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UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA

GRADUAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO

RESENHA CRÍTICA
Resenha critica: “Morte e vida de grandes cidades”

Feira de Santana
2022
UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA
GRADUAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO

RESENHA CRÍTICA
Resenha critica: “Morte e vida de grandes cidades”

Realização da resenha crítica acerta de dois


tópicos do livro “Morte e vida de grandes
cidades” da autora Jane Jacobs, como um dos
requisitos de avaliação e pontuação do curso de
Arquitetura e Urbanismo, realizado pela
discente Biatriz Lima de Oliveira, para a
disciplina de Antropologia urbana
Orientador: Gabriel Galvão

Feira de Santana
2022
Parte 01: A natureza peculiar das cidades
Os usos das calçadas: segurança e contato
Primeiramente, Jane Jacobs inicia o raciocínio do seu livro tratando de definir e
caracterizar o que é a rua e calçada dentro de uma cidade, como eles são obras que só
fazem sentido dentro de um contexto agrupado e urbano, caracteriza também como elas
são sem utilidade, a não ser para servir as pessoas que ali transitam. Então, entende-
se que a cidade é reflexo do que acontece na calçada, se o meio de circulação for
seguro, a cidade então se torna parcialmente segura, portanto, “manter a segurança
urbana é uma função fundamental das ruas das cidades e suas calçadas." (Jacobs
Jane).
Segundo a autora, as metrópoles se diferem das pequenas cidades e dos
subúrbios por alguns princípios fundamentais e um deles é a quantidade de
desconhecidos, comprometendo talvez a sensação de segurança dentro desse contexto
urbano, “o principal atributo de um distrito urbano próspero é que as pessoas se sintam
seguras e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos”. A população por medo
acaba frequentando cada vez menos essas circulações e então agravam ainda mais o
problema, a desertificação das ruas as deixam ainda mais perigosas.
A predominância desses meios perigosos indefere da habitação de grupos
minoritários, pobres ou aos marginalizados nesses locais, eles não são os infratores
dessa responsabilidade, há males sociais profundos e complexos por trás da
delinquência e da criminalidade, tanto nos subúrbios e nas cidades de pequeno porte
quanto nas metrópoles. Assim podemos elencar dois pontos importantes: primeiro que
a ordem publica não é mantida apenas pela politica ou meios militares, a segunda é que
o problema da insegurança não pode ser solucionado por meio da dispersão das
pessoas.
Temos então um questionamento indispensável: que elemento(s) em uma rua
oferece(m) oportunidades para o crime? Em contra mão as ruas como as do North End,
em Boston, é considerada um palco totalmente ideal, onde a circulação dispõem de total
segurança, um local que recebe inúmeros imigrantes e consumidores em suas repletas
disposições de lojas, e é necessário entender como se dá isso.
Bem sabemos como o fator da presença de pessoas gerando movimento uma
rua a fazem se tornar mais segura, o simples item de existir uma infraestrutura para
receber desconhecidos já cria um ambiente agradável.
Além disso as circulações dos bairros ideias precisam apresentar três
características principais: primeiro, não misturar o espaço privado do público, como
comumente ocorre em subúrbios o/ou conjuntos habitacionais, segundo, deve se ter o
que Jacob chama de “olhos para rua”, mantê-la em constante vigilância, nada de fundos
para a mesma, por fim o terceiro, a calçada deve ter usuários transitando
ininterruptamente, trazendo mais olhares para a mesma, tanto dos que ali caminham
quanto dos moradores que voltam-se para ver o movimento do ambiente.
Para gera uma vigilância por parte dos usuários de forma espontânea, precisa
ter no espaço estabelecimentos e espaços públicos que possam ser usufruídos a noite,
lojas, restaurantes, praças, bares, dão um motivo genuíno para serem frequentadas,
são espaços projetados para uma socialização construtiva: pessoas atraem mais
pessoas, a criação de uma comunidade é um efeito em cadeia. Além de criar um fluxo
na calçada, esses pontos atrativos somente no fato de se tornarem caminho para, por
exemplo, certas lojas, tornam elas movimentadas no processo da caminhada. Por fim,
os próprios lojistas tendo laços com a comunidade prezam pela manutenção da ordem
e segurança local, sendo assim são qualificados como ótimos guardiões e vigilantes das
calçadas.
Uma rua viva sempre tem tanto usuários quanto espectadores e participantes do
espaço. Moradores que interagem com o meio e tomam conta da rua espontaneamente,
a fazem viva. Instituições e estabelecimento que incentivam a presença de pessoas,
principalmente a noite prestam quase o mesmo serviço na manutenção da civilidade
nas ruas. Além de tudo quando maior a diversidade entre esses espaços melhores para
as ruas, e consequentemente para as cidades.
A iluminação também é um fator a ser pontuado, as luzes induzem essas
pessoas a contribuir com seus olhos para a manutenção da rua, permitem maior visão
do espaço, evita surpresas. Mas a autora ressalta que o esse fator isolado não
apresenta nenhuma eficácia.
Ruas impessoais geram pessoas anônimas: as relações da comunidade local
influenciam a sua segurança também, como foi explanado no início, a presença de
desconhecidos é um fator que gera desconfiança, desconforto e insegurança.
Outro ponto importante sobre a cidade é a questão da privacidade urbana. A
privacidade na zona urbana é preciosa e indispensável. Ambiente esse que o indivíduo
escolhe ou não revelar sua vida intima, sendo essa uma das únicas formas em grandes
centros de se espalhar informações sobre a mesma. Nesse ponto entra a visão simplista
que janelas dividem o ambiente privado do público.
O limite para se manter a privacidade é fundamental para um bem estar da
comunidade, entra ai as diferenças entre uma pequena cidade de uma metrópole, a
confiança entre os indivíduos das mesmas acontece de forma distinta, no primeiro caso
as relações podem ser formadas de forma mais rápida, já na segunda pelo fator
estressante da cidade, as relações podem se tornar fluidas e superficiais.
Os calçadões podem ser barcos para as intensificações das relações sociais,
contanto que apresente de elementos para tais, como um comercio ativo, bancos, áreas
atrativas, parques e afins.
A estrutura social da vida nas calçadas depende parcialmente do que Jane
chama de uma figura pública autonomeada. A figura pública é aquela que tem contato
frequente com um amplo círculo de pessoas e interesse em tornar-se uma figura pública.
Precisa apenas estar presente, onde sua principal qualificação é ser pública, conversar
com várias pessoas diferentes. É um fio condutor que se conecta através de alguma
característica/causa comum com outros indivíduos, criando laços diversos, um fio que
conecta a comunidade local, transmitindo informações e notícias.

