Você está na página 1de 39

Universidade Federal do Espírito Santo

Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Elétrica
Prof. Hélio Marcos André Antunes

Unidade 6: Proteção em Instalações


Elétricas Prediais

Instalações Elétricas Prediais


Engenharia Civil

UFES - Instalações Elétricas Prediais 1


6.1- Prescrições da NBR 5410
• A NBR 5410/2004 estabelece prescrições fundamentais para
garantir a segurança de pessoas, animais domésticos e bens,
permitindo o uso da instalação elétrica sem riscos.
• As principais prescrições para proteção da instalação elétrica
são:
1. Proteção contra Choques Elétricos;
2. Proteção contra Efeitos Térmicos;
3. Proteção contra Sobrecorrentes;
4. Proteção contra Sobretensões.
• Neste capítulo trataremos dos itens 1 a 3.

UFES - Instalações Elétricas Prediais 2


6.2- Conceitos Fundamentais
• Sobrecorrentes
– São valores que excedem o valor da corrente nominal. Tem
como origem:
• Sobrecargas;
• Falta elétrica ( curto–circuito).
• Correntes de sobrecarga
– São extremamente prejudiciais ao sistema elétrico, provocando a
elevação de temperatura e danos ao circuito.
• Correntes de curto-circuito
– São provenientes de falhas ou defeitos graves da instalação, tais
como:
• Falha ou rompimento da isolação entre fase e terra, fase e neutro e
entre fases distintas.
– Podem gerar correntes da ordem de centenas a milhares de
ampéres.

UFES - Instalações Elétricas Prediais 3


6.3- Proteção contra Sobrecorrentes
• Como principais dispositivos para proteção contra sobrecarga
e curto-circuito temos:

UFES - Instalações Elétricas Prediais 4


6.3.1- Disjuntores Termomagnéticos (DTM)
• São dispositivos que garantem simultaneamente:
– Manobra;
– Proteção contra correntes de sobrecarga e curto-circuito.
• Possuem aplicações em instalações elétricas residenciais,
comerciais e industriais.
• São cobertos por uma normatização NBR IEC 60947-2 ( Para
tensões inferiores a 1000 Vca e 1500 Vcc).
• Disjuntores com tensão inferior a 400 Vca e corrente inferior a
125A devem atender a NBR IEC 60898.
• Vantagem:
– Permite o religamento sem substituição de componentes.

UFES - Instalações Elétricas Prediais 5


Partes Componentes dos Disjuntores

UFES - Instalações Elétricas Prediais 6


Funcionamento do Disjuntor

Disparador
térmico
( bimetálico)

Câmara de
extinção

UFES - Instalações Elétricas I 7


Característica tempo-corrente de um DTM
• Disparador térmico
– Lâmina bimetálica

• Disparador magnético
– Bobina (eletroímã)

UFES - Instalações Elétricas Prediais 8


Instalação em Quadros de Distribuição (QD’s)

UFES - Instalações Elétricas Prediais 9


Características dos Disjuntores
• Tensões Nominais
– Tensão nominal de operação ou de serviço (Ue)
– Tensão nominal de isolamento (Ui)
– Geralmente Ui= Ue
• Corrente Nominal
– Corrente nominal (In)
– Valore Padronizados NBR IEC 60898 (Temperatura ambiente de
30oC):
• In=6, 10, 13, 16, 20, 25, 32, 40, 50, 63, 80, 100 e 125A
• Correntes Convencionais
– Corrente convencional de atuação (I2)
– Corrente convencional de não atuação (Int)
– São função da corrente nominal (In)

UFES - Instalações Elétricas Prediais 10


Características dos Disjuntores
• Disparo Instantâneo
– A Norma define as faixas para o
disparo instantâneo, em geral
magnético são:
• B: 3In a 5In
• C: 5In a 10In
• D: 10In a 20In
• Aplicações:

UFES - Instalações Elétricas Prediais 11


Características dos Disjuntores

• Fonte GE (Catálogo de mini-disjuntores)

Int

I2

Int : Corrente convencional de não atuação


I2 : Corrente convencional de atuação

UFES - Instalações Elétricas Prediais 12


Características dos Disjuntores
• Capacidade de interrupção
– IEC 60898 se refere a capacidade de interrupção nominal (Icn)
– Valores padronizados de Icn: 1,5, 3, 4,5, 6, 10, 15, 20 e 25kA
– A capacidade de interrupção de serviço (Ics)
• para Icn ≤6 kA, Ics= Icn;
• para 6< Icn ≤ 10 kA, Ics= 0,75Icn (mínimo 6 kA);
• para Icn > 10 kA, Ics= 0,5Icn ( mínimo de 7,5 kA).
– O valor de Ics deve ser utilizado, pois garante a operação do
disjuntor mesmo após um curto-circuito.
• Quanto ao número de pólos
– Monopolar, Bipolar, Tripolar, Tetrapolar

