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Técnicas Cirúrgicas

- Fios cirúrgicos
- Agulhas

Professor: Francisco Barros


Aluno: Gabriel Oliveira Novais
4º Período – Medicina FIPMoc
Montes Claros, MG
2017.2
Fios cirúrgicos
• Fio cirúrgico é o material utilizados nas cirurgias para ligaduras,
fixações e contenções de estruturas anatômicas, através de nós e
suturas, até se consumar o processo natural de cicatrização.
• São classificados quanto ao diâmetro por numeração, seguindo a
sequência (mais fino  mais grosso):

12.0 – 6.0 – 5.0 – 4.0 – 3.0 – 2.0 – 1.0 – 1 – 2 - 3


Propriedades dos fios:
• Absorção* - absorvíveis x inabsorvíveis
• Configuração* – mono x multifilamentar

Monofilamentar Multifilamentar
torcido tracionado revestido
• Origem – biológica x sintética
• Força tênsil – força necessária ao rompimento de uma estrutura. Quanto menor o fio,
menor a força tênsil. A força tensil não deve ser inferior à do tecido sobre o qual será
aplicada. O melhor fio a ser utilizado possui o menor diâmetro e tem uma força tênsil
equivalente à dos tecidos.
•Segurança dos nós – relaciona com o coeficiente de fricção do fio. Quanto menor o
coeficiente, maior a chance de afrouxamento dos nós.
•Reação tecidual – inflamação (pico no 7º dia), processo inicial da cicatrização. Fios
monofilamentares não-absorvíveis desencadeiam menor resposta inflamatória. Entre
os absorvíveis, a reação é mais exuberante em fios de origem natural e menor nos de
origem sintética.
•Elasticidade – permite uma acomodação dos tecidos durante o processo de cicatrização
quando se encontram edemaciados, sem corta-los ou estrangula-los. Fios com boa
elasticidade: polipropileno (inabsorvível) e o poligliconato (absorvível)
•Memória – capacidade do fio de retomar sua forma original quando manipulado. Fios
com alta memória são rígidos, poucos flexíveis e com baixo coeficiente de fricção. Fios
monofilamentares possuem alta memória.
• Crescimento bacteriano – Fios multifilamentares aumenta os riscos de infecção
da ferida operatória pelo fato dos micro-organismos penetrarem entre os
filamentos, onde acham condições para proliferarem devido a proteção do
sistema imune. Aplicação de revestimento (silicone, teflon) tem a capacidade
de minimizar o risco.
• Adesividade de células tumurais – fios multifilamentes tem tendência de ser
aderidas por células neoplásicas, devido às características dos fios e em função
da sua composição (principalmente origem natural).
• Visibilidade em campos cirúrgicos – alguns fios possuem coloração tornando
mais fácil sua visualização em sangue ou serem incolores, sendo utilizáveis em
suturas subcuticulares.
• Custo.
Fios absorvíveis
São aqueles que se desintegram, não deixando resquícios após um
tempo. Utilizado cada vez mais para suturas subcuticulares, tendo a
obtenção de um bom resultado estético e a não necessidade de
retirada dos pontos. Podem ser de origem animal (Categute simples e
cromado) e sintéticos (Dexon®, Vicryl® [multifilamentar], Monocril®,
PDS® e Maxon® [monofilamentar])
Categute simples
Fio de origem animal, multifilamentar torcido, com resistência tênsil de
40% no 7º dia e 5% no 14º dia, absorvível. Reação tecidual moderada
no 7º dia e leve no 14º dia. Absorção total em 70 dias. Utilizado para
ligadura de vasos, suturas na epiderme, suturas gastrointestinais,
ginecológicas e urológicas. Com agulha (sertix simples); sem agulha
(categute simples).
Categute cromado
Fio de origem animal, multifilamentar torcido, adicionado com sais de
cromo em sua fabricação, com resistência tênsil de 65% no 7º dia, 40%
no 14º dia e 10% no 21º dia. Absorção total em 90 dias. Usados para
tecidos com cicatrização mais demorada. Com agulha (sertix cromado);
sem agulha (categute cromado).
Ac. Poliglicólico (Dexon)
Fio sintético, multifilamentar, absorvido em 60 a 90 dias. Boa
resistência tênsil, mantendo cerca de 60% no 7º dia. Fácil aleabilidade,
baixa resposta inflamatória. Usada em: peritônio, músculo, aponeurose
e subcutâneo.
• Ac. Poligalactico (Vicryl) – fio sintético, trançado multifilamentar, absorvido
entre o 70º e o 80º dia, mantém a força tênsil entre o 25º e o 30º dia. Mínima
reação tissular, ótima corrida e fixação dos nós e resistente a processos
infecciosos (cobertura com poligalactina e estearato de cálcio evita
capilaridade). Usados em: peritônio, músculo, aponeurose, subcutâneo

• Poliglecaprona (Monocril) – fio sintético, monofilamentar, absorvido entre o


90º e 120º dia. Força tênsil de 50% ao final da primeira semana, caindo para
30% no final da segunda. Boa maleabilidade com boa retenção dos nós.
Mínima reação tecidual. Possui como inconveniente a coloração transparente,
o que dificulta sua visualização na operação. Usado em: Peritonio, músculo,
aponeurose e subcutâneo.
• Polidioxanoma (PDS) – fio sintético, monofilamentar, absorvida entre o 160º e
180º dia. Resistencia tênsil de 70% no 14 dia. Resistente a processos
infecciosos. Indicado para cirurgia cardiopediátrica, gastrointestinal,
ginecológica e fascia aponeurótica. Usadas em peritônio, musculo, aponeurose
e subcutâneo.

