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Introdução

No âmbito da disciplina de Filosofia foi-nos proposto um trabalho sobre a


religião. Neste trabalho vamos abordar o argumento ontológico de Anselmo de
Cantuária. Anselmo de Cantuária, considera que Deus existe tanto no
pensamento como fora dele, ou seja, na realidade. A definição de Deus
enquanto ser insuperavelmente grandioso tem de aplicar-se, forçosamente, a
algo ou alguma coisa fora do pensamento.

Argumento ontológico de Anselmo Cantuária

Recordas-te de, a propósito do problema epistemológico da possibilidade de


conhecimento, termos analisado o argumento ontológico de Descartes a favor
da existência de Deus? Ao longo da história do pensamento, encontramos
diversas versões deste tipo de argumentos. Não há, pois, um único argumento
ontológico, mas uma extensa família de argumentos a que chamamos de
ontológicos. O que tem em comum é o facto de todos eles procurarem deduzir
a existência de Deus da simples análise do conceito ou da definição de
Deus. Desta família alargada de provas que procuram estabelecer a priori a
existência de Deus, a mais importante historicamente é precisamente o
argumento ontológico de Anselmo de Cantuária (ou Anselmo de Aosta)
apresentado no século XI. A mais conhecida e discutida na atualidade é o
argumento ontológico desenvolvido por Alvin Platinga. Anselmo de Cantuária
procura provar que a existência de Deus se segue necessariamente da
definição de ser maximamente grandioso. Começa por definir Deus como o
«ser maior do que o qual nada pode ser pensado», isto é, como o ser mais
grandioso que o pensamento pode conceber. Tal significa que, por definição,
Deus tem o grau máximo de grandiosidade concebível. Sendo concebível e
compreendido, inclusive por não crentes (tolos ou insensatos, nas suas
palavras), então existe forçosamente no pensamento. Tudo o que é concebível
ou pode ser compreendido tem necessariamente existência no pensamento.
Quem quer que tenha ouvido falar de Deus, pense Deus, diz Anselmo de
Cantuária. Temos então 2 afirmações como ponto de partida:
 Deus é um ser maior do que o qual nada pode ser pensado;
 Deus (o ser maior do que o qual nada pode ser pensado) existe no
pensamento.

Anselmo de Cantuária, considera que Deus existe tanto no pensamento como


fora dele, ou seja, na realidade. Assim, se analisarmos apenas a natureza do
próprio conceito de Deus e raciocinarmos validamente, chegaremos a uma
entidade efetivamente existente que é Deus. A definição de Deus enquanto ser
insuperavelmente grandioso tem de aplicar-se, forçosamente, a algo ou alguma
coisa fora do pensamento. Aceitar o contrário seria admitir uma contradição.

Deus (o ser maior do que o qual nada pode ser pensado) existe no
pensamento.
Se Deus existe apenas no pensamento e não na realidade, então é
concebível um ser maior do que Deus.
Não é concebível um ser maior do que Deus.
Logo, Deus existe tanto no pensamento como na realidade.

ANSELMO DE CANTUÁRIA (1033-1109)

Filósofo e teólogo nascido em Aosta, na Itália, no seio de


uma família aristocrática. Foi um dos mais ilustres
representantes da filosofia escolástica – um nome genérico
por que é conhecida a filosofia medieval. Em adolescente
quis tornar-se monge, mas o pai não o permitiu. Aos vinte e
sete anos, porém, juntou-se à Ordem Beneditina, na
abadia de Bec, em França.
Poucos anos depois, num período muito conturbado para a
Igreja, escreveu sobre diversas questões religiosas, É hoje
sobretudo conhecido pelos seus argumentos a favor da
existência de Deus, dos quais se destaca o argumento
ontológico. Encontramos estes argumentos
fundamentalmente em três obras – Monologion, De
Veritate e Proslogion. As suas obras e carreira eclesiástica
Anselmo de Cantuária exerceram grande influência no pensamento posterior. A
Igreja católica atribui-lhe os estatutos de Santo e de Doutor
da igreja.

