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Projeto de saúde

no território:

Territórios,
interdisciplinaridade e
intersetorialidade

Analice Zeferino Alves, Danielle de Paula Jordão,


Ester de Oliveira Garcia, Ketulyn dos Santos Rita,
Larissa Caroline da Silva Oliveira, Nicoly da Silva
Guimarães Tamires de Almeida Morayama e
Yasmin Cristina de Melo Santos
Currículos Lattes
Currículos Lattes
Currículos Lattes
Tempestade de ideias
Território geográfico: Limites geográficos,
mesoterritório, macrorregião, microrregião, território,
área, microárea;

Território vivo: Cultura, hábitos, convivência,


comunidade, aspectos políticos;

Território sanitário: saneamento básico, áreas de risco,


condições ambientais (lixo, animais sinantrópicos,
vetores de doenças), infraestrutura (moradia, escolas,
unidades de saúde);

Território demográfico: Idade, sexo, condições


socioeconômicas, escolaridade, ocupação, acesso à
informação, desagregação por cor e sexo, (cadastro
individual, social/domiciliar)

Território epidemiológico: clássico e social:


prevalência de doenças por ciclo de vida e faixa etária
(morbi mortalidade), educação, renda, trabalho,
habitação, vulnerabilidade social, violência;

Território e intersetorialidade: equipamentos vs


população vulnerável, equipamentos potencializadores
do desenvolvimento humano (escolas, empresas,
cooperativas.
Território e
interdisciplinaridade

OBJETIVOS

• Objetivo geral:

Contextualizar o território em seus amplos aspectos sejam eles geográfico, vivo,


sanitário, demográfico, epidemiológico e intersetorialidade.

• Objetivos específicos:

Propor, com base em referenciais teóricos e documentais, processos para o


diagnóstico de saúde em um território da estratégia saúde da família.

Apresentar etapas e processos que norteiam a construção de Projetos de Saúde


do Território.
Diagrama de Ishikawa
Introdução
A territorialização da atenção básica à saúde é um processo social e político importante para
a realização dos princípios constitucionais do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. O
SUS é fundamentalmente um projeto de atenção territorializado, organizado em redes de
atenção regionalizadas, com centro de comando na Atenção Básica à Saúde (ABS). Por isso,
a territorialização reflete o próprio modelo de atenção que se propõe no Brasil. (SANTOS,
2010).

Para que o princípio da territorialização seja efetivado, é necessário o conhecimento do


território geográfico, seus limites, mesoterritório, macrorregião, microrregião, área e
microárea. Os territórios são destinados para dinamizar a ação em saúde pública, o estudo
social, econômico, epidemiológico, assistencial, cultural e identitário, possibilitando uma
ampla visão de cada unidade geográfica. Portanto, a região de saúde deve estabelecer
critérios que assegurem certo grau de resolutividade àquele território delimitado. (SANTOS
and RIGOTTO, 2010).
“A regionalização da saúde no Brasil é uma necessidade para o fortalecimento do SUS
e uma mudança qualitativa da política nacional de saúde. É preciso avançar,
relacionando a divisão regional do Brasil com a questão da escala. O que está em
questão é se a regionalização da saúde brasileira representa ou não um
aprimoramento das mediações entre as diversas escalas do SUS.” (GUIMARÃES,
2005, p. 1017).

Assim como o território geográfico possuí suas divisões e particularidades, a população que
nele habita também. Para compreender melhor as características de determinada população
Santos 2010, afirma a necessidade de se conhecer suas condições e o processo de evolução,
nós utilizamos a demografia, uma ciência que nos fornece dados estatísticos para analisar,
organizar e avaliar informações sobre um determinado território.

Os dados demográficos que serão analisados neste e-book são a idade, sexo, condições
socioeconômicas, escolaridade, ocupação, acesso a informação e desagregação, pois
tais elementos manifestam-se de maneira diferente nas diversidades regionais e sociais
no território Brasileiro.

 
A transição dos aspectos demográficos podem tanto criar possibilidades que
colaboram para o desenvolvimento da economia e bem estar social, quanto ampliar
as desigualdades sociais que marcam a sociedade brasileira, aumentando a
vulnerabilidade de determinada população.

Para determinar a vulnerabilidade de uma área específica, além dos dados


demográfico, analisa-se também o território vivo, que é compreendido como um
espaço dinâmico onde a vida se desenrola, baseado nas ferramentas metodológicas
além da relação entre os elementos do planejamento dos quais estão firmados na
organização do serviço e práticas de vigilância a saúde, contudo tem a finalidade de
avaliar sistematicamente as ações da situação de saúde da população de
determinada área ou região. Conhecer a comunidade do território no contexto em
que vivem, situação de saúde, saneamento básico, aspectos econômicos,
biopsicossocial como um todo é fundamental para o planejamento em saúde. Neste
processo, é necessário superar o foco na doença e tratamento, mais que isso, tem a
finalidade de conhecer toda a organização de uma determinada comunidade e a
partir disso estabelecer diagnóstico que efetivamente aproximem as estratégias e
ações da saúde ao perfil de necessidades da comunidade. Com enfoque na vivência
na circulação e no trabalho, inter-relacionando ao ambiente, meio de trabalho,
sociedade, higiene, hábitos, costumes, influências e cultura, sabendo da relação de
poder e informação contida naquele espaço onde a comunidade se encontra.

A base sanitária do território tem como função mapear as áreas sem saneamento
básico, as áreas de risco, assim como as condições ambientais e infraestrutura da
população. O conhecimento de todas essas
condições ajuda a avaliar a iminência constante de novos surtos de doenças, ou o
retorno de surtos já erradicados, a exposição a agentes químicos, a poluentes
ambientais contribuem para a elevação dos riscos nessa sociedade global (CONASS,
2017).

A distribuição dos eventos relativos à saúde — como as doenças, e seus


determinantes, fatores de risco e o uso de serviços de saúde — não ocorre ao acaso
entre as pessoas. Existem grupos da população que manifestam mais casos de
determinado agravo, por exemplo, e outros que morrem mais por determinada
doença. Isso acontece porque os fatores que influenciam o estado de saúde das
pessoas se distribuem de maneira desigual na população, prejudicando mais alguns
grupos do que outros (PEREIRA, 1995).

Os profissionais da saúde, no contexto da Estratégia Saúde da Família, precisam


conhecer os possíveis indicadores de saúde do território a ser analisado. Isso requer
um envolvimento da equipe na busca e interpretação desses dados para promover
um atendimento mais holístico, uma vez que a identificação das desigualdades
presentes numa dada população é importante para o entendimento da situação de
saúde daquela região.

Para desenvolver um atendimento integral, o Ministério Da Saúde desenvolveu a


Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), que tem como princípio a
intersetorialidade, sendo um processo referente a articulação de saberes, e
experiências de sujeitos, grupos e setores na construção de intervenções
compartilhadas, estabelecendo vínculos, cujo objetivo é alcançar resultados
integrados em situações complexas usando intervenções coordenadas de instituições
em ações destinadas a abordar
um problema vinculado a saúde, dessa forma a intersetorialidade em saúde,
atualmente é considerada um componente central da políticas de saúde voltadas
para a mudança do modelo assistencial a fim de promover o impacto nas
condições de vida da população e a reversão da exclusão da população
vulnerável.

