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PERÍODO HELENÍSTICO

JUDAÍSMO VERSUS HELENISMO


1. SURGIMENTO E EXPANSÃO DO HELENISMO
  A. Os Gregos e os Romanos;

 B. A Septuaginta e a Literatura Helenística;

 C. A. Cultura Grega na Palestina; e

 D. A Influência Religiosa do Helenismo.

2. A REAÇÃO CONTRA O HELENISMO


 A. O Partido Helenista em Jerusalém;

 B. A Vingança de Antíoco;

 C. Os Macabeus e a Revolta dos Macabeus;

 D. A Casa de Hasmoneu; e

 E. Herodes e os Romanos.
JUDAÍSMO VERSUS HELENISMO
No período de 170 a.C. a 70 d.C, o nacionalismo judaico
desempenhou um papel mais importante na resistência ao
avanço do helenismo. Como veremos, esse nacionalismo não
foi motivado apenas por objetivos políticos, mas também por
ideais religiosos oriundos de uma devoção profunda por parte
de muitos e arraigados em firmes convicções teológicas.
Porque o Judaísmo, ao contrário do Helenismo, representava
não tanto um modo de vida, mas um movimento religioso
nacional.
1. SURGIMENTO E Nessas terras,
EXPANSÃO DO particularmente no leste, viviam
HELENISMO muitos judeus que haviam sido
  A. Os Gregos e os Romanos: exilados da Palestina muitos
anos antes, e outros que, até
A palavra "helenismo" é
mesmo antes do tempo de
comumente usada para descre­
Alexandre, haviam emigrado e
ver a civilização dos três
se instalado em cidades gregas
séculos aproximadamente desde
no extremo oeste.
o tempo de Alexandre, o
Grande (336-323 a.C.) durante Onde quer que os judeus
os quais a influência da cultura estivessem, sob o governo dos
grega era sentida de Leste a Selêucidas ou dos Ptolomeus,
Oeste. eles haviam desfrutado por
muito tempo das bênçãos da
liberdade religiosa sob uma
política de tolerância religiosa
que, sem dúvida, os deixaria
abertos à influência sutil da
cultura helenística.
 B. A Septuaginta e a Literatura Neste ponto, de fato, trata-se
Helenística de uma forte tentativa de reunir
A influência da Septuaginta a piedade do judaísmo ortodoxo
sobre os judeus da Dispersão e e a forma de pensamento grego
mesmo sobre a jovem Igreja da época.
Cristã não pode ser A posição de Philo não era
superestimada. aceita pelo Judaísmo ortodoxo
De fato, toda a literatura de seus dias, mas sua
judaico-helenística, da época da abordagem da religião e da
Septuaginta até Josefo ao final filosofia, e a relação entre elas,
do primeiro século d.C, tinha teve uma influência
como alvo a condenação da considerável no
idolatria, principalmente através desenvolvimento da teologia
de ridicularizações, e a defesa cristã nos anos que se seguiram.
do Judaísmo contra as
intromissões de tal influência
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 C. A. Cultura Grega na Jogos e corridas no
Palestina estádio e no hipódromo eram
O impacto do helenismo marcas distintas das cidades
sobre o judaísmo foi sentido helenizadas e eram populares
até mesmo na própria entre os jovens judeus, não
Palestina onde, na maior menos do que entre pessoas
parte, os judeus passaram de outras tradições religiosas
