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Princípios da Legislação Conservacionista

Leonardo Esteves de Freitas

Biólogo, Mestre e Doutor em Geografia.


HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CONSERVACIONISTA

Há interesse prático na utilização e proteção de recursos naturais desde os


primórdios do desenvolvimento das sociedades.

“Na Índia, 400 anos antes de Cristo, todas as formas de uso e atividade
extrativista foram proibidas nas florestas sagradas; 700 anos antes de Cristo,
nobres assírios estabeleceram reservas de caça, similares às reservas de
caça do Império Persa na Ásia Menor, estabelecidas entre 550 e 350 anos
antes de Cristo; na China, foram estabelecidas leis de proteção para
planícies úmidas durante o sexto século depois de Cristo; Veneza criou
reservas de veados e javalis no início do século VIII; na Bretanha foram
promulgadas leis florestais no século XI”. (DAVENPORT E RAO, 2002)
CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

A atenção dessa legislação estava na defesa dos interesses do estado e de grupos


de poder em preservar recursos considerados estratégicos (minérios, espécies, etc.)
e regulamentar aspectos inerentes ao cotidiano das pessoas (saúde pública, direito
a propriedade, acesso à água, etc).

Essa concepção pode ser observada nas Ordenações Afonsinas, Manuelinas e


Filipinas, que regulamentaram a relação dos homens com os recursos naturais no
império português e, consequentemente, no Brasil Colônia (WAINER, 1991;
WAINER, 1992).
CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

O autor identifica que a noção de proteção foi influenciada por três idéias básicas
Até o Séc.XIX: controle territorial com conotação gerencial; Até a segunda metade
do Séc.XX: preservação da paisagem como patrimônio coletivo e testemunho da
natureza selvagem; Até o Séc.XXI: proteger para resguardar para as gerações
futuras; Século XXI: Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável (MEDEIROS,
2003) .

Reconhecimento social da necessidade de proteção da natureza a partir da


delimitação territorial de áreas legalmente constituídas (TERBORGH & VAN
CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
ACORDOS INTERNACIONAIS

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO


(ESTOCOLMO, 1972) –
A partir de Estocolmo, intensificou-se a formulação de legislações nacionais e
internacionais sobre o meio ambiente, houve a proliferação de órgãos de controle
ambiental e dinamizaram-se as pesquisas e os programas de ação ambientais

A Os instrumentos jurídicos passam a reconhecer explicitamente que existe interdependência


entre os recursos naturais e o meio ambiente e, consequentemente, entre a conservação da
natureza e a qualidade de vida das pessoas. Ocorre, portanto, o fortalecimento da visão do
meio ambiente como bem público coletivo, cuja conservação é dever de todos e
responsabilidade dos estados (POMPEU, 1979).

ERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO


gestaoambientalufsm.blogspot.co
m
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de


Janeiro, 1992).

A Convenção sobre a Diversidade Biológica foi assinada por 168 Estados e uma organização de
integração econômica regional. Posteriormente, mais países ratificaram a CDB, totalizando 193
signatários.

“Os objetivos dessa Convenção (...) são a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de
seus componentes e a divisão eqüitativa e justa dos benefícios gerados com a utilização de
recursos genéticos, através do acesso apropriado a referidos recursos, e através da
transferência apropriada das tecnologias relevantes, levando-se em consideração todos os
direitos sobre tais recursos e sobre as tecnologias, e através de financiamento adequado.”

Convenção das Partes (COP) – A cada 2 anos para avaliar a implementação da CDB
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE - CDB

• Um marco para tomadas de decisão • Mudança de foco na gestão e uso:


• Decisões em nível nacional Estabelece a soberania dos países sobre
• Reconhecimento de que a biodiversidade seus recursos biológicos como princípio
não está distribuída por igual básico.
• Repartição de benefícios
Países signatários
Países não signatários
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio+10, Johannesburgo, 2002 ).

Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20, 2012).

