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Tecnologia de aplicação

Professor: Rafael Antonio Pasini


Engenheiro Agrônomo (UFPel)
Mestre em Fitossanidade (UFPel)
Doutor em Fitossanidade (UFPel)
Introdução

 Grãos - 253 milhões de t;


 Soja – 135 milhões de t;

Conab, 2021.
Fonte: Sindiveg / Spark Consultoria
TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DOS
AGROTÓXICOS

“É o emprego de conhecimentos científicos para


a colocação de agrotóxicos no alvo, em
quantidade necessária, de forma econômica,
com o mínimo de contaminação das áreas não
visadas”.
Quais são os três objetivos principais de em
uma boa pulverização?

ALVO
 Insetos-praga;
 Doenças;
 Plantas daninhas.

O primeiro passo na calibração da pulverização é identificar o


“alvo”, onde ocorre o problema que se deseja controlar.
Distribuição da lagarta falsa-medideira
no dossel da soja

73%

Peralta, 2006
O QUE É UMA PULVERIZAÇÃO ?

Um processo mecânico que visa transformar um alto volume de


líquido em um grande número de gotas pequenas.
Diferença entre pulverização e
aplicação

Pulverização: processo físico-mecânico de transformação


de uma substância líquida em partículas ou gotas.

Aplicação: deposição de gotas sobre um alvo desejado,


com tamanho e densidade adequados ao objetivo
proposto.
Diferença entre regular e calibrar
o equipamento
Regular: ajustar os componentes da máquina às
características da cultura e produtos a serem utilizados.
Ex.: ajuste da velocidade, tipos de pontas, espaçamento
entre bicos, altura da barra, etc.

Calibrar: verificar a vazão das pontas, determinar o volume


de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no
tanque.

É muito comum os aplicadores ignorarem a regulagem e


realizarem apenas a calibração, o que pode provocar
perdas significativas de tempo e de produto.
A aplicação requer...
1 - Conhecimento das pragas que ocorrem na lavoura;
2 – Conhecimento da cultura e época de ocorrência da praga;
3 – Comportamento das pragas;
4 – Reconhecimento dos danos;
5 - Inimigos naturais presentes na área;
6 - Nível de dano econômico;
7 - Produtos existentes no mercado;
8 – Formulação do produto;
9 – Toxicologia do produto;
10 – Modo de ação do produto;
11 - Conhecimento da importância do uso do EPI.
Fatores que interferem
Qual é o alvo biológico a ser controlado?
Qual é o tratamento mais adequado?
Qual é o momento da aplicação?
Como realizar aplicação?
Alvo

Produto

Equipamento Momento
Principais fatores que interferem
ACERTAR O ALVO

Ponta de pulverização
Tamanho da gota
Condições climáticas
Qualidade da água
Bico de pulverização

1 - Transformar o líquido de pulverização em gotas


2- Distribuir as gotas uniformemente na faixa desejada
3 - Determinar a vazão (L/ha)
Tipos de Bicos

1-Bico leque - São usados para aplicação de herbicidas e


inseticidas de solo, em faixas e nunca área total (aplicação
entrelinhas).

2-Bico Cone: Para pulverização de folhagens em área total

3-Bico de impacto (defletor): Para trabalhar em baixas


pressões e proporcionar gotas grandes (herbicidas
sistêmicos).
1 galão americano= 3,78541 l
DMV - Diâmetro Mediano Volumétrico

Diâmetro que divide o volume pulverizado em


duas partes iguais, isto é, metade do volume
pulverizado está contido em gotas menores
que este diâmetro e a outra metade em gotas
maiores que este diâmetro.
DMV

Metade do Volume Metade do Volume

Diâmetro de gota que


divide o volume
aplicado

Ex: Aplicação de 100 L/ha


50 L 50 L
Classificação (BCPC)
Britìsh Crop Protection council

 Muito fina (menores que 119 µm)

 Fina (entre 119 e 216 µm)

 Média (entre 217 e 353 µm)

 Grossa (entre 354 e 464 µm)

 Muito Grossa (acima de 464 µm)


1 8

400 m 200 m

64 512

100 m 50 m

COBERTURA
Qual é o melhor tamanho de gota?

DEPENDE DO OBJETIVO

Alvo de controle e cultura

Produto “contato ou sistêmico”

Condições climáticas
(Temperatura, umidade relativa e vento)
COBERTURA MAIOR MENOR

DERIVA MAIOR MENOR

VIDA ÚTIL MENOR MAIOR

Adegas (2013)
Como verificar o tamanho da gota e cobertura?
Papel hidrossensível

Papel sensível à água, regiões atingidas pela calda de pulverização tornam-se


azuis e mostram a distribuição do padrão de gotas.

GOTAS PEQUENAS GOTAS MÉDIAS GOTAS GRANDES


Fernando Adegas (2013)
INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

“VENTO, TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA”

O vento pode arrastar as gotas em uma maior ou menor

distância em função de seu tamanho ou peso.


A temperatura e a umidade relativa do ar contribuem para a

evaporação rápida das gotas.