UFES - Instalações Elétricas Prediais 13


Características dos Disjuntores

Simbologia IEC

Esquemas de Ligação

UFES - Instalações Elétricas Prediais 14


Características dos Disjuntores

Curva de atuação: C
Capacidade de interrupção: 3
kA
Ue= Un=220V/380V

Bipolar com os dois pólos


protegidos ( proteção
térmica e magnética)

UFES - Instalações Elétricas Prediais 15


6.3.2- Dimensionamento DTM: Proteção contra
Sobrecarga
• Para que haja uma perfeita coordenação entre o dispositivo de
proteção e os condutores, as seguintes condições devem ser
satisfeitas:
(a ) I P  I n  I z (b) I 2  1, 45  I z
• Ip- Corrente de projeto
• In- Corrente Nominal do dispositivo de proteção
• Iz- Capacidade de condução de corrente dos condutores
• I2- Corrente que assegura efetivamente a atuação do dispositivo de proteção

– A condição (b) é praticável quando for possível assumir que a


temperatura limite de sobrecarga dos condutores, não seja mantida por
um tempo superior a mais de 100h durante 12 meses consecutivos ou por
500h ao longo da vida do condutor. Caso contrário:
I2  I z
UFES - Instalações Elétricas Prediais 16
Proteção contra Sobrecarga

UFES - Instalações Elétricas Prediais 17


Proteção contra Curto-Circuito
• A corrente de falta (Ik) no ponto de entrega é fornecido pela
concessionária de energia elétrica.

Ponto de
Circuito Alimentador
entrega
Circuito Terminal

Medidor QDC
IK

IK1≥IK
IK2 ≥ 0,5 x IK IK2 ≥ 0,25 x IK

– Disjuntor geral do medidor: Ics ≥Ik


– Disjuntor dos circuitos terminais (QDC): Ics ≥0,5Ik
– (Fonte: Guia NBR 5410)
UFES - Instalações Elétricas Prediais 18
Exemplos de Dimensionamento

Exemplo 6.1) Dimensione o disjuntor para proteção do circuito


terminal de um chuveiro, com a seguintes características:
• S= 5400 VA, V=127V
• Dois condutores de cobre carregados, instalados em eletroduto
embutido em alvenaria
• Temperatura ambiente: 40oC
• Corrente de curto-circuito presumida no ponto de instalação do
disjuntor: Ik=1 kA
• Quadro ventilado
• Considere que a corrente de sobrecarga do condutor ao longo de
sua vida útil seja controlada e não superará 100 horas durante 12
meses consecutivos ou 500 horas ao longo da vida útil do condutor

UFES - Instalações Elétricas Prediais 19


Tabelas

UFES - Instalações Elétricas Prediais 20


Tabelas
• Fabricante de disjuntores GE

Int
I2

UFES - Instalações Elétricas Prediais 21


6.4- Dispositivos Diferenciais Residuais
• Segundo a NBR 5410 os dispositivos diferenciais residuais
possuem múltiplas funções, como:
– Proteção dos condutores contra sobrecorrentes;
– Proteção das pessoas contra choques elétricos;
– Proteção contra incêndios;
– Controlam o isolamento da instalação elétrica, impedindo o
desperdício de energia por fuga excessiva de corrente na
instalação elétrica.
• O que vem a ser um dispositivo diferencial residual?
– São dispositivos de proteção que atuam quando existe uma
corrente residual (fuga de corrente) circulando na instalação;
– Tem a principal função de proteger as pessoas contra eventuais
acidentes com choques choque elétricos, diretos e indiretos;

UFES - Instalações Elétricas Prediais 22


Princípio de funcionamento do DDR

• Fuga de Corrente:
– São causadas primordialmente por
falha no isolamento ou por falhas
internas dos equipamentos.
• I 1 = I 2 + Id
– Em condições normais: Id = 0
• A corrente de fuga pode ser devido
a falha de isolação ou a um choque
elétrico.
– Id= I1-I2
– O DDR atua medindo a todo
instante a corrente diferencial
residual.
UFES - Instalações Elétricas Prediais 23
Funcionamento do DDR
• DDR Bipolar
– Formado por uma bobina principal,
enrolada sobre um núcleo magnético. DDR
– Em condições normais de operação o
fluxo resultante é nulo.
– A bobina secundária é ligada a um
relé.
– Caso a corrente diferencial-residual
seja superior ao limite de atuação, a
bobina secundária envia um sinal
para o relé abrir os contatos
principais.
– O botão de teste (T) permite testar o
DR. Este causa um desequilíbrio,
provocando a atuação do DR.

