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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

IERI- UFU

ECONOMIA BRASILEIRA III

• Profa. Drª SABRINA FARIA DE QUEIROZ


O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
- FHC enfrenta primeiros problemas do Plano Real:
1- Retorno dos déficits na balança comercial a partir de nov/1994 (depois
de 14 anos de superávits, em março o déficit chega a US$3,6 bilhões);

2- Saída de reservas cambiais (garantidoras de importação) devido à


incerteza quanto ao cenário macroeconômico – retomada dos déficits em
transações correntes;
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
O impacto da crise mexicana (1994/95) na economia brasileira
- A crise só atacaria países com déficits em transações correntes, como o Brasil (o
déficit cresceu de forma explosiva passando de US$3,54 bilhões – 0,66% do PIBB -
em janeiro de 1995 para US$7,59 bilhões em março- 1, 4% do PIB)!
- O Brasil já mantinha há tempos déficit na conta serviços e devido à âncora do
Plano real, inaugurava os déficits na Balança Comercial.
- A necessidade de pagamento de US$11 bilhões da dívida renegociada em 1995,
incorreria em um déficit na conta de serviços de US$ 15 bilhões para aquele ano!
- Crescia a pressão sobre o câmbio.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
O impacto da crise mexicana (1994/95) na economia brasileira

- Política praticada apresentava um contra-senso: provocava déficits


comerciais e financeiros, na esperança de serem cobertos por capitais
especulativos, mas, diante da primeira perturbação, esses capitais
fugiam dos países deficitários!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As primeiras correções no real
• Para colocar fim no movimento de fuga de reservas o governo adotou
medidas no sentido de estimular as exportações via incentivos à
antecipação dos contratos de exportação (ACC – adiantamento do
contrato de crédito- funcionava como um financiamento da produção ou
embarque de produtos exportados);
• Elevação da taxa de juros – taxa real de juros era de 40% a. a. em 1995;
• Elevação da tarifa de importação de cerca de 100 produtos;
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As primeiras correções no real
• Adotou-se a banda cambial deslizante para começar a desvalorizar o real e determinou que
o mesmo seria corrigido com base no IGP;
• Principal sustentáculo do Plano Real >> Âncora cambial + redução das tarifas à
importação = barateava produtos estrangeiros, conseguindo segurar a inflação e ao mesmo
tempo, deteriorava as contas externas o que poderia trazer a inflação de volta!
• Os economistas da PUC-RJ começaram a sair da equipe econômica!
• As importações continuaram subindo a despeito da correção do câmbio e das tarifas à
importação!
• As reservas voltam a crescer!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As primeiras correções no real
• Âncoras eram irmãs siamesas: a âncora cambial segurava a inflação ao
permitir a entrada de produtos importados baratos (gerando déficits
comerciais crescentes) e a âncora monetária – juros altos- atraía
capitais especulativos para financiar o déficits externos!
• Vulnerabilidade externa crescia: em 1993 a relação entre déficits em
transações correntes e reservas era de 1,8% e passou para 35% em
1995.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
A combinação das duas âncoras gerou um aumento excessivo do passivo
externo brasileiro (K estrangeiro no país =
IDE+empréstimos+financiamento+aplicações em carteira)>>>
aumentando grau de vulnerabilidade externa.
O déficit total das contas externas (saldo de transações
correntes+amortização da dívida externa) que fora US$10,4 bilhões em
1993, subiu para US$28,6 bilhões em 1995.
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METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
Para cobrir o déficit, o governo e as empresas passaram a recorrer a
mecanismos, como:
• Venda de patrimônio nacional ao capital estrangeiro;
• Tomada de novos empréstimos;
• Incentivo a aplicações em carteira do capital especulativo estrangeiro;

Resultado: crescente transferência de recursos para o exterior.


