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Período
2023/Avaré
1. INTRODUÇÃO
Jane Butzner Jacobs foi uma escritora e ativista política do Canadá,
nascida nos Estados Unidos. Sua obra mais conhecida é Morte e Vida de Grandes
Cidades.
No começo Jane fala sobre fazer parte de uma estratégia para reduzir a
quantidade de veículos nas cidades, fala sobre a ordem visual, compara a arte e vida,
a autora observa que elas não são a mesma coisa.
Na sequência, a autora aborda o tema projetos de revitalização, e por fim
aborda que os planejadores precisam diagnosticar que condições capazes de gerar
diversidade estão faltando.
2. A SUBVENÇÃO DE MORADIAS
Sendo um tema extremamente atual, a subvenção de moradias recebe
amplo espaço em discussões político-econômicas ao redor de todo o mundo, por ser
o método mais comumente utilizado por diversas nações ao redor do globo, para
combater uma das maiores endemias do mundo, a falta de habitação adequada para
pessoas em situação de vulnerabilidade.
Tendo isso em vista, o Jane Jacobs aborda este tema de forma crítica, onde
a mesma demonstra uma grande insatisfação por conta da forma de como este
método é aplicado, tendo porém, um grande enfoque no sistema norte-americano.
Essa relação, porém, seria ainda mais grave na visão da autora norte
americana, visto que haveriam bairros específicos para as castas da sociedade, onde
estes teriam uma organização comunitária própria diferente, coisa que em uma cidade
apenas causaria mais problemas.
Outro ponto levantado por Jane, seriam as contradições que esse método
apresenta para o sistema presente nos Estados Unidos da América (EUA), onde
existem outras áreas onde existe subsídios governamentais, como fazendas e
companhia aéreas, e esses tem um tratamento completamente diferente dos que é
apresentado para área habitacional, o que muitas vezes acaba por trazer reações
ruins vindas dos contribuintes e da iniciativa privada.
E todas essas questões levaram a Jane Jacobs a desenvolver um método
que ajudariam na resolução de todas essas questões, e que trariam muitos benefícios
à todas as partes, através do complemento do valor do aluguel de acordo com a renda
do inquilino, a construção gradativa de novas edificações ou reformas de construções
degradadas através de um subsídio aos construtores e aos proprietários, o sistema
que Jane Jacobs batizou de Método de Renda Garantida.
Dessa forma, Jacobs propõe a criação de um órgão público chamado
Departamento de Subvenção Habitacional (DSH), que daria apoio monetário para os
participantes do programa, contudo, os proprietários deverão cumprir algumas
obrigações como construir em um bairro determinado e selecionar inquilinos das áreas
próximas. Tais inquilinos teriam sua renda analisada pelo órgão, então o DSH
completaria a parte do aluguel que eles não poderiam pagar, para então caso a renda
dessas pessoas aumentem eles seriam capazes de pagar o aluguel por completo e
manter a família na moradia pelo tempo que eles desejarem. Isso criaria bairros mais
atraentes para todos e isso proporcionariam muitos benefícios financeiros e sociais.
Um desses benefícios seria a diversidade nas moradias, tendo em vista
que em seu programa ela não planeja criar padrões projetuais, as moradias apenas
deveriam seguir as regulações municipais, sem apresentarem tratamentos especiais,
além disso, os proprietários poderiam usar os pisos térreos e porões de forma não
habitacional, com a única condição sendo que esses não seriam subsidiados. Outra
questão que Jane faz questão de citar seriam as possibilidades de desapropriação,
em seu ideal, isso deveria ser evitado a todo custo, porém caso ocorra, deve ser
através de uma transação justa para poder manter os moradores nas áreas próximas.
E para garantir que exista a diversidade, esse projeto deve atingir diversos
construtores e proprietários, para não manter o poder na mão de poucos, e esses
proprietários seriam incentivados a morar nos seus prédios que serviriam com
moradia as populações mais carentes.
