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• Tarefa do terapeuta: fazer intervenções que tenham como objetivo atrair a atenção
do sistema e dirigi-la para o estilo com que o casal ou a família se move no ciclo. A
intervenção precisa focalizar as competências do sistema, assim como os padrões de
resistência e não a ação ou falta de ação de uma pessoa.
• A consciência de seu próprio processo possibilita que o casal ou a família se
interesse pelo modo em que funciona, em vez de tentar culpar alguém pelas
dificuldades.
Energia/ação
• Nessa fase, num sistema de casal ou de família, o interesse ou a preocupação com
alguma coisa emerge do conjunto da awareness, tornando-se uma figura
compartilhada por todos os membros do sistema. Esse processo é interpessoal: os
indivíduos desejam coisas diferentes, estão interessados nelas em graus
diversificados e expressam o que lhes é importante de modos diferentes.
• Um sistema competente pode trabalhar para uma fusão de desejos ao desenvolver
uma figura comum que abranja e ultrapasse as diferenças por meio de uma
combinação de pressão e paciência.
• Habilidades ativas necessárias: sugerir, criar, influenciar, provocar.
• Habilidades receptivas necessárias: abertura para ser influenciado, disponibilidade
para ser provocado, interesse nas sugestões, disponibilidade para incentivar e apoiar
a criatividade dos outros.
• Tarefa do terapeuta: procurar e apoiar o respeito pelo outro, além de incentivar as
habilidades descritas anteriormente.
• As interrupções/resistências nessa fase são caracterizadas por uma queda na energia
ou no interesse quando as diferenças ficam aparentes.
• Resistências à energia/ação mais comuns:
Confluência – o poder é mal utilizado ou exercido de modo abusivo: exigir, seduzir. Uma pessoa
tem poder demasiado e a energia da outra se torna deprimida e oculta – placidamente confluente.
Retroflexão – os membros do sistema não buscam um ao outro – não há calor, raiva, curiosidade
ou tentativas de influência mútua, ninguém insiste no contato, as fronteiras são exageradamente
respeitadas / rígidas. Esse sistema pode ficar isolado do mundo externo, pois não busca ajuda
facilmente.
Contato
• A fase de contato do ciclo é frutos dos esforços da fase de energia/ação. A figura
emergente é feita de desejos diferentes e pertence a todos, pois foi formada por um
processo de influência mútua.
• Quando o contato é forte, existe energia suficiente para a realização de acordos,
entendimentos e insights para o futuro.
• Tarefa do terapeuta: estar atento a quaisquer sinais de mutualidade saudável e a
movimentos em direção ao outro. Ex: “vamos fazer isso”, “conte comigo”. Estar
atento também a qualquer traço de resistência que possa ter começado na fase de
energia/ação (confluência e/ou retroflexão) e resultado numa figura ambígua cujos
contornos sejam confusos e indefinidos.
• Resistências ao contato mais comuns:
Quando a confluência existe na fase de energia/ação, o contato que se segue é incompleto, meio
cru. Ex: “essa pode ser uma boa ideia”, “pode ser”, “vou tentar lembrar”. Sistemas que tendem a
ser confluentes são aqueles que supervalorizam a concordância, a semelhança, e evitam conflitos.
Concordam prontamente com o terapeuta e não seguem nada do que é proposto.
Quando a retroflexão existe na fase de energia/ação, o contato não é alcançado e acontece um
retraimento prematuro. O sistema pode interromper a terapia e tentar resolver os problemas sem
ajuda externa. Ou um indivíduo ou subsistema retrai a energia para esperar por um outro
momento ou tentar resolver as coisas sozinho.
Resolução / conclusão
• Nessa fase do ciclo, o casal ou a família revê aquilo que aconteceu e procura modos
de expressar a experiência, procurando uma compreensão comum dos acordos,
apreciando a si mesmos e aos outros, e lamentando juntos aquilo que não pode ser.
O sistema resume, reflete e saboreia a experiência, e depois a define. Ex: “que pena
que isso aconteceu”, “você realmente ouviu”.
