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DIREITO ADMINISTRATIVO

Conceito de Estado

Estado é uma associação humana (povo), radicada num determinado território, que vive sob o comando de um poder
soberano, com fins definidos.

Forma de Estado

Havendo uma organização política do território, surge a noção de Estado unitário ou de Estado federado (também
chamado de Estado composto).

Dessa forma, se no território se vislumbra apenas um poder político central, fala-se em Estado unitário.

Por outro lado, se tivermos poderes políticos distintos, coexistindo em um mesmo território, tem-se o Estado federado (ou
complexo, ou composto).

Estado Unitário

O que marca essa forma de Estado é a centralização política, na qual um único poder político central irradia sua
competência, de forma exclusiva, por todo o território nacional e sobre toda a sua população, controlando as atividades
locais e regionais. Temos como exemplo de Estado unitário o Uruguai.
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Estado Federado

O que caracteriza esse Estado é a descentralização política, que permite o convívio em um mesmo território de entidades
políticas autônomas, que se distribuem regionalmente, como ocorre no Estado brasileiro, onde há esferas políticas distintas –
União, Estados, DF e Municípios.

No Estado federal, não há subordinação entre as entidades federadas. A relação que travam é de autonomia, que se caracteriza
pela coordenação e coexistência de administrações públicas autônomas. No entanto, todas essas administrações estão sujeitas
às regras e normas do Direito Administrativo que constam na Constituição Federal. Algumas matérias deverão ser regidas
mediante leis de caráter nacional, editadas pelo Congresso Nacional.

Poderes e Funções Estruturais do Estado

• Poder do Estado: nesse sentido, o termo “poder” designa soberania. É um poder uno e indivisível, que encontra no povo seu
único titular;

• Poderes do Estado: nesse caso, no plural, estamos falando de órgãos independentes do Estado, responsáveis pelo
desempenho de suas funções estruturais.
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Ocorre que, embora o poder do Estado (soberania) seja uno, indivisível e indelegável, se desdobra em três funções.

Assim, os três Poderes são segmentos em que é dividido o poder geral e abstrato do Estado, que decorre da soberania. Esses
Poderes formam uma divisão estrutural interna que tem por fim fazer a especialização no exercício das funções do Estado e,
ao mesmo tempo, evitar que todo o poder se concentre em uma única mão.

O modelo clássico de tripartição de Poderes foi idealizado por Montesquieu em 1748, em sua célebre obra O Espírito das
Leis, tendo sido adotado pela Constituição de 1988, que estabelece explicitamente, no art. 2º: São Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Se verificarmos a evolução do constitucionalismo, veremos que a ideia inicial de separação rígida dos Poderes foi sendo
substituída por uma concepção de interpenetração, harmonia e coordenação entre eles. Isso propicia que cada um dos
poderes exerça sua função típica (própria), mas também exerça de forma atípica a função dos demais. Assim, cada um dos
três Poderes exerce, em certo aspecto, as três funções do Estado, sendo uma em caráter predominante (função típica), e as
outras de forma assessória (função atípica) pois são próprias dos outros Poderes
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As Funções Estruturais do Estado As funções são:

• Função legislativa – legislação;


• Função executiva – administração;
• Função jurisdicional – jurisdição.

Em suma, o Legislativo tem como função principal criar normas, o Judiciário fará aplicar a lei ao caso concreto, quando
provocado, enquanto que ao Executivo incumbe a tarefa de transformar a lei em ato concreto (administrar).

A Constituição Federal, no intuito de preservar a independência e harmonia dos Poderes, atribuiu a cada um deles uma
função típica, o que lhes dá independência, ao mesmo tempo em que permite que todos exerçam, como função atípica,
atividades próprias dos demais, o que assegura a harmonia.

As funções típicas garantem a independência dos Poderes, enquanto as funções atípicas garantem a harmonia
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Legislação

Através da função legislativa, o Poder Legislativo cria a lei, tendo como fundamento o poder soberano do Estado. Através
das leis, o Estado regula as relações, sem se envolver diretamente. A função legislativa é entregue ao Poder Legislativo
como sua função principal, mas vai ser exercida de forma secundária e atípica pelo Poder Executivo, através dos chamados
atos administrativos normativos.

Jurisdição

A função jurisdicional é típica do Poder Judiciário e diz respeito à solução definitiva de possíveis conflitos de interesse que
venham a surgir na vida em sociedade (desde que os interessados se apresentem e peçam a prestação da jurisdição).

