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HUMANISMO

Arte de Transição
Sobre “Os efeitos de um bom governo”, de Ambrogio
Lorenzetti

• Que cena é retratada e em que espaço


ela acontece?
• É possível reconhecer, na cena, alguma
característica medieval? Qual?
• As pessoas retratadas parecem ser todas
do mesmo segmento social?
• Não há, na obra, nenhuma referência à
religião. O que essa ausência sugere em
relação à perspectiva teocêntrica
medieval e ao papel do ser humano na
construção do próprio destino?
Contexto econômico e político do humanismo

• O Humanismo é um período histórico entre os séculos XIV e


XV – ou seja, na transição entre a idade média e o
renascimento;
• Surgimento e ascensão da burguesia mercantil (poder
econômico e político dividido com a aristocracia);
• A maior parte da população européia de baixa renda
abandona os feudos e passa a habitar os burgos – cidades-
estado (principalmente na Itália) – onde se pratica livremente
o comércio;
• Roma, Milão, Florença, Veneza, Mântua, Ferrara e várias
outras cidades-estado italianas dominam o comércio marítimo
com o oriente;
• Desenvolvimento de formas republicanas de governo
(administração a cargo de um magistrado-chefe eleito pelos
cidadãos);
Contexto cultural e ideológico

• A burguesia passa a investir em cultura, algo que até


então era feito apenas pela igreja e pelos grandes
soberanos;
• Com o enfraquecimento do poder da igreja sobre a
cultura, há uma verdadeira redescoberta de textos e
autores da antiguidade clássica (greco-latina);
• O foco dos humanistas é o ser humano, o que os afasta
do teocentrismo medieval;
• Resgata-se, assim, a visão antropocêntrica
característica da cultura greco-romana;
• O imaginário cristão, porém, ainda é uma constante
na obra dos artistas da época, como se vê n’A Divina
Comédia, exemplo mais expressivo da manutenção
deste imaginário.
A Divina Comédia - Dante Alighieri (1265 – 1321)
• Poema épico escrito entre 1307 e 1321;
• Narra a viagem de Dante aos três destinos reservados à
alma humana segundo o imaginário católico: inferno,
purgatório e paraíso;
• Em sua jornada pelo inferno e pelo purgatório, Dante é
guiado por Virgílio (70 a.C. – 19 a.C.), poeta romano, autor
da Eneida, poema épico que narra a formação da nação
italiana. É considerado um dos maiores poetas latinos;
• No paraíso – onde Virgílio não podia entrar, já que não
havia sido batizado – Dante é recebido por sua
amada Beatriz;
• Segundo alguns estudiosos, Beatriz representa, na
obra, a
• fé, enquanto Virgílio representa a razão;
São justamente a fé e a razão os dois pólos em que se
debate, filosoficamente, o homem do humanismo;
A tensão entre o velho e o novo

• A literatura humanista, como sua natureza, digamos,


transitória, já indica, não tem características completamente
definidas: o velho e o novo convivem, provocando uma
tensão que se evidencia na produção artística e cultural;
• Os traços mais marcantes da literatura do período é um
lento abandono à subordinação até então imposta pela
igreja católica e o resgate dos padrões clássicos;
• Com o estudo das obras greco-latinas, surge um olhar
racional sobre o mundo, que procura na ciência
explicações para fenômenos naturais até então atribuídos a
Deus.
O público e os temas

• Assim como no trovadorismo, a literatura humanista


circula no ambiente aristocrático das cortes e dos
palácios;
• “O objetivo dessa produção, porém, se modifica. Não
se trata mais de criar representações literárias de
uma determinada ordem social, porque os dias do
feudalismo estão chegando ao fim, levando com eles
a tradição cavalheiresca e os ideais de
subordinação social e amorosa. A literatura, agora,
volta-se para o prazer e a diversão da aristocracia”;
• Com o interesse cada vez maior da burguesia em
“ilustrar-se”, este público vai mudar, mas de forma
lenta. Esta mudança vai acontecer, de forma
mais concreta, somente no Renascimento.
Uma invenção que faz toda a diferença!

