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Abordagens Metodológicas

Eduardo Davel, Professor


Estudo de Caso
Estudo de Caso

O que é? O que não é?

 Busca de compreensão  Uma forma de ensinar


 de uma situação  Uma história interessante
particular  A promoção de uma novo
 em sua idiossincrasia, modismo
profundidade, holismo,  Uma cesta de observações
detalhe e complexidade desconectadas
 dos processos envolvidos  Suas visões com ilustrações
 considerando o contexto  As visões de outra pessoa
no qual está inserida com ilustrações
Propósitos do Estudo de Caso
 Testar teorias e conhecimentos
 Questionamento (repensar) de pressupostos
 Invalidar teorias

 Gerar teorias e conhecimentos


 gerar insights, novos entendimentos, descobertas e
interpretações – heurística (novos significados, etc.)
 Enriquece, consolida ou conduz a repensar teoria(s)
 Geração de hipóteses explicativas, modelos e teorias
(Eisenhardt, 1989)
 Similaridades e discrepâncias (comparação)
Estudo de Caso
 Aprofunda o conhecimento de um conjunto
particular de fenômenos ou processos
 Estabelece uma relação entre indução e dedução,
mesmo sendo mais indutivo doque dedutivo
 Proposições, unidades, teorias, conceitos (Yin, 2010)
 Não visa a representatividade estatística
(generalização empírica, estatística)
 É generalizável e pertinente somente em termos de
propostas teóricas (generalização teórica, analítica)
 Como manter o rigor e se manter flexível e criativo?
Tipos de casos
 Mais favoráveis  Caso extremo/ único
 Para ilustrar a teoria e  Caso representativo/
demonstrá-la em uma
perspectiva positiva típico
 Excepcionais  Caso revelador
 Para validar ou falsificar uma  Fenômeno previamente
hipótese ao se escolher pelo inacessível
menos um caso favorável
 Caso longitudinal
 Críticos  Mesmo fenômeno em
 Para demonstrar as limitações momentos diferentes
de teorias prévias e outros  As condições mudam com o
fatores que podem ter tempo
influência sobre o fenômeno
estudado  Caso acessível
Tipos de estudos de caso
 Exploratório
 Explorar processos sociais tal como eles vão acontecendo
 Entender processos sociais em contexto
 Explorar novos processos e comportamentos
 Explorar situações extremas
 Explorar comportamentos secretos e informais (Hartley, 1994)
 Explanatório
 Descritivo
 Teste
 Avaliativo (Godoy, 2006)
 Apreciar o mérito e julgar resultados/efetividade de algo, para
fornecer tipos de ações/indicadores
Determinação do ‘caso’
 Qual é o caso? O foco do caso deve ser
determinado pelo pesquisador. Um caso pode ser:
 Indivíduos

 Comunidades

 Grupos

 Organizações

 Eventos, programa, papeis, relações, interações


 Território
Tipos de triagulação
 Metodológica
 Diferentes típos de técnicas de coleta de dados (e.g. entrevista
e questionário), sobretudo quando provém de tradições de
pesquisa diferentes (qualitativa e quantitativa).
 Informação
 Diferentes tipos de informação
 Pesquisador
 Participação de vários pesquisadores
 Teórica
 Diferentes tipos de teorias
Formato de estudo de casos

HOLÍSTICO INTEGRADO

 Quando não é possível  Evita derrapagem


identificar sub-  Análise extensiva
unidades lógicas  Pode focar muito em
 O estudo deve ser sub-unidades e perder
realizado em um alto a importância de
nível de abstração aspectos de outros
 Derrapagem da níveis (holismo)
questão de pesquisa
Caso único Caso múltiplo
Yin, 2003
CONTEXTO CONTEXTO
CONTEXTO
Caso Caso
Caso
Holística

(unidade CONTEXTO CONTEXTO


singular de Caso Caso
análise)

CONTEXTO CONTEXTO
CONTEXT Caso Caso
Unidade Unidade
de Análise 1
Caso de Análise 1

