Você está na página 1de 83

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA
HIDRÁULICA E SANITÁRIA
PHD 2411 – SANEAMENTO I

COAGULAÇÃO

Prof. Dr. Roque Passos Piveli


Prof. Dr. Sidney Seckler Ferreira Filho
COAGULAÇÃO

• Introdução
• Definição de um sistema coloidal
• Colóides liofóbicos e liofílicos
• Colóides hidrofóbicos e hidrofílicos
• Estabilidade de um sistema coloidal
COAGULAÇÃO

• Definição do processo de coagulação em


águas de abastecimento
• Forças intermoleculares de Van der Waals
• Teoria da Dupla Camada
COAGULAÇÃO

• Comportamento químico em meio aquoso


dos coagulantes mais utilizados no
processo de tratamento de água
• Sais de alumínio (Sulfato de alumínio)
• Sais de Ferro (Cloreto férrico e sulfato
férrico)
COAGULAÇÃO
• Mecanismos de desestabilização de
partículas coloidais
• Compressão da Dupla Camada
• Adsorção neutralização
• Varredura
• Ponte interparticular
• Exercício – Dimensionamento de
Calhas Parshall
Tratamento Convencional de
Águas
de Abastecimento
Agente oxidante

Agente oxidante
Alcalinizante
Coagulante

Polímero
CAP

Manancial Coagulação Floculação Sedimentação


Polímero Agente oxidante

Correção de pH Fluoretação Desinfecção Filtração


Alcalinizante

Agente oxidante
Flúor

Água final
COAGULAÇÃO
COAGULAÇÃO
DISTRIBUIÇÃO DE
TAMANHO DE
PARTÍCULAS EM ÁGUAS
NATURAIS
10 µ m 1µ m
-3

Partículas Partículas Partículas em


dissolvidas coloidais suspensão

Cor real
Turbidez
SDT
Cor aparente
Compostos 0,45 SST
dissolvidos µ m
ESPECTRO DE DIÂMETROS
DE PARTÍCULAS
DISTRIBUIÇÃO DE
TAMANHO DE
PARTÍCULAS EM ÁGUAS
NATURAIS
10-3 1µ m
µ m
Partículas Partículas Partículas em
dissolvidas coloidais suspensão

Processos de membrana Tratamento convencional e variantes


•Osmose reversa •Filtração direta
•Nanofiltração •Filtração em linha
•Filtração lenta
COAGULAÇÃO
SISTEMAS COLOIDAIS
1E+20 100
Número de partículas (por litro)
1E+18
Área Superficial Total (m2/l)
10
1E+16
Número de partículas (#/L)

1E+14

Área superficial (m2/l)


1
1E+12

1E+10 0,1

1E+08

Concentração de partículas=10,0 mg/l 0,01


1E+06
Massa Específica=2.750 Kg/m3
10000
0,001
100

1 0,0001
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâm etro das partículas (um )
COAGULAÇÃO

• Definição: Operação unitária


responsável pela desestabilização das
partículas coloidais em um sistema
aquoso, preparando-as para a sua
remoção nas etapas subseqüentes do
processo de tratamento.
COAGULAÇÃO
Água bruta
Água coagulada
Freqüência relativa

Diâmetro das partículas


SISTEMAS COLOIDAIS

• Colóides liofóbicos: São aqueles que


formam um sistema heterogêneo com o
solvente (Sistema Bifásico). Desta forma,
distingue-se uma fase contínua (solvente)
e uma fase dispersa (colóides). Uma vez
que predomina um sistema bifásico, pode-
se definir uma área de interface.
SISTEMAS COLOIDAIS

• Colóides liofílicos: São aqueles que


formam um sistema homogêneo com
o solvente (Sistema Unifásico). Desta
forma, distingue-se uma única fase
contínua tendo o solvente e o
sistema coloidal como soluto.
ESTABILIDADE DE
SISTEMAS COLOIDAIS

Quando a fase contínua é


a água, os sistemas
coloidais são denominados
hidrofóbicos e hidrofílicos.
ESTABILIDADE DE
SISTEMAS COLOIDAIS

Sistemas coloidais
hidrofóbicos: São
sistemas instáveis, pois
as interações com o
solvente são pequenas.
ESTABILIDADE DE
SISTEMAS COLOIDAIS

Sistemas coloidais
hidrofílicos: São sistemas
estáveis, as interações
com o solvente são tais
que previnem o sistema
contra alterações em sua
“estrutura global”.
CARACTERÍSTICAS DOS
SISTEMAS COLOIDAIS
• Movimento Browniano: Bombardeamento
pelas moléculas de água.
• Efeito Tyndall: Propriedade de dispersar a
luz. A quantificação desta propriedade de
um sistema coloidal é denominada
nefelometria.
• Comportamento Elétrico: Existência de
cargas negativas e positivas na superfície
do colóide (Eletroforese).
TEORIA DA DUPLA
CAMADA Camada difusa
Camada rígida

