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Meu Discurso Da Aula Da Saudade

Hoje nos despedimos. Percorremos um longo trajeto.

Estamos reunidos em um único grupo, 246.09.07CB NOT., cuja


convivência já se faz saudosa. Passamos por dificuldades, inseguranças, erros,
acertos, vitórias e alegrias e nos construímos. É hora de pontuarmos uma
estória.

A partir de agora cada um trilhará seu caminho. Entre nós ficará a


lembrança de nossos encontros e desencontros. Chegamos ao final com a
consciência do dever cumprido. Fica a certeza de que cada um de nós
contribuiu, mesmo que com erros, para o crescimento do outro.

Idéias, temperamentos gerando divergências sempre existirão, mas agora


que o colega de sala tornou-se um companheiro presente em nossas vidas, o
momento é para amigos. Oferecemos à nossa amizade àqueles que nos
quiseram bem, o nosso perdão àqueles que por motivos alheios à nossa
vontade, não nos compreenderam nem se fizeram compreender. E os que por
algum motivo deixaram-nos numa saudade antecipada, ficarão gravados num
retrato sempre presente na memória.

Hoje nos separamos, mas nem mesmo a despedida acompanhada da


possível distância conseguirá mudar em nós a lembrança dos momentos que
passamos juntos nestes anos. Ficarão as recordações das brincadeiras em
sala de aula, dos risos, das reuniões do lado de fora do curso, das horas de
estudo. Só quem pertenceu a tudo isso sabe do que falamos.

A Turma 246.09.07CBNOT., considerada pelos professores como uma


das salas mais promissoras do curso se ateve de rotina. Quase que
diariamente havia uma “novidade”, seja entre os próprios colegas, seja entre os
colegas e os professores. A diversidade de personalidades na sala, além de
confusões rendeu também muitas gargalhadas. Colegas com os quais
convivemos tantas horas e carregamos a marca das experiências em comum
que tivemos.

Devemos ter em mente agora, que o que vale não é o ponto de partida ou
de chegada é a caminhada. Aproveitemos o restante do percurso, caminhemos
de mãos dadas.

Chegou a hora de agradecermos. Obrigada aos professores que nos


acompanharam desde o começo do curso, aos que passaram rapidamente e
deixaram também suas contribuições, aos funcionários e também a nossos
familiares. Obrigada a vocês que compartilharam os prazeres e dificuldades
desta jornada. Partamos confiantes em busca de nossos ideais, no exercício de
nossa profissão. De tudo fica a saudade e a esperança de um novo reencontro.

Nossa convivência não prescreve. Já legalizamos o coleguismo.


Constitucionalizamos a união. Denunciamos a discórdia, condenamos o
desalento. Julgamos o destino e absolvemos a solidariedade. A amizade está
transitada em julgado.

Ou bem ou mal, ou certo ou errado, nós fizemos Segurança do Trabalho.


E finalizando, convido vocês para refletirem sobre este texto como
mensagem final.

Devagar e sempre

Na vida, as coisas às vezes andam muito devagar.


Mas é importante não parar. Mesmo um pequeno avanço
na direção certa já é um progresso, e qualquer um pode
fazer um pequeno progresso.

Se você não conseguir fazer alguma coisa grandiosa hoje,


faça alguma coisa pequena. Pequenos riachos acabam convertendo-se
em grandes rios. Continue andando e fazendo. O que parecia fora de alcance
esta amanhã vai parecer um pouco mais próximo ao anoitecer, se você
continuar movendo-se para frente. A cada momento intenso e apaixonado que
você dedica o seu objetivo, um pouquinho mais você se aproxima dele.

Se você pára completamente, é muito mais difícil.


Começar tudo de novo. Então continue andando e fazendo. Não desperdice a
base que você construiu. Existe alguma coisa que você pode fazer agora
mesmo.
Hoje neste exato momento. Pode não ser muito mas vai mantê-lo no jogo.

Vá rápido quando puder.


Vá devagar quando for obrigado.
Mas, seja lá o que for, continue.
O importante é não parar.