O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
• A dupla ancora também explodiu as finanças públicas, pois, o Bacen
precisava emitir títulos para enxugar os reais emitidos para trocar por
dólares especulativos que entravam e, ao mesmo tempo, a taxa de juros
elevada implicava aumento da dívida pública expressa nesses papéis!
• A dívida mobiliária – em títulos – em poder do público evoluiu de
R$61,7 bilhões em janeiro de1995 para R$108,49 bilhões no final
daquele ano.
• FHC recriava o déficit que ele tanto queria combater!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
• Juros altíssimos >> inadimplência generalizada >> grandes bancos quebraram
(Bamerindus, Econômico e Nacional) - Empresas e consumidores não
conseguiam pagar os encargos sob os quais incidiam taxas de juros de 400 a
450% ao ano.
• O Governo fez repasse bilionário para salvar os bancos (dentro do Proer –
Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema
Financeiro Nacional) e depois os venderam ao bancos privados por preços
irrisórios!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento

• Crise financeira afeta a economia real: as taxas de lucro das


empresas caíram, espremidas pelos juros altos e pela concorrência
desleal dos produtos importados >>> a rentabilidade sobre o
patrimônio das 500 maiores empresas apontou queda de 10,7% em
1994 para 6,1% em 1995 >>> produção industrial havia crescido
6,7% em 1994 e em 1995 ela cresce somente 1,9%.
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METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
• A agricultura, que vinha se saindo bem, amargou uma perda de
32,5% na renda agrícola em 1995 – equivalente a R$5,6 bilhões!
• A taxa de desemprego aumentou de 4,6% em 1995 para 5,4% em 1996
e, na grande São Paulo a soma do desemprego aberto e oculto (pessoas
a procura de trabalho nos últimos 30 dias e que não procuram mais) saiu
de 13,2 e atingiu 14,9%.
• Caiu a participação da indústria no PIB (Tabela 11.1 p. 258).
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METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
• A inflação resistia – em torno de 35% a 55%, se excluíssem os
importados e as tarifas públicas os índices ultrapassariam 130% - o
congelamento do câmbio e das tarifas impediu a explosão inflacionária!
• A deterioração da economia prosseguiu em 1996.
• O PIB cresceu somente 2,7% em 1995.
• A taxa de investimento caiu 0,2% de 1995 para 1996.
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METAS DE INFLAÇÃO
As âncoras e o endividamento
• A sobrevalorização da moeda alavancava o importacionismo e reforçava
o processo de desindustrialização (Tabela 11.2 p. 258) – cai bastante a
participação da produção industrial no PIB.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
“Modelo exportador” (discurso político: modelo baseado nas exportações ocuparia o
lugar do modelo de substituição de importações – importar bens de capital para
modernizar e ampliar nossa indústria colocando em condições de competir
externamente)
• A política de juros altos e a sobrevalorização do real penalizavam os exportadores ao lhes
imporem custos financeiros altíssimos!
• A taxa de importação de bens de capital era de apenas 20% do total da pauta de importações
e eram destinados a reposição de equipamentos depreciados por falta de investimentos.
• As importações estavam ocupando o lugar da produção interna e, portanto, em 1996 a
indústria operava com 35% de capacidade ociosa.
Indicadores Industriais
UCI - Utilização da capacidade instalada%
Brasil
D Indústria de transformação
Percentual médio
86.00

84.00

82.00
Indicadores Industriais
UCI - Utilização da capacidade instalada%
80.00 Brasil
D Indústria de transformação
78.00 Percentual médio

76.00

74.00

72.00

70.00

68.00
9 9 8 8 7 7 7 6 6 5 5 4 4 4 3 3 2 2 2 1 1 0 0 9 9 9 8 8 7 7 7 6 6 5 5 4 4 4 3 3
2 01 20 1 20 1 2 01 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 20 1 2 0 1 20 1 2 0 1 2 01 20 1 2 01 2 00 2 00 2 00 2 00 2 00 2 00 2 00 2 00 2 00 20 0 2 00 20 0 2 00 20 0 20 0 2 00 20 0
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0 7 0 2 09 0 4 11 06 0 1 08 03 10 05 12 07 02 09 04 11 06 01 08 0 3 10 0 5 1 2 0 7 0 2 0 9 0 4 1 1 0 6 0 1 0 8 03 1 0 0 5 1 2 0 7 02 0 9 04
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
“Modelo exportador”
• Além disso, a indústria de máquinas e equipamentos, debilitada pela
concorrência externa predatória, sofria profundo processo de
desnacionalização;

