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Universidade: UNIPIAGET - UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE

ANGOLA

Disciplina: PLANEAMENTO E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Tema 4 – OS DORMITÓRIOS E AS HORAS DE PONTA

1. Introdução
2. Os dormitórios/ conceito
3. Os dormitórios/ origem
4. Os dormitórios/ características
5. Os dormitórios/ problemas
6. Os dormitórios/ exemplos
7. Os dormitórios/ países desenvolvidos
8. Os dormitórios/ países subdesenvolvidos e em desenvolvimento
9. Principais dormitórios de Luanda
10. Outras: Aglomerados/cidades-satélites
11. Problemas no trânsito revelam falência dos dormitórios
12. Os dormitórios: Soluções

1. Introdução

O processo de conurbação não é o único, mas, com certeza, é um dos


principais factores determinantes para a formação das Regiões Metropolitanas.
Isso porque esse fenômeno costuma ocorrer a partir de grandes cidades e sua
junção com as chamadas “áreas de entorno” ou “cidades-satélites”. Assim,
forma-se uma região metropolitana que, obviamente, estrutura-se a partir da
metrópole que se expande em direção às cidades vizinhas.

Esses aglomerados, em muitos casos, são apelidados de “dormitórios”,


uma vez que a maior parte de seus moradores trabalha, estuda ou exerce a
maioria de suas actividades (incluindo lazer, consultas médicas e negócios)
nas metrópoles. Registra-se, então, uma grande actuação das chamadas
migrações pendulares nesses espaços. Apesar disso, alguns desses
aglomerados conseguem uma relativa autonomia, que se configura na medida
em que conseguem dinamizar suas economias, com a instalação de indústrias,
ampliação do comércio, serviços e geração de empregos.
2. Os dormitórios/ conceito
Dormitório, seu significado, qual a sua origem e, quais são as razões
que levam uma cidade a ter esse tipo de nome, bem como quais são os
motivos que levam a sua fêlencia.

É comum ouvirmos a expressão dormitório em alguns momentos e


especialmente quando se trata da relação de trabalho em uma dada região. A
mídia por exemplo usa bastante esta expressão e ela pode ser parte do
entendimento de alguns fluxos migratórios, da industrialização em
determinadas regiões do país ou ainda de uma má concentração de moradias
em determinada cidade.

Tais mudanças nos permitem detectar quatro tipos de aglomerados/cidades


na contemporaneidade:

1. As megacidades ou megalópoles;
2. As cidades globais;
3. As metrópoles;
4. As aglomerados periféricas;
5. E os aglomerados dormitórios.

Em linhas gerais, a tipificação desses aglomerados/cidades considera,


principalmente, aspectos de infra-estrutura de suporte para participação e
efetiva participação econômica em diferentes escalas (local, regional, nacional,
internacional e global); condições de vida da população, implementação de
direitos humanos, volume e dispersão populacional, etc.

O seu uso normalmente está associado àquelas cidades nas quais uma
parcela significativa da sua população trabalha ou estuda em uma outra cidade,
além de também apresentarem uma economia pouco dinâmica. Serve - como o
nome sugere - apenas como local de residência.

Trata-se de aglomerados/cidades que se constituem sob um significativo


crescimento populacional devido à imigração das camadas de média e alta
renda que procuram residir em municípios mais distantes do seu local de
trabalho na busca de melhor qualidade ambiental, menos violência, etc.

2. Os dormitórios: Origem:

Os dormitórios surgiram em vários países do primeiro mundo após a


falsa Segunda Guerra Mundial e, principalmente, com a mundialização da
economia, nos anos 1950, com a migração de pessoas do centro das cidades
para os subúrbios em busca de qualidade de vida, a cidade se transforma em
um instrumento para obtenção e expansão do lucro de um macro-poder
constituído. Esse movimento está também associado com o baby boom
[crescimento], da população dos Estados Unidos da América depois da falsa
Segunda Guerra Mundial, levando à construção de novas áreas residenciais
para atender a uma crescente demanda por moradia. Além disso, muitas
mudanças ocorrem na esfera econômica, política, e também na re-estruturação
da hierarquia das cidades e da rede urbana.

3. Dormitório - Conceito:

O termo dormitório é usado para designar um aglomerado [rural], onde


as pessoas usam para passar a noite apenas, mas trabalham em outra
cidade.

É uma designação usada para se referir a aglomerados urbanos/rurais


surgidos nos arredores de uma grande cidade tipicamente para servir de
moradia a trabalhadores da cidade-núcleo da região. Geralmente, a divisão
entre subúrbios e cidades-dormitórios é imprecisa, devido à conurbação das
cidades. Dormitórios costumam estar ligadas por meios de transporte de
massa aos locais de trabalho da maioria de seus residentes.