A intersetorialidade, como resultado na gestão de um território obtém


suplementação da fragmentação das políticas nas várias áreas onde são
executadas, torna-se estratégica para a garantia do direito a saúde já que a saúde é
produção resultante de múltiplas políticas sociais de promoção de qualidade de
vida. Permitindo considerar o cidadão na sua totalidade, nas suas necessidades
individuais e coletivas demonstrando que ações em saúde requerem
necessariamente parcerias com outros setores como educação, trabalho,
habitação, cultura, assistência social, entre outros. Em ações pensadas em
conjunto, farão com que os diferentes setores que lidam com as vulnerabilidades
e fragilidades multifacetadas de natureza e aspectos diversos dos núcleos
familiares, encontrem saídas e soluções coletivas a partir destas ações
intersetoriais.
Metodologia
Estudo exploratório por meio do qual se propõe a revisão de conhecimentos
técnico- científicos, abordados e explorados nas disciplinas cursadas entre o quarto
e primeiro semestre da graduação de enfermagem.

Diante da amplitude de conteúdos e segmentos, se optou por adotar um


determinado tema para elaboração desse e-book, no caso o território e
interdisciplinaridade, como sujeito de estudo e com o objetivo de compactar todos
os conhecimentos adquiridos até esse momento da formação.

A discussão do território e da interdisciplinaridade será proporcionada com o


intuito de demonstrar a sua relevância para uma melhor compreensão do processo-
saúde- doença, e contribuir para a elaboração de um material que fique disponível
para consulta.

A metodologia utilizada no processo foi baseada na estrutura de um e-book. Parte-


se do pressuposto de que ao elaborar esse e-book, o grupo poderia não apenas rever
conhecimentos, mas exercitar o uso de ferramentas que permitem sintetizar
conteúdos e apresenta-los de forma atrativa. Entre as principais ferramentas se
utilizou: Tempestade de ideias, diagrama de Ishikawa e, por fim todo o processo de
construção e atenção aos objetivos definidos foram apresentados e discutidos por
meio dos capítulos.

O e-book foi estruturado em capítulos, que buscam conhecer e apresentar


referenciais teóricos, e biopsicossociais relacionados ao território e
interdisciplinaridade. No capítulo 1: Território geográfico, com os limites
geográficos e conceitos de divisão do território; capítulo 2: Território demográfico,
onde estudaremos as características da população brasileira; capítulo 3: Território
vivo, para discutir os aspectos culturais, hábitos, convivência da comunidade e a
política da população; capítulo 4: Território sanitário; capítulo 5: Território
epidemiológico, que trás a prevalência de doenças de acordo com determinados
grupos; capítulo 6: Território e intersetorialidade, que levará em conta as
implicações do território para o desenvolvimento humano.
Capítulo 1 – Território
Geográfico
Monken (apud SANTOS, 2010) a territorialização representa importante
instrumento de organização dos processos de trabalho e das práticas de saúde,
posto que as ações de saúde são implementadas sobre uma base territorial
detentora de uma delimitação espacial previamente determinada. Para que o
princípio da territorialização seja efetivado, é necessário o conhecimento do
território geográfico, seus limites, macrorregião, mesorregião, microrregião, área e
micro área.

Limite geográfico é o local onde termina um ponto geográfico e começa outro. É a


divisão entre uma unidade territorial e outra, geralmente entre dois países. A ideia
desse conceito remonta à constituição do Estado moderno e sua necessidade de
determinar os pontos do território sobre o qual ele exerce sua soberania, incluindo
os seus valores constitutivos, idiomas, moeda e outros aspectos.

O território é um espaço limitado político-administrativamente ou por ação de um


grupo social, em que se edificam e exercitam os poderes do Estado e dos cidadãos.
Não se restringe somente às fronteiras entre diferentes países, sendo caracterizado
pela ideia de posse, domínio e poder, correspondendo ao espaço geográfico
socializado, apropriado para os seus habitantes, independentemente da extensão
territorial. Esse conceito está mais vinculado à ideia de atuação do Estado, pois o
território, resulta do planejamento das ações governamentais, mas pode ser
construído em consonância com a organização social (GUIMARÃES 2005).

Considera-se território a unidade geográfica única, de construção descentralizada


do SUS na execução das ações estratégicas destinadas a vigilância, promoção,
proteção e recuperação da saúde.

http://redehumanizasus.net/94416-a-importancia-da-territorializacao/
Os territórios são destinados para dinamizar a ação em saúde pública, o estudo social,
econômico, epidemiológico, assistencial, cultural e identitário, possibilitando uma
ampla visão de cada unidade geográfica e subsidiando a atuação na atenção básica, de
forma que atendam às necessidades da população.

Na Atenção Primária, a população adscrito tem direito à saúde, na forma de políticas


públicas, e a equipe representa a ação do Estado no sentido de cumprir o preceito
constitucional. A ocupação do território traz mudanças às condições e modo de vida
local onde cada um terá suas particularidades, perfil epidemiológico, demográfico,
suas características culturais, sociais e econômicas. A equipe de saúde precisa se
apropriar dessas características para que tenha mais condições de atuar no território
determinado (GONDIM, 2011).

Entende-se por macrorregião como uma grande região que envolve os territórios dos
estados ou parte deles, compostos por aspectos comuns, como, por exemplo,
caraterísticas físicas, sociais, políticas, humanas, etc. O Brasil possui uma divisão em
cinco macrorregiões; Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Juntamente com
a definição de macrorregião, existem outros dois termos importantes: mesorregião e
microrregião. Mesorregião é a subdivisão dos estados do Brasil que incorpora vários
municípios de uma área geográfica com similaridades sociais e econômicas.

Estas áreas, por sua vez, são subdivididas em microrregiões, que determina um
agrupamento de municípios limítrofes, com o objetivo de organizar, planejar e
executar funções públicas de interesse comum, estabelecidas por lei complementar
estadual.

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Em suma, as macrorregiões de saúde são formadas por uma ou mais regiões
de saúde organizada para atender a parte da média complexidade que se evidencia a
alta complexidade ambulatorial e hospitalar. Exemplificativamente, o município de
São Paulo é a macrorregião de saúde composta por seis mesorregiões que são as
Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS). Cada Coordenadoria tem sua
Supervisão de Saúde.

Tomando como exemplo a CRS Leste, esta é constituída por sete Supervisões
Técnicas de Saúde, que são as microrregiões. Cada uma delas abrangem uma área
onde atuam as Unidades Básicas de Saúde (UBS), essas são baseadas na lógica da
Vigilância em Saúde; em cada UBS existem as equipes de saúde onde cada uma
atua em uma micro área que deve abranger no máximo 750 moradores.

A territorialização do Sistema Único de Saúde significa organizar os serviços de


acordo com o território, ou seja, conhecer o território, que é onde a vida acontece, e,
a partir das suas necessidades organizar os serviços. Isso é de extrema importância,
pois não há uma fórmula mágica de organização que funcionará em qualquer
território. Os territórios são extremamente diferentes uns dos outros, isso significa
que uma forma de organização dos serviços que funcione muito bem em
determinado local pode dar muito errado em outro.

Learn step by step, 23 de ago. de 2017


Referências
GONDIM, Gracia Maria de Miranda. Territórios da Atenção Básica:
múltiplos, singulares ou inexistentes? Rio de Janeiro, 2011. Disponível em:
http://www.rets.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/tese_gracia_01-94.pdf.
Acesso em: 08 setembro 2020.

