa 1,5 século mais tarde
 1Mac 1,2-4: traça imagem
fortemente negativa de Alexandre
 Alexandre pretende atribuir-se
prerrogativas divinas, comum aos
reis da época
 323 a.C.: Alexandre morre de
improviso com 33 anos
 Deixa seu reino no caos
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SUCESSORES - DIÁDOKOS

 323 a.C.- Repartem o território:

- Ptolomeu, filho de Lagos: Egito


- Antígono: Macedônia e Grécia
- Seleuco: Ásia Menor

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 Ptolomeu: fundou a dinastia do Lágides e
ocupa a Judéia em 312 a.C., tirando-a dos
Selêucidas, durante um século
 Selêucidas: haviam tomado poder na Síria
 Historiadores helenistas: não dizem
praticamente nada da Judéia neste período
 Início difícil: Judá sofre guerra entre
Ptolomeus e Selêucidas durante muitos anos
 Após: domínio ptolemaico com paz e relativa
prosperidade (cf. Diário de Zenon: funcionário
do fisco ptolemaico entre 260 e 258 a.C.)
 Relação dos judeus com a monarquia
ptolemaica é boa
 Governador civil judeu: família dos Tobíadas 5
ÉPOCA HELENÍSTICA
 Qohelet (Eclesiastes): apresenta uma
sociedade opulenta, governada por
burocraria fortemente hierarquizada
e ávida de dinheiro
- Primeiro confronto com o
pensamento grego que punha em
crise as certezas tradicionais de
Israel

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 II. A JUDÉIA SOB OS SELÊUCIDAS (200-
164 a.C.)
 201-200: Antíoco III, selêucida, arranca
dos Ptolomeus a inteira região
palestinense
 Oposição dos ambientes judaicos mais
fiéis à tradição
 Veto à entrada de estrangeiros no Templo
e à criação de animais impuros em
Jerusalém

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ÉPOCA HELENÍSTICA
 202 d.C.: Roma entra em guerra com Filipe V da
Macedônia, do qual Antíoco era aliado
 197: Roma derrota Filipe
 190: Antíoco sofre pesada derrota em Magnésia
 188: tratado de Apaméia com Antíoco em
condições duríssimas para Antíoco – abandonar
todos os seus territórios na Ásia Menor e pagar
12.000 talentos
 187: Antíoco assassinado e seu filho Seleuco IV
para fazer frente às condições econômicas
saqueia os templos mais ricos, inclusive
Jerusalém, um sacrilégio para os judeus (2Mac 3)
 175-164: Antíoco IV sucede Seleuco IV
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 Sirac: composto nos primeiros anos de Antíoco IV ou últimos
de Seleuco IV
 Sir 36,1-17: oração de súplica a Deus pela libertação de
Israel
 Antíoco torna-se o modelo das forças do mal (Dn 7,25;
11,36-39)
Jasão, judeu da família sacerdotal altamente helenizada de
Jerusalém desloca-se até comprar do rei o cargo de sumo-
sacerdote, e inicia um decidido processo de helenização
- Jerusalém recebe um ginásio em estilo grego; jovens são
convidados a participar dos jogos de Tiro; proposta de status
de cidade helenizada (polis) a Jerusalém
- 2Mc 4,13-15: muitos judeus seguiram estas novas
tendências
- Em Alexandria há diálogo, mas em Jerusalém é preciso
escolher o lado em que se está
Menelau consegue tomar o posto de Jasão com 300 talentos a
mais oferecidos ao rei (2Mc 4,24) e faz assassinar o último
sacerdote legítimo, Onias III (2Mc 4,30-35; Dn 9,26)
- 168-169: A relação de Antíoco com os judeus torna-se 9
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III. A PERSEGUIÇÃO DE ANTÍOCO IV
 Antíoco, ao retornar de campanha militar contra o Egito,
saqueia o Templo de Jerusalém
 Aproveita a tentativa de Jasão de retomar o sumo-sacerdócio
de Menelau para intervir militarmente na Judéia
 167: em Jerusalém trata com extrema dureza a população,
saqueia o Templo, ordena a construção de um presídio militar
(Akra) onde deixa uma guarnição, manda construir um altar a
Zeus Olímpico diante do altar dos holocaustos, no coração do
Templo (Dn 9,26: “abomínio da desolação”), proíbe a
circuncisão, a celebração do culto ao sábado e outras festas
judaicas, sob pena de morte (1Mc 1,41-50)
 2Mc 6-7: massacre de Eleazar e tortura dos sete jovens irmãos
e sua mãe
 Motivações de Antíoco IV: sobretudo políticas (suprimir revoltas)
e econômicas (necessidade de dinheiro), não um cruel perseguidor
 Tácito: a intenção de Antíoco era fazer progredir o “triste gênio”
dos hebreus “mudando-lhes para melhor” abolindo seu fanatismo
e transmitindo-lhes os costumes gregos
 Lutas internas violentas entre os partidos filohelenista e
tradicional judeu, disputas de poder internas ao sacerdócio de
Jerusalém assinalam o final do sacerdócio sadocida
 Perseguição de Antíoco: causas complexas e diferentes entre si 10
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IV. REVOLTA MACABAICA
 Resistência judaica: hassidim (cf. 1Mc 2,42) 
fariseus
 Matatias: iniciador da revolta (1Mc 2,19-22),
sacerdote da pequena Modin
 Defensores do helenismo classes ricas, sacerdotes e
nobres de Jerusalém
 Sirac: da parte dos benestantes (38,24-34; 39,1-11;
50,1-21), mas admoesta contra a excessiva confiança
posta na riqueza (5,1-3; 8,2; etc.)
 164: Judas Macabeu conquista Jerusalém, exceto
Akra- guerra de guerrilha.
Mesmo ano da morte de Antíoco IV
Judas obtém de Antíoco V um edito de tolerância
 25 de Kislew (18 de dezembro) de 164: Hanukkah
(dedicação)
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CONTRASTES NA CONQUISTA DO SUMO-
SACERDÓCIO
1- Menelau: filohelenista
2- 161- Álcimo: helenizante da estirpe de Aarão,
enviado por Demétrio I, sucessor de Antíoco V, a
pedido do partido helenista, que divide os judeus,
como queria Demétrio
- Conciliadores do movimento macabaico aceitam
Álcimo; mais intransigentes o recusam
3- Demétrio aproveita e retoma a repressão de
Antíoco IV
4- Judas Macabeu morre em confronto com
Báquides, general de Demétrio (1Mc 7,1-9,22)