Por volta de 1450, Johann Gutenberg cria a


prensa e revoluciona a produção de livros
na Europa, fazendo com que a cultura oral
comece a perder espaço para a cultura
escrita. Essa mudança no contexto de
circulação das obras permitirá que escritores e
poetas explorem novos recursos de linguagem
que não dependem da oralidade e da memória,
fatores a que, até então, estavam subordinados.
Enquanto isso, em Portugal...
• Quando o humanismo chega a Portugal, no início
do reinado da Dinastia de Avis (1385), a produção
poética vive uma crise: entre 1350 e 1450 não se
tem notícia da circulação de textos poéticos no
país.
• O que está em voga é a crônica historiográfica e a
prosa doutrinária (tipo de manual de bons
costumes para os fidalgos da corte).
• O ressurgimento da poesia em Portugal irá
acontecer apenas na segunda metade do século
XV, durante o reinado de D. Afonso V, incentivador
das artes e da cultura.
• É neste contexto que surge o teatro de Gil Vicente,
mas, antes dele...
Fernão Lopes (1378 – 1459)
• A nomeação de Fernão Lopes como
cronista-mor do reino, em 1434, é
considerada o marco inicial do
humanismo português.
• Sua função era registrar, em crônicas, as
histórias dos reis que governaram
Portugal.
• Por seu estilo e isenção na descrição dos
acontecimentos da história de Portugal,
Fernão Lopes é considerado o “pai da
historiografia portuguesa”.
• Pela primeira vez, com Fernão Lopes, o
povo vai aparecer como personagem
importante na história do país.
• É também a partir dos textos de Fernão
Lopes que a língua portuguesa vai atingir
um certo padrão, um modelo que a
diferencia do castelhano, por exemplo.
Gil Vicente
(1465 – 1536)

É considerado o primeiro grande dramaturgo


português;
- Sua primeira peça conhecida é o Auto da
Visitação ou Monólogo do Vaqueiro (1502) – uma
homenagem à rainha, D. Maria, pelo nascimento
de seu filho, o futuro rei D. João III.
-O texto e a encenação (feita, segundo consta,
pelo próprio autor) agradaram tanto a rainha que
Gil Vicente tornou-se seu protegido;
- Foi sob a proteção do rei D. Manuel (esposo de
D. Maria) e, mais tarde, de D. João III, que Gil
Vicente irá escrever boa parte de sua obra
dramatúrgica, composta basicamente de autos e
farsas.
Os autos de Gil Vicente caracterizam-se por:
• Uma estrutura composta de quadros justapostos
(sketches) que, em geral, podem ser apresentados de
forma autônoma;
• Personagens que são tipos comuns dentro das
instituições que faziam parte da sociedade portuguesa da
época;
• Escritos em verso, com esquema de rimas (geralmente
redondilhas menores ou maiores – versos de cinco ou sete
sílabas poéticas);
• Linguagem coloquial (adaptada à classe social de cada
personagem);
• Apresentam um teor de crítica social, que funciona como
agente moralizante, e um fundo religioso (cristão, mas
não dogmático) bem característicos do humanismo.
• Em seus textos, Gil Vicente vale-se da sátira alegórica
para...
- Denunciar os exploradores do povo, como o fidalgo, o
sapateiro e o agiota do Auto da barca do inferno;

- Ridicularizar condutas condenáveis como a do velho


protagonista de O velho da horta ou a de Inês Pereira,
personagem principal de A farsa de Inês Pereira;

Como não há distinção entre os segmentos sociais ( os


defeitos comportamentais de ricos, pobres, nobres e
plebeus são igualmente criticados – os únicos que
escapam são os membros da família real), o teatro de Gil
Vicente funciona como um rico painel da sociedade de seu
tempo.
Personagens TIPOS.