• Poligliconato (Maxon) – fio sintético, monofilamentar, absorção completa


entre o 180 e o 210º dia. Tem 81% da sua força tênsil em 14 dias. Boa
maleabilidade, mínima reação inflamatória e boa elasticidade. Usada em:
peritônio, musculo, aponeurose e subcutâneo superficial.
Fios inabsorvíveis
• Permanecem por um tempo indefinido em contato com os tecidos,
possuindo em geral maior força tênsil. Podem ser de origem animal
(Seda), vegetal (Algodão e Linho) e sintéticos (mononylon, prolene,
PTFE, Novafil, aciflex [monofilamentares], nurolon, mersilene,
ethibond, ticron, vitalon, algofil, aciflex, flexon [multifilamentares].
• Seda (seda, Silk Point) – origem biológica, multifilamentar, trançado e
revestido. Perde 50% da força tênsil em 1 ano. Possui a maior
maleabilidade, causa resposta inflamatória intensa. Grande
capacidade à formação de corpos estranhos, com alta capilaridade e
grande adsorção bacteriana. Sem agulha (sutupak) e com agulha
(silk). Usado em aponeurose.

• Algodão com poliéster (Polycot, Cott point) – oalgodão biológico e


poliéster sintético. Multifilamentar, trançado com fibras de algodão e
poliéster. Perde 50% da força tênsil em 6 meses. Muito maleável,
menor reação tecidual. Usado em aponeuroses.
• Náilon (mononylon, ethilon) – sintético, pode ser mono ou
multifilamentar trançado.Perde 11% da resistência tensil em 1 ano.
Boa maleabilidade (multi 20x maior que o unifilamentar).
Desencadeia resposta inflamatória mínima. O monofilamentar é
muito usado para suturas de pele.
• Polipropileno (Prolene, Propilene) – sintético, monofilamentar. É um
dos fios inabsorvíveis mais resistentes,
mantendo-a praticamente inalterada por
um período de um ano. Possui grande
memória sendo necessária a aplicação de
muitos nós. Provoca reação inflamatória
mínima e baixa adesividade bacteriana.
Boa elasticidade, custo alto. É o fio de
escolha para suturas vasculares.
• Poliéster (Mersilene) – sintético, multifilamentar trançado. Grande
força tênsil, boa maleabilidade e proporciona nós seguros. Baixo grau
de reatividade tecidual. Possui grande índice de infecção, não é
revestido – alto coeficiente de fricção, causando a um maior dano dos
tecidos. Aplicado em pele e aponeurose.
• Tetratalato de Polibutileno (Novafil) – sintético, monofilamentar,
muito resistente. Menos rígido, porém pouco maleável e com nós
mais seguros que o náilon e prolene. Baixa reatividade tecidual.
Grande elasticidade.
• Politetrafluoretileno (GORE-TEX) – sintético, monofilamentar, com
boa resistência. O mais inerte dos fios. Desencadeia reação
inflamatória mínima, podendo ser utilizada em feridas contaminadas,
não aumentando o risco de infecção. É o de maior elasticidade.
• Metálicos – Usa-se aço inoxidável. Não há resposta tissular e a força
tênsil é indefinida. Desvantagem pelo problema de dar nós e causar
dor na ferida. Utilizado em fraturas ósseas e fechamento de esterno e
crânio.
Agulhas
• Principal agente de traumatismo tecidual em uma sutura. As agulhas com fios
já encastoados desencadeiam menor trauma do que aquelas que necessitam
montagem dos fios.
• É constituída por CORPO, COMPRIMENTO, PONTA, FUNDO, DIÂMETRO,
COMPRIMENTO DE CORDA E RAIO.
• O corpo e a ponta possuem diferentes formas geométricas, produzindo
diferentes tipos de lesão. As principais formas geométricas são: agulha
cilíndrica e triangular.
• Podem possuir diferentes curvaturas: curvas (¼, 3/8, ½, 5/8) e reta.
• Podem ser classificadas em traumáticas ou
atraumáticas, de acordo com o seu fundo.
Traumáticas – possui o fundo com orifício (olho),
que pode ser olho simples fechado, olho duplo
fechado e olho duplo aberto (mais comum).

Atraumáticas – não possuem olho no fundo, com


o fio já inserido no seu corpo. Permite maior
suavidade de passagem pelos tecidos.

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