Ao se falar de função jurisdicional, ou simplesmente jurisdição, tem-se em mente uma função secundária, que só existe
porque há uma lei que o parlamento criou e que deve ser observada. Além disso, é uma função subsidiária, pois atua
mediante provocação da parte interessada. A jurisdição permanece inerte, e só age quando alguém não cumpre a lei
espontaneamente. O Judiciário tem a incumbência de aplicar a lei de forma coativa, em caso de conflitos de interesses
(litígios).
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Sistemas Administrativos

Essa expressão é usada pela doutrina para indicar os mecanismos especiais de controle para a Administração Pública: o
sistema do contencioso administrativo e o sistema de jurisdição una.

Sistema do Contencioso Administrativo ou de Jurisdição Dual

Esse sistema prevê um conjunto de órgãos decisórios, totalmente apartados do Poder Judiciário, no qual o Conselho de
Estado é o último grau de jurisdição administrativa. O Conselho de Estado pode rever o mérito das decisões dos Tribunais
de Contas, do Conselho de Educação e da Corte de Disciplina Orçamentária. A decisão final proferida na esfera
administrativa faz “coisa julgada administrativa” e não pode ser revista pelo Poder Judiciário.

Esse sistema nunca foi adotado no Brasil. Nosso ordenamento jurídico não reconhece o contencioso administrativo. Em
nosso Estado, as decisões proferidas em processos administrativos sempre poderão ser apreciadas pelo Poder Judiciário.
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Sistema Inglês de Jurisdição Una ou Sistema Judiciário

Esse é o sistema que o Estado brasileiro adota atualmente, de acordo com o que dispõe a CF/1988, art. 5o, inciso XXXV:

Art. 5º, XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

O dispositivo constitucional entrega, ao Poder Judiciário, o monopólio da função jurisdicional, não importando se a causa
envolve interesse da Administração Pública.
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ADMINISTRAÇÃO

A função administrativa pode ser entendida como “aquela exercida de forma prioritária pelo Poder Executivo, com caráter
infralegal (atos que não são leis, mas derivam das leis) e mediante utilização de prerrogativas dadas pela própria lei aos
agentes”. Nessa função, o Estado atua como parte nas relações e a Administração atua independentemente de provocação.

Definir a função típica do Poder Executivo não é algo tão intuitivo como no caso das funções dos Poderes Judiciário e
Legislativo. Podemos, entretanto, deduzir que a função típica do Poder Executivo busca sempre a defesa concreta do
interesse público.

Há uma diferença fundamental entre as funções jurisdicional e executiva: enquanto o Judiciário precisa de provocação para
que possa julgar, aplicando a lei ao caso concreto, o Executivo “aplica a lei de ofício”, sem necessidade de provocação.
Pode-se dizer que o Poder Executivo é dinâmico, pois sua atividade de aplicar a lei é desempenhada ex officio, ao
passo em que o Poder Judiciário é inerte, pois não atua sem provocação.
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GOVERNO OU FUNÇÃO POLÍTICA

O governo é a atividade que conduz os altos interesses do Estado e da coletividade. É a atividade de dirigir os rumos
do Estado.

O ato de governo é dotado de grande margem de liberdade, mais ampla do que aquela que encontramos normalmente na
discricionariedade administrativa. O governo pressupõe uma atividade de ordem superior, que se refere à direção suprema e
geral, dirigida a determinar os fins do Estado.

Governo é o conjunto de funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da Administração Pública. O que caracteriza
o governo é sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos. O governo atua mediante atos de
soberania, conduz publicamente os negócios públicos.

Quem exerce a função política? No Estado brasileiro há preponderância do Poder Executivo, mas isso não significa a
exclusividade deste no exercício da função de governo. Pode-se dizer que, no Direito brasileiro, a função política se reparte
entre Executivo e Legislativo, com acentuada preponderância do Executivo.

E o Judiciário? Exerce a função de governo? O Poder Judiciário raramente participa da função política. Um exemplo
seria quando opera o controle da legalidade dos atos de governo.
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SISTEMAS DE GOVERNO

A noção de sistema de governo se relaciona à forma como se trava a relação entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo,
no exercício das funções governamentais. Dependendo da maior ou menor independência ou cooperação entre eles, teremos
dois sistemas de governo: o presidencialista ou o parlamentarista.