Todo = instituição

Um = indivíduo

Tipo = conjunto
dentro do
todo.
Representação
coletiva social
ou psicológica
Caso do Rei
Todo = Um

Não há Tipo =
conjunto dentro do
todo.
O rei é, por si
mesmo,
uma
instituição.
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO (1517)
Peça mais importante de Gil Vicente, pertencente
à trilogia das Barcas (da Glória, do Purgatório e
do Inferno).
Demonstra o maniqueísmo cristão, dividindo o
mundo entre o Bem e o Mal, com conseqüentes
Céu e Inferno.
É um auto de moralidade.
Alegoria simples e simbólica.
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO (1517)
A história é simples: os personagens que chegam
vão sendo conduzidos pelos barqueiros (diabo e
anjo) para as respectivas barcas, que levam,
respectivamente, ao Inferno e ao Céu.

As falas são marcadas por muita ironia,


principalmente pelo diabo, que é o personagem que
mais se destaca no auto.

É uma peça de religiosidade alegórica.


Os arrais (barqueiros):

Diabo: tem um ajudante, é


liberal, recebe todos com
humor e simpatia (ainda que
falsa), argumenta muito,
ouve, pondera o que as
pessoas têm a dizer antes de
condená-las. É um ótimo
anfitrião.
Anjo: argumenta pouco, é
calado, frio, discreto e
autoritário.
Passagem do Fidalgo
Vem o Fidalgo e, chegando ao batel FIDALGO Parece-te a ti assi!...
infernal, diz: DIABO Em que esperas ter guarida?
FIDALGO Que leixo na outra vida
FIDALGO Esta barca onde vai ora, quem reze sempre por mi.
que assi está apercebida? DIABO Quem reze sempre por
DIABO Vai pera a ilha perdida, e ti?!..
há-de partir logo ess'ora. Hi, hi, hi, hi, hi, hi, hi!... E
FIDALGOPera lá vai a senhora? tu viveste a teu prazer,
DIABO Senhor, a vosso serviço. cuidando cá guarecer
FIDALGO Parece-me isso cortiço... por que rezam lá por ti?!...
DIABO Porque a vedes lá de fora. Embarca - ou embarcai...
FIDALGO Porém, a que terra que haveis de ir à derradeira!
passais? Mandai meter a cadeira,
DIABO Pera o inferno, que assi passou vosso pai.
senhor.
FIDALGO Quê? Quê? Quê? Assi lhe
FIDALGO terra é bem sem- vai?!
sabor. DIABO Vai ou vem! Embarcai
DIABO Quê?... E também cá prestes!
zombais?
Segundo lá escolhestes,
FIDALGO E passageiros achais assi cá vos contentai.
pera tal habitação? Pois que já a morte passastes,
DIABO Vejo-vos eu em feição haveis de passar o rio.
FIDALGO Não há aqui outro navio?
FIDALGO Pera senhor de tal marca
DIABO Não, senhor, que este fretastes, e
nom há aqui mais cortesia?
primeiro que expirastes
me destes logo sinal. Venha a prancha e atavio!
(...) Levai-me desta ribeira!
ANJO Não vindes vós de maneira
ANJO Que quereis?
pera entrar neste navio.
FIDALGO Que me digais,
Essoutro vai mais vazio: a
pois parti tão sem aviso,
cadeira entrará
se a barca do Paraíso
e o rabo caberá
é esta em que navegais.
e todo vosso senhorio.
ANJO Esta é; que demandais?
FIDALGO Que me leixeis embarcar.
Ireis lá mais espaçoso,
Sou fidalgo de solar,
vós e vossa senhoria,
é bem que me recolhais.
cuidando na tirania
ANJO Não se embarca tirania do pobre povo queixoso.
neste batel divinal. E porque, de generoso,
FIDALGO Não sei porque desprezastes os pequenos,
haveis por mal
que entre a minha senhoria... achar-vos-eis tanto menos
ANJO Pera vossa fantesia quanto mais fostes fumoso.
mui estreita é esta barca.
(...) DIABO Ora, senhor, descansai,
FIDALGO Ao Inferno, todavia! passeai e suspirai.
Inferno há i pera mi? Em tanto virá mais gente.
Oh triste! Enquanto vivi FIDALGO Ó barca, como és
não cuidei que o i havia: ardente!
