Fases e Formas do Conhecimento Científico na História
(uma introdução didática) Autor: Sérgio Luís Boeira Introdução à Problemática
Para a forma dominante do conhecimento científico, não existe
qualquer problemática relativa a paradigmas ou formas de fazer ciência. Não existe necessidade sequer de se discutir a filosofia da ciência, a história da ciência, a sociologia da ciência ou a antropologia da ciência. Simplesmente existe de um lado o leigo e de outro o cientista, com uma única concepção de ciência, concebida como se não fizesse parte da história da ciência. Introdução à Problemática
Para as formas dominadas do conhecimento científico e para o cidadão
que não é cientista, entretanto, existem uma problemática muito complexa que envolve confronto de paradigmas, visões de mundo, concepção de natureza humana e projetos de sociedade (sustentável, insustentável). Da Antiguidade à Modernidade
Antes do século XVII havia uma diversidade de concepções de
conhecimento que interagiam de forma pouco definida. O senso comum, o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico, conhecimento estético e o científico não se distinguiam claramente. Da Antiguidade à Modernidade
Filosofia e ciência convivem como formas de construção da
racionalidade, confrontando os mitos e as explicações não racionais sobre o Cosmos. Muitos filósofos são também cientistas e vice-versa. Gradualmente ocorre uma diferenciação entre atividade filosófica e atividade científica. Predomínio da concepção geocêntrica do Universo. Modernidade: Disjunção e Redução A partir do séculos XVI e XVII, a concepção heliocêntrica do Universo se impõe sobre o geocentrismo. Disjunção entre senso comum e ciência, além de disjunção entre ciência e Filosofia/humanidades. Emergência da ciência moderna e suas ramificações disciplinares. Modernidade: Disjunção e Redução O método das ciências naturais e exatas, com a física em primeiro lugar, assume a condição de paradigma para o conjunto das ciências. Redução da complexidade às fórmulas simples (abstratas), matemáticas, ou a leis como a da oferta e da procura (economia), da gravidade (astronomia). Emerge o paradigma dominante, disjuntor- redutor ou antropocêntrico. Primeira Metade do Século XX: Crise Paradigmática
Irrupção da incerteza no âmago das ciências exatas e naturais,
especialmente com a emergência da física subatômica e quântica, na contracorrente da física clássica (newtoniana-cartesiana). Incerteza esta que conduz ao questionamento filosófico das ciências (nova epistemologia). Primeira Metade do Século XX: Crise Paradigmática Reaproximação entre filosofia e ciência, incluindo aspectos fenomenológicos no debate sobre o positivismo. Há uma crise do paradigma dominante, que se mantém por intermédio da disjunção- redução disciplinar e do departamentalismo corporativista nas universidades. Ciências sociais se desenvolvem como ciências de segunda categoria diante das ciências naturais. Confronto entre construtivismo e realismo/positivismo. De Meados do Século XX ao Início do Século XXI
Discute-se a emergência de um novo paradigma científico-filosófico,
com base na ecologia, na retomada da visão sistêmica e em diversos diálogos inter e trandisciplinares; reaproximação entre ciência e senso comum, ainda que sob uma leitura crítica e analítica. Ciência é vista como conhecimento diferente mas não superior a outras formas de conhecimento (filosófico, artístico, religioso, etc). De Meados do Século XX ao Início do Século XXI A transição paradigmática se resume no confronto entre um paradigma disjuntor-redutor e um paradigma da complexidade ou emergente, cujo eixo seria a busca de associação sem fusão e distinção sem disjunção/separação entre os saberes. Este novo paradigma permite o questionamento da setorialidade institucional (burocratização) e favorece o diálogo intersetorial, assim como o diálogo entre Estado, sociedade civil e mercado. De Meados do Século XX ao Início do Século XXI Desde a década de 1970 a problemática socioeconômica que tinha como dilema central a relação entre opressão X liberdade tornou-se mais complexa devido à emergência do dilema vida X morte ou sustentabilidade X insustentabilidade. A problemática passou a ser civilizatória, além de continuar a ser socioeconômica. Isto significa que a sobrevivência da espécie humana está em risco. Referências bibliográficas BOEIRA, S.L.; KOSLOWSKI, A. A. Paradigma e disciplina nas perspectivas de Kuhn e Morin. R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, SC, Brasil, v. 6, n. 1, p. 90-114, 2009. ISSN 1807-1384. Disponível em http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2009v6n1p90