PRESIDENCIALISMO

Nesse sistema, é predominante o princípio da divisão dos Poderes, sendo eles independentes e harmônicos entre si. A chefia
do Poder Executivo será exercida pelo presidente da República, que acumula as funções de chefe de Estado e chefe de
governo, tendo mandato fixo a cumprir, independentemente da confiança ou não do Poder Legislativo para manter-se no
cargo.

O Poder Legislativo não se sujeita à dissolução pelo Executivo, pois seus membros são eleitos e têm direito ao cumprimento
do mandato
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PARLAMENTARISMO

Aqui, predomina uma colaboração entre os Poderes Legislativo e Executivo, sendo esse dividido em duas “frentes”: a
chefia do Estado e chefia do governo. A primeira será exercida pelo presidente da República ou pelo monarca, enquanto a
segunda se exerce por um primeiro ministro ou por um Conselho de Ministros.

Se o Parlamento retirar a confiança do governo, o primeiro ministro cai, se exonera, o que dá lugar à formação de outro
governo, novo, já que os membros do governo não têm mandato nem são investidos por tempo certo, tendo apenas uma
investidura de confiança.

Por fim, se o governo perceber que o parlamento perdeu a confiança popular, pode optar pela dissolução desse parlamento,
convocando novas eleições extraordinárias.

O Brasil fez a opção pelo sistema de governo presidencialista, sendo o presidente da República o chefe de Estado e
chefe do governo, que é exercido com o auxílio dos ministros de Estado.

A forma federativa adotada pelo Brasil leva à simetria das esferas políticas e, por essa razão, os chefes dos Executivos e das
Administrações Públicas dos demais entes federados serão os governadores e os prefeitos.
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FORMA DE GOVERNO

A compreensão da forma de governo reside na noção do modo como o poder na sociedade é instituído e transmitido, e como
se faz a relação entre governante e governados.

Assim, podemos ter como forma de governo a República, na qual os mandatos do chefe do Poder Executivo são eletivos e
temporários, com responsabilidade atribuída ao governante de prestar contas.

Por outro lado, podemos ter a Monarquia como forma de governo, na qual a hereditariedade e a vitaliciedade, sem dever de
prestação de contas são os critérios de investidura e manutenção do detentor do poder.

O Estado brasileiro, como sabemos, adotou a forma republicana.


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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A expressão “Administração Pública” é analisada pela doutrina em dois aspectos: ora sob a ótica das atividades
administrativas, ora sob a ótica dos executores dessas atividades.

SENTIDO OBJETIVO, FUNCIONAL OU MATERIAL

O que faz? Em sentido material ou objetivo, devemos levar em consideração a atividade concreta e imediata que o Estado
desenvolve para satisfação dos interesses coletivos, não importando em qual dos três Poderes tal atividade é exercida. É que,
embora a função executiva do Estado seja entregue de forma preponderante ao Executivo, há várias atividades que se
incluem na função administrativa que também são desempenhadas no âmbito dos Poderes Legislativo e Judiciário Assim,
onde há atividade administrativa, há Administração Pública em sentido objetivo, abrangendo todas as administrações, de
todos os Poderes, de todos os entes da Federação.

As atividades administrativas que dão o sentido objetivo de Administração são o fomento, polícia administrativa e serviço
público.
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FOMENTO

É a atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de interesse público, que se dá mediante:

• Auxílio financeiro (ou subvenção) por conta dos orçamentos públicos;

• Financiamento sob condições especiais;

• Desapropriações que favoreçam entidades privadas sem fins lucrativos;

• Favores fiscais que estimulem atividades consideradas particularmente benéficas.

Polícia administrativa

É toda atividade de execução das chamadas limitações administrativas, que são restrições impostas por lei ao exercício do
direito individual em benefício do interesse público. São medidas de polícia: ordens, notificações, licenças, autorização,
fiscalização e sanção.
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SERVIÇO PÚBLICO

É toda a atividade que a Administração Pública executa direta ou indiretamente para satisfazer a necessidade coletiva, sob
regime jurídico predominante público. A própria Constituição Federal determina os serviços públicos que são de
competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

A Constituição dispõe sobre essa atividade, nos seguintes termos:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

INTERVENÇÃO

Aqui, temos a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada, juntamente com a atuação estatal
no domínio econômico (normalmente por meio das empresas estatais).
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CARACTERÍSTICAS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO OBJETIVO

• Atividade concreta que põe em execução a vontade do Estado contida na lei;

• Finalidade de satisfação direta e imediata dos fins do Estado;

• Regime jurídico de Direito Público;


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CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O Direito Administrativo é o ramo do Direito que estuda as funções e atividades administrativas do Estado.

