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Aluno (a):__________________________________________
CADA PERGUNTA!
A menina brinca no tapete, parecendo nem ouvir o jornal, mas, quando começa o
intervalo, levanta a cabeça:
— Pai, que que é corrupção?
O pai e a mãe se olham, o pai suspira, diz:
— Bem, corrupção... não é coisa pra gente da sua idade, né.
— Claro que é — diz a mãe. — Responde direito e, se a criança pergunta, é porque quer
resposta.
— Bem, pigarreia ele, corrupção é..., por exemplo, roubar dinheiro do governo, que é
dinheiro de todo mundo.
— E como é que a corrupção rouba dinheiro do governo?
O pai explica que quem rouba não é a corrupção, é o corrupto, é alguém, ou melhor, é
muita gente que rouba o governo:
— Por exemplo, o funcionário que desvia dinheiro do governo. Ou o deputado que vende
o voto dele lá no Congresso. Ou o juiz que emprega parentes nos gabinetes de outros juízes,
em troca de empregar os deles. Ou o empresário que paga para ganhar concorrência das
obras do governo. Ih, filha, tem tanto jeito de roubar o governo, não é, mulher?
— É, e o seu pai também rouba o que pode quando faz declaração de imposto de renda.
Volta o telejornal e a menina volta a brincar, eles voltam a ver as notícias. Novo intervalo,
ela de novo ergue a cabeça.
— Por que o dólar sempre sobe e o real sempre cai?
O pai suspira fundo, e com voz monótona compara os Estados Unidos e o Brasil, as
diferenças de colonização, Inglaterra e Portugal, e as diferenças geográficas, climáticas,
culturais! Mas a mãe diz que não é por nada disso:
— Acho que é porque eles são um povo menos corrupto, filha.
— Então o povo também é corrupto, mãe?
— E você acha que tinha tanta corrupção se o povo não fosse corrupto?
— Você vai fundir a cabeça da menina — diz o pai. — Isso não é conversa pra criança. E,
além disso, hein, cada pergunta!
— Por isso mesmo é preciso responder.
Volta o telejornal, e depois no intervalo a menina volta a perguntar:
— E o que é impunidade?
— Essa eu mato fácil — o pai esfrega as mãos. — Impunidade é quando você comete um
crime e não é preso.
— E só tem tanta corrupção — emenda a mãe — porque tem muita impunidade, ninguém
denuncia, entendeu?
Ela de novo volta a brincar, mas antes de mais um intervalo vai até diante da mãe:
— Então você acha que, pra acabar a corrupção, a gente tinha de contar que o pai rouba
no imposto?
O pai pula da poltrona:
—Tá vendo?! Criança delatando o pai só mesmo na Alemanha nazista! Eu falei que isso
não era conversa boa! Mas você e sua educação moderna!...
Sai batendo a porta, a mãe solta longos suspiros.
— Que que eu falei de errado, mãe?
— Nada, filha, nada. Mas você faz cada pergunta!...
(PELLEGRINI, Domingos. Ladrão que rouba ladrão. São Paulo: Ática, 2002, p. 26-7.)
1. A crônica acima parece uma pequena peça de teatro que se organiza em cenas ou
momentos. Esses momentos são:
a) banais, já que ocorrem sempre da mesma maneira.
b) pessimistas, pois mostram a monotonia da vida familiar.
c) tensos e apresentam uma progressão do incômodo sentido pelo pai.
d) de disputa, porque a mãe quer que a filha goste mais dela do que do pai.
Letra: c
Letra; B
LETRA: D
4. “ — Bem, pigarreia ele, corrupção é...” Nessa fala foram usadas reticências para
5. Assinale a alternativa que completa as frases a seguir com os pronomes relativos adequados.
6. leia a tirinha.
letra: C
8. As orações subordinadas substantivas que aparecem nos períodos abaixo são todas
subjetivas, exceto:
Letra: D
a) objetiva direta
b) subjetiva
c) objetiva indireta.
d) completiva nominal
letra: B
10. Todos declararam que não havia mais ressentimentos por parte de ninguém. Temos:
a) oração subordinada objetiva direta
b) oração subordinada subjetiva
c) oração subordinada objetiva indireta.
d) oração subordinada completiva nominal
letra: A
“Lembrai-vos de que a educação é questão de coração, do qual somente Deus pode dar-
vos as chaves”
(DOM
BOSCO)
BOA AVALIAÇÃO!!