GUIMARÃES, Raul Borges. Regiões de saúde e escalas geográficas. Cad.


Saúde Pública vol.21 no.4. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0102-311X2005000400004. Acesso em: 10 setembro 2020.

CAMARGOS, Melina Alves de; OLIVER, Fátima Corrêa. Uma experiência


de uso do georreferenciamento e do mapeamento no processo de
territorialização na Atenção Primária à Saúde. Saúde
debate vol.43 no.123. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-1104201900
0401259&tlng=pt
Acesso em: 10 setembro 2020.

SPEDO, Sandra Maria; PINTO, Nicanor Rodrigues da Silva; TANAKA,


Oswaldo Yoshimi. A regionalização intramunicipal do Sistema Único de
Saúde (SUS): um estudo de caso do município de São Paulo-SP, Brasil.
Saúde soc. vol.19 no.3. São Paulo, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-1290201000
0300006
Acesso em: 10 setembro 2020

JUSTO, Larissa Galas; et al. A territorialização na Atenção Básica: um


relato de experiência na formação médica. Piauí, 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/icse/v21s1/1807-5762-icse-21-s1-1345.pdf Acesso
em: 10 setembro 2020.
Capítulo 2 – Território
Demográfico
Para compreender as transições que a humanidade vem sofrendo ao longo dos
anos, é importante lembrarmos dos nossos distantes ancestrais, que datam pelo menos 3
milhões de anos, e os mesmos sobreviveram a condições extremamente precárias, modo
de vida que mantinha um baixo nível populacional; pode-se dizer que a partir da
descoberta do fogo pelo Homo erectus no período neolítico, cerca de 7 mil anos AC e
cultivo dos alimentos que ocorre no mesmo período por volta de dez a doze mil anos
para a subsistência, fez com que as comunidades evoluíssem e assim tivessem condições
de sustentar mais pessoas. Além deste fato histórico, para o desenvolvimento da
sociedade, após a 2ª Guerra Mundial;

“Regiões menos desenvolvidas começaram a crescer


dramaticamente. Durante o século 20, cada bilhão adicional
foi atingido em um curto período de tempo. A população
humana entrou no século 20 com 1,6 bilhão de pessoas e
encerrou o século com 6,1 bilhões (MATUDA, Nivea da Silva,
2009).“

O crescimento populacional nos últimos anos vem aumentando de maneira significativa,


porém tal efeito desta ação impacta diretamente nos recursos naturais, que atualmente
vem sofrendo com a superexploração, correndo o risco da extinção de algum deles.
Ao longo dos anos a população brasileira vem sofrendo alterações em seu
território demográfico, com isso os níveis de eventos vitais como, fecundidade e
mortalidade vem se transformando em todas as regiões do país, tal transformação ocorre
de forma tão acelerada que impacta nas oportunidades para uma melhor qualidade de
vida. Para iniciar o estudo de Território Demográfico, é de suma importância entender a
Transição Demográfica que entende que populações tendem a passar por certas etapas de
crescimento populacional, com alterações nos níveis de mortalidade e natalidade. O
processo de transição demográfica:
“É a passagem de uma situação de relativo equilíbrio (baixo
crescimento) devido ao elevado nível da natalidade e mortalidade para
outra situação também de equilíbrio caracterizada por níveis
substancialmente mais baixos. Durante o processo de transição, há um
aumento do tamanho da população, devido a uma queda gradual das
taxas de mortalidade acarretando uma explosão demográfica (surto de
crescimento populacional) que é limitado por uma posterior queda da
natalidade. Desta forma na fase final da transição observa-se um modelo
de baixos níveis de mortalidade associadas a baixos níveis de natalidade.
Figura 1 a seguir, já clássica, esquematiza teoricamente esse processo. O
instante t1 assinala a passagem da pré-transição para a abertura da
transição; t2, a passagem desta fase para o fechamento da transição e o
instante t3, finalmente, a passagem para a pós-transição. “

No Brasil, a transição demográfica iniciou-se na década de 1940, quando


deslancha um processo de significativo declínio da mortalidade. O ritmo
relativamente lento do crescimento populacional brasileiro no período
anterior é explicado pela combinação de elevadas taxas de natalidade
(ausência de métodos e práticas anticoncepcionais) e altas taxas de
mortalidade principalmente a infantil, decorrente sobretudo da
precariedade das condições médico-hospitalares e higiênico-sanitárias,
da desnutrição, das doenças de massa, da diarreia infecciosa, das
doenças respiratórias, etc. Essa situação demográfica, caracterizada por
elevadas taxas de natalidade e mortalidade (nascem muitos e morrem
muitos) e crescimento populacional relativamente baixo, é típico de países
muito atrasados e corresponde à fase pré-transição. (MATUDA, Nivea da
Silva, 2009).
Para o estudo da demografia é importante levarmos em consideração algumas
informações, os chamados Indicadores de Saúde que através dos mesmos é possível
analisar o desenvolvimento da sociedade e as desigualdades que existem dentro dela. A
equipe de saúde, principalmente aquelas que realizam seu trabalho em regiões\ bairros
mais carentes necessitam conhecer seu público, daquele determinado território, as
características socioeconômicas e etc. Sem o estudo destas informações os
trabalhadores de saúde encontrariam certas dificuldades para realizar uma mudança
sanitária naquela região, e além disso o conhecimento sobre a mesma possibilita a
criação de políticas públicas sobre determinada realidade.

“Podemos definir Indicadores de Saúde como instrumentos


utilizados para medir uma realidade, como parâmetro norteador,
instrumento de gerenciamento, avaliação e planejamento das ações
na saúde. (FRANCO, Joel Levi Ferreira). “

Para conhecer as particularidades de uma determinada comunidade e sua relação


com o território, alguns dos indicadores utilizados para o estudo são:
• Idade
• Sexo
• Estado Civil
• Condições socioeconômicas
• Escolaridade
• Acesso a Informação
• Ocupação
• Raça
• Religião
Para a extração destes critérios e analise de uma determinada região ou até mesmo
da nossa sociedade, a principal fonte de dados é o Instituo Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), órgão que fornece todas as informações relacionadas ao
território demográfico, além do IBGE o Atlas do desenvolvimento
Humano no Brasil, também possibilita de uma maneira simples o estudo destas informações. Para
contextualizar, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) segundo o site Atlas Brasil, foi
criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na década de 90 e tem
por objetivo calcular a qualidade de vida da população sobre questões que envolvem a sociedade,
além dos critérios citados acima, o IDH tem como base três requisitos como acesso ao
conhecimento, vida longa e saudável e padrão de vida digno.

“Em 2012, o PNUD Brasil, o Ipea e a Fundação João Pinheiro


assumiram o desafio de adaptar a metodologia do IDH Global para
calcular o IDH Municipal (IDHM) dos 5.565 municípios brasileiros.
Esse cálculo foi realizado a partir das informações dos 3 últimos
Censos Demográficos do IBGE – 1991, 2000 e 2010 – e conforme a
malha municipal existente em 2010”.

