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TRATAMENTOS TÉRMICOS

NOS AÇOS E NOS FERROS


FUNDIDOS
Metal
“Uma substância química elementar opaca,
lustrosa, boa condutora de calor e de
eletricidade e boa refletora de luz, quando
convenientemente polida.”

 O metal mais empregado é ainda o ferro.

 Outros metais importantes: alumínio,


cobre, chumbo, zinco, estanho, níquel e
magnésio.
Ocorrência dos Metais
 Alguns metais são encontrados no estado
nativo (quase puro):
 Ouro

 Platina

 Na maioria das vezes, os metais se encontram


combinados com outros elementos formam os
minerais:
 Hematita

 Pirita
Estrutura Cristalina dos Metais
 Os metais, ao se solidificarem, Representação do Processo
cristalizam, ou seja, seus de Solidificação dos Metais
átomos ocupam posições
relativamente definidas e
ordenadas que se repetem em
três dimensões formando uma
figura geométrica regular
chamada cristal.

 De acordo com a disposição dos


átomos originam-se 14 possíveis
distribuições desses átomos
formando os reticulados
cristalinos – Redes de Bravais.
Estrutura Cristalina dos Metais – Cont.
 Cada cristal constituído por
apenas um determinado grupo de Representação Esquemática
átomos é chamado de célula da Estrutura Cristalina dos
unitária.
Metais
Estrutura Granular
 Em resumo:
Cada grão é constituído por
milhares de células unitárias.
Estas, por sua vez, consistem em
grupos de átomos que ocupam
posições fixas, formando figuras
geométricas típicas.
As disposições fixas dão origem
aos reticulados.
Principais Reticulados
Cristalinos
 Cúbico de corpo centrado
(contem 9 átomos):
 ferro alfa, cromo, etc.

 Cúbico de face centrada


(contem 14 átomos):
 ferro gama, alumínio,
cobre, etc.

 Hexagonal compacto:
 zinco, magnésio, etc.
Alotropia
 Propriedade apresentada por certos
metais de possuírem reticulados
cristalinos diferentes.

 Exemplos:
 Ferro alfa – CCC à temperatura
ambiente
 Ferro gama – CFC à T > 912 oC
Alotropia – Cont.
 São alterações da estrutura cristalina que
dependem da faixa de temperatura em que se
encontram esses metais.

 Ferro alfa, gama e delta são formas alotrópicas


diferentes que apresentam estruturas
cristalinas e propriedades físicas diferentes,
porém o número atômico e o número de massa
não variam.
Alotropia – Diferenças
 A variação alotrópica dos aços (ligas ferro-
carbono) nos tratamentos térmicos, faz
com que:
 O ferro alfa solubiliza menor quantidade
de carbono (até 0,028% de C).
 O ferro gama dissolve maiores
percentuais de carbono (até 2,11% de C)

Esse fato altera as propriedades físicas dos


aços para uma mesma composição
química.
Ligas Metálicas
“Substâncias que consistem em misturas
íntimas de dois ou mais elementos
químicos, dos quais pelo menos um é
metal, e que possuem propriedades
metálicas.”

 Elementos estranhos são adicionados


intencionalmente a um metal, com a
finalidade de melhorar as propriedades
usuais ou obter certas propriedades
específicas.
Diagrama de Equilíbrio Fe-C
Fe3C, Fe e grafita (carbono na forma lamelar)

 Aços – Ligas de Fe-C –


0 a 2,11 % de C.

 Ferros fundidos –
Ligas de Fe-C (Ferros
Fundidos) – acima de
2,11% até 6,7% de C.

 Ferro alfa – dissolve


até 0,028% C.

 Ferro gama –dissolve


até 2,11% C.
Diagrama de equilíbrio Fe-C
Fe3C, Fe e grafita (carbono na forma lamelar)

 Ponto S : Ponto eutetóide –


Região dos aços.

 Ponto C: Ponto eutético –


Região dos ferros fundidos.

 Aço hipoeutetóide: Teor de


Carbono varia de 0,008 a
0,77% de C.

