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Excedente do Consumidor

Idéia: olhar para os ganhos e perdas


do consumidor quando os
preços/renda mudam
Introdução
• Objetivo: como obter uma estimativa da
função utilidade a partir do comportamento
da demanda.
• Começaremos com o caso do bem discreto.
Demanda de um bem discreto
• Bem discreto + utilidade quase-linear
• U(x,y) = v(x) + y
• bem x disponível apenas em unidades
inteiras; px = p é o preço do bem
• bem y = quantidade de $ para gastar com os
outros bens; py = 1
Demanda de um bem discreto
• Nesse caso, o comportamento do consumidor
pode ser descrito por uma sequência/lista de
preços de reserva.
r1 = v(1) - v(0) ; r2 = v(2) - v(1) ; .... ; rn = v(n) –
v(n-1)
• E se o consumidor escolher n unidades do bem,
isso significa que rn >= p >= rn+1
Bem discreto – cap. 6
obtendo a curva de preço-consumo e de demanda
para o bem discreto
• Bem 1 é o bem discreto; se o seu preço for
muito alto, consumidor está interessado em
adquirir “0” unidade; se o seu preço for
suficientemente baixo, consumidor está
interessado em consumir “1” unidade; e se
seu preço for “r1” o consumidor está
exatamente indiferente entre consumir “0”
ou “1” unidade do bem
Preço de reserva
• Preço de reserva: preço que deixa o
consumidor exatamente indiferente entre
consumir “0” ou “1” unidade
• Curvas de indiferença e curva de
demanda
y
y’

Curvas de indiferença são as tracejadas; Quanto mais alta, mais


preferidas são as cestas.
Preço r1 (mais em pé), consumidor tem duas escolhas ótimas (0,y)
ou (1, y’); preço diminui para r2, agora tem duas escolhas ótimas
(1,y’’) ou (2,y’’’) - retas orçamentárias y = m – r1x ; y = m – r2x
Lista de preços de reserva:
comportamento de demanda
• Diagrama a direita: relação entre o preço de
reserva e a quantidade demandada
• Ou seja, uma lista de preços de reserva
descreve o comportamento da demanda.
• Podemos descrever o preço de reserva em
termos da função utilidade.
• r1 tem que satisfazer: u(0,m) = u(1, m-r1)
• r2 tem que satisfazer: u(1,m-r2) = u(1, m-2r2)
Utilidade quase-linear
• Se a utilidade for quase-linear, facilita bastante
as contas!
• U(x,y) = v(x) + y
• Admitindo que v(0)=0, temos:
• U(0,m) = U(1,m-r1)
• m = v(1) + m – r1
• r1 = v(1)  ou seja, o valor atribuído a 1ª
unidade consumida do bem é exatamente igual
a quanto esta unidade te traz de utilidade
Continuando...
• U(1,m-r2) = U(2,m-2r2)
• v(1) + m – r2 = v(2) – m – 2r2
• r2 = v(2) - v(1) .... rn = v(n) – v(n-1)
• O preço de reserva mede o incremento na
utilidade necessário para convencer o
consumidor a escolher mais uma unidade do
bem. Ou seja, mede a utilidade marginal para
diferentes níveis de consumo do bem 1.
• A hipótese de utilidade marginal decrescente
implica que r1 > r2 > r3...> rn
Aspecto especial da utilidade
quase-linear
• A quantidade escolhida do bem 1 não
depende de quanto vc possui do bem 2.
Assim, para saber quantas unidades do
bem 1 o consumidor vai escolher só é
preciso saber em qual lugar da lista de
preços de reserva, o preço de mercado do
bem está.
• Se r6 > p > r7  consumidor irá escolher
consumir 6 unidades!
• Se o consumidor escolhe 6 unidades, então:
• v(6) + m – 6p ≥ v(x) + m - xp
• Em particular:
• v(6) + m – 6p ≥ v(5) + m - 5p
• v(6) – v(5) = r6 ≥ p ; e
• v(6) + m – 6p ≥ v(7) + m - 7p
• v(7) – v(6) = r7 ≤ p
• Ou seja, r6 ≥ p ≥ r7
Generalizando, se n unidades são escolhidas,
então, rn ≥ p ≥ rn+1
--xxxx---
Curva de demanda
• Assim, a lista de preços de reserva de um
consumidor possui toda informação
necessária para descrevermos seu
comportamento de demanda.
• O gráfico da curva de demanda é o no
formato de escada dos preços de reserva,
como já vimos antes...
Curva de demanda
do bem 1 (bem
discreto)
Exercício inverso
• Podemos pensar que o exercício inverso,
também pode ser feito.
• Ou seja, suponha que a gente observe a
curva de demanda. Podemos elaborar a
função de utilidade que gerou tais escolhas,
pelo menos se admitirmos quase-
linearidade.
• Definimos os preços de reserva da seguinte
forma:
• r1 = v(1) - v(0)
• r2 = v(2) - v(1)
• r3 = v(3) - v(2)
• Se quisermos calcular v(3), por exemplo, basta
somarmos ambos os lados das igualdades:
• r1 + r2 + r3 = v(3)
• Vejam que isso representa as primeiras três
barras no gráfico anterior.
Da curva de demanda  obtém-
se a utilidade
• A utilidade de consumir n unidades do bem
discreto é exatamente a área das primeiras n
barras que formam a função de demanda.
• Também chamada de benefício bruto ou
excedente bruto.
Utilidade final
• r1 + r2 + r3 = v(3) é utilidade de consumir 3
unidades do bem 1.
• Utilidade total = v(n) + (m – pn)