O Brasil teve seu território demográfico modificação ao longo dos anos, uma vez
que grande parte da a população brasileira, migrou para as zonas urbanas, durante
este processo de mudança, houve a inserção da mulher no mercado de trabalho
(fator que interfere diretamente na queda das taxas de fecundidade), houve redução
da mortalidade infantil, uso de métodos contraceptivos, melhoria nas condições
sanitárias, conforme a comunidade se desenvolvia e com a criação do SUS em 1988,
uma grande parcela desta teve acesso aos serviços de saúde, consequentemente,
neste momento o programa da atenção primaria, que tem como principal objetivo, a
prevenção e promoção de saúde dos brasileiros teve um importante significado;
Com todos estes fatores e muitos outros a esperança de vida da população foi
aumentando.

Porém, devido as diferenças demográficas dentro do próprio território brasileiro, o


país ainda não alcançou um equilíbrio, visto que algumas regiões, principalmente a
região Norte submete seus habitantes migrarem para as Regiões Sudeste e Centro
Oeste em busca de melhores condições de vida, uma vez que questões climáticas
como a seca, a baixa industrialização, falta de emprego são alguns dos motivos que
interferem na qualidade de vida dos mesmos.
Referências
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Disponível em <
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm/>
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico.
Disponível em <
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9662-censo-
demografico-2010.html?edicao=9754&t=o-que-e
>
FRANCO, Joel Levi Ferreira. Indicadores demográficos e de
saúde: a importância dos sistemas de informação. Disponível em
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_pol
itico_gestor/Unidade_8.pdf
MATUDA, Nivea da Silva. Introdução a Demografia.
Departamento de Estatística, UFPR. 2009. Disponível em <
http://wiki.dpi.inpe.br/lib/exe/fetch.php?media=ser457-cst310:aula
s-2014:leituras:matuda_2009.pd
f>
Capítulo 3 –
Território Vivo

Morro da Favela – Tarsila do Amaral, 1924


Com base no autor Milton Santos, o qual trouxe diversas discussões referente ao
território ele tem uma visão diferente em que leva em consideração formações
naturais do território, apresenta-o como um objeto dinâmico, vivo, repleto de inter-
relações, e propõe o detalhamento das influências recíprocas do território com a
sociedade, seu papel essencial sobre a vida do indivíduo e do corpo social (Lima,
Elizabeth e Yasui, Silvio, 2014, p. 4), contudo ele não procura se basear apenas nos
aspectos geográficos, mas abrange a cultura, saneamento, contexto histórico,
hábitos, relações socias, entre outros aspectos relacionado ao indivíduo individual e
coletivo.

As discussões mais recentes sobre o território incorporam o


componente cultural considerando que o território carrega sempre,
de forma indissociável, uma dimensão simbólica, ou cultural em
sentido estrito, e uma dimensão material, de natureza
predominantemente econômico-política. (MOKEN, M. et all, 2008, p.
5).

Ao considerar o território com todos seus diversos aspectos junto ao processo saúde-
doença abre maiores possibilidades para um estudo mais aprofundado em uma
análise da saúde naquele espaço geográfico. Para Monken, M. (2008), os autores
destacam, como elementos importantes, a copresença, a vizinhança, a intimidade, a
emoção, a cooperação e a socialização com base na contiguidade. Esta sociabilidade
do cotidiano é constituída de pessoas, empresas, instituições, formas sociais e
jurídicas e formas geográficas. Assim, após analisarem outros aspectos do conceito
do território, aproximando-o ao campo da saúde, os autores concluem afirmando que
o território da saúde coletiva é composto de produções coletivas, com materialidade
histórica, social e configurações espaciais singulares compatíveis com a organização
político-administrativa e institucional do setor.
É necessário desenvolver o conhecimento da comunidade como um todo para
estabelecer vínculos sociais, interpretar o contexto em que vivem, situação de saúde
presente, saneamento básico disponível, aspectos financeiros e o ser biopsicossocial,
todo esse conjunto é fundamental para o planejamento em saúde. Não mais com
foco na doença e no tratamento, mas no que causou, como podemos agir em frente a
questão que causa o adoecer na comunidade, além de estabelecer diagnósticos que
efetivamente possam aproximar as estratégias, práticas e ações da saúde ao nosso
perfil da sociedade, para que o profissional esteja incluído em tal ambiente para
melhor participação e efetivação de sua função. Além do mais o foco deve estar
direcionado para a vivência, hábitos, costumes, cultura, meio, relações como
proximidade da família e amigos, inter-relação com os vizinhos e pessoas da rua, ou
seja uma análise completa levando todos esses aspectos em consideração.

Em direção a um entendimento do território que supere a noção de


delimitação geográfica sobre a qual um determinado serviço se torna
responsável, devendo atender às pessoas com domicílio naquele
local. Ocorre uma transformação que se dá entre os cenários
naturais e a história social que os homens inscrevem e produzem:
memória dos acontecimentos inscrita nas paisagens, nos modos de
viver, nas manifestações que modulam as percepções e a
compreensão sobre o lugar; relações que surgem dos modos de
apropriação e de alienação desse espaço e dos valores sociais,
econômicos, políticos e culturais ali produzidos; modos múltiplos,
contíguos, contraditórios de construção do espaço, da produção de
sentidos para o lugar que se habita por meio das práticas cotidianas.
(Lima, Elizabeth e Yasui, Silvio, 2014, p. 5).

O território é um espaço que está em constante construção, em que abrange


historicidade, aspectos econômicos, demografia, epidemiologia e tecnologia,
aspectos políticos e administrativos, aspectos socioculturais e a relação de poder
todos responsáveis pela construção do Território.
NAKANO, A, K.; KOGA, D. Os territórios da urbanicidade e a promoção da saúde coletiva. In: SOARES, C. B.;
CAMPOS, C. M. S. Fundamentos de saúde coletiva e o cuidado de enfermagem. Barueri: Manole, 2013. p. 143-
172.

Contudo, o território vivo é considerado uma ferramenta metodológica em que


analisa os elementos e relações existentes em uma comunidade, realiza o
planejamento estratégico-situacional, organiza os serviços e as práticas de
vigilância à saúde e realiza uma avaliação sistemática das ações e da situação de
saúde da comunidade de determinada área geográfica. (GONDIM, G. M.,
MONKEN, M. Territorialização em saúde. . Escola Nacional de Saúde Pública.
Fundação Osvaldo Cruz, p. 32.)
Referências
NAKANO, A, K.; KOGA, D. Os territórios da urbanicidade e a
promoção da saúde coletiva. In: SOARES, C. B.; CAMPOS, C. M. S.
Fundamentos de saúde coletiva e o cuidado de enfermagem. Barueri:
Manole, 2013

MONKEN, M. Contexto, território e processo de territorialização de


informações: desenvolvendo estratégias pedagógicas para a educação
profissional em saúde. In: BARCELLOS, C. (org.). A geografia e o
contexto dos problemas de saúde. Rio de Janeiro:Abrasco/Icict/Escola
Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2008. p. 141-164.

LIMA, Elizabeth Maria Freire de Araújo; YASUI, Silvio. Territórios e


sentidos: espaço, cultura, subjetividade e cuidado na atenção
psicossocial. Saúde debate,  Rio de Janeiro ,  v. 38, n. 102, p. 593-606, 
set.  2014 .   Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S0103-11042014000300593&lng=pt&nrm=iso.