Para tanto, engloba a legislação brasileira que dispõe sobre os órgãos e agentes que compõem os aparelhos estatais na
prestação de serviços públicos, princípios e demais assuntos relacionados, tendo sempre como objetivo precípuo o de
satisfazer o interesse coletivo.

Enquanto o Direito Constitucional traça a “anatomia” do Estado, tratando de sua forma, organização, fins, objetivos e
fundamentos o Direito Administrativo cuida da “fisiologia” do estado, tratando de aspectos dinâmicos de seu
funcionamento. Cabe ressaltar que ambos apresentam aspectos comuns, dentre os quais posso citar os princípios. Embora
exista uma evidente harmonia e identidade entre esses dois ramos do Direito Público, ambos não se confundem.
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FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Fontes do Direito são os fatos jurídicos de onde as normas surgem.

LEI

É a única fonte primária do Direito Administrativo. É o único veículo habilitado a criar diretamente obrigações, deveres e
proibições nesse ramo do Direito.

A lei, como fonte, indica todo ato normativo elaborado dentro de um processo legislativo regular, que expresse a vontade
popular. Aí vamos encontrar a Constituição Federal, as constituições estaduais e as leis em sentido estrito. Lembre-se de que
o Direito Administrativo não tem um código. Suas normas estão na própria Constituição Federal e em diversas leis esparsas.
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JURISPRUDÊNCIA

Só pode ser entendido como jurisprudência a repetição de julgados dos Tribunais.


A jurisprudência não tem em si a mesma força obrigatória de uma norma criada pelo legislador, mas influencia
decisivamente a maneira como as regras passam a ser entendidas e aplicadas.

DOUTRINA

É o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Direito Administrativo. É o resultado dos estudos elaborados pelos estudiosos
do Direito Administrativo. A doutrina não cria diretamente a norma, mas esclarece o sentido e o alcance das regras jurídicas,
conduzindo o modo como os operadores do direito devem compreender as determinações legais.

COSTUMES

É a repetição de práticas que estabelecem um padrão de comportamento, tido e adotado como regra. Não têm força jurídica
igual ou comparável à da lei, só podendo ser considerados vigentes se não contrariarem nenhuma regra ou princípio
estabelecido na legislação. Costumes “contra legem” jamais serão revestidos de obrigatoriedade.
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Quando a Administração Pública adota, para uma entidade, modelos do Direito Privado, nunca será absoluto o regramento
por normas privadas, pois ela nunca deixa de ter alguns privilégios, como por exemplo o juízo privativo, a prescrição
quinquenal, o processo especial de execução e a impenhorabilidade de bens. Também existirão algumas restrições próprias
do regime público, como as relativas à competência, finalidade, motivo, forma, procedimento e publicidade dos atos.

A Administração Pública pode submeter-se aos dois regimes jurídicos conhecidos:

• o de Direito Privado, que traça uma horizontalidade na conduta do Poder Público em relação aos particulares;

• o de Direito Público (que leva a uma verticalidade).


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PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

Fundamenta a existência das prerrogativas da Administração Pública. Para que o Estado atinja suas finalidades, é necessário
que disponha de poderes não previsto aos particulares.

Sempre que existir um conflito entre o interesse público e o interesse particular, o público deve prevalecer. Porém, a atuação
do Estado deve ser realizada dentro dos limites legais, respeitando os direitos assegurados legal e constitucionalmente, aos
particulares.

Em suma, os interesses da sociedade são mais importantes que os interesses particulares. Um bom exemplo é a
desapropriação.

O Poder Público pode, diante da necessidade pública, desapropriar um bem de uma pessoa. No entanto, a pessoa cujo bem
foi desapropriado tem direito a indenização.
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PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
Ao atuar, a Administração Pública deve sempre ter em vista o interesse público, de acordo com as normas legais.

Não é dada ao administrador liberdade para realizar atividades sem uma norma que preveja tal atividade. Portanto, ele deve
sempre buscar o interesse público, sem, no entanto, poder dispor de bens, direitos e interesses públicos.