Para Anselmo de Cantuária, se um ser possível é, por definição,


insuperavelmente grandioso, então esse ser tem de, necessariamente, existir.
Afinal, caso não existisse, não seria o que é por definição: maximamente
grandioso, perfeito. O seu argumento é válido. Mas tratar-se-á de um bom
argumento? Será que tem razão ou haverá algo de errado com o seu
argumento ontológico?
Críticas ao argumento ontológico de Anselmo de Cantuária
1. O argumento ontológico de Anselmo de Cantuária conduz a
conclusões absurdas
As primeiras críticas ao argumento ontológico de Anselmo de Cantuária vieram
dos seus contemporâneos. Uma objeção frequentemente citada é a célebre
resposta que o monge Gaunilo expôs no Livro em favor de um insensato.
Gaunilo não nega que possa haver um argumento que permita estabelecer
racionalmente a existência de Deus. Afirma, contudo, que o argumento de
Anselmo de Cantuária é insatisfatório. Do simples facto de algo existir no
pensamento não é possível inferir que esse algo tenha, necessariamente,
correspondência na realidade.
A estratégia de Gaunilo passa por mostrar que o argumento de Anselmo de
Cantuária conduz a conclusões absurdas. Serve para demonstrar a existência
efetiva de coisas que todos concordamos não serem reais, como uma ilha
perfeita no meio do oceano a que chamou, com ironia, ilha Perdida, dada a
dificuldade ou, mais corretamente, a impossibilidade de ser encontrada.

A ilha Perdida (algo maior do que o qual nada pode ser pensado) existe no
pensamento.
Se a ilha Perdida existe apenas no pensamento e não na realidade, então é
concebível algo maior (mais grandioso ou mais perfeito) do que a ilha
Perdida.
Não é concebível algo maior (mais grandioso ou mais perfeito) que a ilha
Perdida.
Logo, a ilha Perdida existe tanto no pensamento como na realidade.

2. A existência não é um atributo ou predicado


Kant, no século XVIII, elabora uma objeção mais sofisticada do que a crítica
de Gaunilo. Afirma que o erro do argumento ontológico passa por
considerar a existência como um atributo ou predicado. Segundo Kant, não
é o mesmo dizer que Deus é omnipotente, omnisciente ou sumamente bom
e afirmar que Deus existe. Omnipotência, omnisciência e suma bondade
são atributos ou qualidades que caracterizam um ser possível que é Deus,
como ter um corno ou ser colorido são atributos ou qualidades que
caracterizam algo possível que é um unicórnio. O mesmo não acontece
com a existência.
Quando dizemos que os unicórnios têm um corno ou são coloridos,
estamos a afirmar que, caso existam, os unicórnios terão estas qualidades.
Do mesmo modo, quando declaramos que Deus é omnipotente,
omnisciente e sumamente bom, estamos apenas a afirmar que, caso exista,
Deus terá estas qualidades.

Suponhamos agora que, tal como Anselmo de Cantuária, consideramos a


existência como mais uma propriedade ou atributo. No caso dos unicórnios,
teríamos algo como:
 Se os unicórnios existem, então têm um corno, são coloridos e
existem.
 Se os unicórnios não existem, então têm um corno, são coloridos e
existem.

No caso de Deus teríamos algo semelhante:


 Se Deus existe, então é omnipotente, omnisciente, sumamente bom
e existe.
 Se Deus não existe, então é omnipotente, omnisciente, sumamente
bom e existe.

Kant(994
Gaunilo (1724-1804)
d.C.- 1083)
https://www.youtube.com/watch?v=GUgecZXpEbk

Conclusão
Com a realização deste trabalho concluímos que Anselmo de Cantuária visava
provar a existência de Deus de uma forma a priori, ou seja, é um argumento
não baseado em experiências externas. Ele busca passar do simples conceito
de Deus à sua existência.

Bibliografia
Piotr Labenz (Outubro de 2006). «Does Frege's Definition of Existence
Invalidate the Ontological Argument?». Sorites - Edição n º 17 -Pgs. 68-80
Oppy, Graham (13 de agosto de 2007). Ontological Arguments and Belief in
God. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 1–2. ISBN 978-0-521-03900-0.
Consultado em 4 de janeiro de 2012
Ninian Smart (1969). Philosophers and religious truth. [S.l.]: S.C.M. Press. p.
76. Consultado em 4 de janeiro de 2012
Oppy, Graham (8 de fevereiro de 1996). «Ontological Arguments». Stanford
Encyclopedia of Philosophy
https://pt.wikipedia.org/wiki/Argumento_ontol%C3%B3gico
https://pt.slideshare.net/joanapontes/argumento-ontolgico-anselmo

Trabalho realizado por:


Beatriz Gonçalves nº1
Mafalda Marques nº8
Maria Beatriz nº9
11ºB

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