O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
O projeto de reeleição de FHC
• Colapso do Plano Real entre fins de 1998 e 1999 por conta de ausência
de medidas corretivas no tempo certo!

• Emenda Constitucional para aprovar a reeleição!


O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Vulnerabilidade externa e “vírus asiático”
• Economia bastante fragilizada - Julho de 1997 – Crise dos Tigres
Asiáticos – implosão financeira e cambial iniciada na Tailândia – (a
moeda valorizada entrou em colapso por conta do alto endividamento e a
ruptura do regime cambial implicou em fuga de capitais em escala
crescente – queda de financiamento externo, queda do PIB, etc. )
• De agosto a dezembro de 1997 – perdemos US$ 10.9 bilhões em reservas
cambiais e somente a China, por contar com altos superávits comerciais,
saiu ilesa da crise!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Intensificação das medidas restritivas já adotadas (dobrou a taxa
básica de juros que foi de 22% para 44%, aumentou os impostos sobre
assalariados da classe média, cortou incentivos fiscais ao Nordeste e
cortou investimento público e gastos sociais para garantir o pagamento
de juros).
• O desemprego seguiu aumentando e as contas externas se deteriorando!
• As contas externas e públicas (déficits primários crescendo)
continuaram piorando os déficits comerciais crescendo.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
1° acordo com o FMI
• 1998 – situação da Coréia do Sul deteriorava-se e emergia a crise da Rússia.
• Nem a negociação com o FMI e o financiamento obtido conseguiram segurar a
saída de capitais – Aporte de US$ 41 bilhões patrocinado pelo Governo americano,
FMI e BIRD!
• O governo brasileiro estava bancando o real valorizado com mais e mais dívida, em
grande medida dívida com o capital especulativo. O limite chegou no segundo
semestre de 1998, os aplicadores internacionais perceberam o agravamento do risco
de nada receberem no futuro e levaram seus capitais em massa do país.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
1° acordo com o FMI
• Governo aumentou a CPMF em 90% e as Cofins em 50%.
• Cortou gastos sociais;
• Elevou a contribuição previdenciária dos servidores públicos e tentou
cobrá-la dos aposentados e pensionistas da União!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
1° acordo com o FMI
• Efeitos recessivos do arrocho fiscal e monetário: com o aumento da taxa de
juros, aumentou ainda mais os custos financeiros para as empresas gerando
contenção ainda maior da demanda interna - prejuízos crescentes!
• O PIB cresceu 0,2% em 1998;
• O desemprego explodiu em São Paulo passando de 15,7% em 1997 para
18,2% em 1998.
• O pacote fiscal de 1998, que aumentou a carga tributária, permitiu a geração
de superávits primários crescentes para o pagamento de juros a partir de 1998.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
1° acordo com o FMI
• O déficit comercial permanecia presente = real estava sobrevalorizado e
os principais países importadores dos produtos brasileiros ainda
estavam se recuperando da crise!
• FHC se reelege em outubro de 1998.
• Aumento progressivo da carga tributária e geração de crescentes
superávits para pagamento de juros até o final do segundo mandato de
FHC.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Fuga em massa de capitais e o colapso do Plano Real
• Em um ano se perdeu US$ 48 bilhões em reservas (maio de 1997 a
maio de 1998);
• 13/01/1999 – Iniciou-se o processo de desvalorização efetiva do Real.
Desmoronava-se o mito da “moeda forte” tão propalado durante quatro
anos e meio!!!
• Tentou-se operar com uma política de “banda larga” mas, logo ela foi
ultrapassada no mercado!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Câmbio Flutuante – Colapso do Plano Real
• 15/01/1999 – o câmbio passou a flutuar livremente, a sabor do movimento dos capitais
especulativos!
• 20/01/1999 – o câmbio chegava a RS$ 1,98/dólar.
• Cenário: alto endividamento público e privado (alta dívida externa), perda de patrimônio
de 76% do público, importantes setores industriais foram dizimados ou sucateados
(indústria de bens de capital, informática, telecomunicações, eletrônicos de consumo,
autopeças e indústria química e farmacêutica), taxa de desemprego em SP alcançara 20%.
• A saída de capitais continuava devido à desconfiança se os aplicadores reaveriam suas
aplicações!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Câmbio flutuante e aperto monetário tranqüilizam o “mercado”
• Nova política de combate à inflação: câmbio flutuante + sistema de
metas inflacionárias SMI;
• Armínio Fraga assume a presidência do Bacen (após queda de
Francisco Lopes)!
• O objetivo da desvalorização do real era gerar superávits comerciais