A diversidade, porém, não seria o único benefício trazido por esse projeto,
pois também ele trataria de problemas específicos das zonas onde ele for implantado,
podendo trazer estímulo para construção em áreas boicotadas, aumentar a
quantidade de unidades habitacionais, criar uma maior diversidade na idade dos
prédios. E com todo esse desenvolvimento, esses distritos se tornam muito mais
agraveis, por isso, Jacobs propõe que moradores de fora do projeto possam morar na
vizinhança o que criaria uma grande mistura de classes, e traria diversidade as ruas.
Porém, como qualquer projeto, ele pode trazer seus problemas, os que a
autora considera de mais relevância seriam a corrupção e a ineficiência, visto que com
o passar do tempo o projeto pode se tornar ineficiente se suas táticas se afastarem
das necessidades reais dos moradores, e a corrupção se não lidada, sempre
desenvolve formas inventivas de agir. E por conta disso Jane apresenta uma forma
de combater essas duas enfermidades projetuais, que seria a experimentação de
novos métodos decenalmente, visto que com as novas necessidades que surgirão,
será necessária a criação de novas táticas, porém nenhuma delas será infalível, visto
que sempre existe a possibilidade de ocorrer coisas imprevisíveis.
Jane Jacobs encerra seu capítulo falando sobre forma como as visões
atuais para esse tópico são prejudiciais para o ser humano, porém ótimas para
empreendimentos, por conta disso, novas metas e estratégias para a subvenção de
moradias devem ser criadas, dessa forma, vindas com táticas próprias e diferentes
das quais temos atualmente.
1.1. COMPARAÇÕES
Em Morte e Vida de Grandes Cidades é comentado por Jacobs (1961, p.
220) sobre “Construir esses edifícios nos bairros em que sejam necessário para
substituir prédios degradados ou para aumentar a oferta de moradias”, o que fica
subentendido que a insegurança habitacional, se trata majoritariamente de um
problema de escassez de moradia, o que no período poderia se comprovar real pelo
momento pós-guerra, como foi comentado pela NAM (National Association of
Manufacturers) (associação comercial e industrial (EUA)) (2018, p. 179, tradução
nossa) “Por exemplo, em resposta à severa falta de moradias após a guerra, o
Congresso passou o Housing Act de 1949”1, porém, se compararmos essas
informações com os dias atuais, a situação se mostra diferente.
Em uma pesquisa realizada pelo United Way NCA (2023), aponta dados
que vão de encontro à proposta da autora norte-americana, onde é exposto que nos
EUA para cada pessoa em situação de rua, existem 28 casas desocupadas, esses
levantamentos se tornam mais expressivos em grandes cidades como Nova York,
onde existem 110 casa vazias, por morador de rua, o que mostra que embora a tática
de Jane Jacobs pudesse funcionar em sua época, medidas diferentes teriam de ser
tomadas na atualidade.
Nesse critério, o Brasil se encontra numa situação semelhante à enfrentada
nos EUA, como mostrado numa pesquisa realizada pela Fundação João Pinheiro
(2018, p. 37).
De acordo com a Pnad 2015, o Brasil possui 7,906 milhões de imóveis vagos,
80,3% dos quais localizados em áreas urbanas e 19,7% em áreas rurais.
Desse total, 6,893 milhões estão em condições de serem ocupados, 1,012
milhão estão em construção ou reforma.
1 “For example, in response to the severe housing shortage after the war, Congress passed
Opiniões que se assemelham muito, aos descritos por Jane Jacobs (1961,
p. 219).
2 ““a decent home and a suitable living environment for every American family” (HUD, nd,
p. 3)”
3 “The housing choice voucher program is the federal government's major program for
assisting very low-income families, the elderly, and the disabled to afford decent, safe, and sanitary
housing in the private market.”
4 “A housing subsidy is paid to the landlord directly by the PHA on behalf of the participating
family. The family then pays the difference between the actual rent charged by the landlord and the
amount subsidized by the program.”