• A energia vai diminuindo gradualmente, terminando quando todo o interesse, a
curiosidade e os sentimentos estejam dissipados. Então o fechamento se torna
possível. Ex: “vamos ao cinema”, “vou voltar a estudar”.
• Tarefa do terapeuta: observar a presença ou a ausência das atividades necessárias
para a resolução. Quando a situação está incompleta, o terapeuta pode pedir: “digam
um ao outro o que vocês aprenderam com isso / como vocês se sentem”, “vejam
como todos parecem estar agora”.
• Resistências à resolução/conclusão mais comuns:
Deixar ir cedo demais – o sistema não aprende com cada ciclo resolvido.
Prender por tempo demasiado – a experiência é dissecada e drenada a ponto de ser seca e seu
sabor desaparecer.
• Quando a pessoa bloqueia o contato entre sensação e awareness, ela pode registrar
algumas sensações, mas não entende o que querem dizer. Os sinais de seu corpo são
estranhos e, às vezes, até assustadores. Ex: na crise de ansiedade, a hiperventilação e
a taquicardia podem ser experienciados como infarto em vez de aflição; uma dor
causada por gases abdominais pode ser interpretada como ansiedade por diversos
tipos de pensamentos, fantasias e sentimentos. Nesse último exemplo, o cliente é
solicitado a prestar atenção em suas experiências sensoriais: “o que você percebe
em seu corpo neste momento?”
Interrupção entre awareness e mobilização da energia
• Nessa forma de bloqueio, a pessoa trabalha inutilmente, incapaz de agir com base
em seus impulsos. Ela pode estar mobilizada, mas não consegue usar a energia a
serviço da atividade que lhe proporcionaria aquilo que quer. Resulta em sintomas
somáticos variados: hiperventilação, hipertensão, tensão muscular crônica,
disfunção sexual (a pessoa está em contato com sua energia sexual, mas não é capaz
de alcançar uma ereção completa ou a ejaculação), estados catatônicos da
esquizofrenia (a pessoa sente raiva, mas parece plácida e apresenta uma completa
flacidez muscular).
• Muitas vezes, a pessoa tem a awareness de seu desejo e até mesmo a energia
necessária, mas, com medo do fracasso, do ridículo, da decepção ou da
desaprovação, ela bloqueia a energia.
• O terapeuta deve permitir que o paciente expresse a energia que experiencia em seu
interior, mesmo que da maneira mais limitada e mínima. Como a contenção pode
ser severa, a expressão deve acontecer em um nível e dose confortáveis. Através de
experimentos, essas ações podem ser exploradas na relativa segurança do
consultório. Ex: “Você quer aprender a nadar? Como você experiencia não saber
isso? Onde está a energia que falta a essa habilidade? O que você pode fazer com
essa energia para começar a nadar? O que você pode fazer amanhã de manhã?”
Interrupção entre ação e contato
• Essa é a pessoa que a clínica designa como “histérica”. Tem sentimentos difusos,
fala muito e realiza diversas atividades, porém não consegue assimilar suas
experiências. Não está em contato com seu trabalho e não se abastece com a energia
despendida nem com as consequências de seu comportamento. Sua energia se
espalha pelos limites do corpo. Ex: quando come, não consegue saborear a comida;
quando faz sexo, tem apenas vagas sensações genitais; quando corre, não tem
consciência de seus músculos se contraindo e relaxando.
• Essas disfunções lhe dão uma sensação de irrealidade interna. Em geral, não se
sente em contato com o entorno e, às vezes, experiencia esvaziamento ou
superficialidade em sua vida interior, que podem ser fisicamente traduzidos como
um vazio no peito ou abdome. A pessoa pode abusar de sexo, comida ou drogas e
essa função acentuada da sensação lhe oferece uma noção de contato interior,
embora limitado.
• O terapeuta deve ajudar o cliente a localizar sua energia interior, prestar atenção
nela e impedir que seja prematuramente lançada no ambiente. Ex: pedir que o
cliente caminhe pela sala e se permita experienciar plenamente esse ato, sem se
apressar ou se distrair.
Interrupção entre contato e retração, retração e sensação: perturbações do ritmo