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OAB – 1ª Fase

DIREITO CONSTITUCIONAL
XXXII Exame
Aula2
Prof.ª Bruna Vieira
Profa. Bruna Leyraud Vieira
Mestranda em Direito no UNISAL, aluna especial no
Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu da USP
(Faculdade de Direito - Universidade São Paulo)

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Eficácia jurídica das normas constitucionais

- Normas constitucionais de eficácia PLENA


Exemplos: arts. 1º, 2º, 13, 18,§1º, todos da
CF/88

- Normas constitucionais de eficácia CONTIDA .


Exemplo: art. 5º, XIII, CF.

- Normas constitucionais de eficácia LIMITADA.


Exemplos: arts. 88 e 102, §1º, CF etc.
- Histórico das Constituições

-1824 (outorgada, monarca, semirrígida, poder


moderador, religião oficial, sufrágio censitário)
-1891 (promulgada, república, presidencialismo,
habeas corpus, estado leigo, controle difuso, voto
universal)
-1934 (promulgada, estado liberal para estado social,
mandado de segurança, ação popular, voto da
mulher, voto secreto)
-1937 (outorgada por Vargas, nomeação de
interventores poder todo centralizado,
desconstitucionalizou o MP e o mandado de
segurança).
- Histórico das Constituições

- 1946 (promulgada, redemocratização do país, 3


poderes, mandado de segurança e ação popular
no texto constitucional)
- 1967 (promulgada, apenas formalmente, atos
institucionais, centralização dos poderes nas mãos
dos PR, enfraqueceu a competência dos estados-
membros)
- EC nº 1/69 (outorgada por uma junta militar,
censura, ditadura)
- 1988 (analisada detalhadamente ao longo das
aulas)
Direitos e Garantias Fundamentais

Prof. ª Bruna Vieira


1. Direitos e garantias
fundamentais
Os direitos fundamentais são gênero do
qual são espécies:
-DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E
COLETIVOS (art. 5º)
- DIREITOS SOCIAIS (arts. 6º a 11)
- NACIONALIDADE (arts. 12 e 13)
- DIREITOS POLÍTICOS (arts. 14 a 16)
- DOS PARTIDOS POLÍTICOS (art. 17)
DIREITOS SOCIAIS (arts. 6º a 11)
Art. 6º São direitos sociais
- a educação,
- a saúde,
- a alimentação (EC 64/10),
- o trabalho,
- a moradia (EC 26/00),
- o transporte (EC 90/15),
- o lazer,
- a segurança,
- a previdência social,
- a proteção à maternidade e
- à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição
Embora os direitos fundamentais não possam ser
suprimidos do texto constitucional, há situações em
que poderá ocorrer a suspensão ou restrição
temporária de direitos e garantias:

a) na vigência de estado de defesa;


b) na vigência de estado de sítio;
c) na hipótese de intervenção federal.

É possível que seja acrescentado um direito


fundamental ao rol das cláusulas pétreas?

R: art. 5º, LXXVIII, da CF – Princípio da razoável


duração do processo.
Art. 5º, §2º, da CF: “os direitos e garantias expressos
nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte”.

O Supremo Tribunal Federal já afirmou reiteradas


vezes que os direitos e garantias fundamentais
não se esgotam no artigo 5º da lei maior,
podendo ser encontrados em diversos dispositivos
inseridos na Constituição, como por exemplo: sistema
tributário constitucional, a partir do artigo 145 da CF.
Características dos direitos fundamentais:
a) Universalidade

b) Limitabilidade ou caráter relativo


c) Cumulatividade ou concorrência dos direitos
fundamentais

d) Irrenunciabilidade
e) Irrevogabilidade
f) Imprescritibilidade
g) Historicidade (gerações ou dimensões)
Direitos fundamentais em espécie

- Direito à vida e à integridade (art. 5º,


“caput”, da CF).