2. EROSÃO DAS CIDADES OU REDUÇÃO DOS AUTOMÓVEIS
2.2. COMPARAÇÕES
Da mesma forma como Los Angeles é descrita por Salisbury (s.d. apud
JACOBS, 1961, p. 238) “É em Los Angeles que as autoridades responsáveis dizem
que o sistema está acabando com os elementos necessários à vida humana – terra,
ar e água.”, a cidade de São Paulo, apresenta 90% da sua poluição é causada pelos
carros, de acordo com os dados da CETESB. Os paulistanos vivem em média dois
anos a menos por causa dessa poluição, que mata quase 20 pessoas por dia, segundo
o laboratório de poluição atmosférica da USP.
Há outros problemas além da poluição, sendo o congestionamento o mais
óbvio deles. Crescendo a cada ano, os índices de congestionamento passaram a ser
chamados de “filas”, para acalmar os motoristas, já que o problema não é resolvido.
A medição oficial fica bem aquém da apresentada pelo Maplink, por exemplo. Em
alguns lugares, há congestionamento já dentro da garagem do edifício.
Os espaços públicos são cada vez mais tomados pelo automóvel. Cada
alargamento ou extensão de avenida, cada nova ponte e viaduto, cada túnel dedicado
aos automóveis acaba por incentivar ainda mais o uso do carro, piorando o
congestionamento depois de um curto período de alívio ilusório.
2.4. CURIOSIDADES
Um apontamento muito importante realizado por Jane Jacobs (1961, p,
236)
3.2. COMPARAÇÕES
Jane Jacobs defendia uma abordagem mais orgânica e adaptativa para o
planejamento urbano, enfatizando a importância da diversidade, participação
comunitária e vitalidade nas cidades. Não existe uma cidade que segue à risca as
ideias de Jacobs. Porém há cidades que tem alguns princípios dela, como:
Curitiba que é reconhecida por suas inovações no planejamento urbano,
incluindo a criação de um sistema de transporte público eficiente, a integração de
espaços verdes e a valorização de áreas de pedestres. A cidade também possui um
planejamento que prioriza o uso misto do solo e promove a participação comunitária
em suas decisões de desenvolvimento.
3.4. CURIOSIDADES
Além de suas contribuições para o urbanismo, Jacobs também escreveu
sobre outros temas, como economia, ética e evolução. Ela explorou conceitos de
cooperação, auto-organização e sistemas complexos em seus escritos.
E por conta disso a autora compreende as limitações da monotonia visual:
E entende que uma ordem visual rígida e uniforme pode levar à monotonia e à falta
de interesse estético em uma cidade.
4. PROJETOS DE REVITALIZAÇÃO
4.2. COMPARAÇÕES
Diversos projetos de revitalização já ocorreram no Brasil, tais como o
Centro Histórico de São Luís, no Maranhão, passou por um processo de revitalização
que teve o intuito de qualificar espaços públicos, valorizar o patrimônio existente e
impulsionar a atividade dos microempreendedores locais. As obras foram iniciadas
em 2018 e finalizadas em julho de 2021.
Outro projeto que foi de extrema importância para a cultura e história do
país é a revitalização da Praça da Sé em São Paulo. Segundo reportagem do jornal
Olhar de Repórter, eles dizem que a praça tem muitos pontos importantes em volta
como catedral, fórum, bombeiro, ponto policial e os moradores de rua se sentem
seguros ali fazendo com que eles se aglomerem ali e os turistas não visitem o local.
O arquiteto Arthur Casas, fez um projeto da praça com pontos mais
chamativos como área para esportes, shows, mais iluminação para chamar mais
atenção dos visitantes, porém, para que esse plane dê certo é importante que as
autoridades chamem a atenção das pessoas em situação de rua para um outro local,
por exemplo, criando ambientes de moradia para os mesmos.
Outra questão que precisa ser conversada e estudada antes da execução
do projeto, é o fato da estação do metrô da sé estar localizado embaixo da praça.
É sobre estudar sobre as possíveis causas da falta de frequência das
pessoas e procurar formas de solucionar esse problema.
4.4. CURIOSIDADES
Frederick Douglass, que dá nome ao Frederick Douglass Houses um dos
conjuntos habitacionais citados por Jane Jacobs (1961, p. 265) “Eu disse 40 milhões
de dólares porque foi esse o investimento público nas Frederick Douglass Houses, um
novo projeto no Upper West Side de Manhattan,” era escravo e superou isso em
meados do século 19. Foi de escravo à uma das vozes mais importantes vozes afro-
americana.