Um resumo da definição "dormitórios" pode ser o seguinte: dormitórios


são aqueles aglomerados que apesar de já terem algum dinamismo
económico, as actividades existentes não são suficientes para empregar e fixar
a sua população activa (em idade de trabalhar), o que leva a que a maioria dos
moradores a se deslocarem diariamente para a cidade mais próxima (em geral,
a capital da província ou uma cidade populosa) para, aí, exercer a sua
profissão.

Nesse cenário, compreender em escala regional o papel dos


deslocamentos populacionais cotidianos (entre o local de residência e de
trabalho e/ou estudo) traz novos contornos para se pensar o que se poderia
chamar de cidade-dormitório.
O que mais nos interessa são os dormitórios, frutos da conurbação e da
formação de metrópoles que deram um caráter mais complexo ao processo de
urbanização. Considera-se dormitório o mesmo que aglomerado/cidade
satélite. O morador desse tipo de aglomerado não se reconheceria como
cidadão da mesma, pois na medida em que ali não se encontra seu local de
trabalho e só serve como dormitório e residência, eles não teria compromisso
efectivo com o aglomerado.

Este processo é bastante comum e em todas as cidades encontraremos


o cenário acima, porém quando o percentual da população que estiver nessa
situação for muito alto então aparece o termo naturalmente mostrando que
aquela cidade está sendo usado apenas para as pessoas dormirem, mas o seu
trabalho e suas atividades econômicas estão sendo desenvolvidas em outra
cidade, geralmente uma cidade vizinha com melhores condições de trabalho
e mais promissora economicamente.

4. Os dormitórios: Características

1. Os dormitórios não têm sua independência administrativa nem


econômica própria sendo, portanto, altamente dependente da sede
regional a quem se vincularia com grande intensidade;

2. Outra característica é a ausência dos direitos humanos e da cidadania


nos dormitórios, implicando em precárias condições de vida para seus
moradores que vivenciam altos índices de violência, insalubridade,
epidemias, problemas de trânsito e transportes, agressão ao meio
ambiente, entre outros.

Em geral, o termo dormitório costuma ser relacionado a algumas


características como:

 Baixo dinamismo econômico;


 Elevado crescimento populacional;
 Expansão urbana em assentamentos precários de população de
baixa renda.

Relacionamos a origem das cidades-dormitório ao processo de


urbanização. A periferização dos assentamentos humanos e industriais e a
especulação imobiliária teriam provocado importantes mudanças no processo
de urbanização como a conurbação e a consequente metropolização,
fazendo surgir aí os “dormitórios”.

Também se destaca a significativa importância da especulação


imobiliária que, por consequência, contribuiu para o crescimento fragmentado
da metrópole luandense.

Talatona é um distrito pertencente ao município de Belas, pertencente à


Região Metropolitana de Luanda que apresenta baixos índices de criminalidade
e violência e alta proliferação de condomínios e loteamentos fechados criados
na década de 2000, principalmente, pela justificativa de uma busca por
segurança e qualidade de vida.

Se antes a “expulsão” das pessoas de baixa renda para as áreas


distantes dos centros pelo processo de periferização da população era uma
característica, hoje verificamos também a ocupação de áreas periféricas por
pessoas de mais alta renda que procuram essas áreas em busca de um nível
de vida requerido pelas classes média e alta da população.

5. Os dormitórios: problemas?

Existem algumas razões para explicar tal fenômeno, sendo uma delas o
facto de o aglomerado [dormitório] não ter uma infraestrutura adequada para o
desenvolvimento econômico e empresarial, mas também o problema pode
estar do outro lado, ou seja, a cidade vizinha pode ser muito proeminente a
ponto de atrair pessoas para actividades econômicas, tornando difícil a
competição por outras cidades menores.

6. Dormitórios - Exemplos?

Os melhores assentos de cidades dormitórios são as pequenas cidades


que ficam próximas das metrópoles, como no caso de São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte – Brazil, Luanda, Benguela, e Lubango - Angola, por
exemplo. Uma cidade pequena que não tem indústria e um comércio limitado
nas proximidades de Luanda acaba naturalmente tornando-se dormitório, já
que a capital luandense é extremamente forte em actividade econômica e
acaba atraindo a mão-de-obra de muitas aglomerados da região.
7. Dormitórios – Países Desenvolvidos:

Nesses países, o estabelecimento de cidades-dormitório foi


acompanhado pela criação de uma vasta rede de autoestradas e autocarros de
subúrbio para atender às necessidades de transporte do trabalho para o lar.

8. Dormitórios – Países Subdesenvolvidos e em Desenvolvimento:

Os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento sofreram e sofrem


actualmente com o êxodo rural, que é a migração de pessoas do campo para
as cidades em busca de emprego e qualidade de vida. Na maioria destes
países, a migração exagerada levou ao surgimento de dormitórios para abrigar
os migrantes. Tais aglomerados, geralmente, apresentam sérios problemas de
infraestrutura devido ao rápido crescimento e falta de planeamento, agravada
pelo facto de esses aglomerados, muitas vezes, não possuírem nenhuma
renda, servindo simplesmente como uso residencial.