Obs.: a CF admite a pena de morte em caso


de guerra externa declarada (art. 5º, XLVII,
"a“, e art. 84, XIX, CF).
- O STF, ao julgar a ADI 3.510, declarou que o
artigo 5º da Lei de Biossegurança (Lei
11.105/05) é constitucional, autorizando,
portanto, as pesquisas com células-tronco.
- Interrupção da gravidez do feto anencefálico
- Princípio da igualdade ou isonomia (art. 5º, I, da
CF);

- Direito de resposta (art. 5º, V, da CF), desde que


proporcional ao agravo. Art. 220, CF – manifestação
de pensamento, de informação e proibição da censura
política;

- Princípio da liberdade religiosa (art. 5º, VI, da CF


+ art. 19, I, da CF): o nosso país é considerado laico
ou leigo (sem religião oficial);

- Liberdade de pensamento e manifestação (art.


5º, IX, da CF): Essa garantia abrange também o
direito de opinião, de informação e de escusa de
STF: O primeiro é o RE 511.961, que declarou como
não recepcionado pela Constituição o artigo 4º, V, do
Decreto-Lei 972/1969, que exigia diploma de curso
superior para o exercício da profissão de
jornalista; e o segundo é dado na ADPF 130 ao
considerar como não recepcionada toda a Lei de
Imprensa (Lei 5.250/1967).

- Princípio da inviolabilidade domiciliar (art. 5º,


XI). Exceções.

- Direito de exercer qualquer profissão (art. 5º,


XIII, da CF): Exame de Ordem e atividade de
jornalismo.
- Direito de reunião (art. 5º, XVI, da CF);
-Direito de associação (art. 5º, XVII a XXI, da
CF;
-Direito de propriedade (art. 5º, XXII a XXV, da
CF);
- Direito à informação (art. 5º, XXXIII, da CF),
regulamentado pela Lei nº 12.527/11;

- Direito de petição e de certidão (art. 5°,


XXXIV, “a” e “b”, da CF): são assegurados a
todos, independentemente do pagamento de
taxas.
- Hipóteses de prisão civil (art. 5º, LXVII, da
CF): impossibilidade de prisão civil por dívida, salvo
a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel. O STF decidiu que é ilegal a
prisão do depositário infiel (Súmula Vinculante nº
25).

- Direito à celeridade processual (art. 5º,


LXXVIII): a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.
Remédios Constitucionais

Prof. ª Bruna Vieira


1. Remédios constitucionais

São cinco os remédios constitucionais


judiciais:

- habeas corpus;
- habeas data;
- mandado de injunção;
- ação popular e
- mandado de segurança.
Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII, da CF )

Conforme o art. 5º, LXVIII, da CF: conceder-se-á


"habeas-corpus" sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder”.

O habeas corpus pode ser classificado em:

a) Preventivo ou salvo-conduto
b) Repressivo ou liberatório
Súmulas do STF sobre o habeas corpus:
"Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena
privativa de liberdade." (Súmula 695)
“Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena
de exclusão de militar ou de perda de patente ou de
função pública." (Súmula 694.)
“Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória
a pena de multa, ou relativo a processo em curso por
infração penal a que a pena pecuniária seja a única
cominada." (Súmula 693.)
“Não se conhece de habeas corpus contra omissão de
relator de extradição, se fundado em fato ou direito
estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem
foi ele provocado a respeito." (Súmula 692.)
“É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda
instância, sem prévia intimação, ou publicação da
pauta, salvo em habeas corpus.” (Súmula 431)
“Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo
objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por não
estar mais em causa a liberdade de locomoção."
(Súmula 395)

- Pergunta-se: cabe HC de ofício?

- Art. 142, § 2º, da CF. Não caberá habeas corpus


em relação a punições disciplinares militares.
Decisão da 1ª Turma do STF HC 88747, AgR/ES: não
há possibilidade de impetração de HC em que o
beneficiário seja pessoa jurídica, pois tal remédio
protege a liberdade de locomoção.

Cabe HC em varas cíveis?

