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SANÇÃO ADMINISTRATIVA

CONCEITO: é a providência gravosa aplicável à parte que


incorrer em uma inexecução contratual, que pode se dar
parcial (descumprimento de uma parcela do ajuste) ou
totalmente (descumprimento integral do contrato).

FUNÇÕES:

• EDUCATIVA (ou pedagógica): intimidam os eventuais


infratores a não praticarem os comportamentos indese-
jados, constrangendo-os ao cumprimento dos deveres;

• PUNITIVA: estímulo para a não reincidência.

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SANÇÃO ADMINISTRATIVA
FUNDAMENTO: em virtude os princípios da SUPREMACIA e
da INDISPONIBILIDADE do interesse público, o Estado
ocupa uma posição de PRIVILÉGIO quando se relaciona com
o particular, nos contratos administrativos. Essa
PRERROGATIVA permite ao Estado, quando identificada a
falta cometida pelo contratado, abrir procedimento próprio
e, SEM a intervenção do Poder Judiciário, penalizá-lo.

PODER-DEVER DA ADMINISTRAÇÃO

GARANTIAS AO PARTICULAR: diante dessa posição


privilegiada do Estado, é preciso municiar o particular de
garantias, a fim de possibilitar a sua defesa ao longo do
procedimento administrativo que poderá culminar na sua
penalização.

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DEVIDO PROCESSO LEGAL
PREVISÃO CONSTITUCIONAL: o art. 5º, inc. LV, da Constituição
Federal, estabelece que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”. Com efeito, toda sanção administrativa terá que ser
precedida do devido processo legal, sob pena de nulidade.

GARANTIAS:

• “Juiz Natural” (autoridade competente): a competência da


autoridade para aplicação da pena deve preexistir o evento faltoso e
não ser atribuída apenas para certa ocasião (proibição do juiz ad
hoc). Nesse sentido, o art. 1º, do Decreto nº 48.999/2004, define
as autoridades competentes para aplicar a pena do art. 7º, do Lei
nº 10.520/2002.

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AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO

• Assegurar defesa PRÉVIA ao contratado (e não a posteriori);

• Colher a manifestação do particular em TODAS as fases do


procedimento;

• Dever de MOTIVAR as suas decisões: obrigação do Estado de


examinar integralmente as razões do interessado e sobre elas
decidir de forma motivada. É inválida a decisão fundada apenas na
vontade da autoridade pública.

• Disponibilizar os motivos de fato e de direito pelos quais fora


aberto o procedimento sancionatório contra o particular:
somente se pode garantir o exercício da ampla defesa e do
contraditório se o contratado tiver conhecimento pleno dos fatos
considerados irregulares à luz da lei.

• Direito à revisibilidade: o art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal,


considera o direito de recorrer como inerente ao direito de defesa.
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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

• Constituição Federal: notadamente o dispositivo que trata dos


direitos ao contraditório e à ampla defesa – artigo 5º, inciso LV;
• Lei estadual nº 6.544, de 22 de novembro de 1989: legislação que
dispõe sobre licitações e contratos administrativos, no âmbito estadual;
• Lei federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993: lei de caráter
nacional – aplica-se para União, Estados e Municípios – sobre licitações
e contratos administrativos;
• Lei estadual nº 10.177, de 30 de dezembro de 1998: conjunto de
normas que regula o processo administrativo estadual, cuja aplicação,
no caso das sanções administrativas, é subsidiária, por conta do seu
artigo 2º;
• Lei federal nº 10.520, de 17 de julho de 2002: legislação também
de caráter nacional, que estabelece regras sobre a modalidade
licitatória denominada pregão;
• Decreto estadual nº 31.138, de 9 de janeiro de 1990: norma
estadual que fixa competência para aplicação das penalidades
administrativas, admitindo, inclusive, a possibilidade de delegá-la à
autoridade subordinada;

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LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
• Decreto estadual nº 47.945, de 16 de junho de 2003: estabelece
as regras atinentes ao Sistema de Registro de Preços, no Estado de São
Paulo;
• Decreto estadual nº 48.999, de 29 de setembro de 2004: norma
estadual que fixa competência das autoridades para aplicação da
sanção administrativa específica do pregão;
• Decreto estadual nº 61.751, de 23 de dezembro de 2015: cria, no
âmbito estadual, o Sistema Eletrônico de Aplicação e Registro de
Sanções Administrativas, denominado e-Sanções;
• Decretos de organização das Secretarias de Estados e das
entidades da Administração Indireta, especialmente quando
veicularem normas de competência e de procedimento para aplicação
de penalidades administrativas (vide Decreto nº 60.812/2014);
• Resolução CC nº 52, de 19 de julho de 2005: norma que estabelece
o procedimento para aplicação das sanções de restritivas da liberdade
de licitar e contratar com os órgãos e as entidades da Administração
Estadual;
• Demais atos administrativos de natureza regulamentar,
especialmente as Resoluções dos Secretários de Estado que instituem a
sanção de multa, tal como a Resolução SF nº 58/2014.
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ESPÉCIES DE SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

