Os Mitos de Criação

Prof. Dr. Jorge Miklos

Curso: Licenciatura em História
Disciplina: História Antiga – Oriente
Primeiro Semestre/2016
 Senso Comum
Ciência é uma
Atividade puramente racional,
lógica e o único mecanismo de
gerar conhecimento
 Cientistas são insensíveis,
limitados e sua atividade
corrompe a beleza da natureza
A Ciência vai muito além de sua
prática O cientista dedica-se ao
estudo da natureza, pois porta
dentro de si uma profunda
veneração pela beleza.
Vulcão de Colima, 200 kms ao sul de
Guadalajara.
Fotógrafo - Sergio Tapiro
O conhecimento científico é
criativo - um veículo de auto
descoberta que se manifesta
ao tentar capturar a nossa
essência e o nosso lugar no
Universo
 De Onde Viemos?

Evolução do Pensamento
Cosmológico tem início com
os Mitos de Criação
 Os Mitos Cosmogônicos
encerram as respostas que
podem ser dadas à questão da
Origem do Universo
 Apontam para uma clara
Universalidade do Pensamento
Humano

A linguagem é diferente, os
símbolos são diferentes, mas sua
essência, as ideias são as mesmas
 Modelos cosmogônicos (mitos de
criação) e modelos
cosmológicos (astrofísica
moderna) têm algo em comum!

Ambos representam o esforço da humanidade

para compreender a existência do Universo
“Imagine que o mundo seja algo como uma
gigantesca partida de xadrez sendo
disputada pelos deuses, e que nós fazemos
parte da audiência. Não sabemos quais são
as regras do jogo; podemos apenas
observar seu desenrolar. Em princípio, se
observarmos por tempo suficiente, iremos
descobrir algumas das regras. As regras do
jogo é o que chamamos de física
fundamental. “
 Podemos interpretar esse texto
de dois modos diversos. Um é
dizer que a física é apenas um
modo racional de estudar a
Natureza; outro é dizer que a
física é mais do que um mero
desafio intelectual, que a física é
a linguagem dos deuses.
 Ciência e Misticismo advém da
irresistível atração que o Ser Humano
tem pelo desconhecido
 Na abertura da Metafísica
encontramos a primeira das
mais famosas afirmações de
Aristóteles: “Todos os
homens desejam por
natureza saber”. Mais
adiante, nesse mesmo livro
lemos a segunda de suas
afirmações célebres:
“Pois todos os homens
começam a começaram
sempre a filosofar movidos
pelo espanto.”
(Aristóteles, 1990: 32).
 Há milênios……..

A Natureza era respeitada e

idolatrada

Natureza - atributos divinos

Natureza
Deusa - Mãe
Rituais procuravam conquistar
a simpatia divina garantindo a
sobrevivência do grupo
 Duas Funções
Ordenar a existência, dando
sentido a fenômenos misteriosos
e ameaçadores

CAOS COSMOS
 Função social
impondo valores
morais e éticos
que eram
fundamentais
para a coesão
do grupo
A relação mística com a natureza
abrangia necessidades
psicológicas

como compreender a morte?

 Morte
Uma passagem para uma nova vida?

Uma ponte ligando uma existência a outra?

Uma ascensão a uma realidade absoluta – uma promessa

de uma merecida existência eterna no paraíso após
vários sacrifícios?
 A Pergunta

Qual a Origem do Universo?

 Como compreender a origem de tudo?

O Caminho que cada um escolhe depende de

quem está fazendo a pergunta
Tradicionalmente o caminho de
muitas culturas foi o MITO
 O que é MITO?
uma narrativa de caráter simbólico-imagético,
relacionada a uma dada cultura, que procura
explicar e demonstrar, por meio da ação e do
modo de ser dos personagens, a origem das
coisas (do mundo; dos homens; dos animais; das
doenças; dos objetos; das práticas de caça,
pesca, medicina entre outros; do amor; do ódio;
da mentira e das relações, seja entre homens e
homens, homens e mulheres e mulheres e
mulheres, humanos e animais
 São Narrativas
que procuram
dar sentido à
nossa
existência

Joseph Campbell
 MITO
Função Mística
Função Cosmológica
Função Sociológica
Função Pedagógica
 O Poder de um MITO não está
em ser falso ou verdadeiro, mas
em ser EFETIVO
 Mito
Linguagem Metafórica

Mitos de determinadas culturas

podem parecer sem sentido para
outras culturas
 Os mitos têm que ser
entendidos dentro do contexto
cultural do qual fazem parte.
 Mito Assírio (800 a. C.)