Elizabeth Maria Freire de Araújo Lima1 , Silvio Yasui; Territórios e


sentidos: espaço, cultura, subjetividade e cuidado na atenção
psicossocial. SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 38, N. 102, P.
593-606, JUL-SET 2014.
Capítulo 4 – Território
sanitário
Uma sociedade é capaz de produzir riscos diferenciados para cada grupo social e/ou
indivíduo, bem como estruturar lugares de ricos e pobres, de comércio ou indústria,
etc. Esse espaço que constituímos, permite que situações heterogêneas sejam criadas
de acordo com o ambiente mais favorável ao seu desenvolvimento.

Cuidar da saúde da população é algo que vai além de tratar enfermidades. Garantir o
saneamento básico, elaborar ações para a prevenção de doenças e criar medidas para
evitar e tratar epidemias, são algumas das funções atribuídas na administração da
parte sanitária de um território, assim como a manutenção do SUS. Para garantir que
pessoas não fiquem doentes é preciso cuidar do ambiente em que vivem, com
medidas que beneficiem a população como um todo (BANDEIRA, 2018).

Um dos principais exemplos que demonstram a importância de ações sanitárias, foi


o diretor geral de saúde pública, Oswaldo Cruz, que atuou no Brasil durante os anos
de 1.904 à 1913. Ele implementou ações para fiscalização das ruas, casas, comércios
e portos do Rio de Janeiro, e também foi convocado para a região Amazônica para
traçar um plano contra enfermidades para os exploradores de borracha da época.
“Oswaldo tratou uma epidemia de peste bubônica, investiu em
diversas campanhas de saneamento básico, combateu a febre
amarela, a varíola, além de ser responsável por uma reforma no
Código sanitário. Em dado momento, por conta dos surtos de
varíola, o profissional instituiu a obrigatoriedade da vacina, o que
revoltou a população (que iniciou um movimento chamado Revolta
da Vacina), mas serviu para chamar atenção do governo para
criação de políticas de vacinação em massa (BANDEIRA, 2018)”.

A reforma sanitária nasceu em oposição à opressão da ditadura, naquele momento o


investimento em saúde era quase nulo, as grandes epidemias eram omitidas pelo
governo e grande parcela da população era negligenciada pela assistência médica.
Esse movimento social propiciou a 8ª Conferência Nacional de Saúde em 1986, para
discutir um novo modelo de saúde no Brasil, e forneceu a base do artigo nº 196 da
constituição de 1988, onde a saúde foi declarada como um direito de todos e um
dever do estado. Para que possamos fornecer a população uma assistência de saúde
com qualidade, baseada nos princípios que norteiam o SUS, é necessário que
levemos em consideração os determinantes e condicionantes da saúde, entre outros,
a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais (LEI 8080, 1990).

Dentre os objetivos e atribuições do SUS, regulados pela LOS 8080/1990, cabe à ele
nortear ações que estejam voltadas para administrar e cuidar de um território
sanitário, como ações de saneamento básico, mapear áreas de risco, verificar as
condições ambientais e a infraestrutura de um determinado território.

O saneamento básico faz parte da infraestrutura de um país e é responsável por


vários aspectos, como água potável, esgotamento, coleta de lixo e drenagem urbana,
que estão amplamente associados a saúde pública, e o SUS tem como obrigação a
participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento
básico. No Brasil, ainda há situações precárias em relação a isto, tanto pela falta de
obras, quanto de investimentos.

A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão do Ministério da Saúde, é


responsável por promover ações de saneamento básico para a prevenção e controle
das doenças, a partir de critérios epidemiológicos, ambientais e sócio- econômicos.
Ela trata o risco à saúde pública, como fatores indesejáveis que podem ser
minimizados/eliminados com o uso adequado das ações de saneamento (FUNASA,
2017).
Água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento
contínuo asseguram a redução e controle de: diarreias, cólera,
dengue,
Água de boa qualidade para o consumo humano e seu fornecimento
contínuo asseguram a redução e controle de:. diarreias, cólera,
dengue, febre amarela, tracoma, hepatites, conjuntivites,
poliomielite, escabioses, leptospirose, febre tifóide, esquistossomose
e malária;
Coleta regular, acondicionamento e destino final adequado dos
resíduos sólidos diminuem a incidência de casos de: peste, febre
amarela, dengue, toxoplasmose, leishmaniose, cisticercose,
salmonelese, teníase, leptospirose, cólera e febre tfóide.
Esgotamento sanitário adequado é fator que contribui para a
interrupção da cadeia de contaminação humana, e a eliminação de
vetores da: malária, diarreias, verminoses, esquistossomose,
cisticercose e teníase;
Melhorias sanitárias domiciliares reduzem os impactos ambientais e
dificultam ou eliminam a proliferação de vetores, estando
diretamente relacionadas com a redução de: doença de Chagas,
esquistossomose, diarreias, verminoses, escabioses, tracoma e
conjuntivites (FUNASA, 2017).

As áreas de risco, são aquelas partes de determinado território que possuem mais
chances de ocorrer "algo indesejado". Na Estratégia Saúde da Família (ESF), são
delimitadas as microáreas de risco, em que os moradores têm os níveis de saúde
inferiores ao restante da população geral, tendo maiores chances de adoecer e
desenvolver complicações em relação à eles, ou seja, possuem maior
vulnerabilidade. Exemplos de condições que definem uma microárea de risco são a
grande frequência de violência, desemprego, analfabetismo, uso de drogas, crianças
que sofrem maus-tratos e a ausência de infraestrutura, como saneamento básico e
moradias adequadas.

Os riscos de uma microárea podem ser classificados em diferentes níveis, e isto é de


suma importância para que as equipes de saúde possam desenvolver ações
direcionadas para a parcela da população exposta àquele risco de acordo com suas
características e necessidades.
O estudo e cuidado das condições ambientais são de suma importância, pois podem
afetar a saúde humana. O SUS atua nesse campo de saúde ambiental, sendo
responsável por a proteção do meio ambiente, articulação de políticas e programas
voltados para o meio ambiente, colaborar controle de agressões e agravos contra o
meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana, etc. Concomitantemente,
área da saúde que desenvolve esses estudos, é a saúde ambiental:

Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde humana,


incluindo a qualidade de vida, que estão determinados por fatores
físicos, químicos, biológicos, sociais e psicológicos no meio
ambiente. Também se refere à teoria e prática de valorar, corrigir,
controlar e evitar aqueles fatores do meio ambiente que,
potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações atuais e
futuras (OMS, 1993).

Os problemas ambientais são agravos causados pelo homem, que possuem


consequências que impactam na saúde e qualidade de vida. A poluição ambiental,
por exemplo, vem sendo causada pela emissão de gazes liberados por veículos e
indústrias, incêndios florestais e causam problemas de nível cardiorrespiratório.
Outro exemplo são animais sinantrópicos, que se adaptaram a viver junto conosco,
se aproveitando de vestígios de alimentos e locais que são de fácil acesso e abrigo,
podendo transmitir doenças e provocar agravos à saúde.

A infraestrutura de um território também possuí influência na saúde. O ideal é que


hajam moradias bem estruturadas, escolas com qualidade de ensino, e unidades de
saúde com atendimento/assistência de qualidade e recursos para suprir as
necessidades da população.
Todos os pontos que foram sintetizados no decorrer do capítulo, são necessários para
constituir as bases para o cuidado e administração do território sanitário, além de
construir ações de promoção e prevenção de saúde de acordo com os problemas que
cada um deles possam vir a apresentar.

