Você está na página 1de 32

SUPREMO RELATOR

Processo decisório e mudanças na composição do STF nos


governos FHC e Lula*
Fabiana Luci de Oliveira
SUPREMO RELATOR

• A importância jurídica do processo decisório;

• Supremocracia.
SUPREMO RELATOR

• Âmbitos do processo decisório:

1. Desenho instituiconal
2. Usos do tribunal
3. Dinâmica interna
4. Reação às decisões do tribunal (compliance)
SUPREMO RELATOR

• As quatro abordagens na análise do processo


interno de decisão judicial:

1. Legal
2. Atitudinal
3. Estratégica
4. Institucional
SUPREMO RELATOR

• As ADIns e o processo decisório no STF;


• ADIns são ouvidas de forma relativamente rápida e os seus efeitos são
vinculativos e não podem ser objeto de recurso.

• De outubro/1998 até dezembro/2009:

• 4.353 ADIns:

2.853 ações tiveram decisão final proferida. 64% destas decisões não
foram conhecidas, 6% foram declaradas improcedentes e 30% foram
procedentes na totalidade ou em parte.
SUPREMO RELATOR

• Queda acentuada do acionamento do STF via ADI a partir de 2005.


SUPREMO RELATOR

• 66% Decisão final


julgada:

• 64% Não conhecidas


• 6% Improcedentes
• 30% Procedentes

• 24% Aguardando julgamento

• 10% Decisão liminar


SUPREMO RELATOR
• Recorte temporal – composição do STF entre os governos
FHC e Lula

• Nomeações:
• Fernando Collor - 4 ministros: • Fernando Henrique Cardoso - 3 ministros:

Carlos Mário da Silva Velloso Ellen Gracie Northfleet


Ilmar Nascimento Galvão Gilmar Ferreira Mendes
José Francisco Rezek Nelson Azevedo Jobim
Marco Aurélio Mendes de Farias Mello
• Lula - 6 ministros:
• Itamar Franco - 1 ministro:
Antonio Cezar Peluso
Maurício José Corrêa
Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto
Joaquim Benedito Barbosa Gomes
Eros Roberto Grau
Enrique Ricardo Lewandowski
Cármen Lúcia Antunes Rocha
SUPREMO RELATOR

Em 2019:

1. Celso de Mello
2. Marco Aurélio
3. Gilmar Mendes
4. Ricardo Lewandowski
5. Carmén Lúcia
6. Dias Toffoli
7. Luiz Fux
8. Rosa Weber
9. Roberto Barroso
10. Edson Fachin
11. Alexandre de Moraes
SUPREMO RELATOR

• Trajetória de carreira dos Ministros:

• Poder Judiciário: 8
• Ministério Público: 10
• Política: 5
SUPREMO RELATOR

• Diminuiu a
predominância de
ministros com carreira
no Judiciário;

• A trajetória política e
carreira no Ministério
Publico permaneceu
constante.
SUPREMO RELATOR

• Padrões de judicialização da política nas duas administrações


presidenciais segundo Taylor e Da Ros (2008):
• Judicialização como tática de oposição: declarar oposição ou desmerecer políticas
públicas;

• Judicialização como arbitragem de interesses em conflito: definir ou aperfeiçoar as


regras do jogo que beneficiem um ou um conjunto;

• Judicialização como instrumento de governo - políticas públicas de interesse do seu


governo, paralisia decisória ou impasse legislativo.

• Redução no uso do STF para questionamento de políticas


públicas.
SUPREMO RELATOR

• Variação no tipo de judicialização:


• Governo FHC: predominou a judicialização como tática de oposição;

• Governo Lula: predominou a judicialização como instrumento de governo.

• Fatores:
• Diferença dos atores;

• Mudança no contexto político e na saliência das políticas públicas.


SUPREMO RELATOR
• As ADIns e as respostas dadas pelo STF no período 1999-2006

• O tempo médio de decisão final de uma


ADI no periodo foi de 38,9 meses;

• O volume de acionamento entre o segundo


governo FHC para o primeiro governo lula
aumentou em 17,5%;

• Aumento da distribuição de ADIns no


período Lula.
SUPREMO RELATOR

• Das ADIns que tiveram decisão


final julgada durante o período
Lula:

• 8% das ADIns eram originárias do período


anterior a 1995;

• 13% do primeiro governo FHC;

• 27% do segundo governo FHC;

• 52% do primeiro governo Lula.