Integrada Unidade Unidade


de Análise 2 de Análise 2
Unidade
(múltiplas de Análise 1 CONTEXTO CONTEXTO
unidades de Caso Caso
análise) Unidade Unidade Unidade
de Análise 1 de Análise 1
de Análise 2
Unidade Unidade
de Análise 2 de Análise 2
Atividades (Eisenhardt, 1989)
 Definição da questão de pesquisa, mantendo
flexibilidade teórica
 Seleção de caso ou casos, com base em sua possível
contribuição teórica
 Elaboração de instrumentos (técnicas) e protocolos de
coleta de informações
 Análise de informações
 Coneção com as pesquisas
 Comparação com pequisas conflitantes
 Comparação com pesquisas similares
Caso único ou múltiplo?
 Escolha com base na contribuição teórica que
poderá produzir
 Princípio da replicação
 Literal– resultados similares, dentro de cada tipo de
condição
 Teórica – resultados contrastantes, entre diferentes
tipos de condições
 Tipos polarizados
Estudo de caso múltiplo – Leonard-Barton (1990)
 9 casos retrospectivos
 Permite identificar padrões indicativos de processos
 1 caso longitudinal (3 anos)
 Visãopróxima dos padrões como eles evoluem no
tempo
 Assunto: processo de transferência de novas
tecnologias dos desenvolvedores aos usuários
Pesquisa-Ação
Pesquisa Ação (Macke, 2008)
 Realisa-se em estreita associação com uma ação
ou resolução de problema no qual pesquisador e
participante estão envolvidos de modo
cooperativo
 Forma de pesquisa participante
 Intervenção planejada em uma dada realidade
 Busca ambos: intervenção e desenvolvimento teórico
 Busca de articulação entre interesses da prática e
acadêmicos (conceituais)
Tradições e tensões

Tradições Tensões

 Ciência da ação (Chris  Orientação pelos interesses


Argyris, 1990, 2002) do pesquisador ou dos
 Pesquisa ação participativa participantes?
 Pesquisa participativa  Motivador por fins
baseada em comunidade instrumentais ou por fins de
transformação social,
 Aprendizagem pela ação
organizacional e pessoal?
(action learning)
 Minha pesquisa ou
 Pesquisa apreciativa
pesquisa coletiva?
James (2012)
Atividades e papéis

Atividades (James, 2012) Papeis do pesquisador

 Diâmica contínua entre  Líder/planejador


 Descoberta  Catalisador
 Ação Medida  Professor
 Reflexão
 Sintetizador
 Facilitador
 Observador, escuta
 Entrevistador
Fases
 Exploratória
 Diagnósticopara identificar problemas, capacidades
de ação e intervenção na organização
 Aprofundamento
 Coleta de dados
 Ação
 Planejamento e execução das ações, a patir de
discussões com equipes participantes do projeto
 Avaliação
 Resgatedo conhecimento obtido e redirecionamento
das ações
Pesquisa Ação (Macke, 2008)
 Desenvolvimento intenso da intersubjetividade e da
reflexividade
 Linguagem acessível (partilhada)
 Riscos:
 Exige muita dedicação do pesquisador
 Virar uma pura consultoria ou não ajudar com a
prática
 Generalizações inapropriadas

 Como acontece o distanciamento subjetivo do


pesquisador?
Grounded Theory ou Teoria Fundamentada
Origem
 Glaser, B.; Strauss, A. The Discovery of Grounded
Theory: Strategies for Qualitative Research. New
York: Aldine de Gruyter, 1967.
Emersão do Empírico
 Teoria embasada, fundamentada (Ichikawa e Santos,
2001) ou enraizada no empírico
 A teoria emerge do empírico
 sem considerar hipóteses preconcebidas ou questões
definidas – análise indutiva
 Método flexível, dinâmico e aberto às descobertas
 Coleta e análise do material empírico não são
consideradas etapas distintas
 Exige do pesquisador a tarefa constante de interpretar
os dados, identificando conceitos e categorias para
gerar uma teoria
Teorização
 Teoria substantiva
 Generalizável dentro de sua área de atuação, tornada
real pelos sujeitos e seus valores atribuídos a esta área
(o significado da experiência dos sujeitos)
 O grau de generalização decorre do alto poder
explicativo: explica como e por que ocorrem diferentes
formas de comportamento e como essas formas se
modificam com o passar do tempo
 Critérios: grau de coerência, funcionalidade,
relevância, flexibilidade, densidade, integração
O Processo de Pesquisa
 Balanceamento entre criatividade e objetividade
 Postura crítica (questionamento das interpretações,
mantendo-as em estado provisório)
 Uso de múltiplas fontes para desvelar as diferenças e
pluralidades
 Comparações sistemática (teóricas ou incidente-
incidente)
O Processo de Pesquisa
 Circularidade entre as fases de coleta e análise do
material empírico
 Inferênciaabdutiva: entre indução e dedução
 A codificação (aberta, axial e seletiva) como resultado
de questionamentos e respostas provisórias sobre
categorias e suas relações (Douglas, 2003)
Práticas (Locke, 2001)
 Atribuindo sentido por meio de comparação
 Comparando incidentes aplicáveis à uma mesma
categoria (nomeando)
 Integrando categorias e suas propriedades