Competência para análise do habeas corpus


Em regra, a competência para o julgamento de
habeas corpus é determinada em razão da pessoa
que figura no polo passivo (a autoridade coatora)
e daquele que figura como paciente
O art. 102, I, “c”, da CF, diz que o habeas corpus
será da competência originária do Supremo
Tribunal Federal quando o paciente for, por
exemplo, o Presidente da República, Ministro de
Estado, comandantes do exército, marinha e
aeronáutica, entre outros.
Habeas Data (art. 5º, LXXII, “a” e “b”, da CF e
Lei 9.507/97)

“É uma ação de natureza constitucional de caráter


civil, conteúdo e rito sumário, que tem por
objetivo a proteção do direito líquido e certo do
impetrante em conhecer todas as informações e
registros relativos à sua pessoa e constantes de
repartições públicas ou particulares acessíveis ao
público para eventual retificação de seus dados
pessoais” (Hely Lopes Meirelles).
Fundamento:
Art. 5°, LXXII, “a” e “b”, da CF: “conceder-se-á
habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de


informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se


prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo”.
É entendimento pacífico que a ação de habeas data
visa à proteção da privacidade do indivíduo contra
abuso no registro e/ou revelação de dados pessoais
falsos ou equivocados. O habeas data não se
revela meio idôneo para se obter vista de
processo administrativo (HD 90-AgR, Rel. Min.
Ellen Gracie, julgamento em 18-2-2010, Plenário, DJE
de 19-3-2010).
Art. 7° da Lei nº. 9507/97 Conceder-se-á habeas
data:

I - para assegurar o conhecimento de informações


relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registro ou banco de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
*III - para a anotação nos assentamentos do
interessado, de contestação ou explicação sobre dado
verdadeiro mas justificável e que esteja sob
pendência judicial ou amigável.
Súmula nº 2 do STJ Cabimento - Habeas Data
Não cabe o habeas data (CF, Art. 5º, LXXII, letra a) se
não houve recusa de informações por parte da
autoridade administrativa.

Art. 8°, parágrafo único, da Lei nº 9.507/97 determina


que a petição inicial preencha os requisitos previstos no
CPC e seja instruída:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso
de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso
de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere
o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze
dias sem decisão.
Atenção!
Existindo recusa no fornecimento de certidões - art.
5º, XXXIV, “b”, da CF ou informações de terceiros o
remédio cabível é o mandado de segurança e
não o habeas data.

Art. 10, caput, da Lei 9.507/97 determina que a


inicial será desde logo indeferida, quando não for o
caso de habeas data, ou se lhe faltar algum dos
requisitos previstos nesta Lei.
Art. 10, parágrafo único, da Lei 9.507/97 determina
que do despacho de indeferimento caberá recurso
previsto no art. 15, qual seja, o de apelação.
Art. 19 da Lei 9.507/97 determina que os
processos de habeas data tenham prioridade
sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-
corpus e mandado de segurança. Na instância
superior, deverão ser levados a julgamento na
primeira sessão que se seguir à data em que, feita
a distribuição, forem conclusos ao relator.
Mandado de Injunção

Art. 5º, LXXI, da CF: “conceder-se-á mandado de


injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania”

LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE 2016.


Disciplina o processo e o julgamento dos
mandados de injunção individual e coletivo e dá
outras providências.
Devido ao princípio da separação dos poderes, o
Poder Judiciário não pode legislar ativamente. Com isso,
por muito tempo prevaleceu o entendimento de que caso
um mandado de injunção fosse julgado procedente, o
resultado seria meramente de informar o órgão
responsável pela solução de sua mora em legislar. Tal
entendimento vem sendo modificado pela Suprema Corte
sob o argumento do combate à “síndrome da
inefetividade” das normas constitucionais que possuem
eficácia limitada, ou seja, aquelas que dependem de
regulamentação. O STF tem tornado o mandado de
injunção um remédio que visa a concretizar
direitos fundamentais. Fundamento parágrafo 1º do
art. 5ª da CF: aplicação imediata dos direitos e garantias
fundamentais.
Teorias sobre o mandado de injunção:

1ª – Concretista geral

2ª – Concretista individual direta

3ª – Concretista individual intermediária

4ª – Não concretista.
A Lei Nº 13.300/16, ao regulamentar o
mandado de injunção, adotou a chamada
teoria concretista intermediária,
prestigiando a efetividade das normas
constitucionais. Além disso, respeitando o
princípio da separação dos poderes e
buscando proteger a força normativa da
Constituição, a nova norma estabeleceu
condições para o ativismo judicial, dando a
ele legitimidade democrática.
LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE 2016.

