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Análise e compreensão da

experiência valorativa

Reflexões
Filosofia 10º ano

Isabel Bernardo
Catarina Vale
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Como agir?
EXERCÍCIO DE PROBLEMATIZAÇÃO

A ação humana é motivada e intencional.

Variadíssimos são os motivos e as ações que impulsionam e norteiam as


ações dos agentes.

Se o agente é dotado de vontade, de querer, então a decisão e a escolha


por vários cursos de ação impõem-se ao agente como uma necessidade.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Como agir?
EXERCÍCIO DE PROBLEMATIZAÇÃO

Se o agente se vê confrontado com a necessidade de decidir, de


escolher…

Se o agente delibera racionalmente sobre os fins e os meios da sua


ação…
 Qual é a base das suas preferências que o levam a agir neste ou
naquele sentido?
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Como agir?
EXERCÍCIO DE PROBLEMATIZAÇÃO

Numa situação em que o agente é levado a pronunciar-se num referendo, votando


contra ou a favor da interrupção voluntária da gravidez, o que pode pesar na sua
decisão?
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Como agir?
EXERCÍCIO DE PROBLEMATIZAÇÃO

Os valores são elementos fundamentais na ação humana individual e


coletiva, tanto ao nível dos motivos que a impulsionam como das
intenções que as orientam.

Os valores permitem interpretar e compreender as ações (dimensão


descritiva) como orientam a ação (dimensão normativa).
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A experiência axiológica e a noção de valor


EXERCÍCIOS DE CONCEPTUALIZAÇÃO

A Axiologia ou Teoria dos Valores é a área da filosofia que se dedica à


reflexão sobre a dimensão valorativa da ação humana.

Axiologia deriva da palavra grega axios que significa valor, valioso.

Neste domínio teórico são colocadas questões como: O que são valores?
Qual a natureza dos valores? São meramente ideais ou reais? E os
juízos de valor, são subjetivos ou objetivos?
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

A experiência axiológica e a noção de valor


EXERCÍCIOS DE CONCEPTUALIZAÇÃO

A experiência humana da realidade é profundamente axiológica, no


sentido em que a vivenciamos à luz de valores.

Se analisarmos a nossa experiência diária, veremos que estamos


permanentemente a agir e a avaliar o mundo que nos rodeia, as nossas
experiências e as escolhas que fazemos à luz de valores. É nisso que
consiste a experiência axiológica do mundo.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A experiência axiológica e a noção de valor

“Valoramos as mais
diferentes coisas.
O nosso valorar recai
sobre todos os objetos
possíveis: água, pão,
vestuário, saúde, livros,
homens, opiniões, atos.
Tudo isso é objeto das
nossas apreciações.”

J. Hessen (2001). Filosofia dos


valores.
Coimbra: Almedina, p. 45.

Salvador Dali, Natureza-Morta Viva, 1956


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

A experiência axiológica e a noção de valor


EXERCÍCIOS DE CONCEPTUALIZAÇÃO

Os valores…
 são qualidades;

 são noções gerais de bem, que os


indivíduos e as coletividades
reconhecem como propriedades
ideais;
 tornam os objetos ou os atos
desejáveis, estimáveis, de tal forma
que se aspiram a ter e a realizar.
Johannes Vermeer, A leiteira, 1658
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Diversidade dos valores

Categorias de Exemplos de
valores valores
Valores vitais Vida, saúde, força, segurança

Valores económicos Riqueza, abundância

Valores éticos Bem, solidariedade, igualdade

Valores políticos Justiça, liberdade

Valores estéticos Belo, sublime

Valores religiosos Sagrado, divino


Isabel Bernardo
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Polaridade dos valores


A polaridade dos valores consiste no facto de que cada valor corresponde a uma
apreciação positiva a que se opõe um contravalor, ao qual corresponde uma
avaliação negativa da realidade.

Valor Contravalor
(dimensão positiva) (dimensão negativa)
Vida Morte
Riqueza Pobreza
Igualdade Desigualdade
Justiça Injustiça
Belo Feio
Honestidade Desonestidade
Tolerância Intolerância
Elegância Deselegância
Isabel Bernardo
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Hierarquia dos valores

Os diversos valores e as diferentes categorias de valores não têm o mesmo grau


de importância para os indivíduos e para as sociedades.

Nesse sentido, há valores considerados superiores e outros inferiores.

