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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG

UNIDADE ACADÊMICA DE ENGENHARIA QUÍMICA - UAEQ

GESTÃO AMBIENTAL
ANDRÉ LUIZ FIQUENE DE BRITO, Prof.
UFCG/CCT/UAEQ

E_mail: andre.fiquene@ufcg.edu.br ou andrefiquene2009@hotmail.com


https://sites.google.com/site/labgerufcg/home

Aula 3 – Poluição_Razões para o tratamento de despejos


industriais_Seleção Tratamento

02/02/21
Campina Grande – PB – 2017.1 1
A - Poluição: Conceitos
Águas residuárias: esgotos gerados por
uma comunidade ou por indústrias.

Esgoto doméstico: despejos líquidos


das habitações, estabelecimentos
comerciais, instituições e edifícios públicos.

Efluentes industriais: esgotos gerados


pelas indústrias.
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Impactos principais do lançamento de efluentes

 Poluição: adição de substâncias que alterem a


natureza do corpo d’água de uma maneira tal
que prejudique os usos que dele são feitos.

 Associa poluição ao conceito de prejuízo e aos


usos do corpo d’água.

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Águas residuárias

 Esgotos domésticos

Fontes  Águas de infiltração


 Despejos industriais

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Vazão dos esgotos domésticos
QPC
Povoado rural
(< 5000) 90-140 (L/hab.d)
Cidade média
Comunidade (50.000-
250.000) 120-220 (L/hab.d)
Cidade grande
(>250.000) 150-300 (L/hab.d)
Aeroporto 8-15 (L/passageiro.d)
Estabelecimento
Hotel 30-50 (L/hóspede.d)
comercial
Shopping center 100-200 (L/empregado.d)
Cínica de
repouso 200-450 (L/residente.d)
Organização
Hospital 300-1000 (L/leito.d)
Prisão 200-500 (L/dentento.d)
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Vazão(Q) dos Esgotos Domésticos
 Fração de água que vira esgoto: 80%.
 A vazão varia ao longo do dia.
 Cálculo da vazão:

Vazão média (Q)= (população x QPC x R)

1000 (m3/d)
Onde:
Q: Vazão (m3)
QPC: Quota per capita: 140 L/hab.dia (?; depende da população)
R: Retorno – adotado 0,8
1000: Conversão para m3 por dia

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Vazão dos efluentes industriais
Ramo Tipo Consumo de água
Matadouros 300 - 400 L/ boi
Alimentos Cervejaria 5-20 L /L cerveja
Padaria 2-4 L/kg pão
Algodão 120-750 L/kg
Têxtil Lã 500-600 L/kg
Nylon 100-150 L/kg
Couro Curtume 20-40 L/kg
Fabricação de polpa 15-200 L/kg
Polpa de papel
Fabricação de papel 30-250 L/kg
Sabão 25-200 L/kg
Detergente 13 L/kg
Indústria química
Gasolina 7-30 L/L
Borracha 100-150 L/kg
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Características qualitativas – esgoto doméstico

 99,9 % de água e 0,1% de sólidos;

 Presença de sólidos totais, matéria orgânica,


nitrogênio total, fósforo total, pH, alcalinidade,
cloreto, óleo e graxa, microrganismos (bactéria,
fungos, protozoários, vírus, etc.)

 Carga: carga per capita: 54 gDBO/hab.d


 massa de poluente por unidade de tempo: kg/d

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Características - Esgoto Doméstico
1. DBO5: 350 mg/L
2. DQO: 700 mg/L
3. Nitrogênio total: 50 mg/L
4. Fósforo total: 14 mg/L
5. pH: 7
6. alcalinidade: 140 mg/L
7. cloretos: 35 mg/L

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Características - efluentes industriais

Parâmetro Posto de Leite Leite Esgoto


resfriamento pasteurizado condensado doméstico
e iogurte
DBO5 (mg/L) 1033 3420 875 350
DQO (mg/L) 1397 4430 1365 700
Óleos e graxas 562 575 100 110
(mg/L)
Sólidos totais - 3300 1870 1100
(mg/L)
Nitrogênio total - 86,2 25,5 50
(mg/L)
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Comparação Entre Esgotos Doméstico
x Industrial

Despejo gerado por uma Esgoto gerado por


indústria de laticínios uma comunidade de
processando 1000 litros de 230 pessoas em um
leite em um dia (DBO = 2000
mg/L e vazão de 5000 L/d)
dia
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 B - Razões para o tratamento de despejos
industriais
As principais razões para o tratamento de despejos industriais
são:

1)Legislação ambiental;

2)Disponibilidade e custo do tratamento;

3)Recuperação de subprodutos e localização da indústria(efeitos


causados aos corpos receptores variam desde a desoxigenação,
passando pela toxidez, aumento da temperatura, eutrofização, até
o aumento de sólidos totais).

