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Direito Civil I

• A pessoa e os direitos da personalidade:


perspectiva civil-constitucional.
• Direitos da personalidade: fundamentos,
características e espécies.
Direitos da Personalidade
Além dos direitos economicamente apreciáveis (propriedade,
crédito) existem direitos ligados à pessoa humana de maneira
perpétua/permanente. São os direitos da personalidade: direito à
vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem, à honra.

São prerrogativas individuais inerentes à pessoa humana


reconhecidas pela doutrina, jurisprudência e ordenamento jurídico.
São direitos inalienáveis que se encontram fora do comércio e que
merecem proteção legal. São direitos personalíssimos!
Características
Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não sofrendo limitação mesmo
que voluntária. Além disso, são absolutos, ilimitados,
impenhoráveis, imprescritíveis, inexpropriáveis e vitalícios.
Características
INTRANSMISSIBILIDADE E IRRENUNCIABILIDADE
• O titular não pode - EM REGRA - dispor/transmitir a terceiros ou
renunciá-los.
• Alguns admitem cessão de uso para fins de mercantilização. Ex:
imagem, direito autoral, etc.
• Portanto, a indisponibilidade dos direitos de personalidade não é
absoluta, mas relativa.

ENUNCIADO 4 DA I JORNADA DE DIREITO CIVIL: O exercício dos


direitos de personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde
que não seja permanente nem geral.
Características
ABSOLUTO
• São direitos oponíveis a todos. Todos são obrigados a respeitá-los.

ILIMITADOS
• Embora o CC tenha enumerado os direitos da personalidade nos
artigos 11 ao 21, trata-se de um rol meramente exemplificativo.

• Ex: direito a alimentos, planejamento familiar, leite materno, meio


ambiente ecologicamente equilibrado, velhice digna, culto
religioso, liberdade de pensamento, segredo profissional,
identidade pessoal, etc..
Características
IMPRESCRITÍVEIS
• Não se extinguem pelo decurso do tempo nem pela inércia na
pretensão de defendê-los (ATENÇÃO, cuidado com o Dano Moral
em decorrência de violação de direitos da Personalidade).

IMPENHORÁVEIS
• Se são direitos inerentes e inseparáveis da pessoa humana, por
qual razão seria possível dá-los em penhora?
• Carlos Roberto Gonçalves entende que são passíveis de penhora
aqueles direitos de personalidade que podem sofrer cessão de
uso. Ex: imagem, direito autoral, em seu entendimento os reflexos
patrimoniais poderiam ser penhoráveis, não os direitos.
Características
VITALÍCIOS
• Produzem efeitos durante toda a vida, logo, vitalícios. Alguns
deles, inclusive, projetam efeitos após a morte. Ex: honra e
memória do morto; direito moral do autor.
Marco Legal
Constituição Federal: Art. 5, X – são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Disciplina no Código Civil


• Art. 13 a 14 – atos de disposição do próprio corpo
• Art. 15 – veda submissão ao tratamento médico de risco
• Art. 16 a 19 – nome e pseudônimo
• Art. 20 – proteção à palavra e imagem
• Art. 21 – proteção à intimidade
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO

• A integridade física compreende a proteção jurídica à vida, ao


próprio corpo vivo ou morto, quer na sua totalidade, quer em
relação a tecidos, órgãos ou partes suscetíveis de separação e
individualização, quer ainda ao direito de alguém submeter-se ou
não a exame e tratamento médico.

• Corpo humano sem vida é cadáver. Não é suscetível de


apropriação. É coisa fora do comércio. Mas a lei prevê formas de
disposição. Ex: doação para fins de pesquisa científica.
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO

TRANSPLANTE

• Atualmente, a lei 9.434/97 regula os casos de transplante. A lei


permite a disposição GRATUITA de tecidos, órgãos e partes do
corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes, desde que
o ato não represente risco para a sua integridade física ou
mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável.

• O ordenamento somente permite a doação em caso de órgão


duplos (rim), partes regeneráveis (fígado) ou tecido (pelo, medula
óssea), cuja retirada não prejudique o organismo do doador, nem
lhe provoque mutilação ou deformação.
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO

DISPOSIÇÃO POST MORTEM

• A retirada somente ocorre mediante atestado de morte encefálica,


constatada na forma da lei.

• A lei adota o princípio do consenso afirmativo, pelo qual cada um


deve manifestar sua vontade de doar seus órgãos e tecidos para
depois de sua morte, com objetivo científico ou terapêutico,
podendo revogar a qualquer tempo essa manifestação.
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO

DISPOSIÇÃO POST MORTEM

• Pelo art. 4 da lei 9434/97, a retirada de órgão depende de


autorização de parente maior, linha reta ou colateral até segundo
grau ou cônjuge mediante documento subscrito por duas
testemunhas presentes à verificação da morte.

