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RESPONSABILIDADE CIVIL PELA

PERDA DO TEMPO ÚTIL


PERDA OU DESVIO DO TEMPO ÚTIL

 Vida em Sociedade
 Dano provocado pelo fornecedor
 Desvio do Tempo Útil
 Tempo = Vida
PERDA DO TEMPO ÚTIL

 Marcos Dessaune (2011) - “Desvio produtivo do


consumidor: o prejuízo do tempo desperdiçado”.
 Delegamos atribuições às empresas para não
“perdermos” tempo
 Ex.: Casamento, Formatura, Aniversário
PERDA DO TEMPO ÚTIL

 O desvio produtivo do consumidor se caracteriza quando:


 [...] o consumidor, diante de uma situação de mau atendimento, precisa
desperdiçar o seu tempo e desviar as suas competências – de uma
atividade necessária ou por ele preferida – para tentar resolver um
problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade
indesejado, de natureza irrecuperável.
PERDA DO TEMPO ÚTIL

O tempo é limitado, inacumulável e irrecuperável.


Produção de capital ou desenvolvimento de habilidades
Direito fundamental implícito
DO ENQUADRAMENTO DO DANO TEMPORAL

 Para a maioria dos Tribunais, o tempo consiste em mais um


dos atributos da personalidade humana, estando, portanto
incluído na categoria de dano extrapatrimonial.
 Ao contrário, Marcos Dessaune defende que o dano
temporal é uma categoria autônoma, ao lado do dano
extrapatrimonial e do dano material.
RESPONSABILIDADE CIVIL

 A presença de um vício ou defeito no produto ou serviço ou a ocorrência de uma prática


abusiva realizada pelo fornecedor; (Ato Ilícito)
 O descaso do fornecedor para com o consumidor, ocasionando a demora excessiva e
injustificada em solucionar o problema ou o desrespeito dos prazos previstos em lei para a
solução das falhas apresentadas nos produtos e serviços, ocasionando a perda de tempo do
consumidor; (Dano)
 E a relação de causalidade entre o vício/defeito/prática abusiva e o tempo desperdiçado pelo
consumidor; (Nexo de causalidade)
DOS PRINCÍPIOS E NORMAS QUE AUTORIZAM O
RECONHECIMENTO DESSE NOVO DANO
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR

 O reconhecimento de uma situação de desvantagem, seja ela técnica ou econômica, etc.


 Fundamento da proteção a ele conferida pelo Estado para equilibrar a relação de consumo.
 Esta é agravada proporcionalmente:1) à dependência do consumidor com o produto ou serviço e 2) à
limitação das possibilidades de escolha de outro fornecedor.
 Nesse contexto, a possibilidade de lesão do bem “tempo” do consumidor se maximiza.
 O consumidor precisa do fornecedor para resolver seu problema, o qual, no intuito de repassar o
prejuízo ao consumidor procrastina a reparação dos danos, sabendo dessa vulnerabilidade
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR

 Quantas vezes o consumidor não deixa de buscar a troca de um produto viciado, por
exemplo, em razão de prospectar o tempo que seria perdido?
 O fornecedor que deveria cumprir o Código de Defesa do Consumidor, nessas
situações, se locupleta dessa vulnerabilidade do consumidor, relacionada ao tempo
“vital” ou “existencial”- como denomina um dos idealizadores da “teoria” no Brasil –
Marcos Dessaune- advogado capixaba
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA

 Imposição ética nas relações jurídicas: partes devem agir com lealdade e honestidade, respeitando a confiança e as
expectativas legítimas geradas.
 O desvio do tempo vital do consumidor resulta de um descumprimento a esse princípio
 A expectativa de um consumidor ao adquirir um produto, v.g., é de receber um produto de qualidade, durável,
seguro e de acorodo com o anunciado.
 Do mesmo modo, há a expectativa de que, caso haja algum problema com um produto, o fornecedor irá despender
esforços para solucioná-lo com celeridade.
 A conduta do fornecedor que procrastina e impõe ao consumidor “perda de tempo” que poderia ser dispendido
tanto de maneiras mais úteis ou agradáveis, é um rompimento com seu dever de lealdade e honestidade.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO ESTATAL E DO EQUILÍBRIO

