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Formador: Rui Oliveira

Evolução do Comércio Português


Até à década de setenta o comércio, em Portugal,
caracterizou-se por uma grande estabilidade. O seu
funcionamento numa economia fechada justifica a sua
pouca competitividade e falta de inovação e,
contribuiu para o atraso que ainda hoje se sente.
O factor preponderante para enfrentar a concorrência
era, principalmente, a relação pessoal que o
comerciante estabelecia com o seu cliente, já que o
preço estava, na prática, muito regulamentado. Foi
também a época do "comprar fiado".
Evolução do Comércio Português
O retalho era constituído praticamente por micro
empresas que funcionavam de uma forma tradicional
onde o balcão era uma barreira para os produtos.
Tratava-se de um comércio essencialmente local,
limitando-se o comerciante, na maior parte dos casos,
a vender aquilo que lhe chegava através dos grossistas
seus fornecedores .
Uma economia muito fechada que dificultava as
importações, com forte protecção quer à agricultura
quer à indústria portuguesas, restringia a possibilidade
de escolha dos produtos, em grande parte, à produção
nacional.
Evolução do Comércio Português
Uma nova era surge, no final dos anos sessenta, com
alguma abertura no campo da actividade económica,
coincidindo com o aparecimento do primeiro
supermercado. Foi, aliás, uma novidade difícil de
introduzir, em Portugal, já que houve, na ocasião, um
movimento muito forte contra a abertura desta forma
de comércio, alegando os grémios e os próprios
comerciantes que a população estava ajustadamente
servida.
Evolução do Comércio Português
Alguns comerciantes rapidamente se aperceberam dos
riscos de concorrência que se avizinhava e associaram-
se para, através de encomendas conjuntas, conseguir
preços de compra concorrenciais aos dos
supermercados.
Surge em 1971 a "Grula", importante associação de
retalhistas em Portugal, que aparece sob a forma
cooperativa.
Este é mais um dos elementos fundamentais para a
modernização do pequeno comércio — o
associativismo. Nessa altura, inicio dos anos 70, abre
em Lisboa o primeiro hipermercado “Pão de Açúcar”.
Evolução do Comércio Português
Este processo de desenvolvimento sofre uma
interrupção com as crises económicas em meados dos
anos setenta que levaram a uma diminuição da
confiança dos empresários na área do investimento.
Mais tarde, com a estabilização económica e política,
que se seguiu ao período pós-revolucionário, o
processo de desenvolvimento e modernização do
comércio retoma o seu rumo. Em causa estavam, no
entanto, não só razões de melhores expectativas para
os empresários mas também um aumento do poder de
compra resultante de uma melhor distribuição do
rendimento.
Evolução do Comércio Português
Dá-se então uma explosão do consumo, sobretudo na
área dos produtos básicos, exactamente aqueles que
são os mais característicos dos estabelecimentos que
funcionavam em sistema de livre serviço. Aparece,
assim, um novo hipermercado, em Matosinhos, em
1985 com níveis de rentabilidade muito superiores aos
europeus.
Este sucesso vem criar, nos empresários, grandes
perspectivas nestas novas formas de comércio e vem
dar origem a um surto de novos hipermercados, que
acabam por surgir a ritmos muito mais rápidos que os
europeus.
Evolução do Comércio Português
Por outro lado, algumas dificuldades legais criadas
para a abertura de novos hipermercados, mantiveram
esta forma de comércio extremamente rentável
atrasando a entrada dos discounts. Daí que,
verdadeiramente, só nos finais de 1995 e no decurso de
1996, tenha surgido esta forma de comércio.

Só no ano 2000 surge o 1º outlet center em Portugal –


no Carregado.
Evolução do Comércio Português

No inicio do sec. XXI assistimos ao lançamento da


venda por correspondência e do comércio electrónico.

