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Filosofia UNIFICADO

MED
EMMEPI EUROPE/ALAMY/OTHER IMAGES
Os primórdios da história da filosofia

Acrópole de Atenas (Grécia, 2010)


DO MITO À FILOSOFIA

- O que é mito? Uma narrativa simbólica que tem por escopo


falar da condição humana.
- Para explicar o mundo, o mito emprega cosmogonias
(explicação do surgimento do cosmos a partir das relações
sexuais entre os deuses.
- Para os primeiros filósofos essas explicações eram
insuficientes, destarte, elaboram por meio do logos,
cosmologias que visam apresentar explicações racionais sobre
o cosmos.
- A questão central dos primeiros filósofos é: “De onde que
tudo veio e para onde tudo vai? Por que as coisas se
transformam em seu contrário? Por que há o ser e não o
nada?
Aspectos gerais
 A filosofia surgiu entre os gregos antigos.

ALBUM/AKG/LATINSTOCK
Diferente do pensamento oriental,
baseado no mito e na religião, a filosofia é
uma atividade da razão.
 O modo pelo qual a filosofia surgiu na Grécia
é controverso. Há duas explicações: para
uma delas, essa transformação foi repentina
e única, ficando conhecida como “milagre
grego”. Para a outra, a passagem
do mito à filosofia foi lenta e gradual.
 Para entender o surgimento da filosofia,
precisamos recuar até o período arcaico, Busto de mármore do filósofo
quando mudanças profundas ocorreram grego pré-socrático Heráclito
na Grécia. A principal delas foi o de Éfeso (c. 540 a.C.-c. 470
a.C.)
surgimento da pólis.

Capítulo 13 – O nascimento da filosofia


- A sociedade grega era organizada em torno de três
figuras, quais sejam, o poeta, o adivinho (oráculo) e o rei
da justiça (sábio).
- Com o surgimento da agricultura vários grupos
enriqueceram além de fomentar o comércio. Nesse
cenário, surgem aristocratas e guerreiros que não
aceitam a antiga organização social.
- A expansão do comércio e a utilização da moeda
complexificaram as relações comerciais.
- Assembleias (ágora) organizadas pelos guerreiros para
debater questões públicas.
- Por fim, outro elemento fundamental para o surgimento
da filosofia na Grécia é o surgimento de legislações
(noções de isonomia e isegoria)
- Portanto, a filosofia surge a partir do momento
em que o ser humano quer pensar sua vida
urbana e social, ou seja, elas não são
predeterminadas pelos deuses.
Períodos da filosofia grega antiga

RABATTI – DOMINGIE/ALBUM/AKG/LATINSTOCK
 Pré-socráticos – séculos VII-V a.C.,
na Jônia e na Magna Grécia.
 Período clássico – séculos V a.C. e IV
a.C., em Atenas.

 Período helenístico:
• Período grego (séculos III e II a.C.).
• Período romano ou imperial
(séculos I-III d.C.).

Busto do filósofo grego


pré-socrático Pitágoras de
Samos (c. 580 a.C.-c. 490 a.C.)

Capítulo 13 – O nascimento da filosofia


Os pré-socráticos
 Restaram apenas fragmentos das obras
pré-socráticas e uma doxografia.

FOTOGRAFICA FOGLIA/SCALA/GLOWIMAGES
 A filosofia pré-socrática tratou da natureza.
Seu principal objetivo era encontrar o
princípio que explica e fundamenta a
multiplicidade e o movimento das coisas.
Diversas interpretações surgiram dessa busca.
• Os monistas acreditavam que tudo decorria
de um princípio. Heráclito acreditava que
“tudo flui”, mas foi criticado pelo eleata
Parmênides, que dizia que o ser,
princípio de tudo, era imóvel.
• Os pitagóricos acreditavam que o
Busto do filósofo grego pré-
número era o princípio de tudo. -socrático Demócrito de Abdera
• Os pluralistas acreditavam que tudo (c. 460 a.C.-c. 370 a.C.)

decorria de dois ou mais princípios.