Temas: economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da


pobreza; e estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – Marcos no Brasil
• Código Florestal e Código das Águas (1934)

• Código Florestal (APPs e Reservas Legais, 1965)

• Criação do IBAMA (1989)

•Criação MMA (1992 – Consolidação a partir da Secretaria do Meio Ambiente)

•Lei de Crimes Ambientais (1998)

•Lei dos Recursos Hídricos (1997)

•SNUC (2000, 2002)

•Estatuto das Cidades (2001)

•Lei da Mata Atlântica (2006)

•Lei de Proteção das Florestas Nativas (APPs e RLs, 2012)


CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – Legislação brasileira

Código Florestal e Código das Águas (1934)

• Primeiras leis a regulamentar de forma geral a exploração de produtos florestais

• Primeiras leis a definir a água como bem público e a interferir na gestão florestal em terras
privadas

Código Florestal (1965)

• Estabelece as conservação das Áreas de Preservação Permanente e define essas áreas


• Estabelece a necessidade de exploração sustentável de um percentual definido de cada
propriedade (20% na Mata Atlântica a 80% na Amazônia)
Lei de Proteção das Florestas Nativas (nº 12.651 de 25/05/2012)
Art 2º II: Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas;
Art. 4o  Considera-se APP, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os
efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: 
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros
de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros
de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos)
metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos)
metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de
superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
Lei de Proteção das Florestas Nativas (nº 12.651 de 25/05/2012)
Art. 4o  Considera-se APP, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do
empreendimento;     
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua
situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;      
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por
cento) na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca
inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a
2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida
pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos
ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta)
metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.    
Mapa de APPs no entorno da BR-040 – 1:50.000
Mapa de APPs bacia do Rio Manga Larga – Petrópolis – 1:10.000
Mapa de APPs e RL de Gleba na Amazônia – 1:250.000
Mapeamento de APPs - Problemas:

• Escala de mapeamento – Para o


planejamento pode ser feito a partir de bases
cartográficas detalhadas (caso existam). Mas
para o uso e a fiscalização deve ser realizado a
partir de análise de campo

•Nascentes – Mudam de localização com as


alterações na umidade regional

•Definição dos níveis de base para estabelecer


APPs de topo de morro
Lei de Crimes Ambientais (nº 9.065, de 12/02/1998)

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas


ao meio ambiente.

Considera crime a caça, a pesca em locais ou situações não permitidas por lei, o tráfico de
animais, a destruição de ecossistemas, a derrubada de árvores, a poluição ambiental, a
instalação de atividades poluentes sem autorização, a introdução de espécies exóticas, o
mau trato a animais, entre muitas outras ações.
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.
Lei nº 9.985 de 18/07/2000

Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.

Art 2º - Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as


águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção

Art 7º - Estabelece categorias das UCs, dividindo-as em 2 grupos:

UCs de Proteção Integral


 O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.

UCs de Uso Sustentável


O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC
UCs de Proteção Integral

I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V -


Refúgio de Vida Silvestre.

Garantem a conservação de importantes remanescents de ecossistemas em muitos biomas

Principais problemas
Criação de UCs baseado na concepção dos EUA. Porém, enquanto naquele país essas unidades
foram estabelecidas majoritariamente em locais afastados dos principais centros urbanos; no
Brasil, apenas uma parcela das UCs foi estabelecida em áreas distantes com o intuito de garantir
o controle territorial das mesmas. Outra parte das unidades brasileiras foi criada em áreas de uso
humano intenso, com o objetivo de proteger remanescentes de ecossistemas de ameaças
iminentes (VALLEJO, 2002; MEDEIROS, 2004).

Necessidade de regularização fundiária (exceto Monumento Natural)

Conflitos graves com populações do entorno e interior e proprietários de terra

Implantação deficiente das UCs – Pessoal, infraestrutura e planejamento


UCs entorno BR-040 – Rio – Juiz de Fora
SNUC na Bacia do Rio Macaé
Parque Estadual Cunhambebe
SETOR GARGANTA DO REGISTRO/ FAZENDA CAZUNGA (3.237,73 ha)
SETOR GARGANTA DO REGISTRO/ FAZENDA CAZUNGA (3.237,73 ha)
SETOR GARGANTA DO REGISTRO/ FAZENDA CAZUNGA (3.237,73 ha)
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

UCs de Uso Sustentável

I - Área de Proteção Ambiental; II - Área de Relevante Interesse Ecológico; III - Floresta Nacional;
IV - Reserva Extrativista; V - Reserva de Fauna; VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

• Ajuda a conservar importantes remanescentes de ecossistemas


• Traz uma perspectiva de conservação que possibilita a redução de conflitos
• Inclui a partição de benefícios da biodiversidade entre seus objetivos
• Incorpora a Preservação de Áreas Privadas

Principais problemas

• Dificuldades para definir o conceito de desenvolvimento sustentável.