Não é plausível que o comércio electrónico venha


substituir as outras formas de comércio, mas o que se
tem verificado na ultima década é um enorme
desenvolvimento deste tipo de comércio.
Evolução do Comércio Português
Enquanto a modernização do comércio europeu
passou por um processo de associação e integração de
empresas, dando-lhes uma dimensão que lhes
permitiu introduzir regras de actuação geradoras de
grande eficácia, em Portugal, esse processo teve efeitos
muito limitados embora, nos últimos anos, tenha
sentido uma profunda modificação tanto no sector
alimentar como no não alimentar.
O aparecimento de grandes superfícies e a
implantação de cadeias estrangeiras especializadas,
sobretudo sob a forma de franchising, contribuíram
para diversificar a oferta e suscitaram uma onda de
modernização.
Caracterização do
Comércio Português
Caracterização do Comércio Português
 O comércio, segundo dados estatísticos de 2010, inclui
cerca de 255 mil empresas que empregam mais de 808
mil pessoas (21,7% do total de empregos em Portugal).
 Contribuiu, em 2010, para 13,5% do PIB e em 2009
detinha 15,6% do VAB do conjunto das empresas
tuteladas pelo Ministério da Economia
 Quanto ao número de empresas, o comércio
representava, em 2010, cerca de 37,8% do total de
empresas do País.
Estrutura Empresarial
1. Forte peso do comércio retalhista
2. Pequena dimensão das empresas
3. Elevado número de empresas por habitante
4. Comércio com características muito diversificadas
5. Concentração das empresas na zona litoral
6. Elevado peso do comércio alimentar
7. Forte peso dos métodos tradicionais
8. Organização jurídica pouco complexa
1. Forte peso retalhista
A estrutura empresarial do sector caracteriza-se por
uma natureza bastante diversificada, abrangendo
desde o comércio de produtos alimentares, de higiene
e cosmética, de limpeza, até ao vestuário, calçado,
jóias, entre outros.
O comércio retalhista apresenta uma posição
dominante na estrutura do sector é o segmento mais
importante, quer ao nível do nº de empresas, quer do
pessoal ao serviço. Em contrapartida, o comércio
grossista reúne apenas 23% das empresas e 32% do
pessoal ao serviço, mas apresenta a maior percentagem
do volume de negócios 51%. O comércio automóvel
tem um peso significativo no volume de negócios.
2. PEQUENA DIMENSÃO DAS EMPRESAS

 O comércio português caracteriza-se, também, pela


pequena dimensão média das suas empresas: o
número médio de pessoas ao serviço para o total do
sector era de 3,1
 Se observarmos a dimensão das empresas por escalões
de pessoal ao serviço, verificamos que cerca de 95% das
empresas, tinham menos de 10 pessoas ao serviço e
apenas 0,9% empregavam mais de 50 pessoas
 56% do total das empresas comerciais têm apenas 1
trabalhador.
3. ELEVADO Nº DE EMPRESAS POR HABITANTE

 Factor fortemente ligado à rentabilidade da empresa, a


situação caracteriza-se, em Portugal, por uma média
de 140 lojas/10.000 habitantes contra 96 lojas na média
da União Europeia.
 Isto significa uma baixa despesa média por loja, não
atingindo esta a dimensão mínima necessária para a
sua rentabilidade.
4. CARACTERÍSTICAS MUITO DIVERSIFICADAS

 Ao lado do pequeno comércio independente que


predomina no sector, surgem empresas
tecnologicamente avançadas e com forte know how,
assumindo variadas formas de comércio:
supermercados, hipermercados, discounts, lojas de
conveniência e lojas de especialidade
 Portugal tem cerca de 90% de lojas tradicionais que
representam, apenas, cerca de 6% do volume de
vendas. Em contrapartida, os hipermercados, por
exemplo, significam 0,9% do número de lojas e fazem
um volume de vendas correspondente a 41,5%.
5. CONCENTRAÇÃO NO LITORAL
Quanto à distribuição espacial, o comércio caracteriza-
se por grandes assimetrias regionais:
Cerca de 38% das empresas comerciais estão
concentradas na região de Lisboa e Vale do Tejo e 32%
na região Norte , o que está em correlação com a
distribuição do poder de compra regional.
“Sobram” portanto 30% do total das empresas para o
restante território nacional.
6. Peso do comércio alimentar
A oferta, no comércio a retalho está fortemente
concentrada nos bens alimentares (47%), reflectindo o
peso que a alimentação ainda ocupa nos orçamentos
familiares.
Esta concentração assume ainda uma maior
importância se analisarmos a repartição percentual do
volume de vendas, por grupos de produtos onde os
"Produtos Alimentares Bebidas e Tabaco" representam
56,6%, seguidos dos "Produtos Farmacêuticos,
Médicos, Cosméticos e de Higiene" (12,5%), "Vestuário
e Calçado" (6,0%), "Electrodomésticos, Rádio e
Televisão, Instrumentos musicais, CD’s e similares"
(5,7%).
7. Forte peso dos métodos tradicionais
Os métodos de venda continuam muito tradicionais : o
auto serviço significava apenas cerca de 11% em 2000,
contra cerca de 89% dos tradicionais.
Por outro lado, a venda à distância tem, também, em
Portugal um valor bastante irrelevante se comparada
com os países do norte da Europa.
8. Organização jurídica pouco complexa
No comércio, 32,7% das empresas pertencem a
empresários em nome individual, 61,9% são
sociedades por quotas, 2,8% são sociedades anónimas
e 2,6% respeitam qualquer outra forma jurídica.
Nota-se, assim, que cerca de 1/3 da actividade se
organiza de uma forma muito simplificada. O modo
"mais complexo" de organização, a sociedade anónima
que implica a existência de pelo menos 5 sócios,
apenas ocorre em 2,6% das empresas de comércio.

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