 Delimitando a teorias

 Escrevendo a teoria

 Selecionando situações de pesquisa como


ilustrações teóricas
O Processo de Pesquisa
 Interação entre o pesquisador e a realidade dos
sujeitos, por meio de saberes:
 Distanciar-se dos dados, analisando-os criticamente
 Reconhecer tendências de enviesamento de suas
interpretações
 Pensar abstratamente

 Ser flexível e aberto às críticas construtivas

 Ser sensível às palavras e ações dos participantes

 Absorver e se dedicar ao processo de pesquisa


Riscos e Precisões
 Sem questão de pesquisa?
 Sem teoria?
 Proteção mínima para criar, criticar e inovar?
 Como imergir e manter a distância necessária para
que a teoria emerja?
 Quando (tempo) as novas idéias aparecem?
 Quando julgar que a pesquisa está madura para
ser concluída?
Referências
 BANDEIRA-DE-MELO, R.; CUNHA, C. J. C. A.
Grounded theory. In: SILVA, A. B. Da; GODOI, C;
BANDEIRA-DE-MELLO, R. Pesquisa Qualitativa em
Estudos Organizacionais. São Paulo: Saraiva, 2006.
 LOCKE, K. Grounded Theory in Management
Research. London: Sage Publications, 2001.
Etnografia
Origens
 Antropologia
 “Viver como vivem os nativos” (Malinowski, 1976) –
perspectiva de conversão
 “Viver com o nativo” (Geertz, 1978) – perspectiva
interpretativa
 Antropologia visual
 Fotoetnografia e filme etnográfico
 Fotografia ou vídeo como recurso narrativo e não, apenas,
ilustrativo.
 Meio de observar e olhar para captar emoções, sutilezas,
sensibilidades (Andrade, 2002)
Etnografias Diversas
 Relações informais: Whyte (1948), Burawoy (1979), Dalton (1959)
 Organizações como sistemas de significados: Kunda
(1992), Kanter (1977), Bresler (1997)
 Ambiente: Fine (1996), Carlile (2002), Perlow (1997)
 Mudança organizacional: Barley (1986), Pettigrew (1985), Bate
(2000)
 Comportamento normativo: Becker (1963), Adler (1993),
Venkatesh (2006), Jankowski (1991)
 Poder, política e controle: Roy (1959), Burawoy (1979), Prasad e
Prasad (2000), Weeks (2004)
 Marketing: McAlexander (1995)
Vantagens (Fine, 2009)
 Profundidade
 Entendimento (detalhado) profundo de uma situação
 Pluralidade
 Oportunidade de investigar as múltiplas perspectivas
sobre um fenômeno: perspectivas na e da ação (Gould et
al., 1974)
 Processo
 Oportunidade de examinar o aspecto processal de um
fenômeno (sequência, mudança, temporalmente)
Habilidades
 Estabelecer e manter relações de confiança com o
grupo pesquisado
 Saber ouvir, observar e reconhecer os momentos
mais adequados para perguntar e dialogar.
 Tomar decisões que considerem a ética de pesquisa
 Realizar a observação participante
 Registrar diariamente as observações no diário de
campo
 Desenvolver um estilo de redação (literário? O
trabalho de escrita; Van Maanen, 2006)
Etnografia sensorial (Pink, 2009)
 Repensar métodos etnográficos a partir da
percepção sensória e a experiência – os
significados não emergem somente da linguagem
mas de nossa experiência sensorial relacionada ao
nosso ser corporal no mundo.
 Lugar como experiência, aberta e contínua – no
qual o etnógrafo se coloca em termos de
socialidade e materialidade, participando
ativamente na prática
 Envolvimento compartilhado do lugar: engajamento
pessoal e conhecimento corporeificado
Netnografia (Kozinets, 2010)
 Contexto das culturas e comunidades virtuais
 Metodologia que incorpora técnicas da etnografia
tradicional ao estudo de comunidades e culturas
emergentes a partir da comunicação mediada por
computadores
 Tipos de participação: vínculo forte e fraco,
centralidade baixa e alta
Etnografia multissituada (Marcus, 1995)
 De um local e contexto para múltiplos locais de
observação e participação (Marcus, 2015)
 Siga
 Pessoas

 objetivos (mercadorias, dinheiro, arte, etc.)