• Suscetibilidade a pressões - pouca clareza das atividades permitidas.
• Implantação deficiente das UCs – Pessoal, infraestrutura e planejamento.
• Conservação em RPPNs é difícil de fiscalizar
RPPNs – problemas para fiscalização
LEI DA MATA ATLÂNTICA (Lei nº 11.428 de 22/12/2006)

Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica

Art. 9o  A exploração eventual, sem propósito comercial direto ou indireto, de espécies da flora
nativa, para consumo nas propriedades ou posses das populações tradicionais ou de pequenos
produtores rurais, independe de autorização dos órgãos competentes, conforme regulamento.

Art. 11.  O corte e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de
regeneração do Bioma Mata Atlântica ficam vedados quando: I - a vegetação:
a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional
ou em âmbito estadual (...)
b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão;
c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio
avançado de regeneração;
d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou
e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA;  
ESTATUTO DAS CIDADES (Lei nº. 10.257, 10/07/2001)

A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e da propriedade urbana

Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
IV - planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das
atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e
corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente;
VI - ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
g) a poluição e a degradação ambiental;

Art. 4º Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
I - planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social;
II - planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
III - planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental;
Figura 49: Mapa de Áreas com Restrição e Áreas Passíveis de Ocupação.
Lei dos Recursos Hídricos (nº 9.433, de 8/01/1997

Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento


de Recursos Hídricos, 

 Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões
de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário,
com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou
decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.IBAMA (1989) – Responsável pelo
licenciamento e fiscalização no âmbito federal

 Art. 3º Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de


Recursos Hídricos:
III - a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
IV - a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores usuários e com os
planejamentos regional, estadual e nacional;
 V - a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
Lei dos Recursos Hídricos (nº 9.433, de 8/01/1997

 Art. 5º São instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos:


I - os Planos de Recursos Hídricos; II - o enquadramento dos corpos de água em classes,
segundo os usos preponderantes da água; III - a outorga dos direitos de uso de recursos
hídricos; IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos; V - a compensação a municípios; VI -
o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos

Art. 32. Fica criado o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, com os
seguintes objetivos: I - coordenar a gestão integrada das águas; II - arbitrar
administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hídricos; III - implementar a
Política Nacional de Recursos Hídricos; IV - planejar, regular e controlar o uso, a preservação
e a recuperação dos recursos hídricos; V - promover a cobrança pelo uso de recursos
hídricos.

Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos:


I - o Conselho Nacional de Recursos Hídricos; I-A. – a Agência Nacional de Águas; II - os
Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal; III - os Comitês de Bacia
Hidrográfica; IV - os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e
municipais cujas competências se relacionem com a gestão de recursos hídricos; V - as
Agências de Água.                     
Lei dos Recursos Hídricos (nº 9.433, de 8/01/1997
Art. 37. Os Comitês de Bacia Hidrográfica terão como área de atuação: I - a totalidade de uma
bacia hidrográfica; II - sub-bacia hidrográfica de tributário do curso de água principal da bacia, ou
de tributário desse tributário; ou III - grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas.
       
 Art. 38. Compete aos Comitês de Bacia Hidrográfica, no âmbito de sua área de atuação:
I - promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação das
entidades intervenientes;
II - arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados aos recursos hídricos;
III - aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
IV - acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e sugerir as providências
necessárias ao cumprimento de suas metas;
V - propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos as
acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca expressão, para efeito de isenção
da obrigatoriedade de outorga de direitos de uso de recursos hídricos, de acordo com os
domínios destes;
VI - estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir os valores a
serem cobrados;
IX - estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múltiplo, de interesse
comum ou coletivo.        
Lei dos Recursos Hídricos (nº 9.433, de 8/01/1997

Art. 39. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são compostos por representantes:


I - da União;
II - dos Estados e do Distrito Federal cujos territórios se situem, ainda que parcialmente, em
suas respectivas áreas de atuação;
III - dos Municípios situados, no todo ou em parte, em sua área de atuação;
IV - dos usuários das águas de sua área de atuação;
V - das entidades civis de recursos hídricos com atuação comprovada na bacia.
        § 1º O número de representantes de cada setor mencionado neste artigo, bem como os
critérios para sua indicação, serão estabelecidos nos regimentos dos comitês, limitada a
representação dos poderes executivos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios à
metade do total de membros.
§ 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras
indígenas devem ser incluídos representantes:
I - da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União;
II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na bacia.