O poder de dispor, ou seja, alienação de bens, renúncia de direitos ou transação com o interesse público, depende sempre de
lei que o permita. A vontade do agente público deve ser a vontade da lei, e não a própria.

O concurso público é um exemplo importante desse princípio. Para nomear alguém a um cargo efetivo, o administrador
deve seguir as regras do interesse público.
O interesse público pode ser dividido em primário e secundário. Sendo que, o primário é aquele que o Estado deve
efetivamente alcançar (como por exemplo segurança, saúde, transporte), e o secundário refere-se aos meios que o Estado
deve utilizar para atingir o interesse público primário.

Nesse último caso, exemplificativamente, a construção de um hospital guarda relação com a saúde (interesse primário),
porém deve ser precedida de licitação (interesse secundário)
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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

A legalidade constitui um dos mais importantes princípios do Direito, pois tem a função de limitar a atuação do Estado.

Com o surgimento do “Estado de Direito”, a lei passou a ter uma posição de superioridade em relação aos demais atos do
Estado.

No âmbito administrativo, o princípio da legalidade impede que a Administração Pública atue com irrestrita liberdade, ou
seja, somente pode fazer o que a lei determina ou permite.
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PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

A Administração Pública não pode ser utilizada no interesse pessoal do agente. Deve ser sempre voltada ao fim público.

A Administração Pública não pode ser utilizada para a promoção do agente sobre sua realização administrativa.

O ato é substituído ao órgão ou à entidade estatal, e não ao agente que praticou.

Ao atuar com impessoalidade, a Administração Pública deve tratar com igualdade (“isonomia”).

Em relação aos particulares, significa que é vedado à Administração desempenhar suas funções com o objetivo específico
de prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas.

Por outro lado, em relação à Administração, o princípio da impessoalidade significa que os atos administrativos não são
imputáveis ao agente que os emitiu, mas à própria Administração.
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PRINCÍPIO DA MORALIDADE

A Administração deve pautar sua atuação de acordo com padrões éticos, em estrita observância a aspectos relacionados à
honestidade, à lealdade e à boa-fé.

Não basta o ato ser legal e impessoal: deve ser moral. A honestidade é um requisito que deve incorporar a atuação pública.

Violar a moralidade configura ilicitude, que sujeita a conduta viciada à invalidação.


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PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE

O princípio da publicidade visa dar transparência à Administração Pública, possibilitando o conhecimento das atividades
administrativas, bem como seu controle e sua fiscalização.

A publicidade propicia ao administrado a obtenção de certidões, informações, atestados, desde que acordo com a lei.

Salvo as exceções constitucionais, não deve haver sigilo acerca dos atos relacionados à Administração Pública.
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PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA

A partir da Emenda Constitucional 19/98 a eficiência passou a ser um princípio explícito.

A Administração deve atuar da melhor maneira possível, com base em um ideal de qualificação estrutural e funcional.

A eficiência mantém a relação com a “estabilidade” do servidor. Para ser estável dever ser aprovado em avaliação de
desempenho.

Uma vez estável, pode perder a estabilidade mediante avaliação periódica de desempenho.

Portanto, a eficiência é condição para a aquisição e manutenção da estabilidade.


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ADMINISTRAÇÃO DIRETA

Quando a União, estados ou municípios estão exercendo suas atividades de forma direta, sem que haja uma delegação de
tarefas, há o ato da administração direta. Secretarias, Ministérios, Câmaras e Assembleias fazem parte desse tipo de
organização administrativa.

Servidores que trabalham na Receita Federal, Defensoria da União, Justiça Federal, Polícia Rodoviária estão ligados à
administração direta, por mais diferentes que sejam as suas funções. Tudo depende se o órgão é ou não ligado de forma
direta a um dos Poderes.

No entanto, apesar de ser um órgão federal, o Tribunal de Contas da União, por exemplo, não faz parte da administração
direta, pois possui uma autonomia em relação aos Três Poderes. Sua autonomia se deve ao fato de que uma de suas funções
é justamente investigar os gastos públicos.

Se houvesse uma submissão de forma direta, o TCU provavelmente não conseguiria cumprir o seu papel com isonomia. E
por necessidades como esta que é fundamental que haja a administração indireta.
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ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

A administração indireta é uma forma encontrada pelos gestores públicos de descentralizar as atividades e flexibilizar a
atuação do Estado em diferentes setores da sociedade. Portanto, a União, estados, municípios e Distrito Federal criam novas
entidades que prestarão serviços fundamentais ao público.