 Metáforas (signos, símbolos, visões, etc.)

 Tramas, histórias, alegorias

 Vidas ou biografias

 Conflitos
Etnografia crítica (Madison, 2012)
 Processo reflexivo de escolha entre alternativas
conceituais e realização de julgamentos de valor
para questionar pesquisa, políticas, instituições,
regimes de conhecimento ou outras formas de
atividade humana
 Responsabilidade ética – revela injustiças
 Busca de mudança social, promover a
emancipação, fornecer autoridade aos
pesquisados, negação das influências repressivas
que conduzem à dominação social desnecessária
Convencendo (Golden-Biddle e Locke, 1993)
 Autenticidade
 Faz com que o leitor perceba que o pesquisador
esteve presente em um mundo particular (familiaridade
com o contexto)
 Plusibilidade
 Conduz o leitor a aceitar que os resultados produzem
uma contribuição para assuntos de interesse geral (tem
sentido? Relevante?)
 Criticalidade
 Permite o leitor reexaminar suas crenças e pressupostos
(taken-for-granted assumptions)(surpresas)
Estratégias para convencer (Golden-
Biddle e Locke, 1993)

 Autenticidade
O autor esteve no campo?
 Particularizaro cotidiano
 Delinear os relacionamentos desenvolvidos

O autor foi genuino em sua experiência de campo?


 Assegurar sobre a sistemática disciplinada de interação e
análise com o material empírico
 Qualificar os vieses pessoais
Estratégias para convencer (Golden-
Biddle e Locke, 1993)

 Plusibilidade
 Isto tem sentido?
 Normalizar de metodologias não ortodoxas
 Convidar o leitor para participar da pesquisa
 Legitimar o atípico
 Amortizar o contestável

 Isto oferece algo diferenciado?


 Diferenciar os resultados – uma contribuição singular
 Construir uma antecipação dramática
Estratégias para convencer (Golden-
Biddle e Locke, 1993)

 Criticalidade
O texto faz com que o leitor repense seus pressupostos
ou crenças?
 Suscitarreflexão
 Provocar reconhecimento e exame das diferenças
 Vislumbrar novas possibilidades
Auto-ethnografia
A Proximidade
 As deficiências de entrevistas para captar a
experiência vivida em suas sutilezas e
complexidades
 Reflexoda realidade, determinada pela situação,
descolada do contexto de acontecimento, protocolos ou
normas narrativos-culturais, gestão da impressão
 Entrevistas no contexto de etnografias
 Representação ou construção em etnografias? A
problemática linguística e a questão da autoridade
Etnografia e Auto-etnografia

Observador-participante Participante-observador

 Observa ao participar,  Participa e depois observa


dentro de uma e reflete sobre o que fez e
participação situada vivenciou
(tempo-espaço)  Familiaridade, intimidade e
 Limites de acesso ao experiência (participação
material (sentimentos, ativa)
poder)  O estranhamento é
 O estranhamento é inexistente, portanto deve
intrínseco ao processo ser construído, criado
Auto-etnografia
 Gestão da proximidade e do distanciamento na
pesquisa empírica
 Estudo do próprio contexto (ambiente) –
proximidade extrema
 Da observador-participante à participante-
observador
 Do estranhamento intrínseco ao construído
 Diversificandoescalas e âmbitos intersubjetivos para
enriquecer o processo de estranhamento e análise do
material empírico
Riscos
 Depende do tipo de experiência no percurso da
carreira e da vida do pesquisador com relação ao
assunto da pesquisa
 Maior grau de complexidade nas questões políticas
 Necessidade de refletir sobre a subjetividade e seu
papel no processo de pesquisa
 Capacidade do pesquisador em se despreender de
seus pressupostos e crenças para desenvolver uma
análise crítica sobre si próprio
Estratégias
 O provocamento de colapsos
 Ironia e contradições
 Teorias estimulantes e questionadoras

