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Argumentos a favor da

existência de Deus

Reflexões
Filosofia 10º ano

Isabel Bernardo
Catarina Vale
Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

Dimensões da ação
humana e dos
valores

Religião, fé e
razão

Argumentos a
favor da
existência de
Deus

Morte e Vida de Gustav Klint (1916)


Isabel Bernardo
Reflexões Catarina Vale
Filosofia 10.º ano

A relação entre razão e fé

Filósofos e teólogos discutiram durante


séculos a natureza de Deus, as suas
características e a possibilidade de
Deus ser conhecido racionalmente.

O teísmo é uma posição, defendida por


filósofos e teólogos, segundo a qual é
possível provar racionalmente a
existência de Deus.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Para os teístas, Deus é entendido como um ser:


Omnipotente – possui a capacidade de fazer tudo o
que é possível.
Omnipresente – tem a possibilidade de estar em todo o
lado.
Omnisciente – tudo sabe.
Criador – autor do universo.
Sumamente bom – exemplo absoluto da retidão moral.
Transcendente e infinito – está fora do tempo e do
espaço.
Necessário – não pode deixar de existir.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Argumentos a favor da existência de Deus:


Existem vários argumentos teístas a favor da existência de
Deus.
Dois desses argumentos são o argumento ontológico de
Santo Anselmo e o argumento cosmológico de São Tomás
de Aquino.

A anunciação de Leonardo da Vinci (1472)


Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Argumento ontológico de Santo Anselmo:

Para construir a sua argumentação, Santo Anselmo começa


por apresentar uma noção de Deus que tanto pode ser aceite
por um crente como por um não crente.

Tu [Deus] és «alguma coisa maior do que a qual nada possa


ser pensado».
Santo Anselmo (1077-78). Proslogion. Trad. e comentário de J. S. Rosa; M.ª H. Pereira (1995).
Lisboa: Texto Editora, p. 16 (adaptado)

Tarefa 1
Clarifica qual o significado que podemos atribuir a esta
afirmação de Santo Anselmo.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Argumento ontológico de Santo Anselmo:

Santo Anselmo pretende dizer que:

a ideia de Deus é a de um ser tão perfeito que não


existe nenhum outro mais perfeito do que Ele.

Esta noção é, em si, verdadeira pelo que até um não crente a


tem de aceitar.

Está estabelecida, pelo menos como ideia, a existência de


Deus.

Porém, poderá Deus existir apenas como ideia?


Pode Deus existir apenas no pensamento?
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Argumento ontológico de Santo Anselmo:


Se na verdade, existe pelo menos no intelecto, pode
pensar-se que exista também na realidade, o que é ser
maior.
Mas, sem dúvida, «aquilo maior do que o qual nada pode
ser pensado» não pode existir unicamente no intelecto.
Existe, pois, sem a menor dúvida, «alguma coisa maior do
que a qual nada possa ser pensado», tanto no intelecto como
na realidade.
Santo Anselmo (1077-78). Proslogion. Trad. e comentário de J. S. Rosa; M.ª H. Pereira
(1995). Lisboa: Texto Editora, p. 16 (adaptado)
Tarefa 2
Enuncia o argumento de Santo Anselmo que o leva da ideia de
Deus para a defesa da existência de Deus.
Isabel Bernardo
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Argumento ontológico de Santo Anselmo

Existir em pensamento e para


além do pensamento é uma
perfeição maior do que existir
apenas em pensamento.

Se Deus existir apenas como


ideia, não seria o mais perfeito de
todos os seres.

Logo, Deus tem de existir tanto


no pensamento como na O sonho de Joaquim
de Giotto di Bondone (1305)
realidade.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Análise crítica ao argumento ontológico


de Santo Anselmo
Objeção de Gaunilo

Gaunilo, monge contemporâneo de Santo Anselmo, afirmou


que este, no seu argumento, terá dado um salto
excessivamente grande.
Tarefa 3
Identifica qual o salto que terá sido dado no argumento de
Santo Anselmo.
Passar da afirmação da existência de Deus no intelecto para
a afirmação da sua existência na realidade. Objeta Gaunilo
que se a existência fosse uma característica da perfeição,
tudo o que se imagina como perfeito, existiria.
Isabel Bernardo
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Análise crítica ao argumento ontológico


de Santo Anselmo

Tarefa 4
Analisa o texto de Nigel
Warburton que se encontra na
página 78 do teu Manual.
Reconstrói a objeção aí
apresentada ao argumento
ontológico de Santo Anselmo.

A sagrada família com Santa Isabel e S. João Baptista


de Francesco Primaticcio (1541-1543)
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Filosofia 10.º ano

Análise crítica ao argumento ontológico


de Santo Anselmo
Em síntese…
Para se poder atribuir uma qualidade a um ser a
existência é uma qualidade prévia.