Tive que era fantesia! Maldito quem em ti vai!
Folgava ser adorado,
confiei em meu estado
e não vi que me perdia.
Venha essa prancha! Veremos
esta barca de tristura.
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO -
Julgamentos
Fidalgo = Um empregado traz a cadeira, para o conforto
do patrão. Caracterizado pela presunção, pela tirania,
pelo abuso de poder. Reconhece o erro e aceita a
condenação.
Onzeneiro (agiota) = traz bolsa vazia (não conseguiu
levar nada), Caracterizado pela usura (ganância).
Joane, o parvo DIABO Entra! Põe aqui o pé!
PARVO Houlá! Nom tombe o zambuco!
DIABO Entra, tolaço eunuco,
Vem Joane, o Parvo, e diz ao Arrais do
Inferno: que se nos vai a maré!
PARVO Hou daquesta! PARVO Aguardai, aguardai, houlá!
DIABO Quem é? E onde havemos nós d'ir ter?
Eu soo. DIABO Ao porto de Lucifer.
PARVO É esta a naviarra nossa? PARVO Ha-á-a...
DIABO De quem? DIABO Ó Inferno! Entra cá!
PARVO Dos tolos. Ó Inferno?...
DIABO Vossa. Eramá...
PARVO
Entra! Hiu! Hiu! Barca do
PARVO De pulo cornudo. Pêro Vinagre,
ou de
Hou! Pesar de meu avô! beiçudo, rachador
voo?
Soma, vim adoecer d'Alverca, huhá!
e fui má-hora morrer, Sapateiro da
e nela, pera mi só. Candosa! Antrecosto de
DIABO De que morreste? carrapato! Hiu! Hiu! Caga
PARVO De quê? no sapato, filho da
Samicas de caganeira. grande aleivosa!
DIABO De quê? Tua mulher é
PARVO De caga merdeira! tinhosa e há-de parir
um sapo
Má rabugem que te dê!
chantado no
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO -
Julgamentos
Joane (parvo, bobo) = Veste a roupa típica de sua
classe. Caracteriza-se pela inocência. Seu erro não foi
consciente. Fica perto do anjo, como observador, e
passa a ajudá-lo nos julgamentos
Sapateiro = traz as fôrmas (com as quais roubava os
clientes). Caracteriza-se pelo apego aos bens
materiais. Ia à Igreja e, por isso, pretende salvar-se.
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO -
Julgamentos
Frade dominicano = traz a namorada
(Florença), o escudo, a espada e o
capacete (símbolos da vida de
prazeres). Não seria condenado se
não fosse padre (crítica à vocação
desencontrada). Expressa a dicotomia
entre os prazeres e a penitência.
Argumenta, para tentar salvar-se, que
é padre e que ninguém o avisou de
que não podia ter namorada.
Demonstra o rigor moral do autor.
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO -
Julgamentos
Alcoviteira (Brísida Vaz) = traz 600
virgos (virgindades defloradas), o
Diabo a deseja, pela sua
repugnância, chama-a de Senhora
(como nas Cantigas). É acusada de
feitiçaria e tenta salvar-se dizendo
que ajudou a Igreja.
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO -
Julgamentos
Judeu = traz, nas costas, um
bode (símbolo do judaísmo) que
não larga, apesar do anjo colocar,
como condição para o embarque,
que o bode fique. Não podendo
embarcar para o céu, tenta
embarcar na barca do inferno,
mas o Diabo não permite. É um
tipo social.
O AUTO DA BARCA DO INFERNO -
Julgamentos
Corregedor (juiz) = traz autos, fala em latim,
representa a corrupção.
Procurador (advogado) = traz livros, participa
dos “esquemas” do corregedor.
Enforcado = traz, ainda no pescoço, a corda
com que foi enforcado. Ladrão tolo, que rouba
sem vantagens, iludido pelo tesoureiro da
casa da moeda.
Os três representam o uso
das instituições públicas
para obtenção de privilégios
privados
O AUTO DA BARCA DO
INFERNO - Julgamentos
Quatro Cavaleiros = cantam hinos, não trazem armas.
São mártires cristãos. Ignoram o Diabo e são
acolhidos pelo Anjo.