Art. 1o Esta Lei disciplina o processo e o julgamento


dos mandados de injunção individual e coletivo, nos
termos do inciso LXXI do art. 5o da Constituição Federal.

Art. 2o Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a


falta total ou parcial de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação


quando forem insuficientes as normas editadas pelo
órgão legislador competente.
Art. 3o São legitimados para o mandado de injunção, como
impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas que se
afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas referidos no art. 2o e, como impetrado, o
Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a
norma regulamentadora.

Art. 4o A petição inicial deverá preencher os requisitos


estabelecidos pela lei processual e indicará, além do
órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou
aquela a que está vinculado.

§ 1o Quando não for transmitida por meio eletrônico, a


petição inicial e os documentos que a instruem serão
acompanhados de tantas vias quantos forem os impetrados.
§ 2o Quando o documento necessário à prova do
alegado encontrar-se em repartição ou
estabelecimento público, em poder de autoridade ou
de terceiro, havendo recusa em fornecê-lo por
certidão, no original, ou em cópia autêntica, será
ordenada, a pedido do impetrante, a exibição do
documento no prazo de 10 (dez) dias, devendo,
nesse caso, ser juntada cópia à segunda via da
petição.

§ 3o Se a recusa em fornecer o documento for do


impetrado, a ordem será feita no próprio instrumento
da notificação.
Art. 5o Recebida a petição inicial, será ordenada:

I - a notificação do impetrado sobre o conteúdo da petição


inicial, devendo-lhe ser enviada a segunda via apresentada
com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de
10 (dez) dias, preste informações;

II - a ciência do ajuizamento da ação ao órgão de


representação judicial da pessoa jurídica
interessada, devendo-lhe ser enviada cópia da petição
inicial, para que, querendo, ingresse no feito.

Art. 6o A petição inicial será desde logo indeferida quando


a impetração for manifestamente incabível ou
manifestamente improcedente.
Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a
petição inicial, caberá agravo, em 5 (cinco) dias, para
o órgão colegiado competente para o julgamento da
impetração.

Art. 7o Findo o prazo para apresentação das informações,


será ouvido o Ministério Público, que opinará em 10 (dez)
dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão
conclusos para decisão.

Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será


deferida a injunção para:

I - determinar prazo razoável para que o impetrado


promova a edição da norma regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o
exercício dos direitos, das liberdades ou das
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o interessado promover
ação própria visando a exercê-los, caso não seja
suprida a mora legislativa no prazo determinado.

Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se


refere o inciso I do caput quando comprovado que o
impetrado deixou de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

Art. 9o A decisão terá eficácia subjetiva limitada às


partes e produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora.
§ 1o Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à
decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício
do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da
impetração.

§ 2o Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão


ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática
do relator.

§ 3o O indeferimento do pedido por insuficiência de prova


não impede a renovação da impetração fundada em outros
elementos probatórios.

Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão


poderá ser revista, a pedido de qualquer interessado, quando
sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de fato
ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que
couber, o procedimento estabelecido nesta Lei.

Art. 11. A norma regulamentadora superveniente


produzirá efeitos ex nunc em relação aos
beneficiados por decisão transitada em julgado,
salvo se a aplicação da norma editada lhes for
mais favorável.