De certa forma, podemos dizer que a administração indireta é uma espécie de terceirização dos serviços públicos, com a
diferença de que ainda há um controle das entidades por parte do Estado, mesmo que de forma um pouco distante.

Ao todo, existem quatro tipos de entidades na administração indireta:

 Autarquias;

 Empresas Públicas;

 Sociedades de Economia Mista;

 Fundações Públicas.
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ATO ADMINISTRATIVO

ATRIBUTOS

Presunção de legitimidade e veracidade dos atos administrativos: Presumimos que o ato é legítimo e verdadeiro até que
provem o contrário, ou seja, se alguém questionar o ato cabe à pessoa que questionou provar que o ato é ilegal. Até que se
prove o ato continua com seus efeitos valendo.

Autoexecutoriedade: Os atos administrativos podem ser executados pela própria Administração Pública diretamente,
independentemente de autorização dos outros poderes. Não são todos os atos administrativos que tem este atributo, mas
somente os previsto em lei ou em casos de urgência.

Tipicidade: Ele deve agir estritamente como manda a lei, ou seja, para cada finalidade tem um ato administrativo específico
já definido por lei. Presente apenas nos atos unilaterais.

Imperatividade: O ato administrativo é imposto pela administração, independente da vontade Conceito: Os atos
administrativos são impostos a todos independentemente da vontade do destinatário, ou seja, o administrador pode impor
restrições ou obrigações ao destinatário.
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EXTINÇÃO

São formas de extinção dos Atos administrativos: anulação, revogação, cassação, caducidade, contraposição, extinção
natural, extinção objetiva e extinção subjetiva.

ANULAÇÃO: É a extinção do ato administrativo considerado ilegal pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.

Os atos discricionários e os atos vinculados estão sujeitos ao controle de legalidade e por isso, são passíveis de anulação.

A anulação de um ato administrativo tem efeito retroativo.

​Em algumas situações é possível corrigir o ato administrativo que foi considerado ilegal
DIREITO ADMINISTRATIVO
REVOGAÇÃO: É a extinção de um ato administrativo praticado de forma válida e discricionária, quando sua manutenção
deixar de ser conveniente e oportuna, por motivo de interesse público. Alguns atos não podem ser revogados como: atos
vinculados; atos que geram direito adquiridos; atos consumados; atos que integram um procedimento e atos enunciativos.

CASSAÇÃO: É a extinção de um ato administrativo válido devido ao descumprimento das condições por parte do
favorecido pelo ato.

CADUCIDADE: É a extinção do ato administrativo por causa de uma nova lei que torna a lei anterior incompatível.

CONTRAPOSIÇÃO: É a extinção de um ato administrativo válido, quando outro ato produz efeito contrário.

EXTINÇÃO NATURAL: quando o prazo do ato administrativo termina.

EXTINÇÃO OBJETIVA: é quando desaparece o objeto que gerou o ato administrativo

EXTINÇÃO SUBJETIVA: é quando desaparece o destinatário do ato administrativo.


DIREITO ADMINISTRATIVO
DESFAZIMENTO

Quando os atos administrativos forem inconvenientes ou inoportunos, ilegais ou ilegítimos podem ser extintos através de
revogação, anulação e/ou convalidação.

CONVALIDAÇÃO: ocorre quando o ato administrativo possui um vício sanável, mas caso for extinguir poderá trazer
consequência aos destinatários ou ao público. Então faz apenas uma reparação da parte falha do ato administrativo e
mantendo o resto do ato.

SANATÓRIA

A sanatória ou convalidação, é uma forma de corrigir vícios existentes em um ato ilegal sendo preceituado no art. 55 da Lei
nº 9.784/1999:

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

Os efeitos da convalidação são retroativos ao tempo de sua execução.


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CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao regramento: Atos vinculados e Atos discricionários

Quanto aos destinatários dos atos: atos individuais e atos gerais.

Quanto ao alcance: Atos internos e atos externos

Quanto ao seu objeto: Atos de império, atos de gestão e atos de expedientes

Quanto aos efeitos: atos constitutivos e atos declaratórios.

Quanto à estrutura do ato: atos concretos e atos abstratos.

Quanto à formação (processo de elaboração): Ato simples, Ato complexo e ato composto

Quanto à função da vontade administrativa: atos negociais ou negócios jurídicos e atos puros ou meros atos administrativos.

