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LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS

LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS


EPOPEIA
Narrativa longa e em verso, de fundo histórico, em que se exaltam feitos
gloriosos de um herói individual ou coletivo, real, lendário ou mitológico.

Os factos narrados, pela sua excecionalidade, interessam a um povo ou à


própria humanidade.
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
FONTES DE OS LUSÍADAS
• Fontes históricas
Fernão Lopes, Gomes Eanes de Azurara, Rui de Pina, João de Barros,
Diogo Couto, Fernão Lopes de Castanheda, Damião de Góis, narração de
naufrágios (compiladas na História Trágico-Marítima), entre outras.

• Fontes literárias
Epopeias antigas (Ilíada e Odisseia, de Homero e Eneida, de Virgílio);
Epopeias modernas (A Divina Comédia, de Dante e Orlando Furioso, de
Ariosto, por exemplo).
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
Epopeia moderna do Renascimento, o poema Os Lusíadas segue o modelo
das epopeias clássicas e, como elas, apresenta as seguintes características:
‐ assunto grandioso de interesse nacional e universal (matéria épica);
‐ personagem igualmente grandiosa e majestosa (herói da epopeia);
‐ unidade de ação;
‐ concentração da ação no tempo e no espaço;
‐ divisão estruturada em quatro partes: “Proposição”, “Invocação” e
“Dedicatória” (partes preambulares do poema), “Narração” (corpo central do
poema);
‐ presença do maravilhoso;
‐ divisão em cantos;
‐ narração iniciada in media res, isto é, iniciada a meio da ação;
‐ utilização de narrações retrospetivas (analepses) e de narrações proféticas
(prolepses);
‐ encaixe de episódios / pequenas unidades poéticas que, sem interferirem na
unidade de ação, constituem passos independentes.
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
ESTRUTURA EXTERNA

• Dez cantos.
• 1102 estâncias.
• Oitavas.
• Versos decassilábicos heroicos (versos de dez sílabas métricas, com acento
rítmico na 6.ª e 10.ª sílabas).
• Esquema rimático abababcc (rima cruzada nos seis primeiros versos e
emparelhada nos dois últimos).
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
CICLOS ÉPICOS

• No primeiro ciclo, do Canto I ao V, conta-se a viagem de Vasco da Gama


até Melinde e a História de Portugal.
• No segundo ciclo é narrada a viagem até à Índia, o regresso e a passagem
pela “Ilha dos Amores”. É, ainda, feito o apelo final ao rei D. Sebastião.
• O Canto V pode ser considerado o canto charneira.
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ESTRUTURA INTERNA

• Proposição (Canto I, estâncias 1 - 3)

• Invocação (Canto I, estâncias 4 - 5)


Ao longo de todo o poema, há ainda mais três invocações: Canto III
(estâncias 1 – 2); Canto VII (estâncias 78 - 84); Canto X (estâncias 8 - 9) em
que, novamente, Camões solicita a Calíope ajuda e alento para terminar a
sua obra.
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ESTRUTURA INTERNA

• Dedicatória (Canto I, estâncias 6 - 18)


O poeta dedica o poema ao rei D. Sebastião, garante da liberdade e da
independência de Portugal e ainda impulsionador da expansão do império
e da divulgação do cristianismo.

• Narração (Canto I, da estância 19 ao fim)


A narração inicia-se in media res, já com a armada ao largo de Moçambique,
em pleno Oceano Índico.
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PLANOS ESTRUTURAIS
• Plano da viagem

• Plano da História de Portugal

• Plano da mitologia

• Plano das reflexões do poeta


LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
AS REFLEXÕES DO POETA
Canto I – reflexão sobre a condição humana: a fragilidade da vida e os
limites do homem, os “Grandes e gravíssimos perigos”, a “Tão pouca
segurança!” quer na terra, quer no mar (I, est. 105, 106).