Condenam-se:
Fidalgo
Onzeneiro
Sapateiro
x Salvam-se:
Bobo
Cavaleiros

Frade
Alcovieteira
Judeu
Corregedor
Procurador
Enforcado
A farsa de Inês Pereira (1523)
Na apresentação desta peça, quando foi
impressa, lê-se o seguinte:
A seguinte farsa de folgar foi representada ao
muito alto e mui poderoso rei D. João, o terceiro
do nome em Portugal, no seu Convento de
Tomar, era do Senhor de MDXXIII. O seu
argumento é que porquanto duvidavam certos
homens de bom saber se o Autor fazia de si
mesmo estas obras, ou se furtava de outros
autores, lhe deram este tema sobre que fizesse:
segundo um exemplo comum que dizem: mais
quero asno que me leve que cavalo que me
derrube. E sobre este motivo se fez esta farsa.
Ou seja, Gil Vicente teria sido desafiado a
escrever a partir de um “mote”, de um tema,
para comprovar sua originalidade.
Peça de cunho cômico sobre a questão do casamento como
solução para a camponesa Inês ter uma vida folgada.
Lianor Vaz, a casamenteira, apresenta-lhe Pero Marques,
jovem rico, mas completamente ignorante.
Inês o repudia
Aparecem dois Judeus (Vidal e Latão), casamenteiros, que
propõem o casamento com o
Escudeiro Brás da Mata

O escudeiro vê em Inês uma boa possibilidade. Apresenta-se


como uma pessoa discreta e talentosa (toca viola).
Casa-se com Inês. Logo depois do casamento, revela-se um
homem grosseiro, que proíbe Inês de ir à Igreja e à janela
O escudeiro parte e depois de um tempo chega uma
carta contando de sua morte (nas cruzadas).

Inês volta a conversar com Lianor e é convencida a


casar-se novamente, agora com Pero Marques

Percebe que pode usar o marido para o seu prazer.


Encontra um jovem eremita (falso e que já havia
dado em cima de Inês anos antes) e percebe uma
chance de “aproveitar” a vida.

Pede para Pero Marques a levar em romaria ao


eremitério. O que Inês quer, na realidade, é se
encontrar com o eremita. No meio do caminho, pede
que o marido a carrege, pois está cansada. Canta
uma canção chamando o marido de gamo e cervo, ou
seja, de chifrudo, corno.
De acordo com o mote, portanto…

Escudeiro (1° marido) = cavalo


Pero Marques (2° marido) = asno
Temática do casamento por
interesse

A idéia geral é a de que “Os fins justificam os meios”


e aponta para a dissolução moral da sociedade.
Escrita em português e castelhano (fala do ermitão),
em versos rimados, com adaptação da linguagem
às classes sociais representadas.
(UFRGS/04) Considere as seguintes afirmações, relacionadas ao
episódio do embarque do fidalgo, da obra Auto da Barca do Inferno,
de Gil Vicente.