Há valores que são subordinados a outros.


 Esta diferenciação é designada por hierarquia de valores.

 O conjunto de valores hierarquizado e que é adotado pelos indivíduos, uma


comunidade ou sociedade, tem a designação de tábua de valores.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Hierarquia dos valores – exemplos de tábuas de valores

Tábuas de valores diferentes dão intencionalidades diversas às ações dos


agentes.

São habitualmente mais complexas do que os exemplos apresentados.


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Hierarquia dos valores

As tábuas de valores não


são estáveis no tempo e no
espaço.

Indivíduos sociedades e Mulheres gregas, Grécia Retrato de dama, Botticelli, Retrato de


Antiga, c. 450-440 a. C. c. 100-110 a.C. uma jovem, 1475
comunidades vão
redefinindo as suas tábuas
de valores e o significado
que atribuem aos valores.

A noção de belo foi-se


modificando ao longo da
história.
Leonardo da Vinci, Delacroix, Jovem orfã, Klimt, Retrato de Adele
Mona Lisa, 1503-05 1824 Bloch- Bauer, 1907
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Tábuas de valores e ações dos agentes

Faz parte da direção de uma instituição que


recolhe bens com vista a uma distribuição mais
igualitária da riqueza.

Vai regularmente ao médico. Tem


muitos cuidados com a alimentação.
Pratica desporto.

O percurso escolar e a
profissão foram escolhidas em
função da possibilidade de vir a
obter um bom rendimento.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Tábuas de valores e ações dos agentes

Só adquire objetos que sejam belos e compra alguns


apenas porque são belos, mesmo que pouco
funcionais. Organiza as suas férias de acordo com a
possibilidade de visitar museus de arte
contemporânea.

Pratica desportos que aumentam a


força física e mental.

Tornou-se vegetariano e só
consome produtos
provenientes da agricultura
biológica.
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Tábuas de valores e ações dos agentes

Tarefa: E no teu caso, quais são os três valores que consideras estar no
topo da tua tábua de valores?

1 - Reflete sobre quais são os três valores mais importantes na tua ação.

2 - Organiza-os por ordem do menos para o mais importante.

3 - Identifica as principais razões que sustentam a tua opção.

4 - Identifica exemplos de ações realizadas por ti que expressam a


importância que dás a esses valores.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Juízos de facto e juízos de valor

Um juízo é um tipo de proposição na qual se estabelecem relações entre


conceitos.

E o que distingue os juízos de facto dos juízos de valor? Façamos a


análise de alguns juízos para identificar as diferenças.

Juízos de Facto Juízos de Valor


A neve é branca. A neve é bela.
O João tem 15 anos. O João é bom.
A UNESCO distribuiu 10 A distribuição de livros feita
toneladas de livros. pela UNESCO foi justa.
Isabel Bernardo
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Juízos de facto e juízos de valor

Juízos de Facto Juízos de Valor

Informativos – transmitem Valorativos – avaliam coisas,


informação sobre a realidade. acontecimentos e ações,
estabelecendo e expressando
Pode-lhes ser atribuído um valor preferências
A atribuiçãovalorativas.
de um valor de verdade
de verdade – por confronto com a é discutível – podem gerar desacordo
realidade empírica será possível sem que se chegue a consenso.
verificar se são verdadeiros ou
Normativos – estabelecem princípios
falsos.
Descritivos – traduzem a realidade de ação e de avaliação
Isabel Bernardo
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Juízos de facto e juízos de valor


Na tabela que se segue, identifica, justificando, os que são juízos de facto e os que
são juízos de valor.
Juízos de Juízos de
facto valor

Todas as pinturas de Van Gogh estão em museus.

As casas devem ser seguras.

Os amigos devem ser leais.

Esta camisola é elegante.

O João é alto.

Ser alto é bom.

Há muitos museus de arte contemporânea.


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Bibliografia
- Hessen, J. (2001). Filosofia dos valores. Coimbra: Almedina.
- Renaud, Isabel (1989). Axiologia. In. Logos. Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia. Vol I. Lisboa: Verbo, pp. 558-
559.
- Savater, F. (1999). As perguntas da vida. Lisboa: Publicações D. Quixote, pp. 189-214.
- Touraine, A. (1998). Iguais e diferentes. Poderemos viver juntos? Lisboa: Instituto Piaget.

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