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Curso: Engenharia Elétrica

Disciplina: INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO E LABORATÓRIO DE INSTRUMENTAÇÃO


DE PROCESSOS

Profº. Esp. Antonio Nazareno Valente


Engenheiro Eletrônico
Objetivos


Apresentar aos alunos, tanto na teoria como na prática, os
fundamentos sobre instrumentação de processo.

Explorar pontos importantes em metrologia, processos e
automação para o entendimento da instrumentação.
2. Conteúdo


Conceituação básica.

Confiabilidade metrológica.

Controle e automação.

Exemplos de aplicação.
Introdução

 A Instrumentação de processo é um conhecimento imprescindível para que


uma indústria produza seus produtos com qualidade.

 A instrumentação de processo usa diversos aparatos tecnológicos que buscam


formar um sistema complexo de sinais que realimentam informações e geram
respostas.

 Um exemplo de instrumentação de processo de fácil compreensão seria o


fornecimento de água a uma série de estações de tratamento, com a
temperatura da água devendo ser controlada, independentemente da
demanda (SENAI, 2015).

 O conhecimento e entendimento dos princípios e conceitos básicos de


Instrumentação de Processo são essenciais na análise e projeto de qualquer
sistema produtivo.
MECÂNICA DOS FLUIDOS

A mecânica dos fluidos trata do comportamento dos fluidos em repouso ou em movimento e


das leis que regem este comportamento. São áreas de atuação da mecânica dos fluidos:

Ação de fluidos sobre superfícies submersas, ex.: barragens;

Equilíbrio de corpos flutuantes, ex.: embarcações;

Ação do vento sobre construções civis;

Estudos de lubrificação;

Transporte de sólidos por via pneumática ou hidráulica, ex.: elevadores hidráulicos;

Cálculo de instalações hidráulicas, ex.: instalação de recalque;

Cálculo de máquinas hidráulicas, ex.: bombas e turbinas;

Instalações de vapor, ex.: caldeiras;

Ação de fluidos sobre veículos – Aerodinâmica.


2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
 Segundo Fialho (2010, p. 15), a Física e a Engenharia se baseiam em relações
entre quantidades mensuráveis, mas qualquer medida tem pouco valor,
exceto quando existir uma estimativa de seu erro.

 Desta maneira, pode-se verificar que quase todas as grandezas físicas


possuem três características:
 um valor numérico;

 uma incerteza;

 uma unidade (exceto no tocante a grandezas adimensionais).

 De acordo com Richard P. Feynman, vencedor do prêmio Nobel de física de


1965: “A ciência é caracterizada pela incerteza” (GRECA, 2000).

 Ao contrário dessa crença geral, as incertezas não são a marca registrada das
medidas.

 Existem medidas sem incertezas – por exemplo, as realizadas por contagem


de eventos consecutivos.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

 Como lidar com a inexatidão dos dados? Se um valor de dados y possuir uma
incerteza Δy, pode-se obter o grau de exatidão dividindo Δy por y, obtendo um valor
adimensional, (fração ou porcentagem) a incerteza σr (DUNN, 2013): σr = Δy / y (1)

 Uma medida é um valor numérico específico atribuído ao valor de uma variável


física aferida em um ensaio.

 Isso é feito pela comparação do tamanho dessa variável com um padrão.

 A qualidade dessa variável e as unidades nas quais são medidas devem ser
definidas de forma exclusiva.

 Essa definição é baseada em algum modelo que implica um processo de medição


correto (BEGA, 2005).
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
 A Tabela 1 mostra o sistema de unidades usado em instrumentação.
Tabela 1 Sistema de unidades

Fonte: Inmetro (2007).


2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

A Figura 1 mostra com exatidão o esboço de uma planta industrial, mencionando a instrumentação envolvida: Instrumentação
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

Fonte: adaptado de Bega (2005, p. 6).


FIGURA 2 Caldeira.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
 Podemos classificar os instrumentos e dispositivos utilizados em instrumentação de acordo
com a função que desempenham no processo:
1) instrumento de medição indicador;
2) instrumento de medição registrador;
3) transmissor;
4) transdutor;
5) controlador;
6) elemento final de controle.

 Instrumento de medição que apresenta uma indicação. A indicação pode ser analógica (contínua ou
descontínua) ou digital. Os valores de mais de uma grandeza podem ser apresentados
simultaneamente. Um instrumento de medição indicador pode também fornecer um registro (FIALHO,
2010).

Exemplos deste tipo de


instrumento:
1)voltímetro analógico;

2)amperímetro analógico;

3)frequencímetro digital;

4)micrômetro.