 O Dever do Estado de interferir nas relações de consumo para equilibrá-las


 Envolve a atuação dos Poderes constituídos para proteger os consumidores, de modo que não abrange
somente o Poder Legislativo, mas o Ministério Público, Defensorias P., Executivo e Judiciário.
 O reconhecimento da responsabilidade civil por desvio do tempo vital do consumidor seria uma forma
de efetivar esse princípio
DO DIREITO DO CONSUMIDOR AO CUMPRIMENTO DOS PRAZOS ESTABELECIDOS
NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E NAS DEMAIS LEIS CONSUMERISTAS

 CDC- Lei nº 8.078/1990Decreto nº 6526/2008- regulamenta o CDC, fixando normas gerais sobre o Serviço de
atendimento ao consumidor (SAC).
 Leis Municipais- quanto ao tempo de espera em filas, v.g.
 O legislador estabeleceu prazos a serem cumpridos em determinadas hipóteses, visando proteger o consumidor de
demoras excessivas.
 Assim, estabeleceu-se prazos para que sejam sanadas irregularidades.
 O reconhecimento do dano ocasionado pela perda do tempo vital é uma maneira de efetivar o cumprimento dos
prazos previstas nas leis consumeristas, eis que inibe uma atuação que comporte a adoção de medidas judiciais
pelo consumidor
JURISPRUDÊNCIA
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

 [...] não é razoável que, à frustração do consumidor de adquirir o serviço com vício,
se acrescente o desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele não deu causa,
o que, por certo, pode ser evitado – ou, ao menos, atenuado – se o próprio
fornecedor participar ativamente do processo de reparo, intermediando a relação,
inclusive porque tem o dever legal de garantir a adequação do produto oferecido ao
consumo (REsp 1.634.851-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, por maioria, julgado em
12/09/2017, DJe 15/02/2018).
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

 [...] O dano moral restou configurado pois o autor teve que comparecer diversas vezes na SEFAZ
MUNICIPAL, SEFAZ ESTADUAL, INFAZ, tendo iniciado diversos processos administrativos para
cancelamento das notas fiscais e bloqueio de acesso do fraudador. [...] 2. Aplica-se ao caso a Teoria
da Perda do Tempo Útil, uma vez que o tempo que o consumidor viu-se obrigado a perder para
solucionar o problema perante a acionada, sem sucesso, poderia ter sido utilizado de outra forma,
inclusive em sua atividade laborativa, sendo certo que na sociedade moderna o tempo é uma moeda
valiosa (TJBA. Classe: Recurso Inominado, Número do Processo: 0071901-83.2018.8.05.0001,
Relator (a): NICIA OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS, Publicado em: 27/09/2018).
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

 3. O dano moral sofrido pela parte autora não abalou somente sua esfera anímica,
mas ocasionou desvio de seu tempo produtivo, porque ninguém consegue realizar,
simultaneamente, duas ou mais atividades de natureza incompatível ou fisicamente
excludentes ¿ como reclamar e descansar, comparecer em audiências e trabalhar,
etc. (Classe: Recurso Inominado, Número do Processo: 0172455-60.2017.8.05.0001,
Relator (a): NICIA OLGA ANDRADE DE SOUZA DANTAS, Publicado em:
19/09/2018).
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA BAHIA

 (...). Além disso, revela-se manifesta a desídia da Apelante em resolver


administrativamente a questão ora posta, acarretando ao Apelado perda de tempo
útil, pois, após inúmeras tentativas de tratativa na agência da concessionária, viu-se
obrigado a propor demanda judicial para solução de situação que poderia ter sido
solucionada administrativamente. (...) (Classe: Apelação, Número do Processo:
0581764-74.2016.8.05.0001, Relator (a): HELOISA PINTO DE FREITAS VIEIRA
GRADDI, Publicado em: 08/08/2018).
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

 (...) houve perda do tempo útil da apelante, impondo-se a contatos telefônicos


demorados, irritantes e infrutíferos, retirando o consumidor de seus deveres e
obrigações, e da parcela de seu tempo que poderia ter direcionado ao lazer ou para
qualquer outro fim (RIO DE JANEIRO, Tribunal de Justiça, Apelação Cível:
0099632-11.2011.8.19.0019, Relator: Des. Marcelo Lima Buhatem, Data do
Julgamento: 03/07/2013, Vigésima Segunda Câmara Cível).
PROJETO DE LEI Nº7.356 , DE 2014

Art. 1º O art. 6º da Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte
parágrafo único:
"Art. 6º ................................................................. .............................................................................
Parágrafo único. A fixação do valor devido a título de danos morais levará em consideração, também, o
tempo despendido pelo consumidor na defesa de seu direito e na busca de solução para a controvérsia."
(NR)
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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