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Necessidade de Tratar
Efluentes
A necessidade real de tratar os efluentes e a viabilidade técnica e
econômica de medidas de prevenção da poluição numa indústria
deve ser precedida de 04 aspectos principais que são:

•Levantamento do processo industrial;

•Avaliação da carga poluidora;

•Estudos de prevenção da poluição;

•Análise das exigências de tratamento.

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 C - Seleção do Tratamento Adequado

I - Quando a relação DBO/DQO > 0,5

A maior parte da matéria orgânica é biodegradável e o


tratamento indicado pode ser o biológico convencional.

Como exemplo, pode-se citar a indústria de suco de laranja


concentrado, na qual a mesma apresenta:
DBO igual a 35200 mg/l e;
DQO igual a 60640 mg/l

Obtendo-se uma relação DBO/DQO igual a 0,58.

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No exemplo anterior o tratamento biológico
convencional pode ser aplicado, ou seja, o processo
biológico (lodo ativado, por exemplo):

1 - O despejo é estabilizado biologicamente em um tanque de


aeração sob condições obtidas pelo uso de equipamentos de
aeração mecanizada ou ar difuso;

2 - A massa biológica resultante é separada do líquido em um


tanque de decantação;

3 - Uma parte dos sólidos biológicos sedimentados é


continuamente recirculado e a massa remanescente é disposta
em leitos de secagem ou filtro prensa.
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II - DBO/DQO « 0,5 (relação muito menor que 0,5!)
• A parte da matéria orgânica não é biodegradável;

• Tratamento indicado: há duas alternativas:

a)quando a parcela refratária não é poluidora, o tratamento


indicado é o biológico convencional(matéria orgânica refratária
predomina),

b) quando a parte refratária polui, é indicado o tratamento físico


e/ou químico, por ex. coagulação/decantação, oxidação química.
Dentro dessa alternativa, cabe ainda considerar:

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Observações Importantes:

Se a razão entre SSV/SV> 0,8 temos que:

• A maior parte da matéria orgânica se encontra na forma de


sólidos suspensos(filtráveis),
• Tratamento indicado: físico ou físico-químico convencional. Por
ex. decantação primária, flotação, coagulação/decantação.

Se a razão entre SDV/SV > 0,8 temos que:


• A matéria orgânica se encontra na forma de sólidos
dissolvidos(não filtráveis – partícula menor que 10-3).
• Tratamento: físico-químico avançado, por ex. carvão ativado,
oxidação química, combustão.

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III - Relação DQO/DBO5
Segundo BRAILE e CAVALCANTI (1979), para esgotos domésticos brutos, a
relação DQO/DBO5 se enquadra na faixa de 1,7 a 2,4.

Com relação aos esgotos industriais, a relação varia numa faixa mais
ampla, e desta relação, tira-se algumas conclusões sobre a
biodegradabilidade dos despejos.

A relação DQO/DBO5, permite ainda, definir qual o processo de tratamento


a ser utilizado:

I- Relação DQO/DBO5 baixa: a fração biodegradável é elevada, o que indica a


utilização de tratamento biológico.

II- Relação DQO/DBO5 elevada: a fração inerte, ou seja, não biodegradável é alta,
não em termos de poluição do corpo hídrico receptor, indica-se um tratamento
biológico caso a fração não biodegradável, seja importante em termos de poluição,
indica-se o tratamento físico-químico.

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Exemplos de Análise:

1. Fecularia de mandioca
pH = 5,0;
SS = 1200;
SDV = 1800;
DQO = 2150;
DBO = 1500.

Análise:
- DBO/DQO = 0,7 > 0,5: a maior parte da matéria
orgânica é biodegradável.
-Tratamento: biológico convencional.
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2. Café solúvel
1.pH = 4,25; 1. SDV = 1284;
2.ST = 15821; 2. DBO = 7540;
3.SV = 15012; 3. DQO = 17810.
4.SSV = 14537

Análise:
1.- DBO/DQO = 0,423 < 0,5: a matéria orgânica refratária
predomina.
2.ST≈SV : os sólidos estão na forma orgânica
3.SSV/SV = 0,97 ou seja SSV/SV > 0,8: a matéria orgânica
está em suspensão.
Tratamento:
-se não houver problema com a parcela refratária, a
decantação simples seguida de tratamento biológico
convencional poderá ser empregada.
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