Figura 3 – Tipos de instrumentos de medição indicador


2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

 Instrumento de medição que fornece um registro da indicação. O registro pode ser analógico (linha
contínua ou descontínua) ou digital. Os valores de mais de uma grandeza podem ser registrados
simultaneamente (FIALHO, 2010).

Fonte: Senai (2015).


Figura 4 Instrumentos registradores.

Exemplos desse tipo de instrumento:


 Barógrafo - instrumento que mede a pressão atmosférica e a registra continuamente;
 Dosímetro termoluminescente - capacidade de detectar e medir a quantidade de radiação presente em
um determinado ambiente;
 Espectrômetro registrador - é um instrumento óptico utilizado para medir as propriedades da luz em
uma determinada faixa do espectro eletromagnético.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

São instrumentos que detectam as variações na variável medida/controlada por meio do ele-
mento primário e transmitem-na a distância. O elemento primário pode ou não fazer parte inte-
grante do transmissor (BEGA, 2005).

Fonte: MBR (1999, p. 9).


Figura 5 Transmissores .

Alguns tipos desses instrumentos são citados a seguir:


 transmissor de temperatura;

 transmissor de pressão;

 transmissor de vazão.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

Fonte: MBR (1999, p. 10).


Figura 6 Transdutores.
 O conversor é um tipo de transdutor que trabalha apenas com sinais de entradas e saídas pa-
dronizadas (DUNN, 2013).
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

 Instrumento que compara a variável de processo a um valor desejado e fornece um sinal de saída, a fim
de manter a variável de processo em um valor específico ou entre valores determinados.

 A variável pode ser medida diretamente pelo controlador ou indiretamente, por meio do sinal de um
transmissor ou transdutor (Fialho, 2010).

Fonte: Senai (2015).


Figura 7 Controladores.
 

Podemos citar como exemplos de controladores:


 controlador single loop (ou uma Zona) -  são utilizados ​para controlar temperatura e outros
processos, para controlar uma única variável específica;
 controlador multi loop - são projetados para controlar várias malhas de controle, ou seja, possuem
várias entradas e saídas.  
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

 Os elementos finais de controle são mecanismos que variam o fluxo de material ou de energia em
resposta ao sinal enviado pelo controlador, a fim de manter a variável controlada em uma faixa de
valores predeterminado (BEGA, 2005).

Fonte: Senai (2015).


Figura 8 Válvula de controle.

Alguns exemplos de elementos finais de controle são:


 válvula proporcional;
 inversores de frequência;
 válvulas solenoide.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de sua norma NBR 8190,
apresenta e sugere o uso de símbolos gráficos para representação dos diversos instrumentos e suas
funções ocupadas nas malhas de instrumentação.

No entanto, como é dada a liberdade para cada empresa estabelecer/escolher a norma a ser seguida na
elaboração dos seus diversos documentos de projeto de instrumentação, outras normas são utilizadas
(CAMPOS; TEIXEIRA, 2006).

De acordo com a norma ISA-S5 (ISA, 1992), cada instrumento ou função programada será identificada
por um conjunto de letras que o classifica funcionalmente e por um conjunto de algarismos que indica a
malha à qual o instrumento ou função programada pertence.

Nessa tabela, temos:


1)P – Variável medida = Pressão.
2)R – Função passiva ou de informação =
Registrador.
3)C – Função ativa ou de saída =
Controlador.
4)001 – Área de atividade onde o
instrumento atua.
5)02 – Número sequencial da malha.
6)A – Sufixo.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
 O Quadro 2 apresenta a simbologia dos sinais utilizados nos fluxogramas de processo conforme a Norma
ANSI/ISA-S5.1:

Fonte: ISA-S5 (ISA, 1992).


 O Quadro 3 mostra os símbolos de instrumentos utilizados nos fluxogramas de processo, com os quais se
pode definir em que local da planta o instrumento está localizado.
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
 O Quadro 4, são apresentadas as letras de identificação de instrumentos de medição e de fluxo para
processos.
1ª Letra Letras Sucessivas

  Variável Medida Letra de modificação Função de Leitura Função de Saída Letra de


passiva Modificação

A Analisador Alarme Alarme    


B Queimador Botão de pressão      

C Condutibilidade     Controlador  
Elétrica
D Densidade Diferencial      
E Tensão (FEM)   Elemento Primário    
F Vazão Relação      