A vida na rua, tanto quanto eu possa perceber, não nasce de um dom


ou de um talento desconhecido deste ou daquele tipo de população.
Só surge quando existem as oportunidades concretas, tangíveis, de
que necessita. Coincidentemente, são as mesmas oportunidades,
com a mesma abundância e constância, necessárias para cultivar a
segurança nas calçadas. Se elas não existirem, os contatos públicos
nas ruas também não existirão. (JACOB, 1961, pg 56)
O contato público e a segurança nas ruas, juntos, têm relação direta com o mais
grave problema social do nosso país: segregação e discriminação racial. Quando não
se há um contato de relações sociais com o meio que se vivem, se torna um problema
ainda maior a ser vencido.
E um fator influência diretamente no outro, formando um emaranhado, a
segregação espacial, proveniente tanto da má distribuição de renda, como também pela
questão que foi sendo debatia, segurança urbana, dificulta que se haja a criação de
comunidades mais heterogêneas através dos espaços públicos. É difícil superar a
discriminação espacial onde as pessoas não tenham como manter uma vida pública
civilizada sobre uma base pública fundamentalmente digna e uma vida privada sobre
uma base privada. Por fim, entende-se que o espaço é um gerador de relações socias
de extrema importância, tanto para o grupo local de moradores, como da mesma forma
para a cidade como um todo. Assim sendo para proporcionar um ambiente urbano
propício para essas relações, é necessário tornar a calcada um espaço de convívio
seguro e confortável.