À luz dos arts. 86 e 88 da Lei nº 8.666/1993 e art. 7º da Lei nº


10.520/2002, o particular está sujeito, pela inexecução total ou parcial
do contrato e garantida prévia e ampla defesa, a 5 (cinco) tipos de
sanções administrativas, quais sejam:

Suspensão temporária
de participação em
licitação e
Advertência (artigo 87, Multa (artigos 86 e 87,
impedimento de
inciso I); inciso II);
contratar com a
Administração (artigo
87, inciso III);

Declaração de
Sanção de
inidoneidade para
impedimento de licitar
licitar ou contratar com
e contratar (artigo 7º
a Administração
da Lei nº
Pública (artigo 87,
10.520/2002).
inciso IV);

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ADVERTÊNCIA

APLICAÇÃO: sanção de MENOR gravidade, aplicada a infrações


LEVES que não são capazes de gerar lesão definitiva e irreversível ao
interesse público. Funciona como “recado” ao particular no sentido de
que, em caso de reincidência, punição mais gravosa poderá ser
imposta.

CUMULAÇÃO: A advertência pode ser cumulada com a sanção de


multa (artigo 87, §2º), mas não com as demais espécies
sancionatórias.

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MULTA

• É a SANÇÃO PECUNIÁRIA imposta ao infrator.

• A AUSÊNCIA de previsão no edital e no contrato INVIABILIZA sua


exigência. O Decreto nº 31.138/1990 determina que o PGE e os
Secretários de Estado expeçam norma para aplicação das multas,
que, por sua vez, é incorporada aos documentos da licitação como
parte deles integrante. É o caso da Resolução SF nº 58/2014.

• As multas podem ser MORATÓRIAS ou COMPENSATÓRIAS: se o


particular atrasa na execução do contrato, a multa aplicável é a
moratória (art. 86); já se a causa for o descumprimento de outras
obrigações contratuais, compensatória será a sua natureza (art.
87). É possível cumulá-las, desde que tenham origem em fatos
geradores diversos.

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MULTA

• A aplicação de multa não impede que a Administração rescinda


unilateralmente o contrato e aplique as outras sanções previstas na
lei.

• Somente pode ser aplicada após regular PROCESSO


ADMINISTRATIVO e será DESCONTADA do valor oferecido pelo
contratado a título de GARANTIA, na hipótese de ter-lhe sido
exigida no momento da licitação (arts. 86, §2º e §3º, e 87, §1º).

• Na hipótese de a GARANTIA se mostrar INSUFICIENTE, responderá


o contratado pela sua diferença, a qual será descontada dos
pagamentos eventualmente devidos pela Administração ou ainda,
quando for o caso, cobrada judicialmente.

• A EXECUÇÃO JUDICIAL se dá nos moldes da Lei federal nº


6.830/1980. Pelo fato de o débito gozar de LIQUIDEZ e CERTEZA, é
inscrito na Dívida Ativa do Estado e cobrado pela Procuradoria Geral
do Estado.

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SUSPENSÃO TEMPORÁRIA

PRAZO: a suspensão temporária de participação em licitação e


impedimento de contratar pode ser decretada POR ATÉ 2 (dois) anos.
Pode ser imposta, a título de exemplo, por dois meses, por um ano,
por qualquer outro período, desde que não ultrapasse dois anos.

COMPETÊNCIA: de acordo com o Decreto nº 31.138/1990, a


competência para aplicá-la pode ser delegada, mediante ato específico
publicado no Diário Oficial, à autoridade subordinada ao Secretário de
Estado, ao Procurador-Geral do Estado ou ao dirigente de autarquia.

ALCANCE: Acarreta ao punido a impossibilidade de participar de


licitações e celebrar contratações (inclui, portanto, as hipóteses de
dispensa ou inexigibilidade de prévio certame) com a Administração
Pública direta e indireta do ente federado que a aplicou. É o que diz o
Parecer GPG n° 008/2004, consubstanciado no art. 5°, do Decreto nº
48.999/2004.

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DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE

PRAZO: subsiste por prazo indeterminado, enquanto perdurarem os


motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a
reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade,
que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração
pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de 2 (dois) anos.

COMPETÊNCIA: nesse ponto, há uma antinomia entre a previsão


contida no art. 81, §3º, da Lei nº 6.544/1989, que atribui a
competência exclusivamente ao Governador do Estado, e o disposto
no art. 87, §3º, da Lei nº 8.666/1993, que admite a declaração de
inidoneidade pelo Secretário de Estado. A questão foi resolvida pelo
Parecer PA nº 85/2005 em favor da competência dessa última
autoridade.