“Momento da Aplicação”
As condições limites para uma pulverização são:

 Velocidade do vento: 3 a 10 km/h;


 Temperatura abaixo de 30º C
 Umidade relativa do ar: mínima de 55% e máxima 80%.
Evaporação: uma das formas de deriva
20 oC e 80% UR 30 oC e 50% UR

Gota muito Gota muito


fina 50 fina 50
µm µm

12,5 s 3,5 s

X X
Christofoletti et al., 1997
Fundamentos da tecnologia de aplicação

Produto Densidade
gotas/cm2
Inseticida 20 a 30
20 a 40
Herbicida 30 a 70

Fungicida

gronômic D eriva Penetração Cobertura


aGota s finas

Gota s grossas

Gotas: finas x médias x grossas

• Solução única não existe...


• Cada problema exige uma solução específica!
Relação clima x gota x técnica Condições ideais:
Temperatura: < 30°C
Umidade relativa > 50%
Aplicação em condições favoráveis: Vento: entre 3 e 10 km/h
• Início da manhã, noite;
• Baixa temperatura, alta umidade, pouco vento

Gotas finas ou muito finas e volume menor: bico duplo leque ou cone

Aplicação em condições menos favoráveis:


• Meio do dia
• Alta temperatura, baixa umidade, mais vento
Gotas médias e volume maior: bico leque com pressões mais baixas
Deriva

Qualquer desvio do produto aplicado fazendo com que este


não atinja o alvo da aplicação durante ou após a aplicação

Aplicação sem deriva Aplicação com deriva


DERIVA
1. Endoderiva
Perda do produto dentro dos domínios da cultura.
Ex.: escorrimento causado por excesso de calda ou gotas muito grandes;

Dentro do local de aplicação

Escorrimento

Escorrimento
DERIVA

2. Exoderiva
Perda do produto fora dos domínios da cultura (ex.: gotas levadas por

correntes de ar, evaporação devido condições climáticas desfavoráveis


(baixa umidade e alta temperatura do ar).
Fatores associados a deriva

1.Tamanho de gota
2.Condições climáticas (temperatura, umidade e
vento)
3.Pressão no manômetro
4.Velocidade de deslocamento

Schroder, 2011
Pressão no manômetro

 Importante para a formação das gotas e do jato de pulverização

Distribuição desuniforme

Aumenta deriva e desgaste das pontas


Padrão de distribuição
Qualidade da água

Física
Relacionada a impurezas (matéria orgânica, areia, argila, dentritos, sais minerais)
(entupimento, desgastes etc)

Química
Relacionado ao pH da água. pH ideal levemente ácido 6 a 6,5.

pH alcalino pode dificultar a absorção do produto na planta (hidrólise).

Ex: Inseticidas piretroides e abamectina (redução de 50% de eficiência)

Redutores de pH: Sulfato de zinco, ácido bórico, ácido fosfórico


Dureza
Relacionada à concentração de cátions na solução
Mais freqüentes  Ca2+ e Mg2+

Implicações
Reação com ânions na água, formando precipitados
desgaste do equipamentos (pontas, filtros, etc.)
Reação com o I. A.

A água de profundidade tem mais dureza


EQUIPAMENTOS DE APLICAÇÃO DE

1- Polvilhadeiras;
2 - Granuladeiras;
3 - Pulverizadores;
4 - Atomizadores;
5 - Nebulizadores;
6 - Avião agrícola.
7 - Drones
1- Polvilhadeiras
Características:
- Aplicação de inseticidas formulação pó;
- Sensível a ação da chuva e vento;

2 - Granuladeiras
Características:
- Geralmente utilizadas para pragas de solo (citros e café) (formigas).

3 - Pulverizadores
-Tratorizado, costal e autopropelido;
- Produtos necessitam ser diluídos em água

4 - Turbo Atomizador
-Utilizados na fruticultura;
-Produtos necessitam ser diluídos em água

Aplicação via drench (campo)

A calda atinge o interior das plantas através de uma corrente de ar


5 - Nebulizadores
-Utilizado para controle de formigas cortadeiras, pragas urbanas e florestais;
-Aquece o óleo e o inseticida, gerando uma fumaça tóxica.

6 - Avião agrícola
Grande áreas
Vantagens:
-Grande rendimento;
-Permite a aplicação em solo úmido.

Desvantagem:
-Áreas planas sem obstáculos;
-Maior deriva. Áreas pequenas e com obstáculos
Equipamentos de proteção individual
Vias de exposição

Ocular Inalatória

Dérmica Oral
Toxicidade

É a propriedade inerente à substância de causar


efeito adverso à saúde.

Dose

Resposta
EXPOSIÇÃO
       
 
RESPIRATÓRIA: região das narinas e boca: 0,2 %

        DÉRMICA : partes do corpo: 99,8 %


 
 
ABSORÇÃO
 
     RESPIRATÓRIA - Potencial = 100 % x 0,2 %
Exposição é 0,2
 
        DÉRMICA : Potencial = 10 % x 99,8 %
Exposição é 9,98
 

O POTENCIAL DE INTOXICAÇÃO PELA VIA DÉRMICA É


49,9 VEZES MAIOR QUE PELA VIA RESPIRATÓRIA".
 
Obrigado pela atenção

Contato
E-mail: rafapasini@gmail.com

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