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RESENHA CRÍTICA
Resenha critica: “Morte e vida de grandes cidades”
Feira de Santana
2022
UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR DE FEIRA DE SANTANA
GRADUAÇÃO - ARQUITETURA E URBANISMO
RESENHA CRÍTICA
Resenha critica: “Morte e vida de grandes cidades”
Feira de Santana
2022
Parte 01: A natureza peculiar das cidades
Os usos das calçadas: segurança e contato
Primeiramente, Jane Jacobs inicia o raciocínio do seu livro tratando de definir e
caracterizar o que é a rua e calçada dentro de uma cidade, como eles são obras que só
fazem sentido dentro de um contexto agrupado e urbano, caracteriza também como elas
são sem utilidade, a não ser para servir as pessoas que ali transitam. Então, entende-
se que a cidade é reflexo do que acontece na calçada, se o meio de circulação for
seguro, a cidade então se torna parcialmente segura, portanto, “manter a segurança
urbana é uma função fundamental das ruas das cidades e suas calçadas." (Jacobs
Jane).
Segundo a autora, as metrópoles se diferem das pequenas cidades e dos
subúrbios por alguns princípios fundamentais e um deles é a quantidade de
desconhecidos, comprometendo talvez a sensação de segurança dentro desse contexto
urbano, “o principal atributo de um distrito urbano próspero é que as pessoas se sintam
seguras e protegidas na rua em meio a tantos desconhecidos”. A população por medo
acaba frequentando cada vez menos essas circulações e então agravam ainda mais o
problema, a desertificação das ruas as deixam ainda mais perigosas.
A predominância desses meios perigosos indefere da habitação de grupos
minoritários, pobres ou aos marginalizados nesses locais, eles não são os infratores
dessa responsabilidade, há males sociais profundos e complexos por trás da
delinquência e da criminalidade, tanto nos subúrbios e nas cidades de pequeno porte
quanto nas metrópoles. Assim podemos elencar dois pontos importantes: primeiro que
a ordem publica não é mantida apenas pela politica ou meios militares, a segunda é que
o problema da insegurança não pode ser solucionado por meio da dispersão das
pessoas.
Temos então um questionamento indispensável: que elemento(s) em uma rua
oferece(m) oportunidades para o crime? Em contra mão as ruas como as do North End,
em Boston, é considerada um palco totalmente ideal, onde a circulação dispõem de total
segurança, um local que recebe inúmeros imigrantes e consumidores em suas repletas
disposições de lojas, e é necessário entender como se dá isso.
Bem sabemos como o fator da presença de pessoas gerando movimento uma
rua a fazem se tornar mais segura, o simples item de existir uma infraestrutura para
receber desconhecidos já cria um ambiente agradável.
Além disso as circulações dos bairros ideias precisam apresentar três
características principais: primeiro, não misturar o espaço privado do público, como
comumente ocorre em subúrbios o/ou conjuntos habitacionais, segundo, deve se ter o
que Jacob chama de “olhos para rua”, mantê-la em constante vigilância, nada de fundos
para a mesma, por fim o terceiro, a calçada deve ter usuários transitando
ininterruptamente, trazendo mais olhares para a mesma, tanto dos que ali caminham
quanto dos moradores que voltam-se para ver o movimento do ambiente.
Para gera uma vigilância por parte dos usuários de forma espontânea, precisa
ter no espaço estabelecimentos e espaços públicos que possam ser usufruídos a noite,
lojas, restaurantes, praças, bares, dão um motivo genuíno para serem frequentadas,
são espaços projetados para uma socialização construtiva: pessoas atraem mais
pessoas, a criação de uma comunidade é um efeito em cadeia. Além de criar um fluxo
na calçada, esses pontos atrativos somente no fato de se tornarem caminho para, por
exemplo, certas lojas, tornam elas movimentadas no processo da caminhada. Por fim,
os próprios lojistas tendo laços com a comunidade prezam pela manutenção da ordem
e segurança local, sendo assim são qualificados como ótimos guardiões e vigilantes das
calçadas.
Uma rua viva sempre tem tanto usuários quanto espectadores e participantes do
espaço. Moradores que interagem com o meio e tomam conta da rua espontaneamente,
a fazem viva. Instituições e estabelecimento que incentivam a presença de pessoas,
principalmente a noite prestam quase o mesmo serviço na manutenção da civilidade
nas ruas. Além de tudo quando maior a diversidade entre esses espaços melhores para
as ruas, e consequentemente para as cidades.
A iluminação também é um fator a ser pontuado, as luzes induzem essas
pessoas a contribuir com seus olhos para a manutenção da rua, permitem maior visão
do espaço, evita surpresas. Mas a autora ressalta que o esse fator isolado não
apresenta nenhuma eficácia.
Ruas impessoais geram pessoas anônimas: as relações da comunidade local
influenciam a sua segurança também, como foi explanado no início, a presença de
desconhecidos é um fator que gera desconfiança, desconforto e insegurança.
Outro ponto importante sobre a cidade é a questão da privacidade urbana. A
privacidade na zona urbana é preciosa e indispensável. Ambiente esse que o indivíduo
escolhe ou não revelar sua vida intima, sendo essa uma das únicas formas em grandes
centros de se espalhar informações sobre a mesma. Nesse ponto entra a visão simplista
que janelas dividem o ambiente privado do público.
O limite para se manter a privacidade é fundamental para um bem estar da
comunidade, entra ai as diferenças entre uma pequena cidade de uma metrópole, a
confiança entre os indivíduos das mesmas acontece de forma distinta, no primeiro caso
as relações podem ser formadas de forma mais rápida, já na segunda pelo fator
estressante da cidade, as relações podem se tornar fluidas e superficiais.
Os calçadões podem ser barcos para as intensificações das relações sociais,
contanto que apresente de elementos para tais, como um comercio ativo, bancos, áreas
atrativas, parques e afins.
A estrutura social da vida nas calçadas depende parcialmente do que Jane
chama de uma figura pública autonomeada. A figura pública é aquela que tem contato
frequente com um amplo círculo de pessoas e interesse em tornar-se uma figura pública.
Precisa apenas estar presente, onde sua principal qualificação é ser pública, conversar
com várias pessoas diferentes. É um fio condutor que se conecta através de alguma
característica/causa comum com outros indivíduos, criando laços diversos, um fio que
conecta a comunidade local, transmitindo informações e notícias.