 Aço hipereutetóide: Teor


de Carbono varia de 0,77 a
2,11% de C.
Diagrama de equilíbrio Fe-C
Fe3C, Fe e grafita (carbono na forma lamelar)

 FoFo hipoeutético: Teor de


Carbono varia de 2,11 a 4,3%
de C.

 FoFo hipereutético: Teor de


Carbono > 4,3% de C.

 Ferrita alfa: Ferro considerado


comercialmente puro (teor
de C < 0,008%).

 Cementita: Fe3C - Carboneto


de ferro com teor de 6,7% C.
Diagrama de equilíbrio Fe-C
Fe3C, Fe e grafita (carbono na forma lamelar)

 Austenita: Solução sólida


de C no Ferro gama.
 Boa resistência à
tração e apreciável
tenacidade, não é
magnética.

 Cementita: Carbono na
forma Fe3C (carboneto de
ferro contendo 6,7% de
C).
 Muito duro e frágil.
Finas lâminas.

 Ferrita: Ferro com teor


máximo de 0,028% de C.
 Baixa resistência a
tração e dureza,
elevada ductilidade e
resistência ao impacto.
Diagrama de equilíbrio Fe-C
Perlita

 Constituída de 88% de
ferrita + 12% de
cementita (Fe3C).
Se apresenta na forma
lamelar com propriedades
intermediárias entre seus
constituintes, a ferrita e a
cementita.

 Depende da liga e do tempo


de resfriamento.

 Exemplos:
1. Resfriamento lento de
um aço hipoeutetóide (com
0,35% de C) e de um aço
hipereutetóde (com 1,4%
de C ).

2. Resfriamento de um fofo
hipoeutetóide (com 2,7%
de C).
Diagrama de equilíbrio Fe-C
 Em resumo:
 A austenita existente acima da linha A
1 pode se
transformar em:
1. Ferrita + perlita (ferrita +cementita)
2. Somente perlita
3. Perlita + cementita
4. Ledeburita (glóbulos de perlita c/ fundo de Fe3C)

 Isto ocorre se houver tempo suficiente para permitir


o equilíbrio.

 Devido a isto, os metais tem suas propriedades


modificadas.
Representação dos Aços Abaixo da
Temperatura de Transformação
Resfriados Lentamente
Representação dos Ferros Fundidos
Abaixo da Temperatura de Transformação
Resfriados Lentamente

 Branco – apresenta o carbono quase que inteiramente ligado –


fratura branca.

 Cinzento – mais que 2% C – formação de arbono livre – grafita-


fratura escura.
Tratamentos Térmicos
 Definição:

Tratamento térmico é o processo no qual se eleva a temperatura


até sua transformação e se controla a velocidade de
resfriamento para obter as características desejadas.

 Velocidades de aquecimento e principalmente de resfriamento


provocam alterações nas transformações alotrópicas (ferro gama
→ ferro alfa) e na microestrutura do material.

Alteração das propriedades mecânicas dos metais

 O diagrama chamado Curva TTT (tempo – temperatura –


transformação) possibilita o controle dessas transformações.
Tratamentos Térmicos – Cont.
 Objetivos:
 Remoção de tensões internas oriundas de
trabalho mecânico
 Aumento ou diminuição da dureza

 Aumento da resistência mecânica

 Melhora da ductilidade

 Melhora da usinabilidade

 Melhora da resistência ao desgaste

 Melhora da resistência a corrosão

 Modificação das propriedades elétricas e


magnéticas
Fatores de Influência nos TT
 Como o TT envolve um ciclo
“aquecimento – temperatura”, os
fatores a considerar são os seguintes:
 Aquecimento

 Temperatura de aquecimento

 Tempo de permanência à temperatura

 Ambiente de aquecimento

 Resfriamento
Tipos de Tratamentos Térmicos
 Recozimento
 Pleno

 Alívio de Tensões

 Esferoidização

 Normalização
 Têmpera
 Revenido
Recozimento
 Objetivos:
1 - Remover as tensões
internas oriundas dos
processos de fundição e
conformação mecânica a
frio.
2 - Diminuir a dureza.
3 - Melhorar a ductilidade.
4 - Ajustar o tamanho dos
grãos.
Recozimento – Cont.
 Recozimento pleno:

O material é aquecido a uma temperatura acima da de


recristalização (zona crítica – nos aços) seguido de um resfriamento lento.