pela Dispersão e viviam e culturais. O teatro também
como membros de uma desempenhou um papel
comunidade grega. Durante o importante na disseminação
período dos Selêucidas, da cultura grega.
muitas cidades da Palestina
foram conquistadas pelo
estilo de vida grego e
algumas novas cidades foram
construídas em estilo grego.
Mesmo em Jerusalém e
seus arredores havia muitos
que adotaram o estilo de vida
 D. A Influência Religiosa do O fim do mundo sobrevêm;
Helenismo os mortos são ressuscitados e
E óbvio, a partir do que se enfrentam o julga­mento.
tem sido dito, que a influência do Ao lado desse ensino do
helenismo não podia estar Zoroastrismo, havia o antigo
confinada estritamente aos culto babilónico baseado nos
aspectos sociais ou literários ou luminares celestes e
culturais ou estéticos; por sua especialmente nos sete planetas
própria natureza, criou-se uma que, em suas voltas ao redor da
atmosfera definitivamente terra, controlavam, acreditava-se,
espiritual que era, em muitos as vidas dos homens e as nações.
aspectos, completamente
estranha à perspectiva religiosa
dos judeus. Os vários festivais e
cerimô­nias, associados a quase
tudo na vida social grega,
deixaria sua impressão na vida
religiosa e nos costumes do
povo.
No ramo sírio do helenismo,
por exemplo, o Zoroastrismo,
 D. A Influência Religiosa do A influência do Zoroastrismo, e de
Helenismo fato, de toda a cultura perso-babilônica
Por meio do helenismo sírio, o é amplamente ilustrada nos escritos dos
impacto dessa cultura seria sentido judeus apocalípticos desse período e
pelos judeus na Palestina. Realmente, mesmo, embora em menos extensão,
muitos dos judeus tinham contato direto nas obras dos Judaísmo farisaico. E
com o pensamento e a cultura perso- evidente também nos escritos dos
babilônica porque, desde o tempo do Pactuantes de Qumran, nos quais
Cativeiro, eles tinham vivido lado a aparece, por exemplo, uma forma de
lado com iranianos (ou persas) na dualismo, em muitos sentidos
Mesopotâmia. semelhante ao do Zoroastrismo, que
não pode ser explicado simplesmente
Sem dúvida, muitos foram atraídos através da referência à religião do
a voltar à Palestina no tempo dos Antigo Testamento . Uma relação com
Macabeus e seus sucessores, quando a escatologia (isto é, doutrina das
um estado judeu forte começava a "últimas coisas") do Zoroastrismo é
surgir. indicada no próprio Antigo
Testamento ; mas os judeus
apocalípticos, incluindo o escritor do
Livro de Daniel, são muito mais
fortemente influenciados por ele.
Essa visão dualística do universo
coloriu suas convic­ções em relação à
esperança messiânica, por exemplo, que
ao longo do tempo assumiu
 D. A Influência Religiosa do A maioria desses livros judeus
Helenismo (particularmente os de caráter
As antigas tradições religiosas e apocalíptico) expressa a crença em
místicas do Egito e da Babilônia uma ressurreição da morte na qual a
entraram em contato com a nova alma ou o espírito é reunido ao
ciência e cultura gregas, produzindo corpo, mas em alguns deles a