Capítulo 13 – O nascimento da filosofia
• Os pensadores pré-socráticos, são assim denominados
devido aos temas que abordam (frequentemente
associa-se esse período como sendo anterior a
Sócrates).
• Para os pré-socráticos, tentam interpretar o cosmos a
partir de elementos naturais (physis – totalidade do
existente com as interpretações, ou seja, o humano faz
parte).
• “Os elementos naturais explicariam o fundamento e o
princípio que regem o mundo: a arkhé”. Arkhé é
fundamento, ser, subjectum.
Tales de Mileto
- O fundamento de todas as coisas é a
água/umidade. Ela esta presente em todas
as coisas.
- Ao afirmar que a água é alma motora do
kósmos , o filósofo atribuía a ela, inclusive,
uma qualidade divina. Ou seja, a água é um
deus inteligente e se todas as coisas
possuem água, então todas as coisas estão
cheias de deuses.
ANAXIMANDRO
- De acordo com esse filósofo, a arkhé é o ápeiron
(indeterminado, ilimitado e indefinido).
- “Segundo Anaximandro, por trás de tudo o que
existe, há algo impossível de ser visto, uma força
que não participa da realidade material; algo
que é o princípio das coisas exatamente por não
se revelar e que é acessível apenas ao
pensamento, devido à sua invisibilidade e
infinitude” (p. 15).
ANAXÍMENES
• O Fundamento de todas as coisas é o ar.
• “O ar, em estado estável, é invisível. Mas, quando há
movimento, ele se condensa e, primeiro, torna-se
vento, em seguida nuvem, depois água, e, por fim, a
água condensada torna-se lama e pedra. Assim, com as
noções de condensação e de rarefação, Anaxímenes
tenta explicar como tudo surgiu” (p. 15).
• Para ele, o ar é mais que um elemento físico, de mais a
mais, o ar no grego significa pneuma, que também
significa respiração, sopro de vida, espírito: “Como
nossa alma, que é ar, nos governa e sustém, assim
também o sopro e o ar abraçam todo o cosmo”
(ANAXÍMENES).
PITÁGORAS
- Arkhé é o número, representa a harmonia.
O mundo é ordenado em proporções
numéricas e essa ordem origina-se da
dualidade do par e ímpar.
- “Ao atribuir à physis uma natureza musical
e numérica, Pitágoras desenvolve a teoria
de que a estrutura harmônica do mundo,
ou kósmos, está presente em todas as
coisas e também na alma” (p.16).
XENÓFANES
- Para ele, o elemento primordial presente em
todas as coisas é a terra. “Pois tudo vem da terra e
na terra tudo termina”.
HERÁCLITO
- O fogo primordial – logos – é o grund de todas as coisas.
- Heráclito parte do pressuposto que há uma linguagem e
razão cósmica, que são fontes de sinais que não
manifestam nem ocultam, mas oferecem-se como algo a
ser decifrado e interpretado. Essa linguagem e razão não
são capturados em sua totalidade pelos humanos, pois
estão imersos no constante vir a ser.
- Para Heráclito a realidade é panta rei, ou seja, fluxo
constante: “Não podemos entrar duas vezes no mesmo
rio”. Nessa perspectiva, tudo fluí e nada permanece
idêntico
PARMÊNIDES

- Funda um ontologia – o fundamento de todas as


coisas é o Ser.
- Identifica ser e pensar. O ser é e o não-ser não é.
- Dessa identificação, nascem as coordenadas da
lógica ocidental – princípio da identidade (o ser
é o ser) e da não contradição (o ser é, e seu
contrário, não ser, não é).
- O ser se manifesta apenas ao intelecto.
EMPÉDOCLES
- O fundamento não pode ser resumido em um
elemento. Para Empédocles, o fundamento é
composto por quatro raízes: a terra, o fogo, a
água, e o ar.
ANÁGORAS
- O fundamento são sementes que são
organizadas pelo nous, mente ou espírito, que é
distinto delas.
DEMÓCRITO

- O filósofo situa-se na passagem do período pré-


socrático para o clássico, pois lança novas
perspectivas temáticas para a filosofia
(questões de ordem ética, antropológica e
técnica.
- O subjectum é o átomo.
PHOTO SCALA, FLORENCE/GLOWIMAGES/STANZA DELLA SEGNATURA, VATICANO
A filosofia no período clássico