I – A crítica
acusaçãonãode
aotirania e presunção dirigida ao fidalgo configura
V uma indivíduo, mas à classe social a que ele pertence.
Gil Vicente critica as desigualdades sociais ao apontar o
V IIdesprezo
– do fidalgo aos pequenos, aos desfavorecidos.

X IIIdeixado,
– No em
momento
terra, em que orando
alguém o fidalgo
porpensa ser salvo por
ele, evidencia-se a
crítica vicentina à fé religiosa.
haver

Quais estão corretas?

(a) Apenas
I. Apenas I e
(X II.
b)
(c) Apenas I e
III.
(d) Apenas II e
(UFRGS/02) Assinale a alternativa INCORRETA sobre a obra de Gil
Vicente.

(a) para
V se Gil Vicente tem suas raízes
o Renascimento, na oIdade
aliando Média, mas
humanismo volta-
religioso
à atitude crítica diante dos problemas sociais.
desvenda os
V (b) Variada
costumes na forma,
do século a obra a
XVI, satirizando vicentina
sociedade feudal sem
perder o caráter moralista e resguardando o sentido
de intervenção social.

Xc) Embora
(ocioso, critique
o teatro o clero,
vicentino faz aaexaltação
nobreza eheeo
rróicseu séqüito
caa dos reis,
atitude comum na Idade Média.
(d) Aos mesmo
V produção tempo
vicentina quepara
aponta desenvolve a sátira
a necessidade de social, a
reforma da Igreja, devido aos abusos do clero.
(e) Trabalhando
V Vicente adapta o com umlinguagem
uso da verdadeira galeriaao
coloquial deestilo
tipos,
e àGil
condição social de cada um deles.
(UFRGS/00) Em relação ao Auto da Barca do Inferno de
Gil Vicente, considere as seguintes afirmações.

VI – Trata-se de um grande painel que satiriza


a sociedade portuguesa de seu tempo.
V II – Representa a transição da Idade Média para
o
Renascimento, guardando traços dos dois períodos.
V III – Sugere que o diabo, ao julgar justos e
pecadores,
? tem poderes maiores que Deus.

Quais estão corretas?


(a) Apenas I.
(b) Apenas I e II.
(c) Apenas I e III.
Classicismo
Português
Contexto Histórico
• Grandes Navegações – para driblar o
monopólio mercantil italiano, Portugal vai
buscar, já no século XV, um caminho para
as Índias e para o Extremo Oriente;
• Enriquecimento da corte portuguesa com
a exploração das novas colônias –
Brasil incluído;
• É nesse contexto de prosperidade
econômica que o classicismo chega ao
país.
Francisco de Sá de Miranda (1481 – 1558)

• Sá de Miranda é um dos primeiros artistas


portugueses a visitar a Itália e entrar em contato
com os novos padrões estéticos, a filosofia e
as novas formas poéticas, como o soneto,
forma clássica estabelecida e popularizada por
Petrarca;
• A volta de Sá de Miranda a Portugal, em 1526,
trazendo todas essas novidades, marca
oficialmente o início do classicismo português.
Na mala de Sá de Miranda também
veio...

A chamada “Medida Nova” – escrita de


poemas com versos decassílabos. Em
Portugal, só se praticava a redondilha
menor (cinco sílabas poéticas) ou a
redondilha maior (sete sílabas poéticas). A
escrita em redondilhas passa a ser
conhecida então como “Medida velha”.
Quando eu, senhora, em vós os olhos ponho,
e vejo o que não vi nunca, nem cri
que houvesse cá, recolhe-se a alma a si
e vou tresvaliando, como em sonho.

Isto passado, quando me desponho,


e me quero afirmar se foi assi,
pasmado e duvidoso do que vi,
m'espanto às vezes, outras
m'avergonho.

Que, tornando ante vós, senhora, tal,


Quando m'era mister tant' outr'
ajuda, de que me valerei, se alma
não val?

Esperando por ela que me acuda,


e não me acode, e está cuidando em al,

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