exigidos pelo capital estrangeiro como forma de garantir suas remessas
de lucros e juros e seu “repatriamento”.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Câmbio flutuante e aperto monetário tranqüilizam o “mercado”
• O anúncio pelo governo de que aprofundaria o processo de
desestatização (Banco do Brasil, Banespa CEF e Petrobrás) permitiu a
estabilização do câmbio em abril em nível de RS$1,70/dólar ao frear
a saída de capitais!
• Elevação dos juros e desvalorização do real>> elevam custo financeiro
e o custo da matéria prima importada >> geram queda na produção
industrial e aumento do desemprego em fins de 1999.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Câmbio flutuante e aperto monetário tranqüilizam o “mercado”
• Com aumento de custo de produtos importados a inflação cresce em
20% em 1999.
• No Sistema de Metas de Inflação (SMI) o principal instrumento passa
a ser a âncora monetária (taxa de juros)!
• Assim, O Banco Central passa a ter um poder de extrema importância e
estar submetido à lógica financeira do mercado e não ao governo.
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
O Sistema de Metas de Inflação
1. O governo, via CMN estabelece a meta inflacionária- na época a meta
era estabelecida pelo FMI;
2. Cabe ao Bacen fazer a inflação convergir para a meta através da
regulação da taxa de juros, quantidade de moeda em circulação e
volume de crédito;
3. A decisão sobre a Selic é tomada pelo Copom, que reúne a diretoria
do Bacen;
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
O Sistema de Metas de Inflação
• A política monetária condiciona a ação do governo que fica
incapacitado de utilizar os instrumentos monetários para fazer
política econômica!
• SMI parte da concepção de que a inflação é um fenômeno
estritamente monetário e resultado do excesso de gastos do
governo!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
O Sistema de Metas de Inflação
• Juros altos >>> sobrecarregam financeiramente o endividamento do
setor público >> é exigido aumento do superávit primário para arcar
com pagamento de juros>> eleva-se impostos para conseguir o
superávit primário >>> gerando-se a âncora fiscal!
• Âncora monetária + fiscal trabalham juntas para atrair capitais
especulativos externos >>>>valoriza a moeda nacional e recria a
âncora cambial!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Exportação e reanimação econômica
A desvalorização do real começou a fazer efeito no ano seguinte (2000):
• O crescimento econômico foi suficiente somente para ocupar a capacidade ociosa
existente – via exportações;
• Mercado interno estava contraído por conta do achatamento salarial;
• As exportações cresceram mas, o déficit comercial persistia com o alto volume
importado (tarifas à importação baixas) e os investidores externos seguiam
desconfiados quanto à possibilidade de obtenção de retorno sobre suas aplicações o
que exigia anúncio de superávits primários crescentes;
• A desaceleração da economia americana haveria de afetar as exportações brasileiras;
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Exportação, reanimação econômica e o passivo externo
• O aumento do passivo externo (remessa de lucros, juros, amortizações)
bloqueava o crescimento do PIB, pois:
1- deprimia a capacidade de investimento interno – ao deprimir os lucros
internos;
2- com baixas e nulas tarifas à importação há desequilíbrio comercial e
necessidade de atrair capitais externos para cobrir o déficit;
3- Para lidar com desequilíbrio externo- aumenta-se a taxa de juros para atrair
capitais externos e cobrir o déficit – aumentando o Passivo externo –
circulo vicioso que inviabiliza o crescimento!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
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Fatores perturbadores da economia
• 2001 >> aumenta o protecionismo dos países ricos, em 2002 os EUA
sobretaxaram e estipularam quotas à importação do aço brasileiro) a
economia mundial desacelera, colapso da economia argentina e
racionamento interno de energia elétrica.
• Os ganhos de competitividade oriundo do aumento das exportações
são perdidos;
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
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2° acordo com o FMI
• Apesar do superávit comercial em 2001, o déficit externo persistiu e a
dívida líquida do setor público atingira níveis descontroláveis (51.9%
do PIB)>>> especuladores ficam nervosos e aumenta pressão sobre o
dólar!
• Novo acordo com FMI (pior deles)>> - aumento do compromisso de
superávit comercial para 2001 (3,35% do PIB) e aumento da meta
para 2002 (3,5%). – que serviria somente para pagar os juros!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
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2° acordo com o FMI