Figura 2: Exemplos de prevenção de doenças: tomar vacinas, realizar higiene bucal diariamente, praticar
exercícios físicos, ir para a escola e realizar atividades de lazer. Fonte: NUTE-UFSC (2016).
Referências
GONDIM, Grácia M. M.; et al. O território da Saúde: A organização do
sistema de saúde e a territorialização. Paraná: Escola de saúde pública do
Paraná. Disponível em:
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/TEXTOS_CURSO_VIGILA
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Universidade Guarulhos, 2018. Disponível em: http://www.ung.br/noticias/
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%9Anico%20de%20Sa%C3%BAde%20(SUS)
.

SILVA, Vinício Oliveira da; PINTO, Isabela Cardoso de Matos. Identidade do


sanitarista no Brasil: percepções de estudantes e egressos de cursos de
graduação em Saúde Pública/Coletiva. Interface (Botucatu),  Botucatu ,  v.
22, n. 65, p. 539-550,  abr.  2018 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832018000200539&lng=pt&nrm=
iso>.
BRASIL, Lei (1990). Lei Orgânica de Saúde nº 8080. Brasília: Congresso
nacional, 1990. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm#:~:text
=LEI%20N%C2%BA%208.080%2C%20DE%2019%20DE%20SETEMBRO
%20DE%201990.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20as%20condi%C3%A7
%C3%B5es%20para,correspondentes%20e%20d%C3%A1%20outras%20pr
ovid%C3%AAncias
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Assessoria de comunicação. Saneamento para a promoção de saúde. Fundação
Nacional de Saúde, 2017. Disponível em:
http://www.funasa.gov.br/saneamento-para-promocao-da-saude.
RIBEIRO, Helena. Saúde Pública e meio ambiente: evolução do conhecimento
e da prática, alguns aspectos éticos. São Paulo, SP: Saúde e Sociedade v.13, n.1,
p.70-80, jan-abr 2004. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/sausoc
/2004.v13n1/70-80/pt.
A importância do saneamento básico na saúde pública. EOS organização e
sistemas, 2019. Disponível em: https://www.eosconsultores.com.br/importancia
Capítulo 5 – Território
Epidemiológico
A partir dos dados epidemiológicos coletados, é possível planejar e organizar os
serviços de saúde para melhor atender às necessidades de uma determinada população,
portanto, quanto melhor a avaliação da situação de saúde do território, mais fácil será o
planejamento das ações de saúde a serem realizadas. Segundo Gomes (2015), foi dentro
desta perspectiva que surgiu a necessidade de se criar a Estratégia Saúde da Família,
porque numa mesma região existem realidades diferentes que resultam em diferentes
agravos, os quais precisam ser tratados de forma direcionada para que as ações de
saúde surtam efeito.
Para conhecermos a situação de saúde de uma dada população, geralmente recorremos
à análise de características de adoecimento e morte das pessoas (morbidade e
mortalidade), porém devemos nos atentar que essas informações apresentam vantagens
e limitações. Quando falamos sobre a parcela que morre, por exemplo, ou a que chega
ao serviço de saúde e tem seu diagnóstico devidamente realizado e registrado, esses
dados nos mostram o que podemos chamar de ponta do iceberg, pois representa
somente uma parte da população. Por isso é tão importante que a equipe da Estratégia
Saúde da Família conheça os indicadores de saúde da sua área de abrangência, sabendo
buscá-los, calculá-los e interpretá-los, algo que proporcionará uma visão mais
sistêmica, ultrapassando o atendimento clínico, que é fundamental, mas não suficiente
(COLUSSI; PEREIRA, 2016).

Os indicadores de saúde são frequências relativas constituídas por um


numerador e um denominador, que fornecem informações importantes
acerca de determinadas características e dimensões ligadas às
condições de vida da população e ao funcionamento do sistema de
saúde. Quando analisados em conjunto, indicam a situação sanitária de
uma população e são fundamentais à vigilância das condições de saúde
(MEDRONHO, 2005; PEREIRA, 1995).
Figura 1 - Gráfico elaborado por uma equipe de Saúde da Família que atua em uma
comunidade, com informações sobre os óbitos por causas externas. Foi feita uma
comparação entre os dados do bairro, do distrito onde o bairro se localiza e o município.

Fonte: Territorialização como instrumento do planejamento local na Atenção


Básica. Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.

Os indicadores de saúde podem ser classificados e categorizados em:

Serviços de Mortalidade Indicadores


 mortalidade e sobrevida; saúde sobrevida

 morbidade;
 nutrição, crescimento e desenvolvimento; Condições
 aspectos demográficos; socioeconômicas Demografia
 condições socioeconômicas,
 saúde ambiental;
Nutrição,
 serviços de saúde. crescimento e Morbidade de saúde
desenvolviment
o

Saúde
Categorizados Ambiental

Esses dados precisam ser organizados, atualizados, disponibilizados e comparados


com outros indicadores, para que sejam efetivamente utilizados. No momento do
planejamento das ações de saúde, podem estar voltados para o interesse específico
da Unidade de Saúde que vai utilizá-los. Quem melhor define os indicadores são os
profissionais, a população e os gestores diretamente envolvidos na coleta dessas
informações (UNA-SUS/UFSC, 2013).
Fonte: Vigilância Epidemiológica. Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Brasil, 2016.

A partir da análise dos dados coletados, podemos mapear cada um dos pontos de
risco e sua população, representando locais de vulnerabilidade social. Alguns
exemplos seriam: falta do acesso a escolarização e/ou renda, pontos de
comercialização de drogas ilícitas, terrenos baldios, locais que serviriam como
possíveis focos de reprodução do mosquito vetor da dengue, esgoto a céu aberto,
ruas não pavimentadas, entre outros (MACHADO JUNIOR, 2014).

kFigura 2: Taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais de idade (2019).

Fonte: IBGE - Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento,


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012-2019.
Outro problema, segundo Balestreri (1998), é que em regiões onde a taxa de
crescimento da população é alta, a taxa de violência também é mais elevada.
Geralmente, nessas regiões as pessoas têm grande dificuldade de encontrar
trabalho e moradia, enquanto a polícia encontra as maiores dificuldades de
controlar os crimes que ali ocorrem.

A grande defasagem na área da educação também nos obriga a repensar a


forma como as informações devem ser disseminadas, algo que deve ser feito
de maneira mais inclusiva e mesmo que no passado esse papel estava
reservado unicamente aos pais e professores, hoje o profissional da saúde
também é considerado formador de opinião, portanto, possui grande
importância no processo de educação da população presente no território.

Por fim, de acordo com Batistella (2007), a saúde e a doença decorrem tanto
de risco tradicionais – como a contaminação das águas e dos alimentos, a
ausência de saneamento, a maior exposição aos vetores e às condições
precárias de moradia – quanto de riscos modernos – como tabagismo,
alimentação não saudável, inatividade física, estresse, sobrepeso/obesidade,
consumo de álcool, mudanças climáticas globais, manejo inadequado de
fontes energéticas, entre outros.