um sistema de pensamento muito influência do pensamento platônico é
mais abstrato em forma do que o nova­mente evidente em passagens
ramo sírio de helenismo. Muitos que expressam a crença na
judeus, especialmente os da imortalidade da alma.
Dispersão, foram grandemente Em I Enoque 91-104 (cerca de
influenciados pelo tipo filosófico de 164 a.C), o escritor refuta a visão dos
religião que acompanhava essa saduceus de que não há nenhuma
forma particular da cultura grega. diferença entre a sorte dos justos e a
"O ensino do autor referente à dos ímpios após a morte (102.6-8,11)
sabedoria divina e humana", escreve e afirma que, pelo con­trário, "toda
B. M. Metzger, "é uma explicação bondade e alegria e glória estão
das idéias primitivas sobre esse tema preparadas" para as almas dos justos
expressadas no Livro de Provérbios, (103.3).
com uma distorção metafísica
emprestada da concepção estóica do
Logos universal, aquele mediador
impessoal entre Deus e a criação."
2. A REAÇÃO CONTRA O Um desses era Simão, O confli­to que se
HELENISMO da Casa de Tobias, que no seguiria não era
 A. O Partido Helenista em reinado de Seleuco IV (187- simplesmente uma questão
Jerusalém 175 a.C.) encorajou o de*"judeus contra sírios",
ministro-chefe do rei a se mas de "judeus contra
Muito antes de Antíoco apoderar do dinheiro judeus"; porque, em oposi­
IV assumir o trono, havia sagrado do Templo e então ção ao partido helenista em
um forte partido helenista tentou incriminar o Sumo Jerusalém, a vasta maioria
entre os judeus da Palestina, Sacerdote, Onias III. Várias dos judeus nos arredores do
cujos líderes podiam ser revoltas eclodiram em país estava alinhada em
encontrados principalmente Jerusa­lém e Onias III partiu oposição a qualquer política
entre a aristocracia rica e para a corte de Seleuco, a de helenização.
sacerdotal que, por sua fim de pedir a ajuda do rei
posição social, desfrutava Sem dúvida, sua
para suprimir os distúrbios. determinação foi fortalecida
dos privilé­gios da corte real
e bajulava os favores do rei. O Sumo Sacerdote pelo medo do crescente
legítimo, Onias III, cuja poder de Roma e da conse­
lealdade era pró-Egito, era qüente necessidade de
um obstáculo às suas consolidar o Império. A
esperanças e assim, durante expulsão de seu protegido,
sua ausência temporária do Menelau, do ofício de Sumo
país, e com a concordância Sacerdote era consi­derada
do rei, seu irmão Jesus ou uma afronta à sua dignidade
Josué (que mudou seu nome real, por isso resolveu
para a forma grega, Jason) vingar-se dos judeus.
foi designado Sumo
Sacerdote em seu lugar, em
troca de um suborno
significativo para o rei (2
Macabeus 4.7-10).
 B. A Vingança de Antíoco
Optou por destruir as próprias caracterís­ticas distintivas da fé judaica (cf.
I Macabeus 1.41 ss), assim consideradas desde o tempo do Cativeiro.
Muitos abandonaram as cidades e superlotaram as aldeias onde eram
perseguidos pelos agentes do governo, cuja intenção era extinguir a fé
judaica.
 C. Os Macabeus e a Revolta dos Macabeus