- -
-
+ +
Meio Aquoso + -
++ +++ +
-- - - - -
+ ++
-
++
- -
+ + - -+ +
-
Partícula - +
+ - - -
+
-
+
-+ - +
+
-
+ - - +
+ + - - - - - - - ++
-
N+ ++
Cargas + + ++ +
-
+ - -
N- + +
TEORIA DA DUPLA CAMADA
ESTABILIDADE COLOIDAL
TEORIA DA DUPLA CAMADA
ESTABILIDADE COLOIDAL
ESTABILIDADE COLOIDAL
O PROCESSO DE
COAGULAÇÃO

Mecanismos de desestabilização
de partículas coloidais
• Compressão da dupla camada
• Adsorção-neutralização
• Varredura
• Ponte interparticular
COAGULANTES EMPREGADOS
EM ENGENHARIA AMBIENTAL

• Sulfato de alumínio (sólido ou


líquido)
• Cloreto férrico (líquido)
• Sulfato férrico (líquido)
• Cloreto de polialumínio (sólido ou
líquido)
• Coagulantes orgânicos catiônicos
(sólido ou líquido)
DOSAGENS DE COAGULANTE
USUALMENTE EMPREGADOS NO
TRATAMENTO DE ÁGUAS DE
ABASTECIMENTO
• Sulfato de alumínio (5 mg/l a 100 mg/l)
• Cloreto férrico (5 mg/l a 70 mg/l)
• Sulfato férrico (8 mg/l a 80 mg/l)
• Coagulantes orgânicos catiônicos (1 mg/l a 4
mg/l)
O PROCESSO DE
COAGULAÇÃO

Al 2 (SO4 )3 2. Al + 3 + 3. SO4− 2

Fe2 (SO4 )3 2.Fe + 3 + 3. SO4− 2

FeCl 3 Fe + 3 + 3.Cl −
O PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
• Porque a compressão da dupla camada é incompleto
no que tange à explicação do mecanismo de
desestabilização de partículas coloidais ?

• São desprezados os efeitos entre o coagulante e


o solvente, bem como da partícula coloidal e o
solvente
COAGULAÇÃO: REAÇÕES
QUÍMICAS
ALUMÍNIO

Al 2 (SO4 )3 2. Al + 3. SO4
+3 −2

Al +3
+ H 2O AlOH + 2 + H +
AlOH + 2 + H 2O AlOH2+ + H +
AlOH2+ + H 2O Al ( OH ) 3 Sólido + H +
Al ( OH ) 3 Sólido + H 2O AlOH4− + H +
COAGULAÇÃO: REAÇÕES
QUÍMICAS
FERRO
FeCl 3 Fe + 3 + 3.Cl −
Fe2 (SO4 )3 2.Fe + 3 + 3. SO4− 2

Fe + 3 + H 2O FeOH + 2 + H +
FeOH + 2 + H 2O FeOH2+ + H +

FeOH2 + H 2O
+
Fe( OH ) 3 Sólido +H +

Fe( OH ) 3 Sólido + H 2O FeOH4 + H − +


DIAGRAMA DE SOLUBILIDADE DO
FERRO E ALUMÍNIO EM MEIO
AQUOSO
8

6
Fe Total
4 Al Total
2
Log (Al ou Fe)

0
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
-2

-4

-6

-8

-10

-12
pH
VISÃO DINÂMICA DO
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO

Solvente Coagulante

Colóide
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO

• DISPOSITIVOS HIDRÁULICOS

•Calhas Parshall
•Vertedores retangulares
•Malhas difusoras
•Injetores
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
VERTEDORES RETANGULARES
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CARAGUATATUBA
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CARAGUATATUBA
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CARAGUATATUBA
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CAMPOS DO JORDÃO
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CAMPOS DO JORDÃO
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CAMPOS DO JORDÃO
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CALHAS PARSHALL
ETA CAMPOS DO JORDÃO
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
DISPOSITIVOS MECÂNICOS

•Agitadores mecânicos
•Turbinas
•Hélice propulsora
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO AXIAL E
RADIAL
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO AXIAL E
RADIAL
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA ALTO DA BOA VISTA
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA ALTO DA BOA VISTA
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA ALTO DA BOA VISTA
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA ALTO DA BOA VISTA
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA GUARAÚ (SABESP)
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA GUARAÚ (SABESP)
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA RIO GRANDE (SABESP)
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA RIO GRANDE (SABESP)
PROCESSO DE
COAGULAÇÃO
ETA RIO GRANDE (SABESP)
CONCEITO: GRADIENTE DE
VELOCIDADE
dPot = dF .v
 dv 
 dv  dPot = τ .dA. v + .dy  − τ .dA.v
v +  .dy  dy 
 dy 
 dv 
dPot = τ .dA. .dy
 dy 
dy
v  dv 
dz dPot = τ . .dx .dy .dz
dx  dy 
 dv   dv 
dPot = µ . . .dx .dy .dz
 dy   dy 
CONCEITO: GRADIENTE DE
VELOCIDADE
 dv   dv 
dPot = µ . . .dx .dy .dz
 dv   dy   dy 
v +  .dy
 dy  2
 dv 
dPot = µ .  .dx .dy .dz
 dy 
dy
v dPot = µ .G 2 .dx .dy .dz
dz
dx
 dv  Pot
G=  G=
 dy  µ .Vol
CONCEITO: GRADIENTE DE
VELOCIDADE
G=Gradiente de velocidade (s-1 )

