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APRESENTAÇÃO

INSTRUÇÃO: SIDNEY CRISÓSTOMO


 DIREITO PENAL: é o ramo do direito público que tem como
objetivo a regulamentação do poder punitivo do Estado, através
da interpretação e aplicação do conjunto normativo criado pelo
legislador para definir quais ações são consideradas criminosas,
ou que configuram um delito.
INTRODUÇÃO
CRIMES Alguns crimes contra a Administração Pública são praticados por
funcionários públicos.
CONTRA Deve-se observar, ainda, que muitos dos crimes aqui retratados
ADMINISTRA são crimes de mão própria, ou seja, cometidos por pessoa
expressamente definida, qual seja, o funcionário público. Além
ÇÃO PÚBLICA disso, poucos são os que aceitam condutas culposas.
 O peculato doloso ocorre quando o funcionário público (1) se apropria ou
(2) desvia a coisa que, em razão da função pública por ele exercida, está em seu
poder. Tais modalidades são conhecidas pelos termos (1) peculato-apropriação e
(2) peculato-desvio.
Exemplo 1: se um funcionário público leva para casa um carro do governo, que
utiliza para o desempenho de suas funções, e não o devolve à repartição, pratica
o peculato-apropriação.
Exemplo 2: se um funcionário público utiliza uma verba pública originariamente
destinada à construção de uma escola para adquirir um imóvel para si, pratica
o peculato-desvio.
PECULATO  As últimas modalidades dolosas do tipo são o peculato mediante erro de
outrem, ou peculato-estelionato, e o peculato via inserção de dados falsos em
sistema de informações, ou peculato-eletrônico.
Exemplo 1: funcionário público que recebe de um terceiro valores que deviam ter
sido depositados e se apropria da quantia comete o crime de peculato-
estelionato.
Exemplo 2: funcionário público que altera no sistema informatizado da
previdência a informação de falecimento de aposentado para passar a receber ele
próprio os proventos mensais pratica o crime de peculato-eletrônico.
Modificação
 O crime em destaque não é modalidade de peculato. E
ou alteração diferente do peculato-eletrônico, que que se consuma com a
inserção de dados falsos ou a alteração ou exclusão de dados
não verdadeiros, esse se aperfeiçoa com a modificação ou alteração
autorizada de do programa ou sistema de informática.
 Observe que, se o agente modifica ou altera o programa ou
sistemas de sistema de informática com autorização do funcionário público
informações competente, ainda que cometa algum erro, do ponto de vista
do crime tratado, a conduta é atípica.
 Na rotina prática da Administração Pública, existem procedimentos legais
para descarte de documentos oficiais, por exemplo. Nesse caso, não há
cometimento de ilicitude. No entanto, quando a prática é feita sem
observância das regras administrativas, há prática do crime em estudo.
 Atente para o fato de que, se o servidor some com documento de que tem
Extravio, a guarda para que ele não sirva de prova de fato jurídico relevante, o crime
cometido será o do art. 305 do CP, que é infração contra a fé pública.
sonegação ou CP
inutilização de Supressão de documento
livro ou Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem,
ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que
documento não podia dispor:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e


reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.
 Se, no entanto, o servidor desaparece com o documento ou livro devido
ao seu valor, em virtude de ser um documento histórico, por exemplo, o
crime cometido é o de furto
Emprego  Nesse delito, o agente público utiliza verbas arrecadadas, por
exemplo, por meio de multas e tributos, e dá a elas destino
irregular de distinto do indicado na lei orçamentária, a uma área pública
diferente da legalmente especificada. Logo, o desvio não pode
verbas ou ser em favor dele ou de terceiro, sob pena de caracterizar outra
infração.
rendas  Nesse crime, não é qualquer funcionário público que será
públicas punido, mas apenas os que administram as verbas ou rendas
públicas, como Presidente, Ministros, Governados, Secretários,
etc.
 Trata-se de infração que não admite modalidade culposa e se
Concussão consuma no momento da exigência; logo, ela dispensa que seja
efetivamente dada qualquer vantagem. Caso isso ocorra,
haverá apenas exaurimento do crime.
Excesso de  No excesso de exação, ou (1) o sujeito não almeja a vantagem
para si próprio ou para um terceiro, mas para os cofres públicos
Exação ou (2) se utiliza de um modo de cobrança que foge da
legalidade.
 Na modalidade passiva de corrupção, o funcionário público
corrompido atua solicitando ou recebendo vantagem. Essa
infração também é conhecida como suborno.
 A corrupção passiva possui uma modalidade privilegiada,
prevista no §2° do art. 317 do CP:
Corrupção CP

Passiva Art. 317. [...]

