Você está na página 1de 17

Introdução a

Liturgia
Celebrar o mistério de Cristo
No curso das horas do dia.
Começando a pensar
 A liturgia como caminho de encontro com o Senhor

 A liturgia um caminho para educar a comunidade


para um encontro ativo e consciente com Cristo, o
centro da liturgia, da vida eclesial.
 A Igreja acredita como reza. Cada celebração da
igreja é uma profissão de fé. A regra da oração e a
regra da fé.
 É bom recordar a este ponto que o adágio lex
orandi e lex credendi não vale apenas para a
Igreja no seu todo, mas é um princípio de vida de fé
de cada cristão. De fato, a Igreja crê, como reza,
também cada cristão é chamado a crer como reza.
 Interrogar-se como os cristãos vivem da liturgia
significa tomar consciência da necessidade de
ensinar aos homens de fé um método para que
estes possam atingir diretamente a fonte da
oração da Igreja.
 Como a Sagrada Escritura (lectio divina), assim a
liturgia precisa ser compreendida, meditada,
interiorizada para tornar-se a oração da Igreja.
 Não se trata de uma compreensão meramente
intelectual, mas de uma compreensão espiritual e
existencial que necessita, todavia de esforço e
fadiga da inteligência.
 A pergunta que nos Atos dos Apóstolos Felipe
coloca ao etiópe sobre a leitura do livro do profeta
Isaías “Compreende aquilo que estas lendo?” (At
8,30), serve também para a liturgia: “Compreende
aquilo que estas celebrando?”. A resposta é a
mesma do etiópe: “Como poderei entender se
ninguém me guia?” (At 8,31)
 A mistagogia é o método e o instrumento que a
Igreja antiga nos indica para auxiliar o homem de
fé a viver aquilo que celebra.
 Aquilo que a Lectio Divina é para as Escrituras, a
mistagogia é para a liturgia.
O termo liturgia
 O que é liturgia?

 A palavra grega leiturgia (verbo leiturgéin) é


composta do substantivo érgon (obra) e do
adjetivo léitos (referente ao povo) derivado da
léos que significa povo. Em linha gerais
podemos afirmar que liturgia significa obra do
povo. Dentro do universo grego liturgia será
os serviços prestados pelo bem do povo. A
partir do século II aC também todo o serviço
ligado ao culto será denominado de liturgia.
Sacrosanctum
Concilium
 Movimento Litúrgico

 A encíclica Mediator Dei levou a reconhecer os valores


teológicos, espirituais, eclesiais e pastorais da liturgia. A
reforma plena faz a Igreja sair de uma situação de imobilidade
que durou muitos séculos. Ambos acontecimentos ao seu
modo marcaram um novo tempo para a Igreja.
 A Constituição SC promulgada no dia 4 de dezembro de 1963,
pode ser considerada como um acontecimento fundamental
da história contemporânea da liturgia e como melhor resposta
ao movimento litúrgico. A constituição não é um fruto
improvisado, mas uma consequência madura dos estudos
doutrinais, dos esforços pastorais e das decisões das
autoridades competentes, no que se refere a renovação
litúrgica.
Como a SC define a
liturgia?
 Para definir o que venha a ser a liturgia, a
SC percorre uma estrada, apresentando os
seguintes elementos que já nos ajudam a
entender a liturgia não como o cumprimento
de rubricas, mas como uma força que
transforma o homem diariamente para que
ele se transforme cada vez mais em templo
do Espírito. Aqui podemos contemplar a
dimensão mistagógica da liturgia.
Dimensão
mistagógica da
liturgia
“Quem agora é cego e surdo, sem inteligência…deve permanecer agora
fora do coro divino, como um não iniciado ao mistério, como um que na
dança não conhece o senso da música.” Clemente de Alexandria.
 O que é mistagogia? Santos Padres – Catequeses Mistagógicas – a
celebração de um rito me leva a um encontro com o mistério.
 Através dela somos introduzidos no mistério de Cristo.