Começa com cinco deuses, Anu, Enlil,

Shamash, Ea e Anunnaki, discutindo a
criação do mundo enquanto estão
sentados no céu.
 Nu simboliza o poder do céu
ou do ar, Enlil o poder da terra,
Shamash o Sol ou fogo, Ea a
água, e Anunnaki o destino.
 Para os assírios, a Criação
ocorreu quando os quatro
elementos e o tempo se
combinaram para dar forma
ao mundo e à vida.
Sua religiosidade era baseada em
rituais que celebravam o poder da
Natureza, sendo a missão dos
devotos a manutenção e o
incremento do poder e da
fertilidade da Terra
 Os mitos nos fornecem um
retrato nítido de como
determinada cultura percebe e
organiza a realidade
 Na cosmologia moderna vamos
encontrar alguns trações dessas
antigas ideias memórias
distantes que permaneceram
vivas e armazenadas no
inconsciente coletivo da
humanidade demonstrando a
universalidade da criatividade
humana
“A verdade é uma só; os sábios se
referem a ela por muitos nomes”

Vedas
O MITO relaciona o compreensível
com o incompreensível
 MITOS DE CRIAÇÃO

O Processo de criação do
Universo envolve a distinção
entre os opostos, a
desintegração da união existente
no absoluto que gera a
polarização inerente à realidade
 CAOS COSMOS
Absoluto Separação
Incognoscível Polaridade
 EXISTE UM COMEÇO?

SIM NÃO

MITOS COM MITOS SEM

CRIAÇÃO CRIAÇÃO

ORDEM
DEUS, O X
UNIVERSO
CRIADOR CAOS RITMICO

EXISTÊNCIA
ETERNA
CRIAÇÃO
DO NADA
 Universo
criado a partir
da ação de
um SER
SUPREMO

Universo
MITOS aparece do
VAZIO – Sem a

COM intervenção de
um SER

CRIAÇÃO
O Universo
surge da
Tensão entre
ORDEM e
CAOS
Popol Vuh
 Um Universo
que é criado e
destruído em
um ciclo que
se repete
MITOS sempre

SEM
CRIAÇÃO Universo
que sempre
existiu e
sempre
existirá
O desenvolvimento gradual de
um enfoque racional criou uma
nova visão de mundo
 No ocidente, a partir da
Modernidade, a ciência passou a
ocupar-se do mundo natural e a
religião do mundo sobrenatural
Será possível que uma pessoa possa
questionar o mundo cientificamente e
ainda ser religiosa?
 O que é fascinante na ciência e
na religião?

A reverência e fascínio é, em essência, as mesmas

inspirações para cientistas e criadores de mitos.
 Quando nos deparamos com
algumas das questões mais
fundamentais sobre o Universo
podemos ouvir o canto dos
nossos antepassados ecoando
no tempo…
Referências
• ARISTÓTELES. Metafísica (Livro I). Porto Alegre: Globo, 1969.
• BERGER, Peter. O Dossel Sagrado: elementos para uma teoria
sociológica da religião. São Paulo: Ed. Paulinas 1985.
• CAMPBELL, Joseph. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.
• CAPRA, Fritjof. O Tao da Física: Uma exploração dos paralelos entre a
física moderna e o misticismo oriental . São Paulo: Cultrix, 1995.
• DURKHEIM, Émile. As Formas Elementares da Vida Religiosa: o
sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Edições Paulinas, 1989.
• GLEISER, Marcelo. A Dança do Universo: dos mitos de criação ao Big
Bang. São Paulo: Cia das Letras, 2006.
• SPROUL, Barbara C. Primal Myths: creation myths around the world.
San Francisco, CA: Harper San Franscisco, 1979.