Art. 40. Os Comitês de Bacia Hidrográfica serão dirigidos por um Presidente e um Secretário,
eleitos dentre seus membros.
Corredores de Biodiversidade
Problemas da conservação em “ilhas” de ecossistemas
• Diversidade dos pequenos fragmentos é elevada e pode ser relevante (SOULÉ &
SIMBERLOFF, 1986) e tende a aumentar a variabilidade genética do conjunto de
populações, aumentando a biodiversidade na escala da paisagem e do bioma (TURNER,
1996).

• Populações menores tendem a possuir vulnerabilidade maior a eventos demográficos e


ambientais aleatórios (entradas de espécies competidoras, mortalidade por agentes
patogênicos, alterações ambientais, entre outros) e a problemas genéticos derivados da
endogamia (cruzamentos co-sanguíneos), tornando-se mais suscetíveis à extinção local
(THERBORG, 1974; SHAFFER, 1981; SOULÉ, 1983).

• Populações de muitas espécies são estruturadas espacialmente em sub-populações


heterogeneamente distribuídas na paisagem em função da distribuição de habitats,
formando metapopulações

• Há ainda espécies que se distribuem no conjunto de fragmentos, mas não formam sub-
populações, uma vez que há uma movimentação constante dos indivíduos entre
remanescentes e o conjunto de indivíduos forma apenas uma população
Corredores de Biodiversidade

Portanto, o nível de conectividade entre os fragmentos de ecossistemas torna-se relevante para a


persistência das espécies silvestres, entendendo a conectividade como o grau no qual a
paisagem facilita ou dificulta o movimento dessas espécies entre fragmentos de ecossistemas
(MERRIAM, 1984; FORMAN & GORDON, 1986; FORMAN, 1995).

A conservação da biodiversidade em longo prazo, portanto, exige a manutenção das


características ecológicas dos maiores e mais bem conservados fragmentos remanescentes de
ecossistemas (grande parte dos mesmos inseridos em Unidades de Conservação de Proteção
Integral), a conservação dos menores fragmentos e a ampliação das condições favoráveis ao
fluxo de seres vivos entre os fragmentos, aumentando o grau de conexão dos remanescentes
com outros ecossistemas semelhantes e, consequentemente, reduzindo o isolamento das
populações naturais.
Corredores de Biodiversidade
Os corredores são grandes áreas onde existem ecossistemas prioritários para a conservação da
biodiversidade entremeados a áreas de uso humano. Sua função é a conservação da natureza,
reduzindo ou prevenindo a fragmentação de ecossistemas remanescentes e aumentando a
permeabilidade das paisagens ao fluxo de espécies silvestres; e o estímulo ao desenvolvimento
sustentável a partir de estratégias e ações que valorizem a sóciodiversidade.

Essa concepção visa o aumento da conectividade da paisagem. Foca, portanto, na manutenção


dos processos ecológicos no nível
das populações e ecossistemas,
mas sobretudo no nível da paisagem
e no nível regional.

Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar


Bibliografia básica utilizada:

- Ricklefs, Robert E. - A Economia da Natureza. Editora Guanabara Koogan. 2001.

- Rodrigues, Efraim e Primack, Richard B. – Biologia da Conservação. Editora Vida. 2002.

- Cox, C. Barry; Moore, P. D. – Biogeografia: uma abordagem ecológica e evolucionária. LTC


(2011).

- Garay, I.; Becker, B. - Dimensões Humanas da biodiversidade: O desafio de novas relações


sociedade-natureza no século XXI. Editora Vozes (2006).

- Garay, I.; Dias, B. - Conservação da Biodiversidade em Ecossistemas Tropicais. Editora


vozes (2001).

- Wilson, E. O. – Biodiversidade. Nova Fronteira (1997).

- Mateo Rodriguez, J.M.; Silva, E. V.; Cavalcanti, A.P.B. – Geoecologia das Paisagens: uma
visão geossistêmica da análise ambiental. UFC edições (2007).

- Blaschke, T.; Lang, S. – Análise da Paidagem com SIG. Oficina de Textos (2009).

- Coutinho, B. H. – Vulnerabilidade Geo-Hidroecológica em diferentes escalas na Paisagem:


subsídios à Conservação e Segurança Ambiental. PPGG/UFRJ (2011).

- Avaliação Ecossistêmica do Milênio. Site Institucional (ONU) http://www.maweb.org/en/Index.aspx

- Sites Institucionais: MMA e INEA-RJ.

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