A Escola de Atenas, pintura de Rafael


Sanzio, 1506-1510
Breve introdução
 No século V a.C., o centro

ALBUM/AKG/LATINSTOCK
cultural grego se deslocou
da Jônia e da Magna Grécia
para Atenas, onde se
desenvolveram plenamente
as noções de cidadania e de
democracia.
 Os principais representantes
desse período da filosofia foram
Sócrates, Platão, Aristóteles e os
sofistas. Os temas da
investigação filosófica foram a
cosmologia, a antropologia, a Pintura do filósofo
moral e a política, exceção sofista grego
feita a Aristóteles, que ampliou Protágoras de Abdera
(c. 485 a.C.-c. 411
suas pesquisas para os temas a.C.)
próprios da natureza.
Capítulo 14 – A filosofia no período clássico
- Sabe-se que a filosofia nasceu com os gregos,
além disso, eles inauguraram as reflexões
filosóficas sobre a política (ato de refletir
racionalmente sobre o poder e sobre a
possibilidade de organização humana da vida
coletiva, sem recorrer aos mitos).
- A partir dessas reflexões, inventam a ideia de
democracia (povo + poder); Cidadão (homem
livre – não era considerado cidadão: mulher,
estrangeiro e escravo; Todo cidadão podia
participar da Assembleia na Ágora); Isonomia
(Igualdade de direito perante a lei); Isegoria
(Igualdade de direito à palavra na assembleia).
- Nas cidades (pólis) destaca-se a àgora = praça pública; destinada
para as trocas comerciais, na qual os cidadãos também se reuniam
para debater os assuntos da cidade e resolver problemas legais.
Os sofistas e a retórica
- Etimologia: sofista = sophós, isto é, sábio, ou ainda, professor de
sabedoria. Com os filósofos Sócrates e Platão o termo recebeu um
sentido pejorativo (aquele que usa de raciocínio capcioso, de má-
fé com intenção de enganar).
- Com os sofistas houve um deslocamento das questões filosóficas:
da cosmologia para a antropologia.
- Atuaram em Atenas no século V a. C. Ocupavam-se com o ensino e
eram itinerantes, além disso, inauguraram o costume de cobrar
pelas aulas (isso causou estranheza e por causa disso foram
denominados por Sócrates de mercenários do saber.
- De modo geral, os sofistas eram de camadas médias e não podiam
dedicar-se ao ócio digno. “O ócio digno era o emprego do tempo
apenas com a atividade intelectual, costume da aristocracia
liberada do trabalho de subsistência, ocupação própria dos
escravos” (p. 299).
- Os sofistas tinham a tarefa de legitimar e justificar a nova classe
em ascensão (comerciantes enriquecidos). Cabe lembrar, toda
compreensão de poder, todo ato político requer um ato teórico
para legitimá-lo e justifica-lo. Por de trás de toda ideia há um
sujeito de interesses e vice-versa.
- Também tinham a tarefa de ensinar retórica (arte de bem falar,
usar da linguagem, do discurso para persuadir. Note que não há
preocupação com a verdade, mas com a persuasão), essa
educação era destinada aos intelectuais – os nobres.
- Sofrem críticas de Sócrates e Aristóteles: afirmam que os sofistas
não estão preocupados com a verdade (sem ela não há filosofia).
Relevância dos Sofistas – “Sua
contribuição para a sistematização do
ensino foi notável, devido à elaboração
de um currículo de estudo: gramática (da
qual são iniciadores), retórica e dialética.
E, na tradição dos pitagóricos,
desenvolveram a aritmética, a geometria,
a astronomia e a música” (p. 299).
A filosofia grega antiga
 Assim como ocorreu com os pré-
socráticos, restaram apenas

ALBUM/AKG/LATINSTOCK
fragmentos das obras dos sofistas.
Destacaram-se Protágoras, para o qual
“o homem é a medida de todas as
coisas”, e Górgias, cético quanto à
possibilidade do conhecimento.
 As críticas aos sofistas feitas por
Sócrates, Platão e Aristóteles
influenciaram a opinião de muitos
filósofos. Para esses três pensadores,
os sofistas estavam mais
preocupados em enganar do que
Gravura dos filósofos
em conhecer a verdade. gregos Sócrates e
Górgias de Leôncio (c.
 A importância dos sofistas na história 485 a.C.-c. 380 a.C.)

da filosofia foi reconhecida apenas


recentemente pelos pesquisadores.
Capítulo 14 – A filosofia no período clássico
Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”. Exaltação da capacidade
humana de construir a verdade. Para ele a verdade é subjetiva, relativa e histórica.
Sendo assim, ninguém pode intitular-se “criador de verdades”. Se o homem é a
medida de todas as coisas, o lógos não é divino. Sua obra: Antilogia, na qual a
defender posições opostas usando argumentos para cada uma delas.