Assim, para se considerar omnipotente, omnipresente,


entre todas as perfeições que lhe são atribuíveis, a
existência de Deus é uma condição prévia e não uma
qualidade que deve ser necessariamente acrescentada
à perfeição.

Logo, a existência não pode inferida da perfeição. Pelo


contrário, a perfeição implica a existência.
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Filosofia 10.º ano

Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

- Inicialmente defendido por S. Tomás de Aquino, é


também conhecido pelo argumento da causa primeira.

- Ponto de partida de S. Tomás de Aquino.

*A existência das coisas resulta de relações causais que se


sucedem e nada começou a existir sem uma causa.
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Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

- Então, tudo o que existe tem uma causa, já que nada é


causa de si próprio. Diz-nos S. Tomás de Aquino:

“É evidente, sendo atestado pelos nossos sentidos, que,


neste mundo, alguns seres são movidos. Ora, tudo o que se
move é movido por um outro. Logo, se a coisa que move é
também movida, é preciso que seja movida por um outro e,
este último, por um outro.”
São Tomás de Aquino, Suma Teológica, Primeira Parte, q. 2, a. 3 (1267-73)
(adaptado). Obtido em http://filosofiadareligiao.no.sapo.pt em 26.01.2013.
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Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

- No entanto, se tudo tem uma causa, diz-nos S. Tomás de


Aquino, não é possível retroceder ao infinito:

“Ora, não se pode proceder, assim, até ao infinito, pois,


neste caso, não haveria um primeiro motor e, por
consequência, nenhuns outros motores; com efeito, os
motores segundos só movem a não ser que sejam movidos
pelo motor primeiro, do mesmo modo que o bastão só se
move se for movido pela mão.”
São Tomás de Aquino, Suma Teológica, Primeira Parte, q. 2, a. 3 (1267-73)
(adaptado). Obtido em http://filosofiadareligiao.no.sapo.pt em 26.01.2013.
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Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

não é possível considerar que a cadeia de causas


e efeitos não foi em si causada, pois tudo tem uma
causa

fazer depender o que existe do acaso ou do nada


é um absurdo

é preciso recorrer a um ser necessariamente


existente, que traga em si a razão da sua
existência e cuja não existência seja uma
contradição
Isabel Bernardo
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Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

- Essa causa última, origem de todas as coisas, é Deus

“Logo, é necessário chegar a um primeiro motor, sem ser


posto em movimento por nenhum outro, o qual todos
compreendem ser Deus.
Verificamos, observando as coisas sensíveis, que há uma
ordem nas causas eficientes. Mas, não se encontra, nem é
possível que assim seja, uma coisa que seja a causa eficiente
dela mesma, pois seria anterior a si, o que é impossível.
Logo, é necessário afirmar que existe uma primeira causa
eficiente que todos chamam Deus.”
São Tomás de Aquino, Suma Teológica, Primeira Parte, q. 2, a. 3 (1267-73)
(adaptado). Obtido em http://filosofiadareligiao.no.sapo.pt em 26.01.2013.
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Argumento cosmológico de S. Tomás de Aquino

Tarefa 5
Analisa a argumentação de
S. Tomás de Aquino e
determina, com o teu
colega de carteira, que
objeções lhe podemos
dirigir.

Moisés aspergido com a água do regato


de Jacopo Tintoreto (1577)
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Filosofia 10.º ano

Análise crítica ao argumento cosmológico


de S. Tomás de Aquino

Primeira objeção
Argumento autocontraditório
Se São Tomás começa por afirmar que tudo tem uma causa
e que nada existe por si, não pode afirmar a seguir, sem
justificação, que Deus é uma causa não causada.

Segunda objeção
Términus da regressão da procura das causas
Ao encontrar a causa primeira, a busca de S. Tomás cessa.
Contudo, a cadeia causal poderia ser efetuada até ao infinito.
Isabel Bernardo
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Filosofia 10.º ano

Bibliografia
Blackburn, S. (2001). Pense. Uma introdução à Filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 160-170.
Merlussi, P. (2009). O argumento ontológico e o problema da possibilidade da existência
de Deus. Obtido em http://criticanarede.com/argontologico.html em 08.10.2012.
Rachels, J. (2009). Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 27-52.
Santo Anselmo (1077-78). Proslogion. Trad. e comentário de J. S. Rosa; M.ª H. Pereira
(1995). Lisboa: Texto Editora.
S. Tomás de Aquino, Suma Teológica, Primeira Parte, q. 2, a. 3 (1267-73). Obtido em
http://filosofiadareligiao.no.sapo.pt em 26.01.2013.
Warburton, Nigel (1998). Elementos básicos de Filosofia. Lisboa: Gradiva, pp. 31-44.

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