 Diversificar as interpretações para ampliar as


possibilidades de análise
 Intensificar a interpretação por meio da mobilização
de vários níveis reflexivos (teorias e meta-teorias)
 Autoconceitos diversificados
Fenomenologia
Fenomenologia (Silva, 2008)
 Fenômeno: aquilo que se manifesta como é
 Essência: sentido da verdade de algo
 Foco no mundo vivido, experimentado – em como
as pessoas vivenciam um fenômeno
 Tipos: descritiva (transcendental – Husserl) e
hermenêutica (interpretativa - Heidegger)
 Hermenêutica: resgate dos significados atribuidos
pelos sujeitos ao fenômeno sob investigação
 Suspensão do julgamento (epoqué ou redução
fenomenológica)
Experiência vivida
 Envolve consciência da vida imediata, pré-reflexiva
 Tem uma estrutura temporal e nunca pode ser
compreendida na sua manifestação imediata, mas
a partir da reflexão sobre experiências passadas
 Envolve a totalidade da vida
 Tem uma certa essência, reconhecida em
retrospecto
 É constituída de estrutura ou ligação estrutural
única, parte de um sistema de experiências
relacionadas contextualmente (o todo significante)
 Tem uma estrutura linguística
Fenomenologia (Silva, 2008)
 Estudo da vivência do espaço, do corpo, do tempo
e do outro.
 Utilização da técnica de entrevistas
 A relação inseparável entre a parte e o todo
emerge durante o processo de pesquisa
 A pesquisa conduz a uma transformação da
consciência e a um refinamento da percepção.
Teorias
 Husserl – exame cuidadoso da experiência humana,
identificando as qualidades essenciais desta
experiência para transcender as circunstâncias
particulares de sua aparição.
 Heidegger – Hermenêutica, consciência reflexiva e
intersubjetividade – a natureza compartilhada e
relacional de nosso engajamento no mundo
 Merleau-Ponty – a natureza corporeificada de nossa
relação com o mundo, corporeidade e percepção
corporal.
Hermenêutica
 Teoria da interpretação; o círculo hermenêutico
 Compreensão e sentido: Compreensão é a apreensão de
um sentido, e sentido é o que se apresenta à compreensão
como conteúdo.
 Parte e todo: O sentido de uma parte só pode ser
entendido em relação ao todo e o todo só pode ser entendido
a partir das partes
 Sub-interpretação, padrões de interpretação, texto
e diálogo
Etnometodologia
 Principal referência: Garfinkel (1967) – ‘Studies in
Ethnomethodology’
 Exploração de como o mundo vivido/praticado
emerge como um resultado dos microprocessos na
forma de interações sociais, gerando o sentido e
conhecimento comum de seus participantes.
 Vocabulário: Realização/prática, indexalidade,
reflexividade, accountability, afiliação (membro)
 Fontes: Teoria da ação de Parsons, a
fenomenologia sociológica de Schutz e o
interacionismo simbólico (Herbert Blumer)
Referências
 SILVA, A. B. A fenomenologia como método de
pesquisa em estudos organizacionais. In: SILVA, A. B.
Da; GODOI, C; BANDEIRA-DE-MELLO, R. Pesquisa
Qualitativa em Estudos Organizacionais. São Paulo:
Saraiva, 2006.
Pesquisa Processual
Processo em relação à variância