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ÉPOCA HELENÍSTICA
5- 161-143: Jônatas Macabeu assume a
liderança
- 152: Obtém de Alexandre Balas,
pretendente ao trono selêucida, o cargo de
sumo-sacerdote (oposição dos piedosos) e
autonomia total para a Judéia (1Mc 10,15-
21)
- 143: Jônatas assassinado por traição (cf.
1Mc 12,39-53), após concluir alianças com
Esparta e com os romanos (1Mc 8,17-18)

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6- 143-134: Simão Macabeu mantém o título de sumo-
sacerdote
- Obtém de Demétrio II o título de “sumo-sacerdote,
estrategista e chefe dos judeus” (cf. 1Mc 13,42)
- Concentra os poderes civil, religioso e militar e obtém
uma independência efetiva, distanciando
definitivamente os selêucidas
- 134: assassinado por um parente
7- João Hircano, seu filho, sucessor e fundador de
dinastia dos hasmoneus, a primeira após o exílio
babilônico
- Movimento macabaico torna-se pouco a pouco um
instrumento de domínio, com mais motivações
políticas do que religiosas e sociais
- 1Mc: termina com a morte de Simão
- Nascem os movimentos farisaico e saduceu, e, em
particular, os essênios 14
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V. DINASTIA HASMONÉIA
- 134-104: João Hircano I – campanhas militares de
expansão, com exército de mercenários
- Destrói o templo dos samaritanos no Monte
Garizim
- Submete os idumeus (antigos edomitas)
- Livro de Judite recorda os limites do reino de
Hircano I
- Fariseus formam oposição
- Governa como um governante helenista: exército
mercenário e riqueza de um detestável sistema
fiscal
- 1Mc 12,6-23: troca epistolar com espartanos e
hipótese de uma improvável parentela comum por
Abraão (12,21)
- 1Mc 8,1-16: extraordinário elogio aos romanos 15
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8- 104-103: Aristóbulo, filho de João Hircano
- Manda matar mãe e irmão
- Autoimpõe-se o título de “rei” que faltava aos
Asmoneus
- Conquista a Galiléia
9- 103-76: Alexandre Janeu
- Maior esplendor da dinastia hasmonéia
- Culminação do conflito com os fariseus: crucifica
uma centena deles em torno dos muros de
Jerusalém e massacra mulheres e filhos aos seus
olhos
- A pena de crucifixão era desconhecida ao direito
israelita

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10- 76-67- Alexandra Salomé, viúva de
Alexandre
- Mantém o país em paz
- Confins equivalentes ao do reino de Davi-
Salomão
- Idade de ouro: paz e prosperidade econômica
11- Hircano II (sumo-sacerdote) x Aristóbulo II
(herdeiro do trono): luta pelo poder
- Hircano dirige-se aos romanos, Pompeu
aproveita, entra na Judéia em 63 e conquista
Jerusalém
- Partidários de Aristóbulo II, refugiados no
Templo, foram massacrados 17
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VI. JUDAÍSMO DE LÍNGUA GREGA EM ISRAEL E NA DIÁSPORA
 Tempo de Otávio Augusto: só 7% dos 4,5 milhões de judeus do
Império Romano estão na Palestina
 Flávio Josefo (63 a.C-19 d.C.): “Não é fácil encontrar um só lugar
no mundo que não hospede esta gente e em que (esta) não tenha
feito sentr a sua autoridade”
 Hebreus da diáspora: mais abertos ao mundo helenista
 Campo religioso: na diáspora, o Judaísmo insiste menos nos
aspectos cultuais e mais naqueles éticos
 Templo, culto, sacerdócio, práticas rituais: importância diminuída
 Nível ético apresentado como superior ao dos pagãos
 Método de interpretação alegórica: sobretudo em Alexandria do
Egito
 Tendência apologética: apresentação da fé judaica como superior
à filosofia grega- Fílon de Alexandria, Carta de Aristéia, 4Mc, Sb,
Eupólemo
 Muitos pagãos pediam para entrar no Judaísmo
 Tensões, desencontros, sentimentos de suspeita e hostilidade
 Cláudio: 41 d.C.- Edito de amizade aos judeus de Alexandria; em
49 d.C. expulsão dos judeus de Roma 18
ÉPOCA HELENÍSTICA
 Visão negativa do processo de helenização
e obras alternativas ao confronto com o
helenismo: Livros dos Sonhos (época dos
Macabeus), Livro de Enoc (engloba Livro
dos Sonhos), Livro dos Jubileus (época de
João Hircano I), Sirac (132 a.C.), Livro da
Sabedoria (séc. I a.C.), Fílon e Flávio
Josefo (séc. I d.C.)
 Traduções gregas da Bíblia: LXX (séc. III
a.C.), Áquila, Símaco, Teodocião (séc. II
d.C.)

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