Parágrafo único. Estará prejudicada a impetração se a


norma regulamentadora for editada antes da decisão,
caso em que o processo será extinto sem resolução de
mérito.
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode
ser promovido:

I - pelo Ministério Público, quando a tutela


requerida for especialmente relevante para a defesa da
ordem jurídica, do regime democrático ou dos
interesses sociais ou individuais indisponíveis;

II - por partido político com representação no


Congresso Nacional, para assegurar o exercício de
direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes
ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por organização sindical, entidade de classe
ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para
assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de
seus membros ou associados, na forma de seus
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial;

IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela


requerida for especialmente relevante para a promoção
dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, na forma do
inciso LXXIV do art. 5o da Constituição Federal.
Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as
prerrogativas protegidos por mandado de injunção
coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada
por grupo, classe ou categoria.

Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a


sentença fará coisa julgada limitadamente às
pessoas integrantes da coletividade, do grupo,
da classe ou da categoria substituídos pelo
impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o
do art. 9º.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não
induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante
que não requerer a desistência da demanda individual
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
comprovada da impetração coletiva.

Art. 14. Aplicam-se subsidiariamente ao mandado


de injunção as normas do mandado de
segurança, disciplinado pela Lei no 12.016, de 7 de
agosto de 2009, e do Código de Processo Civil,
instituído pela Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973,
e pela Lei no 13.105, de 16 de março de 2015,
observado o disposto em seus arts. 1.045 e 1.046.
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.

Brasília, 23 de junho de 2016; 195o da Independência


e 128o da República.

MICHEL TEMER
Alexandre de Moraes
Fábio Medina Osório
Ação Popular (art. 5ª, LXXIII, CF e Lei nº
4.717/65 )

“Qualquer cidadão é parte legítima para propor


ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência”.
Legitimados: é parte legítima para propor ação
popular o cidadão.
 
Conforme a Súmula 365 do Supremo Tribunal
Federal, pessoa jurídica não tem legitimidade para
propor ação popular.

Atuação do Ministério Público

O MP participa como fiscal da lei, podendo


manifestar-se pela procedência ou improcedência da
ação.
- O MP pode ingressar com ação popular?
Mandado de Segurança

A Constituição de 1934 foi a primeira a prever


expressamente a possibilidade da impetração de
mandado de segurança. Depois disso, as
Constituições que se seguiram trataram do tema, com
exceção da de 1937 (da época de Getúlio Vargas).
Previsão constitucional
Art. 5, LXIX, da CF: “conceder-se-á mandado de
segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por ‘habeas-corpus’ ou ‘habeas-data’,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”
São legitimados ativos as pessoas físicas ou
jurídicas, as universalidades reconhecidas por lei,
os órgãos públicos, os agentes políticos e
ministério público. Figuram no polo passivo, as
autoridades públicas, os representantes ou órgãos
de partidos políticos, administradores de
entidades autárquicas e os dirigentes de pessoas
jurídicas e pessoas naturais no exercício de
atribuições do Poder Público.

A ação não está isenta de custas perante o


Poder Judiciário e a assistência de advogado é
necessária.
Prazo: a lei do mandado de segurança, Lei nº
12.016/09, em seu artigo 23, traz o prazo decadencial
de 120 dias para que o sujeito ingresse com a ação
de mandado de segurança, contados da ciência do
ato impugnado.

A constitucionalidade de tal prazo já foi questionada


no Supremo e ele entendeu que o prazo é
constitucional.

É cabível liminar desde que demonstrados o fumus


boni juris e o periculum in mora.
O pedido de reconsideração feito na via
administrativa não tem o condão de interromper
o prazo para a impetração do mandado de
segurança.

Súmula 625 do STF: controvérsia sobre matéria de


direito não impede a concessão de mandado de
segurança.

A Constituição admite também a impetração de


mandado segurança coletivo, para a proteção dos
direitos coletivos e individuais homogêneos.
O art. 5º, LXX, da CF, dispõe que “o mandado de
segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos interesses de seus membros ou associados.”

Obs: o prazo de um ano se refere às associações,


não tem aplicação em relação à organização sindical e
à entidade de classe.

Súmula 629 do STF: a impetração de mandado de


segurança coletivo por entidade de classe em favor
dos associados independe de autorização destes.

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