PROCESSO VARIÂNCIA

 Dinâmica de processos  Sistemas de relações


em desenvolvimento entre variáveis
 Explicação em termos  Explicacão em termos
de padrões em de relações entre
eventos, atividades, variáveis dependentes
escolhas ocorrendo e independentes
durante um tempo
Enfoque em Processos
 Hibridismos são possíveis
 Temporalidade como dimensão principal
 Relevância:
A realidade é pautada pela temporalidade
 A influência do contexto para dar conta da
complexidade
Temporalidade
 Retraçando e reconstituindo o passado
 Arquivos e relatos sobre o que aconteceu
 Seguindo adiante
 Observação e explicação do que acontece (« ao
vivo »)
 Reconstituindo o presente que evolui
A atividade de objetos aparentemente estáveis
Resultados da pesquisa processual
 Padrões
 Como eventos são ordenados? Qual seria uma
sequência típica de fases? Existem diferentes ciclos ou
caminhos ao longo das fases?
 Mecanismos
 Motores, estratégias, ferramentas conceituais
 Significados
 Explicacões de sentido
Referência
 LANGLEY, A. Studying processes in and round
organizations. In: BUCHANAN, D. A.; BRYMAN, A.
(Eds.). The Sage handbook of organizational
research methods. Los Angeles: Sage Publications,
2009.
Estudos Críticos em Administração
Teoria Crítica (Alvesson e Ashcraft, 2009)
 Questiona ideologias, instituições, interesses e
identidades, denaturalizando o social e fornecendo
subsídios intelectuais para a micro-emancipação e
resistência
Enfoque
 Questionamento crítico de ideologias, instituições,
interesses e identidades (4 Is) dominantes, de alguma
forma danosas e/ou sub-refletidas
 Por meio de alguma forma de desnaturalização ou/e
rearticulação.
 Com o objetivo de inspirar a reforma social dentro
do interesse presumido dos menos privilegiados e/ou
maioria – resistindo aos 4 Is que tendem a fixar as
pessoas a receber e reproduzir ideias, motivos e
práticas limitadas.
 Mantém algum grau de reconhecimento de que
condições reais limitam a escolha e a ação no mundo
organizacional contemporâneo.
Teoria Crítica (Alvesson e Ashcraft, 2009)
 3 movimentos centrais:
 produção de insights – dimensões escondidas
 crítica – efeitos simbólico (desconstrução) e materiais
de tais dimensões
 redefinição transformadora – elaboração conceitual
para ajudar na mudança social
Teoria Crítica (Alvesson e Ashcraft, 2009)
 Atividades metodológicas
 Escuta crítica ao longo do processo de pesquisa
 Formulação da questão de pesquisa

 Pesquisa empírica com entrevistas e observação – com


preferência pelo uso de etnografia
 Redação e representação

 Riscos:
 Nos estudando para nos criticar?
 Nos estudando para nos dizer como pensar?

 Estudo de caso? Pesquisa-ação?


Referências
 ALVESSON, M.; ASHCRAFT, K. L. Critical
methodology in management and organization
research. In: BUCHANAN, D. A.; BRYMAN, A. (Eds.).
The Sage handbook of organizational research
methods. Los Angeles: Sage Publications, 2009.
 ALVESSON, M.; DEETZ, S. Doing Critical
Management Research. London: Sage Publications,
2000.
Arte e Estética
Arte
 A prática artística como pesquisa (Sullivan, 2011) –
capacidade das artes visuais de criar conhecimento
 A pesquisa ultrapassando fronteiras e criando
novos mundos? (Barone, 2012)
 Os humanos inventaram uma variedade de formas
de representação para descrever e entender o
mundo.
 A pesquisa baseada na arte busca mais levantar
questões significativas e promover conversas do que
apresentar significados definitivos.
 A arte pode capturar significados que o esforço de
medir não pode.
Arte e estética
 Consciência metodológica (Strati, 2009)
 Mergulho na vida organizacional pesquisada, ativando
as capacidades perceptivo-sensoriais, mas também se
distanciando do contexto para ser possível julgá-lo
esteticamente
 Diálogo entre o conhecimento sensível e cognitivo

 Conhecimento pessoal (sentido, sensível: Polanyi, 1958)


do pesquisador
 Observação participante imaginária (conhecimento
empático)
Abordagens
 Arqueológica
O simbolismo da arte e a estética na vida
organizacional
 Pesquisador como arqueólogo, historiador da arte
(desenho metodológico)
 Lógico-empática
O pathos dos artefatos organizacionais
 Pesquisador na imersão empática seguida de (a)
interpretação empática e lógica e de (b) ilustração
analítica-lógica de resultados
Abordagens
 Estética
A negociação cotidiana e coletiva da estética
organizacional
 Compreensão empática, observação participante
imaginária, julgamento estético, processo evocativo de
conhecimento, ‘texto aberto’ para comunicar os
resultados
 Artística
A criatividade e brincadeira das interações
organizacionais
 Mistura sensibilidade artística (energia criativa) com a
racionalidade cognitiva (capacidade racional)

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