Quanto aos resultados sobre a esfera jurídica dos administrados: atos ampliativos e atos restritivos.

Quanto à formação do ato: atos unilaterais e atos bilaterais.


DIREITO ADMINISTRATIVO
ESPÉCIES

Atos normativos: Decreto, regulamentos, Regimento, resolução e deliberação.

Atos ordinatórios: Instruções, Circulares, Avisos, portarias, Ofícios e Despachos administrativos.

Atos negociais: Licença, Autorização, Permissão, Aprovação, Visto, Homologação, Dispensa e Renúncia.

Atos enunciativos: Atestado, Certidão e pareceres / e Atos punitivos

EXTERIORIZAÇÃO

Decreto – Ato administrativo unilateral por meio do qual os Chefes dos Poderes Executivos praticam de forma escrita atos
relacionados à sua competência

Portaria – Ato administrativo na qual é expedido por agentes públicos de cargo de chefia  que pode conter instruções
acerca da aplicação de leis ou regulamentos ou recomendações gerais.
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Alvará – Ato administrativo para expedir autorizações e licenças;

Aviso – Ato administrativo usado por ministros ou militares para orientar seus subordinados.

Instrução – Ato administrativo geral expedido por autoridades que se encontra no topo da hierarquia.

Circular – Ato administrativo que tem como objetivo transmitir ordens iguais para seus subordinados.

Regimento: Ato administrativo unilateral de aplicação interna e de caráter normativo e geral que visa fixar regras de
funcionamento e administração.

Ordem de Serviço – Ato administrativo para iniciar uma obra ou determinado serviço.

Resolução – Ato administrativo que comunica deliberações dos órgãos colegiais;

Ofício – Ato administrativo na qual os agentes se comunicam formalmente;

Parecer – Ato administrativo emitido por órgão consultivo para fazer uma apreciação técnica;

Despacho – Ato administrativo que manifesta a decisão final de uma autoridade.


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VINCULAÇÃO E DISCRICIONARIEDADE

O ato vinculado é exatamente como a lei manda, e o discricionário o agente público tem alguma liberdade para fazer
algumas mudanças conforme a sua vontade, mas com limites. O administrador tem na verdade que respeitar a lei e os
princípios da administração pública, ou seja, não deve confundir a discricionariedade com arbitrariedade.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 1º - O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa tutelará a probidade na organização
do Estado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social, nos termos
desta Lei.

Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcançar o resultado ilícito, não bastando a voluntariedade do agente

O mero exercício da função ou desempenho de competências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito,
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrativa.

Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nesta Lei os princípios constitucionais do direito administrativo
sancionador.

Os atos de improbidade violam a probidade na organização do Estado e no exercício de suas funções e a integridade do
patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da administração direta e indireta,
no âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade privada que receba
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de entes públicos ou governamentais.

 Independentemente de integrar a administração indireta, estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu
patrimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos. 

Não configura improbidade a ação ou omissão decorrente de divergência interpretativa da lei, baseada em jurisprudência,
ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de controle ou
dos tribunais do Poder Judiciário
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 2º - Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente público o agente político, o servidor público e todo aquele
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º desta Lei.

No que se refere a recursos de origem pública, sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pessoa física ou
jurídica, que celebra com a administração pública convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria,
termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente.

ARTIGO 3º- As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza
ou concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade.

Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de
improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, houver participação e benefícios
diretos, caso em que responderão nos limites da sua participação.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 7º- Se houver indícios de ato de improbidade, a autoridade que conhecer dos fatos representará ao Ministério
Público competente, para as providências necessárias.

ARTIGO 8º- O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos
apenas à obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do patrimônio transferido.

ARTIGO 8º-A - A responsabilidade sucessória de que trata o art. 8º desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração
contratual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão societária.