Canto V – reflexão sobre o desinteresse dos portugueses pelas Artes


e Letras; o seu desprezo pelas epopeias que glorificam os povos e
incentivam o aparecimento de novos heróis. Enfim, o poeta censura
a ignorância e a ausência de hábitos culturais dos seus
contemporâneos (V, est. 92 – 100).
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
AS REFLEXÕES DO POETA
Canto VI – reflexão sobre o esforço heroico que permite alcançar a fama e a
glória: só através da determinação, do sacrifício e da humildade se atinge a
verdadeira glória e não por herança ou pela concessão de favores – modelo
de virtude renascentista (VI, est. 95 – 99).
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AS REFLEXÕES DO POETA
Canto VII
- o poeta exorta ao espírito de cruzada: a viagem à Índia, levada a cabo
pelos portugueses, aparece como uma missão de transcendência e uma
marca da identidade nacional;
- o poeta critica os povos europeus que não seguem o exemplo lusitano
e não contribuem para a expansão da Fé cristã (VII, est. 2 – 15);
- o poeta refere ainda a ingratidão de que se sente alvo, bem como uma
série de exageros cometidos pelos homens, motivados pela ambição, pelo
mau exercício do poder, pelo pouco respeito pelo “bem comum” e pelo
“seu Rei” e ainda a exploração dos mais desfavorecidos, do “pobre povo”
(VII, est. 78 – 87).
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
AS REFLEXÕES DO POETA
Canto VIII – reflexão sobre a traição e o efeito corruptor do ouro, o “metal
luzente e louro” que “a tudo nos obriga” e tudo compra (VIII, est. 96 – 99).

Canto IX – significado da “Ilha dos Amores” (IX, est. 88 – 92):


• o prémio concedido aos heróis – a imortalidade representada pela
união entre homens e deuses;
• o caminho correto e verdadeiro para atingir a fama:
- despertar “do sono do ócio ignavo”;
- pôr “na cobiça um freio duro/E na ambição também”
- fomentar a igualdade, “as leis iguais”;
- combater “Contra a Lei dos immigos Sarracenos” (IX, est. 92 – 95).
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AS REFLEXÕES DO POETA
Canto X – o poeta confessa-se cansado de “Cantar a gente surda e
endurecida” que não o sabe apreciar, uma gente “metida / No gosto da
cobiça e na rudeza/Dhua austera, apagada e vil tristeza”, imagem de
Portugal, que ele apresenta com mágoa e rispidez.
Mostra orgulho por aqueles que continuam dispostos a sacrificar-se
desinteressadamente, lutando pela grandeza do passado glorioso com
dedicação a uma causa transcendente, elevando-se pelo mérito e pelo
esforço.
Exorta o rei para que os estimule, dando assim continuidade à glorificação
“do peito ilustre Lusitano” (X, est. 145 – 156).
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
A MITIFICAÇÃO DO HERÓI
Os Lusíadas apresenta um homem/um herói que é ousado, que tenta
dominar a natureza (adversa e até aparentemente superior), mas que tenta,
sobretudo, ultrapassar-se a si próprio, suplantando os seus medos,
sacrificando-se e empenhando-se, tornando-se senhor de si e do seu
destino.
O poeta canta o Homem que interpreta a ânsia de descobrir o que está para
além, ou seja, o Cosmos.
O “bicho da terra”, que é referido no final do canto I, evoluirá ao longo da
narração, e alcançará, através do casamento com as deusas, na “Ilha dos
Amores”, o estatuto divino, tendo, assim, o acesso definitivo à eternidade.
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
“ILHA DOS AMORES”
Vénus prepara o prémio para os marinheiros portugueses.
O banquete da “Ilha dos Amores” e as núpcias divinas representam a
celebração do Amor, um amor físico que se eleva à categoria de prémio
espiritual.
Os portugueses alcançam a divinização, a imortalidade, como prémio do seu
sacrifício e entrega.
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS
A “MÁQUINA DO MUNDO”
Thétys mostra ao Gama a “Máquina do Mundo”, permitindo-lhe a visão do
Cosmos.
O saber é glorificador e permite a elevação do homem, tornando-o divino
e conferindo-lhe o estatuto de herói.
LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS

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