Logo, a resistência passiva abriu caminho à agressão aberta.


Eram oriundos, em maior parte, das classes mais pobres e dos distritos
rurais, mas havia entre eles alguns homens proeminentes
A atitude deles é vividamente expressa no Livro de Daniel que, em sua
forma presente, de algum modo, foi composto, no tempo de Antíoco, por
um dos Hasidim.
Jonatas sucedeu a seu irmão Judas como líder dos judeus nacionalistas
com a ajuda de seu outro irmão, Simão.
Mais tarde, Jonatas foi confirmado no ofício de Sumo Sacerdote por
Trifon, que estava agindo em nome do filho mais novo de Alexandre Balas.
Prontificou-se a ser sumo pontífice, chefe do exército, governador dos
judeus'* (I Mac 14.41-47).
 D. A Casa de Hasmoneu Quando Alexandra (75-67 a.C.) subiu ao trono
A palavra Hasmoneu é derivada do nome da após a morte do marido, ela agiu conforme ele
família de Mavatias e seus filhos que pertenciam havia orientado e designou seu filho mais velho,
à Casa de Hasmon. Hircano II, como Sumo Sacerdote.
No sul, por exemplo, ele anexou a Iduméia, Hircano foi forçado a deixar o ofício e
compelindo os habitantes a se circuncidarem; no Aristóbulo (66-63 a.C.) tornou-se rei e Sumo
norte, ele se apossou do território de Samaria, Sacerdote, permanecendo no poder até 63 a.C.
destruindo o Templo rival do Monte Gerizim. A história dos Hasmoneus chegou ao fim por
Esses atos de Hircano mostram que ele tinha causa de um Antipater, governador da Iduméia,
ideais evidentemente religiosos, mas durante todo que encorajou Hircano, no exílio, a remover seu
esse período havia um crescente irmão do ofício.
descontentamento, principalmente da parte dos Foi nesse momento que Roma decidiu
Hasidim e dos judeus ortodoxos em geral, contra interferir nas questões da Palestina.
os Macabeus e a Casa de Hasmoneu. No ano de 63 a.C, o próprio Pompeu,
No tempo de João Hircano, o ramo crescente temendo os desígnios de Aristóbulo, atacou
dentro do Judaísmo havia-se materializado em Jerusalém e a conquistou, entrando pessoalmente
dois partidos, cujos nomes agora emergem, pela no Templo e no Santo dos Santos.
primeira vez, como Fariseus e Saduceus. Hircano foi confir­mado no Sumo Sacerdócio
Primeiro, Hircano tomou o partido dos fariseus, e designado etnarca da Judéia, então acrescentada
mas quando um de seus membros exigiu que ele à província da Síria.
renunciasse ao ofício de Sumo Sacerdote, ele
rompeu com estes e uniu forças com o partido
dos Saduceus.
Esse fato, associado ao apoio do partido dos
Saduceus, seu amor pela cultura grega e o fato de
estar implicado no assassinato de sua mãe e de
seu irmão Antígono, aumentou ainda mais o
antagonismo dos fariseus.
Em um acesso de cólera, ele deu ordens a seus
soldados que mataram muitos dos judeus dentro
 E. Herodes e os Romanos Em seguida à morte de Os Zelotes eram
Em 163 a.C, então, os Herodes em 4 a.C, essencialmente homens
judeus perderam sua indepen­ irromperam tumultos na zelosos para com Deus —
dência quando Pompeu, mais Galileia, que desse tempo em agentes de Sua ira contra os
uma vez, os submeteu ao diante ficou conhecida como caminhos idólatras dos
"jugo dos pagãos". Desse berço do nacionalismo pagãos.
momento em diante, o judaico. O Estado judeu caiu, mas
espírito do naciona­lismo Durante todo esse período, o judaísmo prevaleceu,
judeu transformou-se em o nacionalismo judeu foi porque quando a conquista
revolta e continuou até a com­ crescendo em intensidade e foi negada e o acordo
pleta destruição de Jerusalém encontrou uma expressão proibido, ao contrário do
e do Estado judeu em 70 d.C. particu­larmente perigosa nas cristianismo, que se expandiu
Como resultado, César atividades dos Zelotes, que para o mundo helenístico para
concedeu muitos consideravam o governo "pensar melhor, viver melhor
consideráveis privilégios aos estrangeiro dos romanos e morrer melhor" os pagãos, o
judeus, não apenas na Judéia, como uma situação intole­ judaísmo escolheu para si o
mas também na Dispersão. rável. caminho da separação. Esse
Tem sido discutido que passo significativo foi dado
Era um partidário liberal por Jonatas ben Zakkai que,
dos Jogos Olímpicos e "foi outros também podem ter
pertencido, como Judas enquanto a batalha assolava a
declarado nas inscrições do vida de Jerusalém, pouco
povo de Elis para ser um dos Iscariotes (do latim sicarius,
"assassino"?), Simão antes de sua queda, partiu
atdministradores permanentes para a cidade de Jamina no
destes jogos" (Ant, 16.5.3, Barjonas (do acadiano
barjona "terrorista"?) e Tiago litoral da Palestina e fundou
seção 149). uma escola que iria marcar o
e João, os "filhos do trovão"
(Marcos 3.17). início de uma nova era para o
povo judeu. Eles já não
Jesus não era um Zelote, tinham Jerusalém; eles já não
mas, sem dúvida, alguns de tinham o Templo; mas lá em
seus con­temporâneos judeus e Jamina eles tinham o estudo
dos romanos o consideravam da sagrada Lei de Deus, e isso

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