UFES - Instalações Elétricas Prediais 24


Funcionamento do DDR
• Sensibilidade:
– É o valor de corrente que fará com que o DDR desarme, chamada
corrente diferencial-residual de atuação (I∆n);
– DR com I∆n < 30mA são classificados como DR de alta
sensibilidade;
• São utilizados na proteção tanto por contato indireto como contato
direto.
• São de uso obrigatório em instalações de baixa tensão (NBR 5410).
– DR com I∆n > 30mA são classificados como DR de baixa
sensibilidade.
• São utilizados na proteção contra incêndios e em esquemas de
aterramento IT.
• Observação:
– Um DDR já atua instantaneamente para I∆n /2

UFES - Instalações Elétricas Prediais 25


Curva de Atuação do DDR

Fonte: Catalogo de Produtos


Pial Legrand 2004 e 2005

UFES - Instalações Elétricas Prediais 26


Especificação Técnica do Dispositivo DR
• As principais características técnicas são:
– Corrente Nominal (In – A);
– Corrente diferencial-residual nominal de atuação – IΔN(mA);
• 30 mA, 100 mA, 300 mA, 500 mA.
– Tensão nominal – Vn(V);
– Capacidade de Interrupção – Icn(kA);
– Frequência- f (Hz);
– Número de pólos – 2 ou 4 pólos (bipolar ou tetrapolar).
• Podem ser encontrados de diversos tipos:
– Interruptores diferenciais – residuais;
– Disjuntores com proteção diferencial residual incorporada;
– Tomadas com interruptor diferencial – residual incorporado;
– Blocos diferenciais acopláveis à disjuntores de caixa moldada ou a
disjuntores modulares (mini-disjuntores).

UFES - Instalações Elétricas Prediais 27


Disjuntor Diferencial Residual

UFES - Instalações Elétricas Prediais 28


Interruptor Diferencial Residual

Fonte: Catálogo de Produtos GE

UFES - Instalações Elétricas Prediais 29


6.4.1- O DDR e a Proteção contra Choque Elétrico
• O que é um choque elétrico?
– É a sensação fisiopatológica sentida por uma pessoa ao ficar sujeita a
uma diferença de potencial entre as mãos, entre mão(s) e pé(s), entre os
pés, ou entre a cabeça e membro(s).
• Classificação do choque elétrico
– Contato direto:
• É o contato de pessoas e animais diretamente com partes energizadas de
uma instalação elétrica.
– Contato indireto:
• É o contato de pessoas e animais com partes metálicas (equipamentos) ou
elementos condutores que por falta de isolação ficaram acidentalmente
energizados.
• Estudos na década de 20 levaram ao levantamento dos efeitos da
correntes no corpo humano.
– Normas IEC 479, 479-1 e 479-2.

UFES - Instalações Elétricas Prediais 30


Reações Fisiológicas do Choque Elétrico
• A figura abaixo ilustra as zonas tempo/corrente dos efeitos da
corrente alternada, bem como as reações fisiológicas sobre as
pessoas.

UFES - Instalações Elétricas Prediais 31


DDR e a proteção contra Choque Elétrico
Curva DR Regiões de Choque Elétrico

• Para uma corrente de 10 mA qual o tempo de atuação do


DR? E para 15 mA e 30 mA?
UFES - Instalações Elétricas Prediais 32
Corrente de Choque Elétrico
• Quando uma pessoa toca uma parte ativa
da instalação, duas resistências são
importantes:
– A resistência interna da pessoa (RM);
– A resistência da ligação à terra (Rst).
• No caso de acidente, o pior caso ocorre
para quando Rst=0.
• A resistência do corpo humano varia:
– Entre as mãos ou entre a mão e pé,
possui valor médio de 1000 Ω;
• Para uma tensão de falha de 220V, a
corrente que circula pelo corpo humano
é de 220 mA ( 127 mA para 127V).
• Esta corrente pode matar? E aí que atua
o DDR....
UFES - Instalações Elétricas Prediais 33
6.4.2- Prescrições da NBR 5410 sobre DDR
• A NBR 5410:2004 estabelece as prescrições mínimas quanto a
aplicação dos dispositivos DR:
– Deve-se usar DR de alta sensibilidade (IΔn≤30mA) para proteção
contra contato direto e indireto;
– Obrigatoriedade do uso de dispositivos DR de alta sensibilidade:
• Locais que contenham banheira ou chuveiro deve possuir proteção
IΔn≤30mA;
• Circuitos que sirvam pontos de utilização em locais como banheira
ou chuveiro;
• Circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que
possam vir a alimentar equipamentos no exterior;
• Circuitos que, em locais de habitação, sirvam pontos de utilização
situados em cozinha, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço,
garagens e em áreas internas molhadas em uso normal ou sujeitas a
lavagens.
– O uso de DR não dispensa, em nenhuma hipótese o uso do
condutor de proteção, em toda sua extensão;

UFES - Instalações Elétricas Prediais 34


6.4.3-Instalação do DDR no QDC

UFES - Instalações Elétricas Prediais 35


Instalação do DDR no QDC

UFES - Instalações Elétricas Prediais 36


Instalação do DDR no QDC

UFES - Instalações Elétricas Prediais 37


Instalação do Interruptor Diferencial Residual

UFES - Instalações Elétricas Prediais 38


Instalação do Disjuntor Diferencial Residual

UFES - Instalações Elétricas Prediais 39

Você também pode gostar