Górgias: Famoso orador da Grécia antiga. Muito procurado como mestre de


retórica. No que tange a epistemologia, Górgias é cético (nada podemos
conhecer). Desenvolveu três teses: 1- o ser não existe; 2- se existisse alguma
coisa, não poderíamos conhecê-la; 3- se a conhecêssemos, não poderíamos
comunica-la aos outros. Górgias separa ser, pensar e o dizer (aspectos que os
filósofos relacionavam entre si). Segundo Górgias há um abismo entre a palavra e
o que ela designa (objeto), portanto, ela é impotente no sentido de conhecer o
real, serve apenas para comunicar opiniões. Grande crítico do conceito de
verdade. Para ele, a verdade jamais é apreendida pelo intelecto, resta ao intelecto
iluminar os fatos sem chegar a verdade absoluta ou definitiva. Segundo o sofista,
a retórica não conduz para a verdade, mas à persuasão (feita pela emoção).
Sócrates (470 a.C.-399 a.C.)
 Sócrates não deixou nada escrito. Tudo o
que sabemos sobre ele vem dos
diálogos elaborados por seus discípulos

LAUROS/GIRAUDON/THE BRIDGEMAN
Platão e Xenofonte e das peças de

ART LIBRARY/KEYSTONE
Aristófanes, que o ridicularizava.
 Sócrates investigava temas
como a coragem, a virtude e
a justiça.
 O método socrático era composto de dois
momentos: a ironia, que destruía o
pensamento do adversário, e a
maiêutica, que reconstruía o saber por
meio do diálogo.
Busto de Sócrates,
original grego do
 Platão dedicou a obra conhecida como século IV a.C.
“Apologia de Sócrates” à morte de
seu
mestre, condenado
Capítulo 14 – pela cidade
A filosofia no períodoa tomar
clássico

cicuta.
Platão (428 a.C.-347 a.C.)

 Platão elaborou a primeira


filosofia sistemática do
pensamento ocidental.

 As obras de Platão foram


escritas em forma
de diálogos, cujo principal

PHOTO SCALA, FLORENCE/GLOWIMAGES/


personagem era Sócrates.

STANZA DELLA SEGNATURA, VATICANO


 A influência de Sócrates ficou
marcada nas primeiras obras,
enquanto as teorias próprias de
Platão se destacam nos O filósofo Platão em
diálogos de maturidade. A Escola de Atenas,
de Rafael Sanzio,
1506-1510

Capítulo 14 – A filosofia no período clássico


Platão (428 a.C.-347 a.C.)

 A teoria do conhecimento foi


um dos temas mais importantes
investigados por Platão.

 De acordo com a teoria das


ideias, o mundo pode ser
dividido em sensível (mundo

PHOTO SCALA, FLORENCE/GLOWIMAGES/


das aparências, cópia do mundo

STANZA DELLA SEGNATURA, VATICANO


inteligível) e inteligível (mundo
das essências).

 A teoria política foi outro tema


tratado O filósofo Platão em
por Platão. Criticava a A Escola de Atenas,
de Rafael Sanzio,
democracia e 1506-1510
pensava que a cidade deveria ser

governada por filósofos.


Capítulo 14 – A filosofia no período clássico
Principais elementos da Filosofia de Platão:

1- MITO DA CAVERNA:
Nível epistemológico, político, ético-pedagógico.
2- Dialética platônica: ascendente e descendente.
Mundo das ideias/das essências/inteligível e
mundo das aparências. Sair de um grau inferior
de conhecimento para um grau superior
3- Teoria da Participação: o mundo das
aparências é a imagem/reflexo do mundo das
essências. O mundo sensível existe na medida
em que participa do mundo das essências.
4- Teoria da reminiscência= memórias das ideias,
das essências, das formas.
Teoria da alma:
Alma superior e alma inferior
(irracível e apetitiva).
FILÓSOFO –
OURO INTELECTO
-GOVERNO

SOLADADO –
PRATA CORAGEM –DEFESA,
ALMA IRRACÍVEL

PESSOAS EM GERAL –
BRONZE
TRABALHAM PELA
SUBSISTÊNCIA-
PRAZERES, DESEJOS-
ALMA APETITIVA
UTOPIA PLATÔNICA
- Sofocracia – filósofo rei
e/ou rei filósofo
- Calípolis (cidade bela)

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