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato


de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou
influência de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.


 Esse tipo tem por finalidade punir o funcionário público que,
infringindo dever que lhe é imposto, facilita a realização do
Facilitação de contrabando ou do descaminho (que são crimes praticados por
particulares).
Contrabando Um exemplo de cometimento do delito ocorre quando um
e Descaminho agente público de alfândega não realiza diligentemente a
fiscalização que lhe cabe, facilitando, assim, o contrabando ou o
descaminho.
 O agente viola dever funcional para satisfazer interesse
pessoal. Ou seja, o ato do funcionário irá contra a disposição
legal. Ainda, o interesse visado não pode ser pecuniário, já que,
se for, o crime será de corrupção passiva.
 A prevaricação imprópria está definida no art. 319-A do CP:
CP
Prevaricação
Art. 319-A.  Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007).

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.


 O infrator é o superior hierárquico do funcionário público que
Condescendê cometeu a infração.
ncia criminosa  Caso o superior deixe de responsabilizar o subordinado por
outra razão, como por ter recebido alguma vantagem
pecuniária ou para satisfazer interesse pessoal, a conduta será
de corrupção ou prevaricação, respectivamente.
 A tipificação dessa conduta tem por objetivo impedir que
funcionários públicos se utilizem do cargo, como meio facilitador,
para patrocinar interesse privado. Entretanto, segundo a
doutrina, caso o servidor defenda interesse próprio, e não alheio,
não ocorre o tipo descrito.
 Prevista no art. 321 do CP:
Advocacia CP
Administrativ Advocacia administrativa
a Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de
funcionário:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa.


 Quando da promulgação da Lei n° 4.898/65, muitos
entenderam que esse artigo foi revogado de maneira tácita. No
entanto, os Tribunais Superiores vêm reconhecendo a vigência
Violência do dispositivo.
Arbitrária  Obviamente, a violência praticada deve ser injustificada.
Assim, se um policial encontra resistência para efetivar uma
prisão e utiliza de violência proporcional para algemar o
agente, não há prática da conduta descrita.
 O crime é definido no art. 323 do CP:
CP

Abandono de função
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.


Abandono de
função § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.


Exercício
Funcional  O crime descrito possui duas modalidades distintas. Na
Ilegalmente primeira, o funcionário público se antecipou no exercício da
função pública sem observar as exigências da lei (como
Antecipado deixando de tomar posse, por exemplo). Na segunda, o agente
ou foi exonerado, removido, substituído ou suspenso e continua
exercendo a função que antes lhe cabia.
Prolongado
 O CP tipifica o crime em seu art. 325:
CP

Violação de sigilo funcional


Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não
Violação de constitui crime mais grave.

Sigilo § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:


Funcional I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo
de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas
a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;

II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a


outrem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.


 Esse tipo era previsto no art. 326 do CP:
Violação do CP
Sigilo de Violação do sigilo de proposta de concorrência
Proposta de Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública,
ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Concorrência
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
Principais
Crimes  Além dos crimes praticados pelos servidores contra a
Praticados por Administração Pública, existem também s realizados por
particulares contra ela.
Particular
 Começando pelo crime previsto no art. 328 do CP:
CP

Usurpação de Usurpação de função pública


Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Função
Pública Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.

Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.


 Corrupção Ativa
Nos termos do art. 333 do CP, a corrupção ativa se mostra presente
presente quando o particular oferece ou promete vantagem indevida a
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar
ato de ofício.
 Descaminho
Corrupção Ativa Inicialmente, importante destacar que o descaminho, não é um crime
contra a Administração Pública, mas contra a ordem tributária, apesar
de não estar na Lei n° 8.137/90. Ele possui previsão expressa no art.
334 do CP:
Descaminho CP

Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou


imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de
mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº


13.008, de 26.6.2014)
 O contrabando é crime contra a Administração Pública.
 Correlato ao descaminho, o contrabando, tipificado no art. 334-
A do CP, em regra ocorre quando particular importa ou exporta
mercadoria proibida:

Contrabando CP

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:  (Incluído


pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos.  (Incluído pela Lei nº


13.008, de 26.6.2014)

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