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A Escola Novo Clássica

Fabricio Missio- CEDEPLAR/UFMG


E-mail: fjmissio@cedeplar.ufmg.br
Contexto…
 Desenvolve-se tendo como pano de fundo a alta inflação e o
desemprego da década de 1970 e a insatisfação com a
ortodoxia keynesiana dominante que acompanhou essa
situação.
 Tanto o monetarismo como a economia novo-clássica têm suas
origens teóricas em aspectos da economia clássica, e ambas as
escolas chegam a conclusões similares com relação a políticas
não intervencionistas.
 Robert Lucas, figura central do desenvolvimento da economia
novo-clássica, manifestou sua concordância com a proposta de
regras de política não intervencionista de Milton Friedman.
Contexto…
 De fato, os economistas novo-clássicos são ainda mais céticos
do que os monetaristas quanto à utilidade de políticas ativas de
estabilização.
 A economia novo-clássica, porém, representa um ataque mais
fundamental ao sistema teórico keynesiano do que o
monetarismo.
 Os economistas novo-clássicos atacaram a estrutura teórica
keynesiana, caracterizando-a como "essencialmente falha".
O Ataque Novo-Clássico
 O princípio central de política econômica da economia novo-
clássica é que a estabilização de variáveis reais, como produto
e emprego, não pode ser alcançada pela administração da
demanda agregada. Os valores de tais variáveis, tanto no curto
como no longo prazo, são insensíveis a políticas sistemáticas
de administração da demanda agregada.
 Em outras palavras, segundo a visão novo-clássica, medidas
sistemáticas de política fiscal e monetária de alteração da
demanda agregada não afetarão o produto e o emprego, nem
mesmo no curto prazo.
 A isso denominamos postulado novo-clássico da ineficácia
das políticas econômicas.
 Os economistas novo-clássicos não concordam com essa
análise. Em particular, eles não aceitam as conclusões das
análises keynesiana e monetarista, que diferenciam os efeitos
da demanda agregada sobre produto e emprego no curto e
longo prazo.
 Sua crítica enfoca o pressuposto keynesiano (e monetarista)
referente à formação das expectativas de preços. Essa
formulação pressupõe que os ofertantes de mão-de-obra
formam expectativas para o nível de preços agregado corrente
(ou da taxa de inflação futura) com base no comportamento
passado dos preços. Na prática, keynesianos e monetaristas
pressupõem que tais expectativas de preços ajustam-se
lentamente, podendo ser consideradas fixas, ao menos por
períodos relativamente curtos de tempo.
 Os economistas novo-clássicos criticaram tais formulações de
formação de expectativas por serem "extremamente ingênuas".
 Conceito de Expectativas Racionais - racionais no sentido de
que não cometerão erros sistemáticos.
 De acordo com a hipótese das expectativas racionais, as
expectativas são formadas com base em todas as informações
relevantes disponíveis sobre a variável que está sendo prevista.
Além disso, a hipótese das expectativas racionais afirma que
os indivíduos utilizam as informações disponíveis de maneira
inteligente; ou seja, compreendem como as variáveis que
observam afetarão a variável que estão tentando prever.
 Se as expectativas forem racionais, os ofertantes de mão-de-
obra usarão todas as informações passadas relevantes na
realização de uma previsão para o valor do nível agregado de
preços para o período corrente, e não somente as informações
sobre o comportamento dos preços no passado.
 E usarão todas as informações de que dispuserem sobre os
valores correntes de variáveis que participam da determinação
do nível de preços. Mais importante, do ponto de vista dos
efeitos das políticas de administração da demanda agregada,
os ofertantes de mão de obra levarão em conta qualquer
medida de política econômica prevista (esperada) na
elaboração de suas estimativas de preços. Pressupõe-se, ainda,
que eles compreendam a relação entre tais políticas de
demanda agregada e o nível de preços.
 Se essas previsões racionais prospectivas do nível de preços
forem de fato feitas pelos ofertantes de mão-de-obra, a análise
anterior deve ser modificada em um aspecto importante.
 Para analisar os efeitos dessa mudança sob a suposição de que
as expectativas são racionais, precisamos começar
especificando se a mudança da política monetária era ou não
antecipada.
 Os efeitos das mudanças de políticas antecipadas e não
antecipadas são muito diferentes quando se supõe que as
expectativas são racionais.
 Se as expectativas forem formadas racionalmente, as ações de
política de demanda agregada previstas não afetarão o produto
real ou o emprego, nem mesmo no curto prazo.
 Quando o aumento no estoque de moeda é imprevisto, o
modelo novo clássico indica que o produto e o emprego serão
afetados. Na figura anterior, o produto subirá de y0 para y1, e
o emprego aumentará de N0 para N1, resultados idênticos aos
da análise keynesiana ou monetarista de tal aumento na
demanda agregada.
 Note, porém, que esses resultados se referem ao curto prazo.
Embora a mudança na política não tenha sido antecipada, em
períodos futuros os agentes econômicos descobririam que a
política, de fato, havia mudado.
 Analisemos Agora o que os economistas novo-clássicos
consideram a resposta de política adequada a um declínio na
demanda do setor privado - por exemplo, um declínio
autônomo na demanda por investimentos.

 Os keynesianos afirmam que um declínio na demanda do setor


privado deveria ser compensado por uma ação de política
fiscal ou monetária expansionista a fim de estabilizar a
demanda agregada, o produto e o emprego.
 Uma vez que o declínio nos investimentos tenha ocorrido e
exercido seus efeitos sobre o produto, o formulador de
políticas poderia elevar a demanda agregada caso esperasse
que o nível baixo de investimentos pudesse se repetir em
períodos futuros. Se, porém, fosse esperado que os baixos
investimentos continuassem em períodos futuros, não haveria
necessidade de uma resposta de política econômica, uma vez
que os agentes privados também teriam essa expectativa.

 Nesse ponto, ocorreriam deslocamentos nas curvas de oferta


de mão de obra e de oferta agregada. Em outras palavras, o
formulador de políticas não dispõe de ferramentas para agir de
modo a compensar choques imprevistos.
 Na visão novo-clássica, não há um papel útil para políticas de
demanda agregada voltadas a estabilizar o produto e o
emprego. As conclusões de políticas dos economistas novo-
clássicos são fortemente não intervencionistas, assim como
eram as dos economistas clássicos.

 No caso da política fiscal, os economistas novo-clássicos


defendem a estabilidade e rejeitam estímulos excessivos e
inflacionários. Gastos governamentais deficitários excessivos
e/ou erráticos devem ser evitados. Os economistas novo-
clássicos Thomas Sargent e Neil Wallace, por exemplo, foram
críticos dos grandes déficits resultantes da política fiscal da
administração Reagan da década de 1980.
 A instabilidade na política fiscal causa incertezas, dificultando,
mesmo aos agentes que formam expectativas racionais, a
previsão correta do curso futuro da economia. Além disso,
Sargent e outros acreditam que uma política crível que vise
proporcionar um crescimento estável baixo da moeda não
pode coexistir com uma política fiscal que gere grandes
déficits. Déficits enormes põem a autoridade monetária sob
grande pressão para aumentar a expansão monetária, de modo
a ajudar a financiar o déficit.

 Sargent e outros economistas novo-clássicos acreditam que o


controle dos déficits orçamentários do governo seja necessário
para que possa existir uma política monetária não inflacionária
crível.

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