Ralph Marston
Aula da saudade
Meus queridos formandos esta é uma noite em que vocês, na presença de
amigos, parentes, professores e convidados celebram uma vitória, desde há
muito esperada. Hoje, vocês deixam de ser Turma para ser Amanda, Fabiano,
Carlos, Suelline, Thiago e Amailson...
De hoje por diante, a noção de Turma e o próprio sentido que o Curso
conferiu à vida de vocês, ao longo desses 2 anos, estarão guardados para
sempre em suas Memórias.
Esta memória estará adormecida até o momento em que a Saudade
provocar em vocês a inquietação da lembrança. Esta lembrança proporcionará
a vocês, além do sentimento de pertença, o direcionamento do próprio
exercício da vida profissional.
Mas como um sentimento como a Saudade pode direcionar à nossas
vidas?
A Saudade, meus queridos formandos, é muito mais do que a expressão
de baixa pieguice; um sentimento rasteiro a que recorrem apenas os
apaixonados ou os reacionários, adeptos do status quo. Saudade é a
celebração de um conjunto de valores que enobrecerão cada um de vocês com
relação ao que vocês mesmos construíram ao longo desses anos. Sentir
saudade é reviver o curso em forma de aprendizado, pois saudade é, acima de
tudo, resultado de uma experiência.
A saudade nos faz refletir e, sobretudo, sentir com mais vigor, a
presença de uma ausência; a saudade como uma “máquina do tempo”
possibilita-nos viajar no tempo, o tempo que quisermos.
A saudade, meus queridos formandos, não é fraqueza de ânimo de
encarar corajosamente o presente e mesmo o futuro; pelo contrário, aos
grandes criadores e até inovadores em política, em arte, em ação social nunca
lhes faltou a capacidade de encontrar na saudade estímulos para os seus
arrojos de criação e para suas audácias de renovação.
A saudade de Camões vivida nos Lusíadas revigorou o espírito coletivo
de sua gente fazendo Portugal reeguer-se em 1640;
A saudade do Brasil fez com que José Bonifácio renunciasse as
vantagens que lhe foram oferecidas pela Europa e viesse a ser o grande
organizador do futuro brasileiro;foi a saudade do Brasil que inspirou Gonçalves
Dias escrever no exílio os mais brasileiríssimos versos em “Minha terra tem
Palmeiras”;a saudade da Bahia nunca impediu Rui Barbosa de estar em dia
com os saberes jurídicos de sua época e a se preocupar com o futuro
brasileiro;a saudade de Pernambuco inspirou um de nossos mais estimados
poetas Manuel Bandeira a imortalizar em versos o seu querido Recife;sem a
saudade do tempo de sua meninice, vivida em torno da casa-grande, teria sido
impossível a José Lins do Rego escrever o “Ciclo da cana-de- açúcar e ter
aberto um grande debate acerca do Nordeste agrário.
Tudo isto para lhes mostrar, queridos formandos, que a saudade, do
contrário que dizem, não mata e nem é sentimento reacionário.
Invoco para que todos vocês sintam saudade, pois ela, de hoje por diante,
agirá como um cordão umbilical que os manterá vivos e presentes, embora
ausentes desse espaço, notadamente do espaço do curso.
Como a estes autores acima citados que a “Saudade da Aula” sentida por
vocês, a partir de agora, os cerquem de criatividade e inovação; que as dúvidas
no exercício da profissão sejam banidas pela presença de um “passado
especifico” cheio de lições de Saudade; lições que vocês mesmos foram
atores.
Mas a saudade, meus queridos formandos, só trará aquilo que cada um
de vocês conseguiu dar a si mesmos ao longo desses anos.
A saudade, diferente de nós, não mente. Ela não é mágica. Ela será para
vocês o que vocês fizeram de si mesmos durante esse tempo. A saudade é um
bem particular carregado de sentido coletivo. É por isso que hoje vocês deixam
de ser a Turma Concluinte para desempenhar o Ser de cada um de vocês, a
desenvolver a humanidade que vocês aprenderam.
É chegada a hora da partida, da separação.
É difícil dar adeus, sentir que parte da gente se vai, deixando um vazio,
tolhendo a liberdade do encontro, imprimindo e fortalecendo nossa
incompletude.
Foram poucos anos de convívio, mas que eternizarão em nossas vidas o
brilho impregnado por cada um de vocês. Sangra a partida, desnuda-nos de
afetividade, retalhando e fragmentado o que construímos em pouco tempo.
Portanto, em nome da Saudade criadora e inovadora desejo a todos
vocês um forte abraço cheio de Saudade. Muito obrigado!

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