Não basta saber da existência desses riscos, as equipes no contexto da


Estratégia Saúde da Família devem conhecer e intervir sobre eles, ou seja, ao
identificar uma situação de risco no território, precisamos identificar o
contexto em que nos inserimos para planejarmos a melhor forma de atuação.

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2007/2015.
Referências
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos Humanos: Coisa de Polícia-CAPEC.
Passo Fundo–RS: Pater Editora, 1998.
BATISTELLA, Carlos. Abordagens Contemporâneas do Conceito de Saúde.
In: FONSECA, Angélica Ferreira; CORBO, Ana Maria D’Andrea (Org.). O
território e o processo saúde-doença. Rio de Janeiro: EPSJV/Fiocruz, 2007. p.
51-86
COLUSSI, Claudia Flemming; PEREIRA, Katiuscia Graziela.
Territorialização como instrumento do planejamento local na Atenção Básica.
Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.
GOMES, Elainne Christine de Souza. Conceitos e ferramentas da
epidemiologia. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2015.
MACHADO JUNIOR, Daniel Hipólito. Territorialização e caracterização da
população adscrita da Equipe de Saúde da Família 905. Campo Grande:
FIOCRUZ, 2014.
MEDRONHO, Roberto A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2005.
PEREIRA, Maurício Gomes. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1995.
UNASUS/UFSC. Universidade Aberta do SUS da Universidade Federal de
Santa Catarina. Conceitos e ferramentas da epidemiologia [Recurso
eletrônico]. Florianópolis: UFSC, 2013. 97 p. (Eixo 1. Reconhecimento da
Realidade).
Capítulo 6 – Território e
Intersetorialidade
Fonte: (UNA-SUS) NEVES, TRANCOSO, 2015. Intersetorialidade na saúde;

Sobre a intersetorialidade no âmbito da saúde podemos afirmar que:


O conceito ampliado de saúde e o reconhecimento de uma complexa rede de condicionantes e
determinantes sociais da saúde e da qualidade de vida exigem dos profissionais e equipes trabalho
articulado com redes/instituições que estão fora do seu próprio setor. A intersetorialidade é essa
articulação entre sujeitos de setores sociais diversos e, portanto, de saberes, poderes e vontades
diversos, a fim de abordar um tema ou situação em conjunto. Essa forma de trabalhar, governar e
construir políticas públicas favorece a superação da fragmentação dos conhecimentos e das estruturas
sociais para produzir efeitos mais significativos na saúde da população. (BRASIL, 2009, p. 18):
A partir deste conceito podemos associar diretamente aos princípios da promoção da saúde
compreendido como um novo paradigma da Saúde Pública, um processo orientado por uma
visão de saúde que considera as diversas causas do binômio saúde-doença, a partir de Physis
Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 22 [ 4 ]: 1333-1356, 2012.
A política de saúde, regulamentada pela lei brasileira nº 8.080 de 1990 (BRASIL, 1990),
delineia a intersetorialidade como a articulação entre diferentes setores para a materialização
da promoção, prevenção e recuperação da saúde. Está fundamentada na concepção ampliada
de saúde, e tem a função de responsabilizar todos os gestores na construção de agenda em
todos os níveis de atenção das políticas sociais.
Por meio das práticas sociais de intersetorialidade e interdisciplinaridade, é
possível estabelecer um processo de desenvolvimento para melhorar a qualidade
de vida. Como perspectiva principal, além de estar em inseparável conformidade
com a relevância do objeto saúde a intersetorialidade tem como princípio a
reestruturação e a união de vários saberes e setores no sentido de olhar mais
amplo a respeito de determinado objeto proporcionando melhor respostas aos
possíveis problemas achados no cotidiano.

Nesse aspecto, é necessário designar os profissionais e instituições fazendo


com que admitem a responsabilidade de atuar como intercessor entre esses vários
interesses que compõem a direção de saúde, trabalhando assim com a visão de
responsabilização múltipla da Saúde. Dessa forma, propondo articulações de
saberes técnicos e populares para mobilizar recursos institucionais e comunitários,
públicos e privados para enfrentar soluções do problema formando assim um
novo método de trabalhar, de governar e de construir políticas públicas com alvo a
promoção de saúde e o desenvolvimento da qualidade de vida da população.
Compreendendo que as inter-relações adquirem caráter amplo pois extrapolam o
setor saúde e buscam parcerias com outras instituições garantindo maior eficácia
na atenção à saúde do usuário.

A abordagem de Milton Santos sobre o território é facilitadora no


entendimento da relação entre território e intersetorialidade pois não muito
obstante o território era definido apenas como posse do poder público federal,
estadual e municipal. A perspectiva apreciativa de que o território é uma
apropriação social que envolve fatores diversos o avanço qualitativo é manifesto,
de forma, que o papel de cada território é evidenciado. Ao passo que
determinamos um território pelas funções e usos espaciais, não é plausível
entender, se dessa maneira, estivermos marginalizando os vulneráveis, as relações
políticas e econômicas. Por conseguinte, ao compreendermos este fato é possível
fazer com que as ações práticas de saúde em um território sejam efetivas ao
abordar a intersetorialidade na perspectiva de que o território abrange diferentes
aspectos de ações integradas que se complementam
buscando assim um olhar múltiplo e necessário. Assim, é possível transitar
entre as escalas territoriais locais e relaciona-las os mecanismos territoriais
globais, relacionando assim com os processos sociais como saúde, educação,
renda, etc. A gestão do território supõe ações integradas que contemplem a
educação, saúde, moradia, saneamento básico, transporte, etc. Por isso, a
exigência de um trabalho interdisciplinar que não se limita à visão dicotômica que
muitas vezes se tem produzido, mas sim levando em conta o processo saúde-
doença sendo investigado como um evento diferenciado e abrangente.

Considerando como diretriz a promoção da Saúde e do desenvolvimento


social, o modelo estrutural da organização governamental necessita aceitar que a
população não se distribui ao acaso no território de um estado, longe disso, no
território é formado conglomerados humanos que compartilham características
relativamente similares de natureza cultural e socioeconômica. Desta maneira, a
população estabelece vínculos, relação por meio de ações solidárias entre
indivíduos e famílias que se identificam como fazendo parte de um mesmo o
grupo de população com a mesma identidade. E, também, "por um processo de
seleção negativa, ao não lhes ser permitido o assentamento em territórios
previamente ocupados por outros setores sociais" (Castellanos, 1997, p.68) A
perspectiva intersetorial tenta atender à questão de que os problemas reais cruzam
os setores e têm atores que se beneficiam ou são prejudicados por eles (INOJOSA,
1998)
Portanto, a gestão intersetorial surge com uma nova viabilidade para
resolver problemas abrangendo a população de determinado território em sua
importância porque, aponta a visão integrada dos problemas sociais suas
soluções devido à complexidade da realidade social que atinge um olhar mais
amplo com o objetivo de otimizar os escassos recursos procurando soluções
integradas. A visão intersetorial diante dos impasses de problemas de
determinado grupo populacional identifica que é necessário reajustar a ação
governamental para um novo molde promovendo assim a inclusão de grupos
vulneráveis elevando os padrões de qualidade de vida.