• Contexto: Superávits primários (obtidos do aumento de impostos e


corte nos gastos públicos) eram utilizados para pagar os detentores de
títulos público, juros altos, achatamento salarial, aumento do
protecionismo dos países ricos, desaceleração da economia
mundial e crise de racionamento de energia no país!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Novo colapso das contas externas
• Dólar chega a R$3,89 em setembro de 2002 em bateu os R$ 4,00.
• Eleições se aproximavam;
• Cambio cede após período de eleições;
• Os credores perceberam que os encargos da dívida pública tinham se
tornado impagáveis!
• Pedro Malan, ministro da economia, anuncia mais um aumento para o
superávit primário em junho de 2002 para tentar estancar a saída
maciça de capitais!
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3° acordo com o FMI – Agosto de 2002
A cotação do dólar continua subindo!
• Aumento da meta de superávit primário para 3,75%;
• Exigência de aumento da taxa de juros por parte do FMI;
• Exigência de que os candidatos à presidência assinassem termo de
cumprimento do acordo!
• Lula assinou o acordo após a sua vitória, o que acalmou os
especuladores externos!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
A estagnação da economia
• Economia cresceu em 2000 mas, em 2001 (PIB cresceu 1,3%) iniciou-se
a estagnação!
• PIB per capita ficou estagnado em 2001 e 2002!
• Desemprego subindo (o rendimento real do trabalhador caiu em 15%
de 1998 à 2002)
• Juros altos + moeda desvalorizada = lucratividade empresarial
deprimida!
• Crédito estagnado!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Escalada inflacionária
• Até então a inflação esteve relativamente controlada;
• O IGP (FGV) depois de apresentar um pico em 1999 (19,98%) se
manteve em torno de 10% em 2000/2001;
• 2002 a inflação volta a disparar em decorrência da desvalorização
cambial >> inflação de custos e posteriormente a contaminação geral
– inércia inflacionária!
• A inflação média estava projetada para 65% de média anual!
O COLAPSO DO PLANO REAL E O SISTEMA DE
METAS DE INFLAÇÃO
Escalada inflacionária
• O próprio governo havia criado mecanismos de indexação ao dólar,
ao permitir que tarifas de energia e telefonia fossem ajustadas pelo
IGP!

• As contas de telefone fixo subiram 445% em SP (entre junho de 1994


e junho de 2002).

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