Outra figura importante apresentada pela autora é o arquiteto e urbanista,
Robert Geddes, na qual no capítulo propôs uma área para vendedores ambulantes
que foi de agrado de Jane Jacobs (1961, p. 263) “Um arquiteto de Filadélfia, Robert
Geddes, projetou uma interessante área de vendedores ambulantes para uma
proposta de renovação comercial de uma rua da cidade”. Porém, além de arquiteto e
urbanista, ele também foi educador e seu “relatório Princenton” mudou a estrutura
arquitetônica nos Estados Unidos, segundo Instituto Americano de Arquitetos.
5.2. COMPARAÇÕES
Unidades de gestão e planejamento resolvem com programas urbanos bem
executados devem priorizar habitação, emprego, acessibilidade, segurança e
sustentabilidade nas cidades, que atendem às principais preocupações da população.
Ao melhorar esses aspectos, a qualidade de vida geral tende a melhorar. Um exemplo
de projeto : minha casa minha vida que é um projeto brasileiro de habitação .
6.2. COMPARAÇÕES
Os métodos que Jane Jacobs critica são os métodos de complexidade
desorganizada, onde eles tentam analisá-la de forma estatísticas e racionais, porém
sem levar em conta um dos elementos mais essenciais da cidade os eventos
individuais e pessoais.
E o método da simplicidade elementar, onde tentam analisar apenas dois
elementos mais proeminentes na sociedade e com base neles tentar entender tudo
que se passa no restante da sociedade.
6.4. CURIOSIDADES
O sistema da complexidade organizada, se trata basicamente do método
onde se leva em conta a relação do individuo com o meio em que ele se encontra
sendo de comum uso para o estudo das ciências biológicas.
7. RESENHA CRÍTICA
De forma geral, mesmo se tratando de um livro escrito a cerca de 6
décadas, ele se mantem extremamente atual em determinados pontos, sendo uma
forma de visualização mais individual aos problemas vivenciados pelas pessoas nas
cidades, e as foram de tentar resolvê-los.
Da forma como a autora própria comenta, haveriam coisa e problemas que
surgiriam que ela não poderiam de forma alguma prever, e isso realmente ocorre, visto
que muitas soluções propostas por ela funcionariam muito bem em seu contexto de
vida, porém quando aplicados a lentes mais atuais, dificilmente se tornaria viável na
realidade.
Porém existem ainda muitas coisas que estão escritas que ainda seriam,
sem dúvidas, extremamente adequadas e com uma possível respostas para
problemas enfrentados ainda atualmente, e que de fato são, diversos especialistas ao
redor de todo mundo ainda usam a leitura desse livro como forma de buscar auxílio
para os problemas vividos, no contexto histórico atual. E existem até mesmo,
situações onde mesmo não havendo influencia direta da obra, foi feito o que havia se
recomendado nela, e houveram resultados extremamente positivos.
Portanto, é inegável o fortíssimo impacto que Jane Jacobs teve em toda a
história da arquitetura contemporânea, porém, devidos as divergências das
realidades, as propostas do livro de forma alguma devem ser traduzidas diretamente
para a realidade atual, mas ainda assim, é uma fonte de informações extremamente
válida e que pode servir como base para inúmeros projetos importantes para o mundo.
REFERÊNCIAS
JACOBS, J. Morte E Vida Degrandes Cidades. 3 ed. São Paulo : Editora WMF
Martins Fontes, 2011.
SANTOS, C. Centro Histórico de São Luís passa por revitalização. Veja o antes e
depois, 2021. Disponível em:
<https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Cidade/noticia/2021/07/centro-historico-
de-sao-luis-passa-por-revitalizacao-veja-o-antes-e-depois.html>. Acesso em: 28 maio
2023.
UNITED WAY NCA. Vacant Homes Vs. Homelessness In Cities Around The U.S.,
2003. Disponível em: <https://unitedwaynca.org/blog/vacant-homes-vs-
homelessness-by-city/>. Acesso em: 26 maio 2023.