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DECLARAÇÃO DE INIDONEIDADE

ALCANCE: abrange todos os órgãos e entidades da Administração


Pública de todos os entes federativos, isto é, possui repercussão
nacional. Essa orientação restou definida no Parecer PA nº 34/2016,
que recentemente revisitou a questão tendo em vista a consolidação
da jurisprudência sobre o tema, bem como a criação do Cadastro
Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (CEIS). Nesse ponto,
vale ainda dizer que a Súmula nº 51 do Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo estabelece que:

“A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (artigo


87, IV da Lei nº 8.666/93) tem seus efeitos jurídicos estendidos
a todos os órgãos da Administração Pública, ao passo que, nos
casos de impedimento e suspensão de licitar e contratar (artigo
87, III da Lei nº 8.666/93 e artigo 7º da Lei nº 10.520/02), a
medida repressiva se restringe à esfera de governo do órgão
sancionador”.

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EFEITOS

NÃO PROVOCA RESCISÃO AUTOMÁTICA DOS AJUSTES EM


EXECUÇÃO: as sanções administrativas que impedem o apenado de
participar de licitações e de contratar com a Administração só
produzem efeitos para o futuro (ex tunc), sem interferir nos contratos
em andamento. Isso, todavia, não impede que, caso a caso, sejam
tomadas medidas administrativas em relação a um contrato específico.

PRORROGAÇÃO DOS CONTRATOS: é VIÁVEL nos contratos por


ESCOPO e INVIÁVEL nos de PRESTAÇÃO CONTINUADA (Parecer PA nº
157/2009).

DIVULGAÇÃO: a autoridade competente para aplicação da sanção


providenciará a sua imediata divulgação no sítio
www.sancoes.sp.gov.br, inclusive para o bloqueio da senha de acesso
ao Sistema BEC/SP, e deverá informar ao Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS, mantido pelo governo
federal (http://www.portaltransparencia.gov.br/ceis).

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SANÇÃO PREVISTA NA LEI DO PREGÃO

• Quando a licitação é realizada na modalidade PREGÃO, NÃO são


aplicáveis as sanções administrativas previstas na Lei nº
8.666/1993 e analisadas até o momento.

• As inexecuções contratuais, nesses casos, são apenadas com base


no artigo 7º, da Lei nº 10.520/2002, que assim estabelece:

“quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta, (1) não


celebrar o contrato, (2) deixar de entregar ou apresentar documentação
falsa exigida para o certame, (3) ensejar o retardamento da execução
de seu objeto, (4) não mantiver a proposta, (5) falhar ou fraudar na
execução do contrato, (6) comportar-se de modo inidôneo ou cometer
fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar com a União,
Estados, Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado no Sicaf,
ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores a que se refere o
inciso XIV do art. 4º desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem
prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais
cominações legais”.

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SANÇÃO PREVISTA NA LEI DO PREGÃO

TIPICIDADE ESTRITA e IMPOSSIBILIDADE DE ALTERAÇÃO


PELA LEGISLAÇÃO LOCAL: é por essa razão que as normas
estaduais, ao se referirem às condutas que podem ensejar a aplicação
da sanção, apenas reproduzem o que já consta do artigo 7º da Lei nº
10.520/2002.

PRAZO: máximo de 5 (cinco) anos. Na aplicação da pena, a


Administração tem que se valer do princípio da proporcionalidade de
forma a dosar a punição de acordo com a gravidade da conduta
apurada caso a caso.

DEVIDO PROCESSO LEGAL: realização de procedimento prévio onde


se garanta ao particular a ampla possibilidade de defesa e
manifestação.

ALCANCE: o impedimento de licitar e contratar só existe em relação à


esfera administrativa que tenha imposto a sanção (Parecer GPG nº
8/2004).
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SANÇÃO PREVISTA NA LEI DO PREGÃO

COMPETÊNCIA: recai inicialmente sobre os Secretários de Estado, o


Procurador Geral do Estado e os dirigentes de maior nível hierárquico
das autarquias. Admite-se a delegação desse papel para os Chefes de
Gabinetes dos respectivos órgãos e os dirigentes das unidades
orçamentárias (Decreto nº 48.999/2004).

DIVULGAÇÃO: a autoridade competente para aplicação da sanção


providenciará a sua imediata divulgação no sítio
www.sancoes.sp.gov.br, inclusive para o bloqueio da senha de acesso
ao Sistema BEC/SP, e deverá informar ao Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas – CEIS, mantido pelo governo
federal (http://www.portaltransparencia.gov.br/ceis).

NÃO PROVOCA RESCISÃO AUTOMÁTICA DOS AJUSTES EM


EXECUÇÃO

PRORROGAÇÃO DOS CONTRATOS

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E-SANÇÕES

• Decreto nº 61.751/2015 criou, no Estado de São Paulo, o Sistema


Eletrônico de Aplicação e Registro de Sanções Administrativas,
denominado e-Sanções.

• A utilização do sistema é OBRIGATÓRIA.

• Adota-se o mesmo trâmite previsto na Resolução CC nº 52/2005.

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