O evolucionismo não foi a única corrente de pensamento que impulsionou o
desenvolvimento do pensamento antropológico. Paralelamente a esta, outros pensadores exploravam direcções complementares e, sobretudo, opostas. Com o impasse e à desconsideração do pensamento evolucionista que se seguiu, outras concepções teóricas deram novo rumo à compreensão da humanidade sem cortar radicalmente com alguns aspectos do raciocínio evolucionista. Ruptura com o evolucionismo • Para alguns autores tornava-se evidente que nenhuma sociedade humana se teria desenvolvido isoladamente, sem contactos nem influencias exteriores, ao ponto de as encerrar separadamente num ciclo evolutivo interno por etapas. • Sob o impulso das críticas do antropólogo Americano F. Boas às teses evolucionistas, uma nova compreensão da humanidade desclassifica o evolucionismo linear e cede o lugar ao que foi denominado escola difusionista ou ainda de corrente da história cultural Génese do difusionismo - E. Ratzel (1844-1904) • O difusionismo floresce sobretudo nos Estados Unidos e na Alemanha impulsionado pelo geógrafo Ratzel ao longo dos anos trinta. • Ratzel apoiava-se na geografia dos movimentos migratórios, como mecanismo de difusão cultural (invenções, técnicas, organização social) das sociedades ditas civilizadas para outras. Difusionismo/Evolucionismo • Ao contrário dos evolucionistas que interpretavam as semelhanças entre as sociedades como expressão de uma evolução paralela, os difusionistas viam os mesmos processos como sendo essencialmente o resultado de empréstimos e de contactos culturais entre sociedades. A história da humanidade resumir-se-ia assim à empréstimos culturais sucessivos a partir de focos de civilização cuja distancia geográfica não devia constituir qualquer obstáculo para a difusão. Difusionismo/evolucionismo • Enquanto para os evolucionistas dois elementos culturais similares, em duas culturas distintas, eram interpretados como o resultado de duas evoluções paralelas e independentes, para os difusionistas a semelhança resultava de uma transferência directa ou indirecta de uma das sociedades para a outra. Crítica e Mérito do difusionismo • Os difusionistas na perspectiva de reconstituir a história universal das culturas na sua inter-relação, dividiam as suas áreas culturais, a partir das quais se teriam efectuado as difusões em vários estados, desde os estados primitivos às civilizações evoluídas da Europa e da Asia. • As escolas difusionistas alemã e austríaca tiveram resultados promissores ao introduzir as noções de complexo cultural e de círculo de cultura ou de civilização para qualificar áreas de vastos complexos culturais de onde se teriam expandido certos aspectos para a maior parte do planeta. 2º momento de crítica • Ao dar enfase às permanências culturais, os difusionistas não conseguiram resolver a questão da inovação e da criatividade humana. • A maior crítica ao difusionismo surgiu da própria culturologia britânica ao optar por um hiper-difusionismo. O hiper-difusionismo levou ao descrédito do difusionismo em resultado da sua teoria pan-egípcia ou heliocêntrica, isto é, que está centrado num único ponto que regula todo o resto. O biologista Elliot-Smith e W.J. Perry defendiam que o Egipto teria sido o berço de todas as civilizações e o único centro de difusão cultural. Esta posição foi contrariada por descobertas em África que evidenciavam a existência de focos de civilização fora de qualquer influência egípcia. F. Boas e Culturalismo Americano • O fundador da antropologia americana F. Boas desenvolveu o culturalismo americano, dedicando se ao estudo dos processos de contacto e transferência cultural em resultado das migrações, dos empréstimos, da imitação ou da aculturação. A corrente difusionista remete directamente para a noção de cultura. E. Tylor e a escola Britânica • Tylor, antropólogo britânico, o fundador da culturologia na perspectiva evolucionista, deu uma definição geral de cultura considerada a mais precisa: conjunto complexo incluindo s saberes, as crenças, a arte, os costumes, o direito, bem como toda a tendência ou hábito adquirido pelo homem vivendo em sociedade. • Tylor defendia uma antropologia cultural que reflectisse uma das principais características da cultura: a sua transmissibilidade, na acepção de tradição cultural, de herança cultural, conducente por sua vez a uma noção vizinha: a civilização. Antropologia Americana/Britânica • A Antropologia americana tem maior tradição no estudo da cultura, cuja temática foi desenvolvida pelo seu representante Franz Boas, difere da britânica, pois valoriza os comportamentos culturais; a antropologia britânica privilegia os factos sociais enquanto relações sociais. • Herskovits que foi aluno de Boas interessou-se no estudo dos problemas derivados do contacto entre culturas e dos processos de aculturação Aculturação • A noção aculturação foi introduzida pelos antropólogos anglo-saxões para designar os fenómenos resultantes de contactos directos e prolongados entre duas culturas diferentes, caracterizando-se pela modificação ou transformação de um dos dois tipos culturais. As noções de tipo e grau de aculturação foram introduzidas para definir o campo e a importância deste fenómeno.