• v(n)– pn = excedente do consumidor ou


excedente líquido do consumidor do bem 1
= v(n)– pn
Outras interpretações do
excedente do consumidor (1)
• Suponha que o preço do bem discreto seja p.
Suponha que o consumidor esteja disposto a
pagar r1 para consumir a primeira unidade do
bem; a diferença entre r1 e p é o excedente do
consumidor para a 1ª unidade; para a 2ª
unidade, o mesmo vale r2 –p e, assim, por
diante. Assim, se somarmos esses excedentes: r 1
- p + r2 – p + .... + rn – p = (r1 + r2 + .... + rn ) –
np = v(n) - np
Outras interpretações do
excedente do consumidor (2)
• Suponha que o consumidor esteja consumindo n
unidades do bem discreto e gastando $pn.
Quanto ele estaria disposto a receber para levar
o consumo desse bem a zero?
• R + m = v(n) + m – pn
• R = v(n) – pn  excedente do consumidor
Excedentes dos consumidores
• A soma dos excedentes individuais dos
consumidores nos dá o excedente de todos
os consumidores.
• Fornece uma medida dos ganhos agregados
obtidos com as trocas no mercado.
A aproximação da demanda
contínua
• Até agora vimos que a área abaixo de uma curva
de demanda de um bem discreto mede a
utilidade do consumo do bem.
• Isso pode ser aproximado para o bem disponível
em unidades contínuas  podemos aproximar a
curva de demanda contínua à curva de demanda
de escada  a área abaixo da curva de demanda
contínua ficará então aproximadamente igual a
área abaixo da curva do tipo escada.
FIGURA 14.2 A Aproximação de uma demanda contínua. O
excedente do consumidor relacionado a uma curva de demanda
contínua pode ser aproximado pelo excedente do consumidor
relacionado a uma aproximação discreta.
Apêndice
• Mostrar que a área abaixo da curva de
demanda de um bem, disponível em
unidade contínua, com utilidade quase-
linear, é o excedente do consumidor.
Apêndice
• Max v(x) + y suj a px + y = m
• Max v(x) + m – px
• CPO: v’(x) = p
• Demanda inversa do bem: p(x) = v’(x)
• Analogia com o bem discreto: o preço pelo
qual o consumidor está disposto a adquirir x
unidades é igual a utilidade marginal de
consumir o bem
x1 contínuo + preferência quase-
linear
• Demanda
  inversa do bem: p(x) = v’(x)
• Podemos integrar a curva de demanda inversa
para obter a função de utilidade 

Portanto, a utilidade associada ao consumo do


bem x é justamente a área embaixo da curva de
demanda.
Utilidade quase-linear
• O uso da área abaixo da curva de demanda
para medir a utilidade só será
completamente correto quando a função
utilidade for quase-linear.
• Mas não deixa de ser uma boa
aproximação.
Variações no excedente do
consumidor
• Em geral, estamos interessados nas
variações!
• Como interpretar??
Como um preço mais baixo aumenta o
bem-estar do consumidor?
Preço
A

Excedente do
Consumidor
Inicial Excedente do
P1 C Consumidor devido
B aos novos
consumidores
P2 F
DExcedente E
adicional aos
consumidore
s que já Demanda
estavam no
mercado

0 Q1 Q2 Quantidade
Exemplo
• D(p) = 20 – 2p
• p = 2 passa para p = 3
Outras medidas
• Quando não temos utilidade quase-linear, as
variações do excedente do consumidor
podem não ser tão boas aproximações assim
para a variação no bem-estar do consumidor
• Então utilizaremos outras medidas para
medir a variação de utilidade sem utilizar o
excedente do consumidor.
Duas medidas de variação de bem estar
• Variação compensatória na renda:
– Dada uma variação em um preço, de quanto
a renda do consumidor deve variar para que
ele retorne ao seu nível original de bem-estar
aos novos preços?
Interpretação: quanto que eu tenho que dar de
renda a mais para um consumidor, depois de
uma alteração de preço, para que ele fique do
mesmo jeito que estava inicialmente aos novos
preços.
Variação compensatória
x2
VC
Restrição
p2 orçamentária após
redução em p1

Restrição orçamentária
original

Restrição orçamentária x1
após compensação na
renda
Duas medidas de variação de
bem estar
• Variação equivalente na renda:
– Dada uma variação em um preço, qual seria
a variação em sua renda que faria com que,
aos preços iniciais, o consumidor tivesse a
mesma variação em sua utilidade?
– Quanto tenho que pagar para o consumidor
ficar na posição final (após alteração de
preços) mas aos preços iniciais??
Variação Equivalente
x2 Ajuste de renda
que geraria o
mesmo ganho que
VE a redução em p1
p2

Restrição
orçamentária após
redução em p1

Restrição orçamentária
original

x1
Exemplo
• U(x1, x2) = x11/2 x21/2

Preços iniciais = (p1, p2) = (1,1)


Preços finais = (p1, p2) = (2,1)
M=100
Preferências quase lineares – um
caso particular.
• Caso as preferências sejam quase lineares
para o bem 1 (neste caso, a quantidade
demandada do bem 1 independe da renda),
a variação compensatória será igual a de
excedente do consumidor que, por sua vez,
será igual à variação equivalente.

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