SUPREMO RELATOR

• Respostas cautelares:

• Durante o segundo governo FHC


não houve passivo;

• Durante o primeiro governo Lula


19% eram de ações entradas no
governo anterior, 81% no próprio
governo;

• Tempo médio de decisão de uma


liminar em ADI foi de 8,7 meses.
SUPREMO RELATOR

• Decisões finais:
• Maior incidência de decisões
procedentes durante o primeiro
governo Lula;

• Maior incidência de ações não


conhecidas durante o segundo
governo FHC.
SUPREMO RELATOR

• Perfil da demanda:

• Aumento no primeiro governo Lula de normais


estaduais questionadas;

• Redução no primeiro governo Lula de normas


municipais e federais questionadas.
SUPREMO RELATOR

• Perfil da demanda:
• Os legislativos estaduais
são os maiores requeridos;

• Aumento durante o
primeiro governo Lula dos
legislativos estaduais e
governos estaduais;
SUPREMO RELATOR

• Perfil dos demandantes:

• Queda na utilização do STF


pelos partidos políticos
durante o primeiro governo
Lula;

• Aumento na utilização do
STF pelos governadores e
pelo procurador-geral da
República;

• Partidos dos Trabalhadores


não elaborou nenhuma ADI
contra normais federais
durante o governo Lula.
SUPREMO RELATOR

• Apesar de mudanças nas


partes envolvidas, a ADIn
não tem grandes mudanças
nas temáticas julgadas;

• Predomínio absoluto das


questões ligadas à
administração pública;

• Mais da metade das ADIns


julgadas nos dois governos
foram com intuito de
disciplinar o funcionamento
do Estado e da Justiça.
SUPREMO RELATOR

• Aumento na origem da adm. pública municipal e redução da federal


durante o primeiro governo Lula.

• Aumento na origem econômico-tributárias do âmbito federal e


redução da municipal durante o primeiro governo Lula.
SUPREMO RELATOR

• Mudança de orientação quanto a decisão:

• No governo FHC muitas ações não conhecidas e no governo Lula, com exceção da
administração da justiça, houve aumento de julgamentos procedentes.
SUPREMO RELATOR

• Mudança de orientação também a respeito da origem da norma questionada,


normas federais e estaduais tiveram um aumento de julgamento procedente.
SUPREMO RELATOR

• ADIns que questionam diplomas federais:

• O ministro do Supremo Tribunal Federal vota de acordo com os interesses do


presidente que o nomeou?
SUPREMO RELATOR

• Durante o governo Lula há uma resposta mais “positiva” por parte do


Supremo às demandas ouvidas.
SUPREMO RELATOR

• No padrão de respostas, as composições finais


do tribunal tendem a deferir proporcionalmente
mais ações que as inicias.
SUPREMO RELATOR

• A agenda temática
sofreu alteração nas
questões econômico-
tributárias no governo
Lula pela política de
reajuste de salário
mínimo, concessão para
exploração de recursos
naturais, imposto de
renda e CPMF;

• No governo Lula
aumentaram as disputas
político-partidárias, com
ênfase em temas como
fidelidade partidária,
regulamentação da
propaganda e
regulamentação dos
partidos políticos.
SUPREMO RELATOR

• Aumento no resultado das decisões durante o governo Lula em quase todas as


classes temáticas, mas em especial, político partidária com um aumento de 26%
SUPREMO RELATOR
Análise multivariada do processo
decisório no STF

• Foi constatado que a última composição do


supremo é a que mais deferiu ações, seguida da
segunda, da terceira e da sexta;

• O Supremo responde mais favoravelmente quanto


às demandas dos governadores e do procurador-geral
da República se comparadas às demandas dos
partidos políticos;

• O STF responde mais positivamente às demandas


sobre o mundo do trabalho quando comparada às
demandas ligadas ao tema da administração pública;

• E responde de forma mais restritiva quando o


assunto é econômico-tributário ou relacionado com a
administração da justiça, comparativamente à
administração pública.
SUPREMO RELATOR
Análise multivariada do processo
decisório no STF

• Em apenas 6 das 692 ações julgadas no


período considerado, o voto do relator foi
diferente do resultado final da decisão, ou
seja, em 99% dos casos o voto do relator é
igual à decisão final;

• Sucesso do relator pode ser um indicativo


de que há negociações nos bastidores do
Supremo e um tema só entraria em pauta na
agenda de votação quando o relator entende
que tem maioria suficiente para aderir a sua
orientação;

• Outra possível explicação, seria a elevada


carga de trabalho, não há tribunal no mundo
que tome mais decisões do que o do Brasil, o
que faz com que os ministros adiram ao voto
do relator com maior frequência.
SUPREMO RELATOR
• Considerações finais
• O tribunal respondeu de forma mais “positiva” aos requerentes e foi muito menor o não
conhecimento de ações no primeiro governo Lula quando comparado ao segundo governo FHC;

• Maior proporção de magistrados na composição, torna o tribunal mais contido e restritivo;

• O Supremo exerce grande controle sobre a formação de sua agenda decisória com base na
definição de quando o tema será levado a plenário e se utiliza por meio de estratégias como não
reconhecimento, pedidos de vista, para evitar se posicionar sobre questões que possam desgastar
sua imagem;

• Desmitifica que haveria sempre subserviência dos ministros ao presidente que os nomeou. No
segundo governo FHC (3 ministros) 5% das normas federais questionadas foram derrubadas e
no primeiro governo Lula (6 ministros) essa proporção saltou para 14%;

• Por fim, o peso do relator na determinação do resultado da decisão. Em matéria de formação


das decisões do STF, o voto do relator importa.

Você também pode gostar