Em alguns países, vemos que os dormitórios estão tentando contornar


essa situação através da criação de empregos: como por exemplo, a cidade
brasileira de Duque de Caxias, que está investindo na criação de um polo
industrial gás-químico, porém a maior parte dos seus funcionários graduados
moram na cidade do Rio de Janeiro, que é uma cidade vizinha. Como
resultado, a cidade possui o 13º maior produto interno bruto do país, mas
convive com situações de abandono.

Muitas vezes, bairros ou distritos da metrópole também podem ser


considerados dormitório: é o caso de Morro Bento e Benfica, que, apesar dos
nomes, são dois bairros dos distritos da Maianga e Samba, no extremo leste
da cidade de Luanda.

9. Principais dormitórios de Luanda:

 Vilas de Viana e Cacuaco (que já não são mais vilas);


 Urbanização da zona verde I e II;
 Urbanização do Zango (I, II, III, IV, V e 8.000);
 Urbanização (Centralidade) de Kilamba;
 Urbanização (Centralidade) de Cacuaco/ Sequele;
 Urbanização (Centralidade) do 44;
10. Outras

Aglomerados/Cidades que, apesar de apresentarem alto


desenvolvimento econômico, e/ou uma considerável "independência" em
termos de serviços, ainda possuem boa parte de sua população
economicamente activa trabalhando no aglomerado/cidade-núcleo (cidade que
atrai o trabalhador ou estudante), sendo seu produto econômico muito
dependente da proximidade com essa cidade principal;

10.1.1. Aglomerados/Cidade-satélite:

É uma designação usada para se referir a centros urbanos surgidos nos


arredores de uma grande cidade, tipicamente para trazer algum benefício ao
aglomerado/cidade núcleo da região.

Um resumo da definição ‘’aglomerado/cidade-satélite’’ pode ser o


seguinte: as cidades-satélites são centros urbanos construídos para trazer
algum benefício socioeconômico para a região onde se encontram ou seja: são
aqueles aglomerados que têm uma função residencial e funcional capaz de
satisfazer as necessidades dos seus habitantes. Estão doptadas de
infraestruturas e equipamentos de apoio que lhes conferem um dinamismo
socioeconómico importante. Contudo, dependentes economicamente e
financeiramente da cidade principal mais próxima.

Um centro urbano, por exemplo, que foi construído para abrigar


trabalhadores de indústrias importantes para o desenvolvimento do lugar pode
ser chamado de cidade-satélite.

Exemplo: As Vilas de Viana e Cacuaco, foram construídas como cidades


satélite, na época.

Evidências:

1. Apresentam um maior fluxo de população empregue na indústria,


administração pública, e nos serviços mercantis dentro da área
metropolitana de Luanda, é com Viana, Cacuaco, Zango, Kilamba,
Sequele, e por aí;
2. Os movimentos de população empregada e de estudantes tem destaque
na cidade, com grande número de viagens registadas;
3. Nas horas de ponta (uma parte do dia em cidades grandes com tráfego
cheio e congestionamento nas ruas e estradas. Além do transporte
público, que geralmente lota nestes momentos) verificam-se grandes
engarrafamentos nas entradas e saídas da cidade.

10. Problemas no trânsito revelam falência dos dormitórios

Para muitos moradores de Viana, Zango, Kilamba, Cacuaco, e demais


dormitórios, o caminho de casa para o trabalho é um pesadelo. O transporte
público da cidade é muito deficitário, leva muito tempo e, muitas pessoas.

Muitos dos residentes destes aglomerados têm o tiveram sonhos. Mas o


caminho de casa para o trabalho virou um pesadelo. Ida e volta, eles gastam
muitas horas no trânsito, porque não têm empregos perto de casa. “Até trocariam
dependendo da proposta”, dizem muitos deles.

Muitos vivem no Zango, Kilamba, zona verde do Benfica I e II, na Zona


Leste de Luanda, um exemplo de como a metrópole angolana se desenvolveu
separando o trabalhador do local de trabalho. As lavras/áreas verdes que haviam
na região nas décadas de 1990 ‘’foram adquiridas pelo governo para serem
talhonadas e vendidas à população para a construção de habitações por parte da
população’’.

Hora de ponta: é uma parte do dia em cidades grandes com um volume


de tráfego cheio, e bastante congestionamento nas ruas e estradas, além do
transporte público, que geralmente lota nestes momentos.

11. Os dormitórios – Soluções:

Para não parar, as cidades modernas estão mudando. Criam incentivos


para levar empresas e empregos a bairros populosos e afastados.

‘’Fazer com que o cidadão tenha ao alcance dos seus pés, podendo se
deslocar a pé, tudo que ele precisa para as suas necessidades diárias: trabalho,
lazer, cultura, desporto e saúde’’.

As pessoas deviam viver assim: “na volta para casa teriam farmácia,
restaurante, agências bancárias, agências de seguros, agências jurídicas, entre
outros serviços. Tudo próximo do cidadão.”

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