A Política Nacional de Assistência Social refere-se a:

cidadãos e grupos que se encontram em situações de


vulnerabilidade e riscos, tais como: famílias e indivíduos com
perdas e fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento
e sociabilidade, ciclos de vida, desvantagem pessoal resultante
de deficiências, exclusão pela pobreza e/ou, no acesso às
demais políticas públicas, diferentes formas de violência
advinda do núcleo familiar, inserção precária ou não inserção
no mercado de trabalho formal e informal, estratégias e
alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem
representar risco pessoal ou social (BRASIL, 2004, p. 27).

Para a política de saúde, o “cuidado” também tem significado que não


permite interpretações simplificadoras, pois preconiza uma ação integral que
se sustenta na afirmação da “saúde como o direito de ser”, o que envolve
diferentes sujeitos, diferentes instituições, diferentes práticas, diferentes
tecnologias de saúde e diferentes decisões, que deverão ser acessadas com
qualidade por esses sujeitos. A garantia dessa qualidade poderá contribuir
positivamente para a produção da saúde e o contrário para a produção de
doenças (PEREIRA et al., 2008).
É de primazia, a formação de instâncias intersetoriais para realizar e
deliberar as políticas e programas refere-se ao alcance e potencialização das
intervenções, mostrando-se como um mecanismo de inovação e
fortalecimento da gestão pública em face de problemáticas complexas, em
aspectos evidenciados como: combate à pobreza, redução das desigualdades
sociais e programas de transferência condicionada de renda nos Estados e
municípios, exigindo a articulação de várias áreas da política social como
educação, assistência social, trabalho etc.

A intersetorialidade tem um grande potencial de revitalizar as políticas


públicas, mesmo quando se evidenciam alguns problemas na sua
implementação, relacionados ao despreparo político e técnico dos gestores e
dos profissionais para assumir a perspectiva intersetorial, ao não conseguirem
se desvencilhar de questões administrativas que se impõem como entraves à
articulação das ações, em contra partida a intersetorialidade mostra-se como
dispositivo potente de se trabalhar, governar e construir políticas públicas.
Envolve espaços comunicativos, capacidade de negociação e intermediação de
conflitos para a resolução ou enfrentamento final do problema principal e para
a acumulação de forças na construção de sujeitos e na descoberta da
possibilidade de agir.

Sendo um processo coletivo estruturado, a ação intersetorial não pode


ser espontânea. Pois exige uma ação de desenvolvimento que respeite os
aspectos particulares e a diversidade de cada setor ou participante. Assim
sendo, cada serviço sediado numa comunidade compõe uma rede de ação
social, que deve articular-se para identificar os problemas e encaminhar
soluções integradas. Logo, a intersetorialidade constitui uma concepção que
deve informar uma nova maneira de planejar, executar e controlar a prestação
de serviços para garantir acesso igual aos desiguais. Por conseguinte,
administradores, gestores, profissionais e a população passam a ser
considerados sujeitos com a capacidade de perceber seus problemas de
maneira integrada e de identificar soluções adequadas à realidade social.
A pulação passa a não ser objeto de intervenção, mas, sim, um sujeito
assumindo um papel ativo.

Em suma, muda-se a lógica da política social, saindo da visão da


carência, da solução de necessidades para a de direitos a uma vida digna e com
qualidade. Trabalhar de forma intersetorial pressupõe desenvolver ações que
busquem a promoção de impactos positivos nas condições de vida dos
indivíduos e das comunidades. Acreditamos, assim, que espaços promotores
de intersetorialidade são locais de construção de novas linguagens, saberes e
conceitos, capazes de provocar profundas e benéficas mudanças na sociedade.
O Projeto de Saúde no Território (PST) uma estratégia desenvolvida
para trazer intervenções efetivas na produção da saúde em um território que
tenham foco na articulação dos serviços de saúde com outros serviços e
políticas sociais de forma a investir na qualidade de vida e na autonomia de
sujeitos e comunidades iniciando pela identificação de uma área e uma
população vulnerável ou em risco sendo sempre fundamentado na promoção
da saúde, na participação social e na intersetorialidade, envolvendo também a
existência de demanda e criação de espaços coletivos de discussão avalia e
prioriza as necessidades de saúde, os seus determinantes sociais, as estratégias
e os objetivos propostos para a sua abordagem. Pois assim no espaço coletivo,
outros sujeitos estratégicos (lideranças locais, representantes de associações
e/ou grupos religiosos, entre outros) e membros de outras políticas e/ou
serviços públicos presentes no território poderão se apropriar, reformular,
estabelecer responsabilidades e pactuar o projeto de saúde para a comunidade.
O PTS é um projeto que tem sua finalidade e seu processo de implementação
avaliados funcionando como catalisador de ações locais para a melhoria da
qualidade de vida e redução das vulnerabilidades num território determinado,
auxiliando ainda o fortalecimento da integralidade do cuidado à medida que
trabalha com ações vinculadas à clínica, à vigilância em saúde e à promoção
da saúde.
Em síntese, o quadro seguinte mostra, os diversos componentes de
um Projeto de Saúde do Território e os passos a serem seguidos:

DIRETRIZES DO NASF – Núcleo De Apoio A Saúde Da Família P.31 Ministério DA Saúde, 2009

Nesse sentido, micros e macroestratégias intersetoriais, construídas em


articulação pelo Estado e pela sociedade civil, como por exemplo, O Projeto de
Saúde no Território (PST) contribuem de forma significativa para efetividade e
eficiência das ações de saúde. Essas articulações ocorrem diante da construção
de parcerias entre diferentes setores e segmentos sociais, como educação, saúde,
cultura, esporte, lazer, empresas privadas, organizações não governamentais
(ONGs), fundações, entidades religiosas, as três esferas de governo,
organizações comunitárias, dentre outros. Em uma perspectiva de elaboração
suplementar das fragmentações de conhecimentos e estruturas sociais, as
políticas públicas produzem efeitos significativos na integração de ações para
responderem a determinadas problemáticas. Essas ações devem envolver a
articulação de saberes e experiências diversas, objetivando planejar para intervir
de maneira efetiva nas situações que afligem as comunidades.
Referências
AZEVEDO, Elaine; PELICIONI, Maria Cecília Focesi; WESTPHAL, Marcia
Faria. Práticas intersetoriais nas políticas públicas de promoção de saúde-
Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 22 [ 4 ]: 1333-1356, 2012.

BELLINI, Maria Isabel barros; FALER, Camília Susana. Intersetorialidade E


Políticas Sociais Interfaces E Diálogos. Porto Alegre, 2014.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde.
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras
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BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos De Atenção Básica Diretrizes Do
NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família). Brasília-DF, 2009. Disponível em:
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Secretaria
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PNAS/2004; Norma Operacional Básica – NOB/Suas. Brasília, Nov. 2005.

FARIA, Rivaldo Mauro de; BORTOLOZZI, Arlêude. Espaço, Território E


Saúde: Contribuições De Milton Santos Para O Tema Da Geografia Da Saúde
No Brasil. Curitiba, Editora UFPR n. 17, p. 31-41, 2009.

FIORATI et al. População em vulnerabilidade, intersetorialidade e cidadania:


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INOJOSA, Rose Marie. Intersetorialidade E A Configuração De Um Novo


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PINTO et al. Promoção Da Saúde E Intersetorialidade: Um Processo Em


Construção. REME – Rev. Min. Enferm.;16(4): 487-493, Out./Dez., 2012.
Muito obrigada!

Esperamos que este


Ebook possa ajuda-lo na
construção do seu
conhecimento.

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