G Medição Dimensional   Visor    

H Comando Manual Entrada Manual     Alto


I Corrente Elétrica   Indicador    
J Potência Varredura      
K Tempo ou Programa   Calculo em Sistema    
L Nível   Lâmpada Piloto   Baixo
M Umidade Instantâneo Média   Médio
N Vazão Molar        
O Orifício        
P Pressão Percentual Tomada de Impulso    
Q Quantidade Integração      
R Remoto   Registrador    
S Velocidade Segurança   Interruptor ou chave  
T Temperatura     Transmissor  
U Multivariável   Simulação Multifunção Multifunção
V Vibração     Válvula ou Defletor  
W Peso ou força   Poço    
X Não Classificada Eixo X Não Classificada Não Classificada Não Classificada
Y Escolha do Usuário Eixo Y Solenoide Rele ou Computador  

Z Posição ou Deslo- Eixo Z   Elemento Final  


camento
Fonte: ISA-S5
(1992).
2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO
O Quadro 5 mostra alguns símbolos de elementos de vazão:

Símbolo geral para elementos primá- Conexões para teste tipo tomada ou canto sem
rios de vazão placa de orifício.
Placa de orifício com tomadas no Placa de orifício com tomadas na vena contracta
flange ou no canto
Dispositivo para troca rápida de Tubo de Pitot simples ou tubo de Pitot-Venturi.
placas de orifício.
Tubo de Venturi Tubo de Pitot de média (Annubar)

Canal Aberto Vertedor

Medidor de vazão tipo turbina Medidor de vazão tipo área variável

Medidor de vazão tipo deslocamento Sensor de vórtice (vortex)


positivo
Sensor tipo alvo Bocal de vazão

Medidor de vazão tipo magnético Medidor de vazão tipo sônico.

Fonte: ISA-S5 (ISA, 1992).


2.1 FUNDAMENTOS DE INSTRUMENTAÇÃO DE PROCESSO

 A Figura 10 mostra dois circuitos: na Figura 10a, uma placa de orifício possui um transmissor elétrico
(FT14) que mede o fluxo.

 A primeira letra, “F”, denota que a função é fluxo; a segunda letra, “T”, denota transmissor e a linha
tracejada é um sinal elétrico variando de 0 V a 10 V.

 A saída vai para um PLC (FC14) que denota controle de fluxo. A saída é um sinal atual, variando de 4 a 20
mA, e esse sinal passa para um conversor de sinal (FY14), que converte o sinal em um sinal de pressão que
varia de 3 a 15 psi para conduzir a válvula de controle (FV14).

Fonte: Senai (2015).


Figura 10 Circuito de instrumentação
 Na Figura 10b, o tanque possui um indicador de nível de leitura direta LI17, um detector de alto nível (LSH17), e um
detector de baixo nível (LSL17); o primeiro “L” significa nível; “S” indica switch; H denota alta; e o “L” subsequente indica
baixa. A saída do interruptor de nível passa para um alarme (observe o instrumento compartilhado símbolo) LAHL 17; A
indica alarme; H é alto; e L é baixo, mostrando que o alarme será ativado se o nível de fluido estiver acima do nível alto
estabelecido ou abaixo do nível baixo estabelecido.
Bibliografia
 BIPM – ESCRITÓRIO NACIONAL DE PESOS E MEDIDAS. Resumo do Sistema Internacional de Unidades -SI. Disponível em:
<http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pdf/resumo_si.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.

ESTATCAMP. Fundamentos do cálculo de incerteza em medição. Disponível em:


<http://www.portalaction.com.br/incerteza-de-medicao/fundamentos-do-calculo-de- incerteza-em-medicao>. Acesso em: 12
jan. 2018.
 GONÇALVES JR., L. Cálculo de incerteza de
medições. Disponível em:
<http://www4.feb.unesp.br/dee/docentes/luizgjr/public_html/1202/lab/Calculo%20de
%20Incertezas.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.
 FRANÇA, F. A. Instrumentação e medidas: grandezas mecânicas. Campinas: Unicamp, 2007. Disponível em:
<http://www.fem.unicamp.br/~instmed/Instrumentacao_Medidas_Grandezas_Mecani cas.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.
 SENAI – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL; COMPANHIA SIDERÚR- GICA DE TUBARÃO. Instrumentação básica
I – pressão e nível. 1999. Disponível em:
<http://www.abraman.org.br/Arquivos/60/60.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.
 TRIERWEILER, J. O. Fluxograma de Engenharia (P&I-Diagram). Disponível em:
<http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/492_pei_3.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2018.
 
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Profº. Esp. Antonio Nazareno

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