• IV JORNADA DE DIREITO CIVIL: a manifestação expressa do


doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos
familiares. Para o sim ou para o não. Logo, o art. 4 da lei 9434/97
somente se aplica se não tiver ocorrido manifestação expressa.
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO

TRANSEXUAL

• Aquele que sofre de dicotomia físico-psíquica. Sexo físico não


condiz com seu sexo psíquico. Logo, a cirurgia de mudança de sexo
pode ser um modo necessário para a conformação dos dois
elementos: físico e psíquico.

• A leitura do art. 13 de forma fria pode dar a entender que o


ordenamento proíbe a transgenitalização. Sua leitura à luz de
garantias fundamentais constitucionais, dignidade da pessoa
humana, conduz ao entendimento de que sendo o caso de
necessidade médica, a cirurgia é autorizada.
ATOS DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO

TRANSEXUAL

• Uma vez efetivada a cirurgia, há readequação do estado sexual e


nome nos registros públicos. Não é necessária qualquer menção
ao status anterior em razão da proteção da Intimidade e da Vida
privada.

TATUAGEM / PIERCING
• São manifestações de livre desenvolvimento da personalidade
humana fruto de opções pessoais e culturais. São admitidos pelo
ordenamento sem maiores problemas.
• Vedação específica a tatuar menores é de caráter estadual, Ex.: lei
9.929/97 do estado de São Paulo
TRATAMENTO MÉDICO DE RISCO

Em casos graves, os médicos apenas podem agir mediante


autorização do paciente, podendo se recursar a receber o
tratamento perigoso. Busca-se evitar a inviolabilidade do corpo
humano.

Caso o doente não possa se manifestar, deve-se obter autorização


escrita de parente maior/linha reta ou colateral até segundo
grau/cônjuge.
TRATAMENTO MÉDICO DE RISCO

Não havendo tempo hábil para ouvir o paciente ou para tomar


essas providências, e se tratando de emergência que exija
intervenção medica (parada cardíaca), o profissional É OBRIGADO a
realizar o tratamento independentemente de autorização.

Direito à vida é irrenunciável. Ninguém tem direito à


morte/suicídio. Logo, a recusa a tratamento médico deve SOMENTE
SER ÀQUELES PROCEDIMENTOS QUE GERAM POSSÍVEL RISCO DE
VIDA.
TRATAMENTO MÉDICO DE RISCO

RECUSA POR QUESTÕES FILOSÓFICAS OU RELIGIOSAS.

• Direito à vida versus direito à crença. Qual prevalece? São valores


que devem coexistir. Devem ser sopesados. Nelson Rosenvald, é
entusiasta da prevalência da vontade da pessoa maior e capaz,
salvo se for menor ou estiver impossibilitado de manifestar sua
vontade. A recusa no caso de maior se aplica, apenas, se não
acometer risco de vida.

• Possível supressão da vontade da pessoa via Judiciário. Ex:


testemunha de jeová.
TRATAMENTO MÉDICO DE RISCO

RECUSA POR QUESTÕES FILOSÓFICAS OU RELIGIOSAS.

• Enunciado 403 da V Jornada de Direito Civil - O Direito à


inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI,
da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a
tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem
risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde
que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena,
excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b)
manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c)
oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do
declarante.
IMAGEM E INTIMIDADE

• A transmissão da palavra e a divulgação de escritos é resguardada


por questões de direitos autorais. A voz também é resguardada.

• O direito também tutela a imagem. Somente a pessoa pode


autorizar sua exploração.
IMAGEM E INTIMIDADE

CONSENTIMENTO EXPRESSO OU TÁCITO


• Expresso há manifestação

• Tácito há expressão comportamental que indica autorização


Ex: sorrir para fotógrafo em boate, para câmera da Globo no
carnaval, estar no estádio de futebol ao qual sabe que há
transmissão da imagem, etc.
IMAGEM E INTIMIDADE

RELATIVIZAÇÃO DO DIREITO DE IMAGEM

Estar em local público relativiza o direito de imagem mas não o


afasta. Se há focalização diferenciada em um indivíduo e a imagem é
tornada pública, há violação de direito de imagem

INTIMIDADE
O ordenamento tutela a intimidade/vida privada. O objetivo é
resguardar a intromissão de terceiros em aspectos íntimos do
lar/família/correspondência/economia.

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