 Recozimento para alívio de tensões:

O material é aquecido a uma temperatura abaixo da de


recristalização seguido de um resfriamento lento.

 Esferoidização:

O material é aquecido a uma temperatura em torno do limite inferior da zona crítica


seguido de um resfriamento lento.
Recozimento – Cont.

 Trabalho de deformação a
frio → Encruamento
(deformação plástica)

 Recristalização:
Restaura a estrutura
quando submetida a
encruamento.
Recozimento – Cont.
 Etapas:
 Recuperação

 Recristalização (alívio de

tensões)
 Aumento do tamanho do

grão
Tempo de resfriamento
Aço eutetóide

Tempo de resfriamento lento:


Austenita(Fe gama) perlita(Fe alfa + Fe3C)

Tempo de resfriamento rápido:


Austenita martensita + perlita

Tempo de resfriamento mais rápido:


Austenita martensita
Curvas TTT

Curva TTT de um Aço


Eutetóide e Estruturas
Resultantes
Curvas TTT – Cont.
 Utilizados para o estudo dos tratamento
térmicos
Normalização
 Mesmos objetivos e procedimentos
do recozimento, porém o
resfriamento é menos lento, ao ar.

 Em comparação com as ligas


recozidas, apresentam melhores
propriedades mecânicas

 Estrutura com granulação mais


fina se comparada com a
produzida através do recozimento.
Têmpera
 Resfriamento rápido que tem por
objetivo o aumento da dureza do
aço.

 Aumento da resistência ao desgaste

 Aumento da resistência a

tração

 Diminuição da ductilidade.

Formação da martensita
Revenido
 Tratamento aplicado aos
aços temperados, logo
após a realização da
têmpera.

 Objetiva corrigir a dureza


excessiva obtida através
da têmpera.

Formação de martensita
revenida
Aços Para Construção Mecânica

Te m p e ra d o

Ten sã o
R e v e n id o

R e c o z id o

D e fo rm a ç ã o
Aço ABNT 1045 – Aspecto micrográfico de um aço
hipoeutetóide. Ampliação: 400 vezes

A Figura mostra a microestrutura visualizada no microscópio. As áreas


brancas são de ferrita e as áreas escuras são de perlita, cuja estrutura
lamelar não é evidenciada por se tratar de ampliação relativamente pequena.
Aço ABNT 1045 – Têmpera

A Figura mostra o aspecto micrográfico de um aço hipoeutetóide


temperado. As partes mais escuras são os veios de martensita em
forma de agulha.
Aço ABNT 1045 – Revenido a 300°C
A figura mostra o aspecto micrográfico do aço hipoeutetóide temperado e
revenido a 300ºC.
Aço ABNT 1045 – Revenido a 300ºC e 450°C
Aço ABNT 1045 – Revenido a 600°C
Aço ABNT 1045 – Revenido a 700°C
TRATAMENTOS
TERMOQUÍMICOS NOS AÇOS
Tratamentos Termoquímicos
 Definição:
Quando ocorre mudança na composição
química do material.

 Tipos de tratamentos:
 Cementação

 Nitretação

 Cianetação

 Carbonitretação
Cementação
 Consiste no enriquecimento superficial de carbono, em peças de aço
de baixo carbono.

 A temperatura de aquecimento é superior a temperatura crítica e as


peças devem ser envolvidas por um meio rico em carbono que pode
ser:
 Sólido – Carvão
 Gasoso – Atmosferas ricas em CO
 Líquido – Banhos de sal à base de cianetos

 A profundidade de cementação depende da temperatura, do tempo de


permanência na temperatura e da concentração de carbono.

 A peça cementada deve ser posteriormente temperada.


Nitretação
 Consiste no enriquecimento superficial de nitrogênio que se
combina com certos elementos dos aços formando nitretos de
alta dureza e resistência ao desgaste.

 As temperaturas de nitretação são inferiores às da zona crítica.

 Não há necessidade de têmpera posterior nos aços nitretados.

 O tratamento é feito em:


 Atmosfera gasosa rica em nitrogênio
 Banho de sal

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