 dv  Pot
v +   .dy  dv  G=
 dy  G= 
 dy  µ .Vol

v dy Pot γ .Q .∆H γ .∆H


G= = =
dz µ .Vol µ .Vol µ .θ h
dx
γ .Q .∆ H γ .V . A.∆ H γ .V .∆ H
G= = =
µ .Vol µ .Vol µ .L
CÁLCULO DO GRADIENTE DE
VELOCIDADE
Agitadores de fluxo axial
Agitadores de fluxo radial Pot = K T . ρ .n 3 . D 5
Pot = Fa .v
C d . ρ . Ap .v 2 Fa=força de arraste (N)
Fa =
2 v=velocidade (m/s)
C d . ρ . Ap .v 3 Cd=coeficiente de arraste
Pot = Ap=área projetada
2
n=rotação (rps)
D=diâmetro do rotor (m)
P=Potência (W)
CÁLCULO DO GRADIENTE DE
VELOCIDADE
Pot
G= Agitadores de fluxo axial
µ .Vol Pot = K T .ρ .n 3 . D 5

Fa=força de arraste (N) Tipo de rotor Valor de KT


v=velocidade (m/s) Hélice propulsora marítima (3 hélices) 0,87
Cd=coeficiente de arraste
Ap=área projetada
Turbina (seis palhetas retas) 5,75
n=rotação (rps)
D=diâmetro do rotor (m) Turbina (seis palhetas curvas) 4,80
P=Potência (W) Turbina com quatro palhetas inclinadas 1,27
a 450
Turbina com quatro palhetas inclinadas 1,0 a 1,2
a 320
Turbina com seis palhetas inclinadas a 1,63
450
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO RADIAL
Pot = KT .ρ .n 3 . D 5

K T ≅ 5 a 5,5
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO RADIAL
Pot = KT .ρ .n 3 . D 5

K T ≅ 1,5 a 2,0
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO AXIAL
Pot = KT .ρ .n 3 . D 5

K T ≅ 0,5 a 0,8
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO AXIAL

K T ≅ 1,2 a 1,3
3 5
Pot = KT .ρ .n . D
SISTEMAS DE AGITAÇÃO
ESCOAMENTO AXIAL
3 5
Pot = KT .ρ .n . D

K T ≅ 0,3 a 0,4
UNIDADES DE MISTURA
RÁPIDA
DIMENSIONAMENTO
• Gradiente de velocidade ≥ 1.000 s-1
Mecanismo de coagulação por adsorção-
neutralização
• Gradiente de velocidade ≥ 300 s -1

Mecanismo de coagulação por varredura


• Tempo de detenção hidráulico ≤ 30 s
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Vazão: 1,0 m 3
/s
• Verificação do gradiente de
velocidade
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Seleção da Calha Parshall

DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Equação de descarga:
H a = 0,608.Q 0,639
H a = 0,608 m
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Cálculo da largura na secção de
medida
2 2
D' = .( D − W ) + W = .( 157,2 − 91,5 ) + 91,5 = 135,3 cm
3 3
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Cálculo da velocidade na secção de medida
Q Q
Va = = = 1,22 m / s
A D'. H a
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Cálculo da energia total disponível

Va2 1,222
Ea = H a + + N = 0,608 + + 0,229 = 0,913 m
2. g 2.9,81
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Cálculo do ângulo fictício θ
g .Q
cos(θ ) = − 3
= −0,723 θ = 136,8o
W .(0,67. g . Ea ) 2
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Cálculo da velocidade da água no início do ressalto

12
 θ   2. g . Ea 
V1 = 2. cos . = 3,42 m / s
 3   3 
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Cálculo da altura de água no início do ressalto

V12 V12
Ea = E1 ⇒ Ea = y1 + y1 = Ea − = 0,317 m
2. g 2. g
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Cálculo do número de Froude

Fr 1 =
V1
g . y1
= 1,94
y1
[ ]
y3 = . 1 + 8.Fr21 − 1 = 0,726 m
2
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Cálculo da profundidade no final do trecho divergente

y2 = ( y3 − N + K ) = 0,572 m
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Cálculo da velocidade no final do trecho divergente

Q Q
V2 = = = 1,43 m / s
A y2 .C
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Cálculo da perda de carga no ressalto hidráulico

∆H = 0,111 m
H a + N = y3 + ∆ H ⇒ ∆ H = ( H a + N ) − y 3
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
Cálculo do tempo de residência médio no trecho divergente

G parshall G parshall
θh = = = 0,38 s
Vm ( V1 + V2 )
2
DIMENSIONAMENTO DE
CALHAS PARSHALL
• Cálculo do gradiente de velocidade

γ .∆H
G= = 1.527 s −1
µ .θ h
Muito
Obrigado !!
!

Você também pode gostar