Nas hipóteses de fusão e de incorporação, a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de reparação integral do
dano causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previstas nesta Lei
decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da data da fusão ou da incorporação, exceto no caso de simulação ou de
evidente intuito de fraude, devidamente comprovados. 
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 9º- Constitui ato de improbidade administrativa importando em ENRIQUECIMENTO ILÍCITO auferir,
mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de
mandato, de função, de emprego ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:

I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou
indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa
ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou
imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;

III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
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Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 9º

IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem móvel, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
referidas no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores, de empregados ou de terceiros contratados por essas
entidades;

V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de
azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de
tal vantagem;

VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado
técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica
de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei;

VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão
deles, bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional à
evolução do patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a demonstração pelo agente da licitude da origem dessa
evolução;
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ARTIGO 9º

VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que
tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público,
durante a atividade;

IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;

X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou
declaração a que esteja obrigado;

XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei;

XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei.
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ARTIGO 10 - Constitui ato de improbidade administrativa que causa LESÃO AO ERÁRIO qualquer ação ou omissão
dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou
jurídica, de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do acervo patrimonial das entidades referidas no art. 1º
desta Lei;  

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens,
rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
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Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 10

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades
referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou
inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie;

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda patrimonial efetiva; 
DIREITO ADMINISTRATIVO
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ARTIGO 10

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio
público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho
de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 10

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão
associada sem observar as formalidades previstas na lei;

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
formalidades previstas na lei.

XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica,
de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante
celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 10

XVIII - celebrar parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na fiscalização e na análise das prestações de contas de parcerias
firmadas pela administração pública com entidades privadas;

XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular.

XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput.

Nos casos em que a inobservância de formalidades legais ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, não
ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriquecimento sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei
A mera perda patrimonial decorrente da atividade econômica não acarretará improbidade administrativa, salvo se
comprovado ato doloso praticado com essa finalidade.
DIREITO ADMINISTRATIVO
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ARTIGO 11 - Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada
por uma das seguintes condutas:

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo,
propiciando beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado; 

IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do
Estado ou de outras hipóteses instituídas em lei;

V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de chamamento ou de procedimento


licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto ou indireto, ou de terceiros;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo, desde que disponha das condições para isso, com vistas a
ocultar irregularidades;
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 11
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço

VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela
administração pública com entidades privadas

XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e
indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas;

XII - praticar, no âmbito da administração pública e com recursos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no 
§ 1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização
de atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos
DIREITO ADMINISTRATIVO
Lei nº 8.429/1992

ARTIGO 11
Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, somente haverá improbidade administrativa, na aplicação
deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional do agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido
para si ou para outra pessoa ou entidade.

O enquadramento de conduta funcional na categoria de que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da prática de
ilegalidade no exercício da função pública, com a indicação das normas constitucionais, legais ou infralegais violadas.

Os atos de improbidade de que trata este artigo exigem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem passíveis
de sancionamento e independem do reconhecimento da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes
públicos

Não se configurará improbidade a mera nomeação ou indicação política por parte dos detentores de mandatos eletivos,
sendo necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita por parte do agente.
DIREITO ADMINISTRATIVO
ARTIGO 12 - Independentemente do ressarcimento integral do dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e
de responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade
sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos até 14 anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do acréscimo
patrimonial e proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 14 anos;

II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 anos, pagamento de multa civil
equivalente ao valor do dano e proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
pelo prazo não superior a 12 anos;   

III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil de até 24 vezes o valor da remuneração percebida pelo
agente e proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não
superior a 4 anos;
DIREITO ADMINISTRATIVO
A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de
mesma qualidade e natureza que o agente público ou político detinha com o poder público na época do cometimento da
infração, podendo o magistrado, na hipótese do inciso I do caput deste artigo, e em caráter excepcional, estendê-la aos
demais vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da infração.

A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor
calculado na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é ineficaz para reprovação e prevenção do ato de
improbidade

Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser considerados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de modo a
viabilizar a manutenção de suas atividades.

Em caráter excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados, a sanção de proibição de contratação com o
poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato de improbidade, observados os impactos econômicos e sociais
das sanções, de forma a preservar a função social da pessoa jurídica, conforme disposto no § 3º deste artigo

No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tutelados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, sem
prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores obtidos, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo
DIREITO ADMINISTRATIVO
Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento
ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver por objeto os mesmos fatos.

As sanções previstas neste artigo somente poderão ser executadas após o trânsito em julgado da sentença
condenatória. 

Para efeitos de contagem do prazo da sanção de suspensão dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o intervalo
de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em julgado da sentença condenatória.
DIREITO ADMINISTRATIVO
ARTIGO 13 - A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração de imposto de
renda e proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim
de ser arquivada no serviço de pessoal competente.      

§ 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste artigo será atualizada anualmente e na data em que o agente público
deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da função.        

§ 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a
prestar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo dentro do prazo determinado ou que prestar declaração
falsa.

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