Parte 02: Condições para a diversidade urbana


Geradores de diversidade
Jane já inicia seu raciono revelando um dos pontos cautelosos ao analisar a
cidade, ao qual é de ter o cuidado de não apenas contemplar os usos da cidade por
categoria, os subdividindo. Para compreender as cidades, precisamos admitir de
instantâneo as combinações ou as misturas de usos, não os usos separados. E as
misturas dos usos é um ideal a ser atingido, pois segundo a mesma gera segurança.
A monotonia de um espaço causa danos sociais e financeiros fortes, como não
gera atração de pessoas, torna o ambiente mais propício a insegurança, além de
diminuir a diversidade local, esse lugar é um deserto do ponto de vista econômico.
Segundo o estudo de feito por Raymond Vernon, ao analisar que normalmente
quanto maior a cidade é, maior a variedade de produtos, maiores fabricantes de
pequeno porte, sendo que as maiores empresas detêm de uma maior autossuficiência
em relação a outras pequenas, com depósitos e mão de obras qualificadas ele não
necessita estar inserido dentro da cidade, ele se auto sustenta, vendendo para
mercados mais amplos. Vendo da ótica das pequenas industrias, elas só sobrevivem ao
estarem inseridas na cidade, para a sua gestão ocorrer. o. Na competição econômica
por uma força de trabalho em condições de igualdade ou superioridade, os pequenos
estabelecimentos devem instalar-se num local movimentado da cidade, onde os tenham
a facilidade ao acesso de funcionários.
“Ao mesmo tempo que dependem da grande diversidade de outras empresas
urbanas, contribuem para aumentá-la. Este último ponto é muito importante. A própria
diversidade urbana permite e estimula mais diversidade“.
A cidade é o ambiente ideal para estabelecimentos pequenos que dispõem de
diversidade, que procuram inovar, pois ali há inúmeras pessoas que podem estar
interessadas, onde quer que existam locais cheios de vida e atraentes nas cidades, os
pequenos são muito mais numerosos que os grandes. O único inconivente citado no
livro para esse ponto, é a questão do deslocamento que pode gerar menos fluxo,
trazendo pessoas diversas, porém em com locais limitados. Quando existe o
inconveniente da distância, o pequeno, o variado e o pessoal podem desaparecer.
“A diversidade das empresas urbanas inclui todas as variações de tamanho, mas
uma grande variedade significa, sim, maior proporção de pequenos elementos. A
paisagem urbana é viva graças ao seu enorme acervo de pequenos elementos.”
(JACOBS, JANE, 1961)
Quanto mais diversidade comercial no meio, mais a cidade se beneficia
econômico e socialmente, além de tudo as mesmas condições físicas e econômicas que
geram um comércio diversificado estão relacionadas à criação/presença de outros tipos
de variedade urbana.
A cidade por si só não gera a diversidade comercial, irá depender de outros fatos,
como a formação da cidade, oportunidades geradas ali, segurança pode ser também
citada, diversos fatore que corroboram para ocorrer ou não o processo de diversificação.
Jacobs cita existência de quatro condições indispensáveis para gerar uma
diversidade exuberante nas ruas e nos distritos: o distrito deve gerar oportunidades e
atrações de pessoas em horas e locais diferentes, para assim fomentar uma conexão
diversa com grupos sociais distintos, segundo é elencado a questão espacial, como as
quadras devem ser curtas para proporcionar oportunidade distintas, terceiro tempos a
miscigenação na arquitetura urbana da cidade, a proposta é de trazer a diversidade dos
edifícios, balanceando a quantidade de prédios antigos, e os mais modernos/atuais,
ambos com histórias e públicos específicos e divergentes. Por fim deve concentrar um
alto número de pessoas, e buscar atrair mais grupos para aquela concentração.
Por fim essas condições são necessárias para gerar diversidade urbana; a
ausência de qualquer uma delas inutiliza o potencial do distrito, porém o potencial de
diversidade vareia de zona urbana para zona urbana. Assim conclui-se que, as
circulações dentro da cidade são meios que integram com o indivíduo, por tanto devem
dispor de segurança, para gerar assim contato e novas relações socioeconômicas entre
os mesmo, sendo que, a diversidade deve ser o marco a ser alcançado nas cidades e
nessas relações, para afim de minimizar a segregação socioespacial.

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