 A mistagogia é intimamente ligada a realidade do mistério de Deus, se


volta aquele mistério do qual a liturgia é epifania. Cirilo de Jerusalém,
Ambrosio, João Crisostomo, Teodoro de Mopsuestia.
 O mistério não é algo que se oculta, mas que me revela uma
realidade, que está fora de nós, mas que vem ao nosso encontro.
Símbolos e gestos na liturgia. Cruz, óleo, imposição das mãos, tarde,
manhã, horas….
 Neste mistério somos transformados. A celebração litúrgica nos
oferece um itinerário um caminho para uma experiência de metanoia –
de transformação profunda, através de um processo de kenosis.
 Através da celebração litúrgica tomamos consciência
de que somos uma comunidade, corpo mistico de
Cristo, convocada por Deus para renovar em sua vida o
Mistério Pascal de Cristo.
 Deus deseja a Salvação de todos os homens, por isso
de muitos modos se revelou na história da Salvação,
até nos enviar o seu próprio filho. Em Cristo realizou-se
a nossa perfeita reconciliação e nos foi dado acesso à
plenitude do culto divino.
 Cristo através do seu mistério pascal morrendo
destruiu a nossa morte e, ressuscitando, restaurou-nos
a vida. Por isso, é do lado aberto de Cristo que nasce o
mistério da Igreja.
 Desse modo é correto afirmarmos que a obra
da salvação continua na Igreja, pela liturgia.
 Através da liturgia Cristo se torna presente na
vida de sua Igreja, atualizando o seu mistério
pascal.
 Modos de presença de Cristo na Liturgia: Cristo
se torna presente na liturgia por meio do
ministro que apresenta ao Pai a oferta da
comunidade, por meio da eucaristia, por meio
da palavra proclamada, por meio da assembleia
reunida e por meio dos sacramentos.
SC 10
 A liturgia não é a única atividade da Igreja, porém ela é o cume
e a fonte de toda a vida cristã.
 Mas a liturgia é o cume para o qual tende toda a ação da Igreja
e, ao mesmo tempo, a fonte de que promana sua força, Os
trabalhos apostólicos visam a que todos, como filhos de Deus,
pela fé e pelo batismo, se reúnam para louvar a Deus na Igreja,
participar do sacrifício e da ceia do Senhor.
 A liturgia também leva os fiéis a serem unânimes na piedade,
depois de participarem dos sacramentos pascais, para que na
vida conservem o que receberam na fé. A liturgia renova e
aprofunda a aliança do Senhor com os homens, na eucaristia,
fazendo-os arder no amor de Cristo. Dela, pois, especialmente
da eucaristia, como de uma fonte, derrama-se sobre nós a
graça e brota com soberana eficácia a santidade em Cristo e a
glória de Deus, fim para o qual tudo tende na Igreja.
 A liturgia será para cada um de nós em nossa experiência de fé
uma fonte. Uma fonte da qual devemos beber todos os dias.
SC11
 Mas para que seja plena a eficácia da
liturgia, é preciso que os fiéis se aproximem
dela com as melhores disposições interiores,
que seu coração acompanhe a sua voz, que
cooperem com a graça do alto e não a
recebam em vão. Cuidem, pois, os pastores
que, além de se observar as exigências de
validade e liceidade das celebrações, os fiéis
participem da liturgia de maneira ativa e
frutuosa, sabendo o que estão fazendo.
A dimensão
educativa da liturgia
 A liturgia é considerada como fonte para a
compreensão da fé e não simples instrumento.
Essa é lugar eminente no qual a fé vem aplicada,
alimentada e aprofundada. Em outras palavras,
esse é um dos lugares no qual a fé se realiza,
vem a luz, é colocada em jogo. Não devemos
recorrer a liturgia como um instrumento didático
da catequese, mas como a uma fonte da fé e se
quisermos, um fim da catequese, na medida em
que a ação catequética visa a sustentar e
aprofundar o ato de fé (o dizer conscientemente e
totalmente creio em Deus). É na liturgia que
dizemos a Deus eu creio.
 A liturgia como lugar de educação para a
dimensão eclesial da oração. Esta pode ser
vista também como uma escola de fé: nos
educa para o sentido de Deus e assim o faz nos
introduzindo no sentido de sermos Igreja (a
comunidade daqueles que reconhecem este
Deus e se reconhecem na fraternidade eclesial
que esta gera. Todavia, não é uma escola ao
modo da catequese, mas ao modo da liturgia
com os prejuízos e limites que está comporta.
 A liturgia representa os grandes temas da fé na
forma da ação ritual. A liturgia vive da fé que é
suscitada da revelação de Deus (Sagrada
Escritura) e que a Igreja desenvolve no seu
caminho histórico (Tradição). Por isso, no ciclo
litúrgico encontramos todos os grandes temas
da fé, se não em chave sistemática e em todos
os detalhes concretos. A liturgia nos oferece o
quadro essencial e fundamental que dá
sustentação e rege o nosso ser credente.
Exemplo Ano Litúrgica – uma verdadeira
anámnesis da História da Salvação que tem o
seu ápice em Cristo.
Conclusão
 De tudo que apresentamos a liturgia como
celebração do mistério pascal não é uma reflexão
sobre Deus, mas sobre a relação entre o homem e
Deus. O homem que se coloca diante de Deus
louva, invoca, rende ação de graças, oferta e
realiza tantos outros gestos.
 Ao nos colocarmos diante de Deus através da
ação litúrgica não falamos de Deus, mas falamos
a Deus.
 Este diálogo se dá por meio de gestos, que nos
ajudam a compreender como o mistério pascal de
Cristo se atualiza em nossas vidas.
 Antes de ser celebração a liturgia é evento.
Por isso, a questão não é tanto entre
celebração e vida, mas entre liturgia e vida.
O evento total de Cristo é de uma outra
amplitude e de uma outra profundidade: é
mistério. Mistério não entendido como aquilo
que se esconde, mas que se revela a medida
que ampliamos a consciência da nossa fé e
dos valores que alimentam a mesma.

Você também pode gostar